Alguns dos instrumentos mais utilizados em psicodiagnóstico de crianças/adolescentes são os questionários ASEBA. Os objetivos dessa pesquisa foram: verificar quais escalas discriminariam melhor três grupos (controle, diagnóstico neurodesenvolvimental e diagnóstico neurodesenvolvimental-emocional) e avaliar a predição diagnóstica das escalas a partir da análise discriminante. Participaram 58 crianças/adolescentes, com CBCL e TRF respondidos. As escalas que discriminaram controle e neurodesenvolvimental foram Escola e Retraimento/Depressão (CBCL) e as que discriminaram neurodesenvolvimental e neurodesenvolvimental-emocional foram Problemas Sociais (CBCL) e Tempo Cognitivo Lento (TRF). Os resultados apontaram bons valores de predição dos grupos a partir das escalas mencionadas, indicando ser uma ferramenta importante na formulação de hipóteses no psicodiagnóstico.
Some of the most used instruments for children/adolescents' psychological assessment are the ASEBA forms. The objectives of this study were: to verify which scales would best discriminate three groups (control, neurodevelopmental diagnosis, and neurodevelopmental-emotional diagnosis) and to evaluate the diagnostic prediction of the subscales through discriminant analysis. Fifty-eight children/adolescents who answered the CBCL and TRF participated in the study. The subscales that discriminated better the control group from the neurodevelopmental group were School and Withdrawn/Depressed (CBCL) and the neurodevelopmental group from the neurodevelopmental and emotional group were Social Problems (CBCL) and Sluggish Cognitive Tempo (TRF). The results indicated good values of diagnostic prediction from the subscales mentioned, indicating that these might be helpful for hypotheses formulation in psychological assessment.
Algunos de los instrumentos más utilizados para la evaluación psicológica de niños/adolescentes son los cuestionarios ASEBA. Los objetivos de esta investigación fueron: verificar cuáles escalas discriminarían mejor a los tres grupos de diagnóstico (control, diagnóstico de neurodesarrollo y diagnóstico concomitante emocional y de neurodesarrollo) y evaluar la predicción diagnóstica de las escalas a partir del análisis discriminante. Participaron 58 niños/adolescentes que respondieron al CBCL y TRF. Las escalas que mejor discriminaron el control y el neurodesarrollo fueron Escuela y Retraimiento/Depresión (CBCL) y las que mejor discriminaron el neurodesarrollo y diagnóstico concomitante emocional y de neurodesarrollo fueron Problemas sociales (CBCL) y Tiempo cognitivo lento (TRF). Los resultados mostraron buenos valores de predicción diagnóstica de las escalas mencionadas, lo que indica que estos pueden ayudar en la formulación de hipótesis en el psicodiagnóstico.
O psicodiagnóstico é uma área de atuação restrita ao psicólogo no Brasil e um dos principais campos de atuação deste profissional. O senso comum, por vezes, considera o psicodiagnóstico um processo que utiliza somente testes, mas discussões recentes têm questionado essa delimitação, por ela não representar a realidade da prática dos psicólogos.
Psicodiagnóstico é um procedimento científico de investigação e intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas e/ou testes com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas, visando um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou dinâmico), construído a luz de uma orientação teórica que subsidia a compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos. (p. 18).Estudos em serviços-escola de Psicologia no Brasil apontam que grande parte da clientela atendida em psicodiagnóstico ou psicoterapia são crianças e adolescentes encaminhados por escolas ou profissionais da área de saúde mental. Os problemas trazidos por esses responsáveis são, na grande maioria das vezes, relacionados às queixas de problemas de aprendizagem e comportamentos externalizantes (
Tratando-se de um público que está sob responsabilidade legal dos seus cuidadores e cuja queixa é percebida geralmente por terceiros (professores, familiares ou profissionais da saúde) que convivem com muita frequência com esse paciente, o processo psicodiagnóstico tem algumas particularidades. A principal delas é a coleta de informações do paciente a partir do heterorrelato (
Dentre as técnicas utilizadas para a coleta de informações no psicodiagnóstico, há os inventários do sistema
Estudos têm apontado algumas diferenças entre os respondentes desses inventários quando se trata de pacientes em idade escolar (
Além das diferenças entre as médias dos respondentes, é importante avaliar o quanto os sintomas pontuados por terceiros são capazes de diferenciar amostras clínicas de não-clínicas. Alguns estudos utilizam as escalas ASEBA para avaliar as diferenças das médias em escalas entre amostras previamente subdivididas (
Dada a escassez de estudos que analisam o quanto o CBCL/6-18 e o TRF/6-18 podem contribuir efetivamente com o processo psicodiagnóstico, esse estudo teve dois objetivos: 1) verificar quais escalas discriminariam melhor os três grupos (Grupo Controle; Grupo Problemas Neurodesenvolvimentais; e Grupo Problemas Neurodesenvolvimentais e Emocionais) e 2) avaliar a capacidade de predição das escalas incluídas na análise discriminante.
