A mãe tá on:

representações e narrativas em torno da maternidade no contexto midiático

Marcela Costa da Cunha Chacel1 e Soraya Barreto Januário2 

Resumo

A pesquisa se pauta na reflexão sobre a maternidade real tematizada por mulheres-mães-cis celebridades, para compreender as representações e narrativas em torno da maternidade no contexto midiático. O recorte teórico-metodológico foi pautado nas epistemologias feministas e no estudo de caso descritivo. O trabalho busca fomentar o debate em torno da maternidade, a partir de um recorte de mulheres-mães-celebridades, detentoras de privilégios de classe e nos casos que emergiram da pesquisa. E que mesmo diante desse contexto, são cativas e aprisionadas à maternidade como um mecanismo de opressão. O recorte do objeto de análise se deu na recolha dos casos que emergiram dos trend topics Brasil de 2020 a 2023 do X, sob a palavra-chave, “maternidade real”, observando perfis de mulheres, personagens da cultura midiática, mães e influenciadoras. Para tanto, o texto tem como alicerce as principais abordagens sobre maternidade nos estudos críticos feministas. Como resultado, foi possível inferir que as maternidades midiatizadas estão inscritas em processos de permanências e rupturas na lógica do ser mulher-mãe, bem como apresentam novas narrativas em torno da romantização da gestação e da maternidade.

Palavras-chave

Maternidade real; Estudo de Caso; Feminismos; Cuidado; Mídia.

1 Doutora em Comunicação (PPGCOM/UFPE), Professora do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/URFN. E-mail: marcelapup@gmail.com.

2 Doutora em Ciências da Comunicação (FCSH/UNL), Professora do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco/UFPE e dos Programas de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM/UFPE) e em Direitos Humanos (PPGDH/UFPE). E-mail: soraya.barreto@ufpe.br. 

Maternal agency in the digital sphere:

representations and narratives surrounding motherhood within the media context

Marcela Costa da Cunha Chacel1 and Soraya Barreto Januário2 

Abstract

This research focuses on the reflection surrounding "real motherhood" as thematized by cisgender celebrity mothers, aiming to comprehend the representations and narratives surrounding motherhood within the media context. The theoretical and methodological framework is grounded in feminist epistemologies and a descriptive case study approach. This work seeks to foster debate on around motherhood, drawing from a selection of celebrity mothers who possess class privileges, as evidenced in the research findings. Notably, even within this context of privilege, these women are shown to be constrained and confined by motherhood as a mechanism of oppression. The selection of the object of analysis involved gathering cases that emerged from the Brazilian trend topics on “X” from 2020 to 2022, using the keywords "real motherhood". The study observed profiles of women who are media figures, mothers, and influencers. To this end, the text is underpinned by key approaches to motherhood within critical feminist studies. The findings suggest that mediatized motherhoods are characterized by processes of both continuity and disruption in the conventional understanding of being a woman-mother, while also presenting new narratives that challenge the romanticization of pregnancy and motherhood.

Keywords

Real maternity; Case Study; Feminisms; Care; Media.

1 Doutora em Comunicação (PPGCOM/UFPE), Professora do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/URFN. E-mail: marcelapup@gmail.com.

2 Doutora em Ciências da Comunicação (FCSH/UNL), Professora do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco/UFPE e dos Programas de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM/UFPE) e em Direitos Humanos (PPGDH/UFPE). E-mail: soraya.barreto@ufpe.br.

Introdução

Na sociedade patriarcal, na qual prevalecem as relações de poder e domínio dos homens brancos, cisgêneros [1] e heterossexuais, as práticas culturais, sociais, políticas e econômicas, estruturam-se a partir de lógicas hegemônicas que atuam em qualquer sujeito fora do padrão normativo (Butler, 2013). Observar as premissas que regem uma sociedade fruto de princípios patriarcais é indissociável da problematização de papéis sociais atribuídos à mulher.

O impacto gerado pela eclosão e crescimento dos movimentos feministas produziu diversos processos de mudança e emancipação das mulheres, resultando em uma reorganização de várias estruturas sociais, ocasionando também uma maior complementaridade de funções entre os ditos papéis de gênero (Kirkpatrick; Lee, 2022). Dentre tais alterações, a tematização centrada na experiência materna no contexto social e midiático foi construída, ao longo dos anos, associada a uma perspectiva patriarcal da ideia de ser mulher (Marcello, 2015).

