Novela ou série turca?

um estudo exploratório sobre o formato das dizis

Aline Mendes1

Resumo

Este artigo investiga o formato televisivo das dizis, conhecidas no Brasil como novelas turcas, mas que na Turquia são transmitidas como séries televisivas semanais. Com uma indústria audiovisual em constante ascensão, a Turquia se consolidou como a terceira maior exportadora de conteúdos televisivos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido, sendo as dizis as principais responsáveis por esse crescimento expressivo. A pesquisa adota uma abordagem descritiva e exploratória com o objetivo de compreender os sentidos originais atribuídos às dizis no contexto cultural turco, bem como os processos de ressignificação que ocorrem a partir de sua ampla circulação global no século XXI. Ao chegarem a outros países, essas produções são frequentemente adaptadas para atender às preferências e formatos locais, o que pode resultar em mudanças no tempo de exibição e na organização dos episódios. O trabalho busca contribuir para o conhecimento sobre um formato audiovisual que tem ganhado espaço no mercado brasileiro, especialmente em plataformas de streaming e canais de televisão aberta, mas que ainda é pouco explorado pela literatura acadêmica voltada aos estudos de mídia e cultura.

Palavras-chave

Circulação cultural; Televisão; Novela turca; Dizis; Melodrama.

1 Doutoranda e Mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e Mestre em Relações Internacionais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E-mail: aline_ms@id.uff.br.

Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 19, n. 2, p. 108-128, mai./ago. 2025 10.34019/1981-4070.2025.v19.49175

Telenovela or Turkish TV series?

an exploratory study on the format of dizis

Aline Mendes1

Abstract

This article investigates the television format of dizis, known in Brazil as Turkish telenovelas, but broadcast in Turkey as weekly television series. With a constantly growing audiovisual industry, Turkey has become the third largest exporter of television content in the world, behind only the United States and the United Kingdom, with dizis being the main drivers of this significant growth. The research adopts a descriptive and exploratory approach aimed at understanding the original meanings attributed to dizis within the Turkish cultural context, as well as the processes of reinterpretation that occur through their wide international circulation in the 21st century. As these productions reach other countries, they are often adapted to fit local preferences and broadcasting formats, which may lead to changes in episode length and structure. This study seeks to contribute to the understanding of an audiovisual format that has gained increasing visibility in the Brazilian market, especially on streaming platforms and broadcast television channels. Still, it remains underexplored in academic literature dedicated to media and cultural studies.

Keywords

Cultural circulation; Television; Turkish telenovela; Dizis; Melodrama.

1 Doutoranda e Mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e Mestre em Relações Internacionais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E-mail: aline_ms@id.uff.br.

Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 19, n. 2, p. 108-128, mai./ago. 2025 10.34019/1981-4070.2025.v19.49175

Introdução

Em 2015, a TV Bandeirantes transmitiu a dizi Mil e Uma Noites (Kanal D, 2006-2009) no seu horário nobre, marcando o início da trajetória desse formato audiovisual no Brasil. Em 2025, a exibição da dizi Força de Mulher (Fox TV, 2017-2020) na Record, com bons índices de audiência, expôs a consolidação das produções turcas entre o público brasileiro. Todavia, a consolidação das dizis no país não impediu que houvesse ambiguidade quanto à sua classificação e essas produções passaram a ocupar lugares distintos no imaginário brasileiro.

Com o passar de uma década, as dizis adquiriram sentidos diferentes no país. Por um lado, canais televisivos como a Band, a Record e o TNT Novelas fortaleceram a percepção das dizis como telenovelas, levando diversos veículos de imprensa a produzir matérias sobre o êxito das novelas turcas entre a audiência brasileira (Pavão, 2024; Sacchitiello, 2024; Castro, 2025). Por outro lado, plataformas de streaming como a Netflix e a Max disponibilizam dizis de formas alternativas, com menos episódios e/ou divisão em temporadas, categorizando-as como séries televisivas e levando textos jornalísticos a também as classificarem da mesma forma (Rondon, 2025; 12 séries […], 2025). Entretanto, uma produção rotulada como novela pela Record, série pela Netflix ou mosalsalat em alguns países árabes, pertence ao mesmo formato audiovisual, dizi.

Considerando os sentidos divergentes atribuídos à classificação dessas produções, este artigo parte da seguinte pergunta: o que significa dizi? Para respondê-la, realizamos um estudo de caráter descritivo e exploratório, com o objetivo de compreender tanto o significado original deste formato na Turquia quanto suas ressignificações em contextos transculturais, como o brasileiro, onde as produções turcas são frequentemente reinterpretadas como telenovelas e adquirem novos sentidos. Para a construção da análise, utilizamos como fontes bibliográficas artigos acadêmicos, especialmente aqueles produzidos por autores turcos, além de materiais jornalísticos sobre as dizis.