Participaram deste estudo 58 crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos (M= 11,38 e DP= 2,31), sendo 31 do sexo masculino, todos estudantes do ensino fundamental (58), em sua maioria de escolas públicas (44) e residentes em Porto Alegre (40). Os casos clínicos são compostos por crianças e adolescentes que passaram por processo de psicodiagnóstico. As conclusões dos laudos desses casos foram classificadas em duas categorias: Grupo Problemas Neurodesenvolvimentais (GN) e Grupo Problemas Neurodesenvolvimentais e Emocionais (GNE). Todos os pacientes do grupo clínico foram atendidos entre agosto de 2017 e setembro de 2018. Já os participantes do Grupo Controle (GC) fizeram parte da amostra de um projeto de doutorado que teve suas coletas realizadas entre maio e dezembro de 2018.
Na
Os 58 cuidadores das crianças e adolescentes avaliados neste estudo responderam ao CBCL/6-18. Os responsáveis eram, na sua maioria, mães (n=43), com média de idade de 39,67 anos (DP= 7,35), que, no momento da coleta de dados, estavam trabalhando (n=40). Todas as crianças e adolescentes também tiveram o TRF/6-18 respondidos por suas professoras, sendo a maioria dos participantes de escolas públicas (n=44).
*Valores representados por média e desvio-padrão. Letras sobrescritas indicam diferenças significativas pelo teste ANOVA. **Valores representados por frequência absoluta. Diferenças significativas no teste Qui-Quadrado.
GC (n=29)
GN (n=13)
GNE (n=16)
Idade*
12,79 (0,97)a
11,62 (2,79)b
8,88 (1,40)c
Sexo
Masculino
13
8
10
Feminino
16
5
6
Ensino Básico
Escola Pública
16
13
13
Escola Privada
13
0
1
Ambas
0
0
1
Classe Social**
A-B2
20
1
0
C1-E
8
11
15
Escolaridade mães**
Básica
7
10
13
Superior
17
2
3
Neste estudo, utilizou-se o
Os dois questionários se assemelham em sua estrutura, mas têm algumas particularidades. De uma maneira geral, os dois são divididos em uma seção que aborda competências sociais e adaptabilidade e outra que trata sobre problemas de comportamento e questões emocionais. A seção Competências do CBCL/6-18 tem nove domínios com subitens, os quais são ponderados de acordo com regras preestabelecidas descritas no manual. Os itens dessa grande categoria fornecem pontuações para quatro escalas: Atividades, Social, Escola e Competências Totais (soma dos itens das três escalas citadas). Já o TRF/6-18 avalia o funcionamento adaptativo, fornecendo pontuações em uma escala de desempenho da criança/adolescente em diferentes matérias escolares e pontuações em quatro características adaptativas, sendo elas Dedicação, Comportamento, Aprendizado e Felicidade.