O conceito de amor materno, nascido com o liberalismo, demonstra com clareza suas finalidades produtivistas (Badinter, 1985): sendo construído como “natural” é quase um sacerdócio inerente à mulher. Afinal, a função da mulher é procriar e cuidar, logo, torna-se mãe. O amor materno é visto como característica da mulher e que se materializa na descoberta da maternidade de acordo com cada época. Stellin et al. (2011) complementam que é na era da modernidade que se dá a constituição da família nuclear e valorização da infância, sendo concebida e reforçada a ideia da mãe cuidadora, no qual a mulher foi reduzida ao papel materno e aquelas que não se adequam a essa norma são concebidas na ideia de maldade, egoísmo ou enquadradas em alguma patologia.

Sobre isso, a antropóloga Lagarde (2005) desenvolve o conceito de “cativeiro” ao dialogar com a ideia de público e privado (Oliveira-Cruz; Mendonça, 2021) e observar o doméstico enquanto destino demarcado pelo gênero, pelo simples fato de nascermos mulheres. Portanto, o cativeiro depende de decisão do outro, o sujeito masculino dominador, de um sistema de regras numa lógica patriarcal, sendo uma espécie de sentença que nos coloca no âmbito de um espaço circunscrito, que nos disponibiliza como propriedade de algo que não somos nós mesmas, sejamos brancas ou racializadas, vulneráveis socialmente ou ricas, empoderadas e/ou famosas, obviamente com pesos e opressões distintas.

Nesse sentido, um dos assuntos mais comentados no início de 2023 foi a apresentação da diva pop Rihanna no minuto publicitário mais bem pago dos Estados Unidos da América: o Super Bowl. O show do intervalo da partida final do campeonato de futebol americano é um dos espetáculos midiáticos de maior audiência da TV dos EUA e a cantora foi acusada pela mídia de usar esse espaço para espetacularizar sua gravidez (Ribeiro, 2023), até então desconhecida pelo público. Além disso, a performance dividiu opiniões entre o seu amadurecimento como estrela pop e os argumentos pautados numa falta de “eletricidade” e energia no show apresentado, atribuído à gravidez da artista (Grávida […], 2023). Por outro lado, nas palavras da cantora, foi justamente a gravidez que a impulsionou a aceitar o convite após um hiato dos palcos (Thallis, 2023). As narrativas controversas disseminadas pela mídia e a visão das mulheres despidas de suas personas célebres, destoam em argumentos e supostas motivações, especialmente, daquelas suplantadas na ideia romantizada de maternidade socialmente difundida.

Diante do exposto, buscamos fomentar uma análise que observe o modo pelo qual a mídia tem fabricado um lugar imaginário para a maternidade e como as mulheres se apresentam nele. O objetivo é investigar as tematizações que ocorrem em torno das maternidades midiatizadas, buscando compreender cativeiros, rupturas e representações nas narrativas das mulheres celebridades. Para tal, realizaremos um estudo de caso descritivo (Yin, 2015), do macrotema “maternidade real”, por um olhar situado (Haraway, 1995).

É válido esclarecer que o recorte sobre a maternidade e o objeto de análise relacionam-se com a maternidade de uma mulher cisgênero. Isso não significa dizer que não se compreenda aqui outras formas de maternar, nem que apenas as mulheres cis maternam. Trata-se de um recorte de observação e de análise conferido pela amostra no desenvolvimento deste artigo. Nessa perspectiva, a definição do corpus se deu a partir da escolha temática, no caso maternidade, observando os casos que emergiram dos trend topics Brasil de 2020 a 2023 do X (antigo Twitter), sob as palavras-chave “maternidade real”. Cabe pontuar que a maioria deles foram postados em redes sociais e plataformas midiáticas diversas, tendo o buzz midiático ganhado visibilidade nos trend topics do X. Dessa forma, o corpus não foi delimitado em uma mulher-mãe-celebridade específica ou um grupo delas, mas sim nos casos repercutidos na mídia.