Justificamos esta pesquisa por três razões principais: i) a indústria televisiva turca é a terceira maior do mundo em exportações, atrás apenas dos EUA e do Reino Unido (Türkiye, 2024), sendo o formato das dizis o principal responsável por esse êxito. No entanto, os estudos de recepção ainda predominam, e este artigo se soma a trabalhos que exploram aspectos estruturais dessas produções, como os de Panjeta (2014), Öztürkmen (2018) e Amaral (2024); ii) apesar do crescimento no Brasil, ainda há poucos estudos sobre dizis no país, em sua maioria voltados à recepção (Ferreira, 2021; Imaral, 2021); iii) atualmente, as dizis estão em diversos canais e plataformas no Brasil e ganham público no exterior por diferentes meios. Esse avanço amplia suas reinterpretações, o que exige pesquisas sobre seus sentidos originais na Turquia e as transformações sofridas em sua circulação internacional.

O artigo está dividido em três seções. A primeira discorre sobre o processo de formação das dizis na Turquia e as influências de produções televisivas internacionais nesse decurso. A segunda seção trata da internacionalização dessas produções e das reconfigurações que as transmissões externas à Turquia produziram nesse formato. E a terceira seção apresenta as características centrais que estruturam o formato das dizis e os diferentes gêneros narrativos que marcam essas produções turcas.

A formação das dizis: do monopólio televisivo à reabertura

Para esta seção, adotou-se uma abordagem histórica baseada em fontes secundárias, reconstruindo a formação das dizis e os acontecimentos que auxiliaram na criação desse formato em ordem cronológica. Em 1952, foi fundada a ITU TV, a primeira emissora turca, gerida por estudantes da Universidade Técnica de Istambul, voltada ao estudo técnico da televisão, não às transmissões regulares (Ceylan et al., 2010). Limitada a Istambul, exibiu peças teatrais, música clássica ocidental e turca, concertos folclóricos e programas infantis e culturais, e em 1961 realizou a primeira transmissão ao vivo, uma partida amistosa entre Turquia e União Soviética (Kuyucu, 2015; Tasouji, 2022). Apesar do pioneirismo, o alcance restrito levou, já em 1955, à demanda por um sistema televisivo nacional, concretizado apenas em 1968 (Kuyucu, 2015).

Com a fundação da TRT (Turkish Radio and Television) em 1964, a Turquia passou a desenvolver sua primeira experiência televisiva em âmbito nacional a partir de 1968, com o início das transmissões da emissora pública. Até a década de 1990, a TRT foi a única autorizada a operar no país, o que levou ao encerramento das atividades da ITU TV, cuja estrutura foi incorporada pela nova emissora em 1971 (Tasouji, 2022). Ainda na década de 1970, a TRT foi responsável pela produção das primeiras dizis da televisão turca, como a sitcom Kaynanalar (TRT, 1974–2005) e a minissérie dramática Aşk-ı Memnu (TRT, 1975), adaptação do romance homônimo publicado em 1899.

No início da TRT, a produção de dizis e de conteúdos locais era limitada por restrições orçamentárias e pela baixa valorização do público local, que considerava as produções turcas inferiores às ocidentais, ainda que grande parte do conteúdo estrangeiro exibido fosse programas “enlatados” (Unur, 2015; Öztürkmen, 2018). Embora a emissora produzisse minisséries e telefilmes, como Sipsevdi (1977), Bir Adam Yaratmak (1978) e Denizin Kani (1979), sua programação era dominada por produções estrangeiras, como filmes e séries dos EUA, adaptações da BBC, animações e programas de estúdio europeus (Öztürkmen, 2018). Nesse período, as dizis e os filmes originais eram majoritariamente adaptações literárias turcas, voltadas à promoção da cultura nacional, sendo apenas na década de 1980 que a TRT passou a investir em roteiros originais (Öztürkmen, 2018).

A década de 1980 não foi apenas relevante pelo início dos roteiros originais nas dizis, mas também pela importação de um novo conteúdo audiovisual pela TRT: as telenovelas latino-americanas, como A Escrava Isaura (TV Globo, 1976-1977) e Os Ricos Também Choram (Las Estrellas, 1979-1980). Essas telenovelas passaram a ter êxito entre a audiência turca por serem melodramáticas, um gênero fundamental da era de ouro do cinema turco, que ocorreu entre as décadas de 1960 e 1970, e que mantinha grande apelo entre o público local (Mecchi, 2020).