A seção das questões comportamentais e emocionais dos dois instrumentos contém 120 itens que são respondidos através de uma escala tipo Likert de zero (não verdadeiro), um (um pouco ou algumas vezes verdadeiro) ou dois (muito verdadeiro ou muitas vezes verdadeiro). Cada um desses itens pertencerá a uma das escalas que correspondem a síndromes: Ansiedade/Depressão, Retraimento/Depressão, Queixas Somáticas, Problemas Sociais, Problemas de Atenção, Problemas de Pensamento, Comportamento Opositor e Comportamento Agressivo. Além disso, esses mesmos itens compõem outras três escalas maiores: Problemas Internalizantes (Ansiedade/Depressão, Retraimento/Depressão, Queixas Somáticas), Problemas Externalizantes (Comportamento Opositor e Comportamento Agressivo) e Comportamento Total (inclui itens de todas as síndromes).
Há ainda as escalas baseadas no DSM-5 (
Os dados do grupo clínico deste estudo foram coletados a partir dos processos psicodiagnósticos feitos por estagiários e psicólogos que atendem num serviço-escola de avaliação psicológica. Os autores desta pesquisa atuaram como supervisores nas avaliações ou como alunos de iniciação científica do serviço, não realizando as avaliações diretamente. Essas avaliações ocorreram entre agosto de 2017 e outubro de 2018. O período de duração do psicodiagnóstico variou entre 6 e 10 encontros, iniciando com a triagem e sendo finalizado com uma entrevista devolutiva com os pacientes e com seus cuidadores. Na triagem, além da coleta das informações clínicas, foram coletados os dados socioeconômicos do paciente, aplicados os questionários ASEBA e apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Para a coleta de dados do GC, o projeto foi apresentado às escolas. Com a devida autorização, conforme disponibilidade, os cuidadores foram contatados e convidados a participar da pesquisa por meio da distribuição dos TCLE. Aqueles cuidadores que aceitaram, assinaram o TCLE e receberam uma Ficha de Dados Pessoais e Sociodemográficos e o CBCL para preenchimento. Os professores dos alunos participantes, também receberam a TRF para preenchimento..
Os participantes desta pesquisa estiveram de acordo com o uso dos dados obtidos a partir da sua avaliação, sendo os TCLEs apresentados nas entrevistas iniciais e devidamente assinados pelos cuidadores dos pacientes. Os dados do grupo de participantes pertencentes aos grupos clínicos são oriundos da amostra de um projeto de pesquisa, enquanto os dados dos participantes do grupo não-clínico são oriundos de outro projeto. O primeiro projeto está aprovado na Plataforma Brasil pelo Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa pelo número 938.584, com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) registrado com o nº 06289912.9.0000.5334. O segundo projeto está igualmente aprovado pela Plataforma Brasil pelo Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa pelo número 2871265, com CAAE registrado com o nº 85319318.9.0000.5334.3.4.
Em relação ao levantamento dos escores das escalas ASEBA, foi utilizado o software
A análise discriminante múltipla tem como fim investigar quais variáveis independentes (classificação clínica e não-clínica dos escores-T das escalas de sintomas ASEBA) discriminam os grupos investigados (não-clínicos, clínicos com conclusões de neurodesenvolvimento e clínicos com conclusões de neurodesenvolvimento e emocional). Para isso, foram realizados os seguintes passos: 1) identificação das variáveis que melhor discriminam os grupos utilizando o método hierárquico