O dispositivo da maternidade e a mídia

Sabe-se que o fazer científico se fomenta na objetividade, numa separação entre razão e emoção. Tal assertiva é criticada por teóricas feministas ao longo das últimas décadas. A noção de objetividade científica, de verdade e de neutralidade vem sendo questionada em detrimento às epistemologias feministas, na qual o conhecimento é sempre posicionado e contrário à imparcialidade. Assim, propõe-se uma escrita científica que se apresenta política e, portanto, se localiza em sua parcialidade. Haraway (1995) defende a objetividade corporificada, fundamentada numa “objetividade feminista alocada em saberes localizados como alternativa epistemológica” (Barreto Januário, 2022, p. 75-76).

Nesse sentido, como posicionamento político, me coloco neste artigo em primeira pessoa, no singular. Mesmo sendo este estudo realizado a quatro mãos, por duas mulheres cisgêneras, pesquisadoras, escolhemos escrevê-lo na primeira pessoa do singular pelo lugar de mãe que uma de nós ocupa. Acreditamos que o debate associado à experiência adiciona uma camada importante à pesquisa e ao posicionamento político e feminista das autoras, contribuindo para as reflexões sobre a maternidade.

Ao me entender como pesquisadora-mãe, analiso a temática da maternidade midiatizada de uma perspectiva implicada, que é afetada pelas minhas subjetividades e pela cultura. Ao estudar o tema, é inegável observar a romantização em torno da maternidade (Schneider, 2019). Ao entender que “me tornar mãe” acarretaria numa série de discursos, comportamentos esperados socialmente, inclusive sobre o meu corpo-mulher, as cobranças de atitudes e sentimentos se mostram a cada fase da gestação (Azevedo; Arrais, 2006). Perguntava-me sobre o amor materno que tanto tinha ouvido falar. Esse amor abnegado e compulsório, elencado na existência de um “mito do amor materno” (Badinter, 1985). Numa troca de mensagens com uma das minhas médicas, recebi a seguinte mensagem: “você vai sentir um amor profundo quando sua filha nascer. Não tem como ser diferente. E não se preocupe, você saberá o que fazer. Confia no teu instinto materno”.

Essa ideia da existência de um instinto materno foi inaugurada em 1762, por Rousseau (Badinter, 1985). Na publicação o filósofo teceu uma crítica sobre a forma como as mães desempenham a maternidade e enfatizou, veementemente, que as mães deveriam amamentar e criar seus filhos. Badinter (1985) explicita que foi a partir da formulação de Rousseau que se construiu essa ideia compulsória, obrigatória e naturalizada de um amor materno, no qual a mulher-mãe não possui alternativa a esse amor vocacionado e natural, instintivo de ser mãe. A autora ainda complementa que é a partir disso que se estabelece a ligação entre maternidade e moralidade (Azevedo; Arrais, 2006).

Ouvir sobre o outro lado da maternidade que inclui o exaustivo trabalho sem fim, além de relatos recorrentes sobre a privação de sono, o adiamento de projetos, a dificuldade na amamentação, possibilitaram um outro olhar sobre o tema, muito menos romântico. Todavia, tais falas apresentavam fatos, conselhos, mas nunca soluções de apoio real, reafirmando esse lugar solitário que a maternidade impõe. Discursos repletos de ideias de vigilância e docilização (Foucault, 2014 [1975]) do ser mãe, esses mecanismos de disciplina e controle social, se desenvolvem até a sujeição por meio do poder sobre os corpos, denominados pelo filósofo como biopoder. E é por meio do biopoder que diversas instituições disciplinares gerem a vida, o nascimento, a maternidade, a mulher, fabricando corpos dóceis e submissos, reféns de discursos e verdades socialmente construídas.

Comecei a perceber que todo mundo tem uma opinião sobre maternidade, numa lógica atrelada a um discurso pedagógico único da maternidade (Marcello, 2005). É notório perceber nesse discurso a reiteração e legitimação de um “dispositivo da maternidade”, partindo do conceito de dispositivo de Foucault e de suas teorizações sobre a produção do saber, relações de poder e modos de subjetivação, para conceber a ideia de um dispositivo da maternidade, que pedagogiza, determina, controla e legitima o comportamento, as condutas, as narrativas e os discursos do ser mulher-mãe, que trabalha na construção de um ideário hegemônico, normatizador (Marcello, 2005). A grande questão era que à medida que eu lia sobre maternidade, seguia perfis do Instagram sobre o tema e conversava com outras mulheres-mães, percebi que não podemos entender a mulher-mãe apenas através do seu papel materno. Não se pode apagar o sujeito para além da maternidade. É primordial compreender a maternidade a partir de um determinado contexto social e histórico (Badinter, 1985).