No início da década de 1990, foi encerrado o monopólio da TRT e a atuação de novas emissoras na Turquia gerou diversos movimentos relevantes para as dizis. A década de 1990 foi um período experimental para as emissoras turcas, incluindo a TRT. Nesse contexto, novos formatos audiovisuais passaram a ser produzidos no país, como reality shows e produções inéditas passaram a ser adquiridas do exterior, como soap operas, sendo The Young and the Restless (CBS, 1973-presente) a primeira a ser transmitida pelo canal TRT 2 em 1990. As telenovelas latino-americanas também ganharam ainda mais espaço durante a década, sendo veiculadas por emissoras como ATV, Kanal D e Star TV, ampliando seu alcance com a audiência turca.

A criação de formatos como telenovelas, soap operas e séries de TV esteve diretamente ligada aos repertórios culturais e às demandas locais. No Brasil, por exemplo, a consolidação das telenovelas nos anos 1970 coincidiu com a valorização de tramas mais realistas, conectadas ao cotidiano nacional (Ribeiro, 2015). Já as soap operas nos EUA responderam a lógicas publicitárias e econômicas. Na Turquia, a televisão internacional foi o principal fator para o desenvolvimento das dizis. Sua formação está vinculada ao repertório global de dramas, telenovelas, séries e soap operas que moldaram a forma como a audiência local passou a compreender o meio televisivo (Öztürkmen, 2018). Nesse cenário, a televisão turca testou diversos formatos voltados ao público doméstico. As dizis, como conhecidas hoje, começaram a ganhar forma nos anos 1990, mas só se consolidaram de fato a partir do século XXI (Öztürkmen, 2018).

Na década de 1990, foram produzidas dizis como Kara Melek (Star TV, 1997-2000) e Deli Yürek (Show TV, 1998-2002), que já traziam elementos estruturais do formato atual, como a ênfase no melodrama e a produção em temporadas. Esse foi um período experimental da televisão turca, com a produção também de soap operas, como Ferhunde Hanim Ve Kizlari (TRT, 1993-1999), reality shows e a consolidação das sitcoms turcas por meio de dizis como Çılgın Bediş (Kanal D, 1996-2001) e Ayrilsak da Beraberiz (TRT, 1999-2004). Somente a partir dos anos 2000, as dizis com as características que impulsionariam seu sucesso internacional se tornaram majoritárias na televisão turca: produções melodramáticas, focadas em dramas familiares, exibidas semanalmente e com episódios longos. Esses elementos consolidaram as dizis no horário nobre turco, facilitaram sua circulação transnacional e fortaleceram a Turquia como exportadora de conteúdo audiovisual.

A internacionalização e as ressignificações no formato das dizis

Com base em fontes secundárias, esta seção descreve a difusão internacional das dizis. Em 2008, o episódio final de Gümüş (Kanal D, 2005-2007) alcançou 85 milhões de espectadores na MBC (Middle East Broadcasting Center), rede saudita disponível no Oriente Médio e Norte da África. Embora produções anteriores, como Aşk-ı Memnu (TRT, 1975), Çalıkuşu (TRT, 1986) e Deli Yürek (Show TV, 1998-2002), já tivessem sido exportadas, o sucesso de Gümüş marcou um ponto de inflexão decisivo. A dizi foi produzida em um contexto de consolidação do formato na Turquia, com transmissões semanais, episódios de 90 minutos e produções melodramáticas predominantes, como Mil e Uma Noites (Kanal D, 2006-2009), Sıla: Prisioneira do Amor (ATV, 2006-2008) e Yaprak Dökümü (Kanal D, 2006-2010), evidenciando o crescimento e o refinamento das características formais das dizis.

Antes da exibição de Gümüş, a MBC já transmitia outras dizis, como Çemberimde Gül Oya (2004–2005) e Kaybolan Yıllar (2006–2007), entre 2007 e 2008 (Buccianti, 2010). Nessas transmissões, já se notava adaptação ao formato local: as dizis eram exibidas ao longo da semana, com episódios mais curtos, aproximando-se das telenovelas, conhecidas pelo público árabe devido à popularidade das novelas latino-americanas no Egito e Marrocos. Além disso, países como Egito, Síria e Jordânia possuem tradição consolidada em mosalsalats, dramas melodramáticos exibidos diariamente no Ramadã. Embora alguns mosalsalats tenham longa duração, como Al Helmeya Nights (1987–2016), Bab Al-Hara (2006–2017) e Al Hayba (2017–2021), é comum a produção de séries inéditas com cerca de 30 episódios, exibidas diariamente, especialmente no Egito. Essas obras, apesar de limitadas a uma temporada, são frequentemente comparadas às telenovelas pela forte presença do melodrama e pela exibição diária.