A análise discriminante também propicia a avaliação da acurácia das categorizações dos pacientes e o quanto cada variável que compõe as funções discriminantes explica a variabilidade dos resultados entre grupos. Como a análise pressupõe uma distribuição normal para os escores do CBCL e TRF, critério este não atendido em algumas escalas, métodos de estimação por meio de reamostragem
Foram excluídas as escalas de Problemas Afetivos e Problemas Ansiosos para a análise discriminante por essas apresentarem muitas correlações elevadas (acima de 0,6) com as demais escalas, indicando sobreposição (multicolinearidade). Além disso, a partir da ANOVA e dos valores do Lambda de Wilks, foi possível estabelecer quais escalas do CBCL e do TRF apresentaram diferenças de médias significativas entre os grupos determinados neste estudo. A partir dessas etapas, formou-se a função discriminante geral. De acordo com a análise, quatro escalas contribuem para a diferenciação dos três grupos: CBCL Problemas Sociais, TRF Tempo Cognitivo Lento, CBCL Escola e CBCL Retraimento/Depressão. Todas as escalas que formaram as funções obtiveram valores baixos de Lambda de Wilks (entre 0,145 e 0,109) e significativos (p<0,001). Dentre as quatro escalas selecionadas, duas compõem a Função Discriminante 1 (F1) ,que avalia a discriminação entre GC e GN, e as outras duas compõem a Função Discriminante 2 (F2), que avalia a discriminação entre GN e GNE. Na
Resultados com reamostragem por
Poder discriminatório
Lambda Wilks
Sig
Valores Próprios
% variância
Correlação Canônica
F1
0,114
<0,001
4,774
90,2
0,909
F2
0,659
<0,001
0,518
9,8
0,584
A
Resultados com reamostragem por *Intervalo de confiança no **relevantes para a determinação de cada função
F1
F2
Peso Discr. (IC)*
Matriz de Estruturas
Peso Discr. (IC)*
Matriz de Estruturas
CBCL Escola
-0,554 (-0,802 - 0,540)
-0,633**
0,169 (-0,190 - 0,658)
0,333
CBCL Retraimento/
Depressão
0,347 (-0,229 - 0,745)
0,563**
-0,225 (-0,682 - 0,851)
0,016
TRF Tempo Cognitivo Lento
0,241 (-0,123 - 0,616)
0,661
-0,615 (-798 - 0,988)
-0,681**
CBCL Problemas Sociais
0,514 (-0,100 - 0,842)
0,455
0,777 (-0,984 - 1,085)
0,681**
Sobre a F2, as escalas que definem se a criança/adolescente pertence ao GN ou ao GNE são as escalas TRF Tempo Cognitivo Lento e CBCL Problemas Sociais (ver
1 ponto de corte para comportamentos clínicos é ≤35 2 ponto de corte para comportamentos clínicos é ≥65 *p ≤0,005 para as diferenças entre os grupos
GC
GN
GNE
CBCL Escola1
48,50*
28,58*
30,17*
CBCL Retraimento/Depressão2
51,07*
64,83*
68,83*
TRF Tempo Cognitivo Lento2
51,00*
63,92*
59,17*
CBCL Problemas Sociais2
52,00*
62,75*
73,75*
Por último, a análise teve como resultado uma reclassificação dos casos avaliados a partir dos escores discriminantes (ver
Resultados com reamostragem por
Grupo original da criança/adolescente
Predição do Pertencimento ao Grupo
GC
GN
GNE
Total
GC
27
2
0
29
GN
0
11
2
13
GNE
0
3
11
14
Casos não agrupados
0
2
0
2
%
GC
93,1
6,9
0,0
100,0
GN
0,0
84,6
15,4
100,0
GNE
0,0
21,4
78,6
100,0
Este trabalho teve como objetivo verificar quais escalas dos instrumentos CBCL e TRF contribuem para diferenciar GC, GN e GNE. Além disso, pretendeu-se avaliar o quanto as escalas selecionadas na análise eram preditoras para a classificação dos grupos. O estabelecimento desses objetivos se deu no intuito de melhor compreender quais escalas poderiam contribuir de maneira mais efetiva para a construção das hipóteses diagnósticas no processo psicodiagnóstico, uma vez que os instrumentos ASEBA são frequentemente usados para esse fim.
