A MARCAÇÃO DE CONSULTA MÉDICA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA: UMA ETNOGRAFIA A RESPEITO DOS CONFLITOS ENTRE USUÁRIOS E PROFISSIONAIS DE SAÚDE.

Autores

  • Thiago Dias Sarti Universidade Federal do Espirito Santo

Palavras-chave:

Programa de Saúde da Família. Acesso aos Serviços de Saúde. Conflito de Interesses. Pesquisa Qualitativa.

Resumo

A Estratégia de Saúde da Família é estruturante na expansão do acesso ao sistema público de saúde brasileiro. A proximidade das equipes de saúde com a comunidade permite uma maior vinculação e uma maior facilidade de se obter o atendimento à população. Contudo, os conflitos entre a população e os profissionais de saúde permanecem, geralmente em decorrência da falta de atendimento médico. Este estudo é uma observação etnográfica realizada durante os períodos de marcação de consultas médicas em uma Unidade de Saúde da Família do município de Vitória/ES. O objetivo é analisar as relações que se estabelecem entre profissionais e usuários neste momento, de forma a identificar os fatores disparadores de conflitos. A partir das observações feitas por 15 dias, levantou-se a hipótese de que, em um contexto social de profundas desigualdades sociais, insuficiência de recursos e larga medicalização do sofrimento humano, cuja conseqüência principal é a expansão da demanda por cuidados médicos e o aumento da pressão sobre os serviços de saúde, o acesso da população fica prejudicado, sendo a confluência destes fatores o principal motivo de conflito entre profissionais e usuários. É neste contexto que o usuário recorre a relações de compadrio, em particular com o ACS, na tentativa de personalizar o vínculo com os profissionais e flexibilizar as normas da USF em busca de uma consulta, perpetuando uma gramática social presente na base da formação social brasileira. Torna-se fundamental, neste sentido, o aumento de investimentos no setor saúde, bem como uma inversão na racionalidade médica hegemônica. 

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Biografia do Autor

Thiago Dias Sarti, Universidade Federal do Espirito Santo

Médico de Família e Comunidade, Departamento de Medicina Social, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo.

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Publicado

2015-02-04

Edição

Seção

Artigos Originais