Nesse sentido, Kaybolan Yillar, por exemplo, foi transmitida de quarta a sábado no horário das 16h, considerado o “horário regular” da MBC (Buccianti, 2010). Gümüş começou a ser transmitida em abril de 2008 às 14h na MBC1, mas foi alçada ao horário nobre (21h30) na MBC4, sendo concluída em agosto do mesmo ano nesses canais, quando na Turquia levou três anos de exibição para ser concretizada (Buccianti, 2010). Após isso, a MBC passou a adquirir novas dizis, como Ihlamurlar Altinda (Kanal D, 2005-2007), Kurtlar Vadisi (Show TV, 2003-2005), e esse formato consolidou-se entre a audiência dos países árabes.

Em 2008, as dizis começaram a ganhar popularidade nos Balcãs, processo iniciado com a exibição de Mil e Uma Noites no canal búlgaro Nova TV. Em 2005, Yabancı Damat (Kanal D, 2005-2007) já havia feito sucesso na Grécia, ao narrar um romance intercultural entre um homem grego e uma mulher turca. Contudo, Mil e Uma Noites foi o principal responsável pelo êxito das dizis na região, sendo comercializada amplamente e fazendo sucesso em países como Bulgária, Grécia, Sérvia e Croácia. Posteriormente, outras dizis como Gümüş, Acı Hayat (Show TV, 2005-2007) e Dudaktan Kalbe (Show TV, 2007-2009) foram adquiridas por emissoras locais, e em países como Bósnia, Bulgária, Kosovo e Macedônia, as dizis consolidaram-se entre as produções televisivas mais consumidas (Pehlivan, 2021), impulsionando o crescimento da compra dos direitos de exibição e o aumento de seu valor comercial. Enquanto no início dos anos 2000, os episódios das dizis custavam entre 35 e 50 dólares, em 2014, os valores poderiam chegar a 200 mil dólares. Além disso, entre 2008 e 2013, o valor de mercado das dizis aumentou de 10 milhões de dólares para 150 milhões (Turkey's, 2024).

Cabe ressaltar dois pontos centrais. Primeiramente, a popularidade das dizis ter sido iniciada nos países do escopo de atuação da MBC e na região dos Balcãs não é por acaso, pois abrange territórios que fizeram parte do Império Otomano e que compartilham herança histórica e valores com a Turquia. Assim, produções históricas sobre o Império Otomano, como Século Magnífico (Star TV, 2011-2014), Payitaht: Abdülhamid (TRT 1, 2017-2021) e O Otomano (ATV, 2019-presente), ou melodramas com ênfase nos valores familiares e/ou religiosos, como Benim Adım Melek (TRT 1, 2019-2021) e O Canto do Pássaro (Star TV, 2022-2025), têm grande apelo nesses locais. Esse movimento corresponde ao conceito de “proximidade cultural” (Straubhaar, 1991), indicando que uma parcela considerável da audiência nessas regiões teria preferência pelas dizis por serem produções culturalmente mais próximas das suas culturas locais e que reforçariam elementos como identidades nacionais, regionais, étnicas, condutas, conhecimentos, expressões artísticas e religiosas, mais semelhantes para esse público.

Além disso, o sucesso das dizis também se deve às adaptações feitas para adequá-las aos formatos e padrões locais. Por exemplo, a MBC transmitiu Gümüş como uma telenovela, prática comum para a maioria das dizis exibidas dentro e fora do alcance da MBC. Em poucos países, como Espanha e Eslovênia, algumas dizis foram exibidas como séries semanais, mais próximas do padrão turco. Quanto às características, ocorreram mudanças nos nomes, cortes de cenas e a dublagem teve papel fundamental. Um dos motivos para o sucesso de Gümüş na MBC foi a dublagem para o árabe sírio, em vez do árabe clássico, pois esse dialeto é mais próximo da fala cotidiana e mais facilmente compreendido pela maioria dos países árabes (Buccianti, 2010).

Os mesmos processos de adaptação ocorreram quando as dizis chegaram à América Latina, a partir de 2014, com a exibição de Mil e Uma Noites no Chile, no formato de telenovela. A partir disso, outros países da região seguiram esse movimento, adquirindo as dizis e adaptando-as ao seu formato mais popular: a telenovela. Porém, existem diferenças entre esses formatos. Primeiro, as telenovelas tendem a ser menos restritivas quanto ao conteúdo, especialmente político, enquanto a ascensão das dizis na Turquia ocorreu durante a liderança do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (2002-presente), com regras rígidas do Conselho Supremo de Rádio e Televisão, como a proibição de cenas explícitas e exposição excessiva de pele (Acosta-Alzuru, 2021). Segundo, as dizis são exibidas semanalmente, enquanto as telenovelas são diárias.