Sobre a Função 1 (F1), cabe destacar que o Lambda de Wilks teve menor valor em relação à Função 2 (F2), indicando, dessa maneira, que a primeira função explica mais a variância da amostra. Uma hipótese para esse resultado é a de que o grupo não-clínico difere mais em relação aos grupos clínicos do que os grupos clínicos entre si. A literatura nacional traz estudos nos quais o CBCL foi utilizado como critério para diferenciar amostras clínicas de não-clínicas, e os resultados apontaram diferenças significativas entre esses grupos (
A importância atribuída pela análise para a escala CBCL Escola, nessa primeira função (F1), que diferencia GC de GN, pode estar relacionada ao fato de que um dos principais prejuízos acarretados pelos problemas neurodesenvolvimentais (sejam esses sintomas ou transtornos) é o desempenho acadêmico. O desempenho acadêmico e o ajustamento escolar do educando envolvem a articulação entre aspectos acadêmicos e interpessoais, não apenas cognitivos (
A escala CBCL Retraimento/Depressão também contribuiu para a diferenciação entre GC e GN, mas em menor intensidade do que a escala CBCL Escola. As questões que compõem essa escala investigam basicamente comportamentos de retraimento social (por exemplo: “Prefere ficar sozinho(a) do que ficar em companhia dos outros”, “Recusa-se a falar”, “É reservado(a), fechado(a), não conta suas coisas para ninguém”) e não efetivamente sintomas depressivos (como alterações no humor, no sono e no apetite), sugerindo que os problemas neurodesenvolvimentais prejudicam as interações sociais das crianças. Com efeito, os sintomas de retraimento social da escala podem indicar sintomas associados aos transtornos do Neurodesenvolvimento, como prejuízo na qualidade das interações sociais, os quais ocorrem, por exemplo, na Deficiência Intelectual e Transtorno do Espectro Autista (
Em relação à F2, a escala TRF Tempo Cognitivo Lento e a escala CBCL Problemas Sociais tiveram maior peso e correlação alta com a F2, que diferenciou GN de GNE. O valor alto no Lambda de Wilks é esperado, uma vez que ambos são grupos considerados clínicos e com sintomas neurodesenvolvimentais, sendo possível hipotetizar que as questões que constituem essa escala formam um ponto comum de sintomas para essas crianças e adolescentes com problemas cognitivos.
O Tempo Cognitivo Lento é um construto pouco estudado no Brasil, mas revisões internacionais (
Já a escala CBCL Problemas Sociais mostrou-se importante para indicar que pacientes com pontuações mais elevadas nesta escala tendem a pertencer ao GNE. Isso corrobora a hipótese de que crianças e adolescentes com questões clínicas psicológicas importantes têm maiores dificuldades relacionais (
Dentre as limitações do estudo está a diferença significativa entre as classes sociais do grupo controle e dos grupos clínicos, o que demarca uma não paridade de recursos socioeconômicos dessas crianças e suas famílias. Estudos apontam que o nível socioeconômico da família tem associação com problemas psicológicos na infância (
Importante pontuar, também, que a grande maioria das conclusões diagnósticas nas avaliações foram de transtornos do neurodesenvolvimento, não havendo pacientes suficientes para compor um grupo somente de conclusões diagnósticas emocionais. Como já apontado em estudos anteriores (
Este estudo teve como objetivo averiguar quais escalas do CBCL e do TRF contribuiriam para a discriminação dos grupos amostrais e, a partir disso, verificar a predição dessas escalas para a classificação dos participantes nos referidos grupos. Os resultados apontaram que as escalas CBCL Escola e CBCL Retraimento/Depressão diferenciaram o GC do GN, indicando que não apenas prejuízos no desempenho acadêmico, mas também prejuízos nas interações sociais caracterizaram o GN. Os resultados também trouxeram que as escalas CBCL Problemas Sociais e TRF Tempo Cognitivo Lento diferenciaram os grupos clínicos GN e GNE. Esses resultados demonstram que ter mais problemas sociais identificados pelo CBCL, como dependência social do cuidador, isolamento social e dificuldade de ter boas relações com crianças e adolescentes da mesma faixa etária caracterizou o GNE em comparação ao GN. Esse último grupo, por sua vez, apresentou mais défices em velocidade de processamento da informação, tendência a devaneios/sonhar acordado e dificuldade em tomar iniciativa em comparação ao GNE, segundo o relato das professoras.
Esse conjunto de resultados indica que as escalas citadas podem ser bons recursos a serem considerados no momento da formulação das hipóteses no psicodiagnóstico. Sugere-se a replicação deste estudo com uma amostra mais homogênea em relação às variáveis sociodemográficas.