Crise, Estado e Trabalho

um estudo sobre as interpretações acerca da atual crise brasileira

Resumen

Uma crise econômica, política e social está em evidência no Brasil, revelando
movimentos contraditórios e com diferentes graus de intensidade. Partindo dessa
percepção, a presente pesquisa tem como objetivo central acompanhar e sistematizar
como a acadêmica brasileira está realizando a interpretação desse fenômeno.
Uma recuperação do processo histórico recente se fez necessário, destacando
os principais elementos políticos, econômicos e sociais que caracterizam a atual
conjuntura nacional. Foi realizado, em um primeiro momento: uma passagem pela
crise mundial de 2008, percebendo a ausência de pluralismo nas interpretações
que poderiam prever ou até amenizar seus efeitos, e uma breve recuperação do
período conhecido como Milagrinho (2006-2010) para se entender os caminhos
que antecederam o momento atual no Brasil. Em seguida, foi investigado um
conjunto de políticas que contribuíram para o país entrar numa recessão econômica
(2011-2014). Conhecidas como Agenda Fiesp ou Nova Matriz Econômica, essas
decisões envolviam redução de juros, desvalorização do real, contenção de gastos
e investimentos públicos e uma política de desonerações tributárias cada vez mais
ampla, além da expansão de crédito do BNDES e o represamento das tarifas de
energia (Carvalho, 2018). O momento posterior (principalmente a partir de 2015)
demonstrou o aprofundamento da crise, marcada (1) pelo aprofundamento do
ajuste fiscal, (2) pelas consequências das investigações da Operação Lava-Jato
que atingiram diversos setores políticos e econômicos, (3) pelo impeachment
do presidente Dilma Rousseff, (4) pelas decisões que desmantelaram alguns
progressos de um certo estado de bem-estar social brasileiro, (5) pelo crescimento
do desemprego, da precarização do trabalho e da miséria, etc. Por fim, foram
sistematizadas as diversas produções científicas acerca da atual crise, identificando
padrões de interpretação e rastreando possíveis consequências para o Estado, para
as políticas públicas e para o mundo do trabalho.