Como mencionamos, desde a transmissão das dizis na MBC, ocorre uma aproximação entre os dois formatos. Todavia, cabe ressaltar que, embora as dizis já fossem transmitidas em formatos semelhantes ao da telenovela em outros países, foi a partir de sua entrada na América Latina que passaram a adquirir efetivamente o status de telenovela. Isso se deve tanto à relevância que essas produções passaram a ter para a indústria televisiva da região, quanto à proximidade entre suas características narrativas e as das telenovelas, facilitando a sua adaptação e reforçando essa leitura por parte do público, da mídia e do mercado.

Ademais, a longa duração dos episódios das dizis facilita sua edição para exibição diária no formato de telenovela, de modo que, nas versões internacionais, essas produções costumam ser reformatadas em um número maior de episódios, aproximando-se assim do modelo tradicional das telenovelas. Como exemplos, podemos mencionar O Segredo de Feriha (Show TV, 2011-2012), que originalmente tem 67 episódios, convertidos para 174 na versão internacional, e Amor Sem Fim (Star TV, 2015-2017), vencedora do Emmy Internacional de Melhor Telenovela em 2017, com 74 episódios na Turquia e 244 na versão internacional. Portanto, a versão internacional detém uma duração semelhante à da maioria das telenovelas latinas, como Avenida Brasil (TV Globo, 2012), com 179 episódios e Maria do Bairro (Las Estrellas, 1995-1996), com 185.

Na América Latina, as dizis são transmitidas como telenovelas, com exibição diária no horário nobre, faixa típica das telenovelas nas principais emissoras da região. No Chile, Mil e Uma Noites foi exibida no horário nobre do canal Mega, que já transmitia outras telenovelas como Para Toda La Vida (Las Estrellas, 1996) e Pablo Escobar, o Patrão do Mal (Caracol Televisión, 2012), sendo chamada pela mídia local de “novela turca” (Tedesco, 2014; Las Mil […], 2019). O mesmo ocorreu na Argentina, em 2015. No Brasil, Mil e Uma Noites foi a primeira dizi exibida em TV aberta, no horário nobre da Rede Bandeirantes, porém, diferente de outros países da região, substituiu uma série estadunidense, Glee (Fox, 2009-2015), e não uma telenovela local.

Assim, torna-se perceptível que a internacionalização das dizis foi perpassada por ressignificações dos seus sentidos originais. Ou seja, no processo de circulação cultural dessas produções para o exterior, ocorrem diferentes apropriações conforme os contextos em que circulam (Appadurai, 1996), gerando construções de sentido (e recepção), distintas da formação original das dizis na Turquia, muitas vezes com apagamentos significativos em relação às suas definições e funções de origem (Bourdieu, 2002; Escosteguy, 2007). Portanto, o processo de internacionalização das dizis gerou diversas ressignificações no formato, criando ambiguidades quanto à sua classificação em diferentes países. As múltiplas categorias atribuídas às dizis, como séries, mosalsalats ou telenovelas, são resultado direto dessa circulação cultural, na qual seus sentidos originais, como séries melodramáticas semanais com episódios longos, tendem a ser minimizados.

Dizis: formato, características e gêneros

Na seção anterior, vimos que, no sentido original turco, as dizis são produções semanais com forte ênfase melodramática e episódios de longa duração. Contudo, é necessário aprofundar essa dinâmica. Diferente da telenovela, analisada como gênero narrativo constituído pela matriz melodramática (Lopez, 2009) e caracterizado, no sentido amplo de gênero, por atributos comuns como tramas, cenários, estruturas e estilos (Chandler, 1997), as dizis são aqui examinadas principalmente pelo formato, ou seja, pelas características formais que as compõem, como a duração dos episódios e o caráter recorrente dos personagens (Aronchi, 2015). Assim, o gênero seria sobre os aspectos narrativos, enquanto o formato seria sobre os estruturais e formais. Embora alguns autores as definam como gênero (Öztürkmen, 2018; Carney, 2023), as consideramos um formato que abriga diversos gêneros narrativos. Nesse sentido, é preciso distinguir esse formato de outras produções televisivas e, em seguida, analisar a presença dos gêneros narrativos nas dizis, identificando-os e ilustrando cada caso com exemplos representativos.

