EM NOME DO HADES: PLATÃO E AS ETIMOLOGIAS CONTRA O MEDO DA MORTE

Autores

  • Celso de Oliveira Vieira Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.34019/2448-2137.2016.17626

Resumo

O artigo parte de dois usos que Platão faz da etimologia do nome do Hades no Fédon e no Crátilo. Enquanto no Fédon ele segue a tradição que interpreta o nome como o 'invisível', no Crátilo ele propõe uma nova leitura do Hades como o que 'tudo-sabe'. Apesar dessa inconsistência há uma coerência no que concerne o objetivo de acabar com o medo da morte na tradição. Para compreender tanto as diferenças quanto as similaridades se recorre à República. Nesse diálogo existe a motivação política de acabar com o medo do Hades uma vez que temer a morte seria prejudicial para quem fosse defender a cidade em uma batalha. Também encontramos uma concessão a um uso manipulativo das etimologias em vista de corrigir crenças ilusórias das pessoas. Essas são evidências de que a variação superficial no uso das etimologias e dos argumentos por uma nova imagem do Hades apresentam alguma consistência se analisada do ponto de vista de um projeto político. No entanto, dessa postura surgem alguns problemas morais que merecem ser investigados. Por exemplo, se esse tipo de manipulação segue sendo condenável, quem teria o direito de manipular e em quais casos. Possíveis respostas de Platão a essas questões são levantadas e comparadas com reflexões éticas contemporâneas.

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Publicado

2018-08-06