Como mencionado na primeira seção, as dizis passaram por uma reconfiguração importante entre as décadas de 1990 e 2000. Na década de 1990, algumas já apresentavam características que garantiriam seu sucesso, mas foi a partir dos anos 2000 que esses traços se tornaram predominantes. Observando as dizis produzidas a partir de 2005, o formato já estava consolidado, com episódios de cerca de 90 minutos de material bruto e foco no melodrama. Em 2010, profissionais da área protestaram pela redução para 45 minutos (Bulut, 2016), mas três mudanças a partir de 2012 impediram essa redução e até aumentaram a duração dos episódios: i) a empresa que media a audiência incluiu regiões menores, tornando os dados mais imprevisíveis; ii) diante disso, os canais exigiram episódios mais longos para manter o público; iii) o Conselho Supremo de Rádio e Televisão da Turquia (RTÜK) limitou a publicidade por hora, levando os canais a prolongar os episódios para inserir mais intervalos comerciais e aumentar receitas (Bulut, 2016).

Por consequência disso, os episódios das dizis atualmente variam de 130 a 150 minutos, podendo chegar a 180 em alguns casos. Essa duração tem resultado em dizis mais repetitivas e no aumento da precarização do trabalho dos responsáveis pelas dizis, que passaram a enfrentar jornadas de trabalho longas para conseguir entregar episódios mais longos (Bulut, 2016).

Esse ponto está ligado a outra característica das dizis. Na Turquia, elas são produzidas por produtoras independentes, enquanto as emissoras apenas licenciam o conteúdo, geralmente por temporada. É comum que uma produção estreie em uma emissora e temporadas seguintes sejam exibidas por outra, como Kaynanalar, que estreou na TRT e foi transmitida pelo Kanal D entre 1997 e 1999. Nesse modelo, as emissoras exigem episódios longos, mas não produzem, sobrecarregando as produtoras. Além disso, como o vínculo com as emissoras se limita à transmissão original, os direitos de distribuição internacional permanecem quase sempre com as produtoras, exceto em casos de co-produções ou acordos prévios. Assim, embora canais como Kanal D, ATV e Show TV sejam associados às dizis, produtoras como Med Yapım, Ay Yapım e O3 Medya são mais centrais nesse circuito.

As dizis são marcadas pelo melodrama, embora não exista uma definição única para esse gênero. No geral, o melodrama é um gênero narrativo em que emoções intensas são centrais para provocar uma resposta afetiva no público (Williams, 2012). Nessas produções, há valorização da virtude, dos valores morais e a presença da dualidade entre o bem e o mal (Zanetti, 2009). Além disso, o melodrama pode ser visto não só como gênero, mas também como uma forma de estruturar diferentes narrativas (Santos; Satler, 2023), usando as emoções para envolver o público em diversos meios, como literatura, teatro, cinema, telenovelas e dizis, e em diferentes gêneros, como drama, comédia, ação e romance. Assim, embora as dizis abarquem vários gêneros, tanto na Turquia quanto internacionalmente, destacam-se o drama e o romance.

Para O’Toole (2003), o drama é composto por uma multiplicidade de gêneros que atuam como elementos estruturais específicos e que, articulados aos contextos particulares, definem o texto dramático. Nas dizis, esse drama costuma se manifestar em quatro variações principais: dramas trágicos, dramas rurais/tribais, dramas históricos e dramas familiares.

Os dramas trágicos podem ser compreendidos como histórias que exploram conflitos intensos, cujas consequências são marcadas por dor, perda ou destruição. A dizi Amor Proibido (Kanal D, 2008–2010) seria um exemplo desse subgênero. Na trama, a protagonista Bihter se envolve em um caso extraconjugal com o sobrinho do seu marido, Behlül, e as consequências dessa traição levam ao suicídio de Bihter e ao afastamento definitivo de Behlül da família.

Os dramas rurais ou tribais exploram a vida no campo, marcada por valores tradicionais, tradições locais e conflitos entre famílias influentes, além de evidenciar o contraste entre a Anatólia rural e a Istambul urbana, símbolo de uma Turquia menos conservadora (Öztürkmen, 2018). Sıla: Prisioneira do Amor (ATV, 2006-2008) ilustra essa dicotomia: a protagonista, filha adotiva de uma família rica de Istambul, visita sua cidade natal no interior e é obrigada a casar-se com o líder de uma família local para saldar uma dívida de sangue do irmão. A narrativa mostra o choque entre os valores modernos em que foi criada e as tradições conservadoras que enfrenta após o casamento. Segundo Tanrıvermiş (2007), nesses dramas, a sociedade e a região exercem poder sobre os personagens, e as mulheres frequentemente ocupam posições passivas.

As dizis dramáticas históricas focam principalmente no Império Otomano, como Século Magnífico, ou nas tribos formadoras desse império, como Diriliş: Ertuğrul (TRT 1, 2014-2019). Na América Latina, esse subgênero é menos popular, mas muito consumido em países do antigo Império Otomano, como os árabes e os dos Balcãs. Século Magnífico, que retrata o sultão Solimão I, foi uma das produções mais caras da Turquia e atingiu 500 milhões de espectadores em 2019, além de ser a primeira dizi exportada para o Japão (Bhutto, 2019).

Cabe indicar que esses gêneros e subgêneros se cruzam com frequência, sendo os dramas familiares centrais nesse processo. Presentes em dramas trágicos, rurais/tribais e históricos, os dramas familiares ocupam posição central no melodrama, cujo núcleo temático é o ambiente doméstico, cenário de segredos, passados obscuros e personalidades instáveis (Oliveira Jr., 2012). Desde as primeiras dizis, o núcleo familiar permanece central, geralmente ambientado em lares de três gerações. Em Hercai: Amor e Vingança (ATV, 2019-2021), o casal protagonista enfrenta conflitos intergeracionais e rivalidades familiares que dificultam seu relacionamento.

Após o drama e seus subgêneros, o romance é o gênero mais presente nas dizis. No século XXI, as produções mais consumidas na Turquia e no exterior são centradas em casais heteronormativos que conduzem a narrativa, mesmo com a presença de crimes ou conflitos familiares. O romance se destaca dentro do drama e, em alguns casos, torna-se o gênero principal, especialmente em comédias românticas e romances dramáticos. A comédia romântica tem ganhado espaço nos últimos anos, com destaque para o canal Now (antiga Fox TV), do conglomerado Disney, responsável por sucessos internacionais como Será Isso Amor? (2020–2021) e Sr. Errado (2020). Já entre os romances dramáticos, Gümüş é emblemático: a trama gira em torno do casamento arranjado entre Gümüş e Mehmet, que perdeu a namorada grávida em um acidente. Preso ao luto, ele resiste à união, e o enredo se desenvolve a partir das tensões e transformações afetivas entre os protagonistas.

Além do drama e do romance, existem dizis de outros gêneros, como comédia, ação e fantasia. As dizis de comédia foram muito populares na Turquia durante o monopólio da TRT através de produções como Kaynanalar e Bizimkiler (TRT, 1989-2002) e tiveram ampla presença na televisão turca até meados dos anos 2000, quando os dramas e romances começaram a se tornar os gêneros mais populares e algumas das dizis mais longevas da história da Turquia, de comédia, passaram a ser encerradas.

As dizis de ação giram em torno de dois elementos principais: produções policiais e/ou sobre crime organizado, que frequentemente se entrelaçam. A maioria mostra policiais e agentes turcos combatendo crimes, terrorismo e ameaças à segurança, como em Börü - Esquadrão Lobo (Star TV, 2018) e Teşkilat (TRT 1, 2021–presente). Há também tramas centradas no crime organizado, envolvendo famílias rivais e vingança, como Tetikçinin Oglu (Now, 2023). Esses enredos dialogam com o gênero suspense, que usa a tensão constante e dilemas morais, como Ramo (Show TV, 2020–2021), que acompanha um membro de gangue que, ao planejar tomar o poder, se apaixona pela filha do homem que pretende matar. Esses impasses mantêm a atmosfera de suspense no decorrer da produção.

Por fim, também consideramos necessário mencionar dizis do gênero fantasia, ou seja, produções que trazem elementos místicos e sobrenaturais. Cabe ressaltar que esse gênero não é recorrente nesse panorama até 2018. Existiam poucas produções de fantasia, como Sihirli Annem (Kanal D, 2003-2012) e Acemi Cadı (Kanal D, 2006-2007), remakes das séries estadunidenses A Feiticeira (ABC, 1964-1972) e Sabrina, Aprendiz de Feiticeira (ABC, 1996-2003), além de algumas dizis originais como Ruhsar (Kanal D, 1998-2001). Todas essas mencionadas eram fusões dos gêneros de comédia e fantasia. Entretanto, a partir da primeira série original da Netflix, O Último Guardião (2018-2020), a fantasia passou a ser mais associada ao drama e cresceu em número de produções por meio dessa plataforma. Portanto, dizis como O Segredo do Templo (Netflix, 2019-2021), A Lenda de Shahmaran (Netflix, 2023-2024) e Meia-Noite no Hotel Pera Palace (Netflix, 2022-2024) [1] demonstram como a Netflix modela as produções turcas de acordo com os seus padrões (Araujo; Mendes, 2025), ampliando a presença de um gênero incomum no cenário das dizis e reconfigurando algumas características relevantes do formato, como o tamanho dos episódios.

Assim, diversos gêneros narrativos compõem o formato das dizis, sendo o drama e o romance os principais responsáveis por sua popularidade internacional. Consideramos também relevante mencionar a existência de um circuito televisivo alternativo na Turquia: as soap operas, um formato definido pela serialização e pela narrativa aberta (Bielby; Harrington, 2005), responsável por produções como Esaret (Kanal 7, 2022–presente) e Beni Affet (Show TV, 2011–2018). Embora por vezes sejam percebidas como dizis, devido a características semelhantes, como a presença do melodrama, distinguem-se por apresentarem episódios diários e, diferente das telenovelas, por adotarem uma estrutura dividida em temporadas, ainda que essas temporadas sejam contínuas. O circuito das soap operas, no entanto, será explorado em trabalhos futuros.

Considerações Finais

Em 2023, a Netflix lançou a dizi De Quem Estamos Fugindo? (Netflix, 2023), dois anos depois, o Portal Terra realizou uma matéria jornalística sobre essa produção que a definia como série e também como telenovela (Vive […], 2025). No decorrer deste artigo, percebemos que essa ambiguidade na classificação dos dramas televisivos turcos é frequente e justifica-se pela falta de compreensão do que significa dizi originalmente na Turquia e pela circulação cultural dessas produções para o exterior, que gerou diversas ressignificações desse formato, como mosalsalats em alguns países árabes e telenovelas na América Latina. Assim, buscando compreender o significado das dizis e as suas reconfigurações fora da Turquia, realizamos este trabalho de caráter descritivo e exploratório.

A Turquia produziu suas primeiras dizis na década de 1970, mas o formato só se consolidou a partir dos anos 1990, com o fim do monopólio da TRT e a incorporação de influências internacionais, como as telenovelas latino-americanas e as séries estadunidenses. Foi nesse contexto que as dizis adquiriram as características que as tornaram populares dentro e fora do país. Entendemos que as dizis, no contexto turco, são séries melodramáticas com episódios semanais longos. A periodicidade semanal aproxima o formato das séries dos EUA, que tiveram grande impacto na formação da televisão turca, enquanto a ênfase no melodrama remete às telenovelas. A duração extensa dos episódios também facilita a adaptação para outros formatos, como as telenovelas. Assim, no processo de circulação internacional, as dizis passaram por ressignificações e passaram a ser interpretadas, em diferentes contextos culturais, como telenovelas, séries ou mosalsalats. Portanto, os significados que as dizis adquiriram fora da Turquia, principalmente quando compreendidas como telenovelas, passaram a defini-las tanto quanto, ou até mais do que, seus sentidos originais (Bourdieu, 2002). Assim, os sentidos estabelecidos na Turquia não podem ser os únicos considerados ao observar o fenômeno das dizis, pois, no processo de circulação internacional, essas produções também podem ser interpretadas como telenovelas, séries ou mosalsalats, e, no cenário contemporâneo, o mercado externo é de grande relevância para essas produções.

O artigo também apresentou os diferentes gêneros narrativos que são relevantes para o formato das dizis, sendo drama, romance e seus respectivos subgêneros os mais centrais para o êxito nacional e internacional dessas produções. Além disso, discorremos também sobre outras características essenciais para a compreensão das dizis, como o papel das produtoras de mídia, ainda mais relevante do que o das emissoras, os processos de internacionalização desse formato e que tornaram os seus episódios mais longevos.

Com este artigo, esperamos dar um passo adiante na construção de um olhar mais atento sobre as dizis no Brasil, ressaltando suas particularidades e os sentidos que vêm assumindo em diferentes contextos, como o brasileiro. Esse objeto envolve uma série de dinâmicas que ainda carecem de maior atenção por parte da pesquisa acadêmica e esperamos que a discussão apresentada aqui possa estimular novas pesquisas que se debrucem sobre esse formato audiovisual, cuja presença tem se intensificado no país.

Notas

[1] Indicamos que o O Segredo do Templo foi encerrado, porém não havia informações sobre o encerramento ou renovação de A Lenda de Shahmaran e Meia-Noite no Hotel Pera Palace, dessa forma, inserimos o ano da última temporada lançada.

Artigo submetido em 20/06/2025 e aceito em 19/08/2025.

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