Compreender a pluralidade de maternidades, é considerar fatores para além da biologia e do gênero, contemplando questões sociais, raciais, políticas, religiosas, ideológicas, identitárias (Collins; Bilge, 2021). Com efeito, consciente das distintas maternidades, ancoradas nos estudos de Lagarde (2005) e na sua definição de cativeiros de mulher, é possível pensarmos primeiramente na maternidade de forma mais generalizada para depois partir para saberes mais localizados. Por cativeiros, a antropóloga observa esses espaços como círculos vitais femininos perpassados por normas, regras e comportamentos sustentados por instituições disciplinares (Foucault, 2014) alicerçados por uma série de fenômenos de opressão. Lagarde (2005) salienta que os cativeiros são concebidos como posições sociais, que tipificam personalidades e comportamentos, concebendo cinco tipos proeminentes no escopo social:  as madresposas cativas à maternidade e conjugalidade no lar; as freiras cativas ao tabu da sexualidade na vida religiosa e modesta; as putas cativas à sexualidade e destinadas ao prazer alheio; às presas associadas ao delito e à maldade, cativas pela lei; as loucas, em cativeiros de sua própria loucura de gênero, da racionalidade.

Uma das tipificações de cativeiro mais alinhadas a esse trabalho é o conceito de madresposa (mãe-esposa), alicerçado na noção da mulher aprisionada na sua condição feminina, de mãe e esposa, no qual “a maternidade e a conjugalidade são as esferas vitais que organizam e fomentam os modos de vida femininos, independentemente da idade, da classe social, da nacionalidade, religião ou perspectiva política das mulheres (Lagarde, 2005, p. 363) (tradução nossa) [2].

Nesse sentido, busco compreender a construção da ideia de maternidade estabelecida por mulheres-mãe-celebridade. Tomaz (2015) realizou um levantamento e revisão bibliográficos acerca dos estudos sobre maternidade e mídia, por meio de busca no Portal de Periódicos da Capes, Google Acadêmico e Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP). A autora encontrou como resultado três eixos temáticos proeminentes nas produções coletadas: as representações do feminino na mídia, especialmente associadas ao papel naturalizado da mulher-mãe; o corpo da mulher, relacionado à ideia de propriedade biológica na gestação de um filho, isto é, um corpo perpassado e sujeito a diversos saberes e poderes advindos de diferentes práticas e discursos sociais; a mídia enquanto dispositivo pedagógico em relação à maternidade, promovendo discursos, fórmulas e ideias provenientes de “especialistas”, que auxiliam na construção do biopoder em torno da temática, normatizando os modos de ser e de agir para se constituir o que se considera uma boa mãe.

A mídia propõe um dispositivo da maternidade, na qual, tomando como base Marcello (2005), visa controlar e regular modos de subjetivação da mulher enquanto mãe. Desse modo, dentro do cativeiro de mãe e esposa (Lagarde, 2005), encontram-se normas e padrões sobre a maternidade e de como uma mãe deve ser. Isso não se relaciona apenas ao amor incondicional pelo filho, ou à maternidade romântica da Virgem Maria, mas também à maternagem, aos sentimentos e aos comportamentos da mulher enquanto mãe. Além da premissa de que a responsabilidade pela criança sempre foi e é da mãe.

O fato é que, o debate em torno das maternidades se dá em distintas instâncias. Nos discursos produzidos na mídia, é possível observar algumas questões interessantes. Primeiramente, há uma predominante presença de uma maternidade de mulheres cis, famosas ou não. Com isso, notou-se que os olhares midiáticos sobre a maternidade se voltam para a cisgeneridade. Isto é, mulheres trans e outras pessoas que maternam, infelizmente, ainda não estão inseridas e legitimadas pela mídia, reflexo dos diversos preconceitos sociais e da transfobia no Brasil, país que mais mata pessoas trans pelo 13º ano consecutivo (Benevides, 2023). Apesar disso, temos no país, a cantora trans, Pepita, cuja maternidade entrou na produção discursiva da mídia de forma a trazer o debate sobre outras maternidades. Todavia, seu perfil não configurou os trend topics, no recorte temporal estudado. Dessa forma, podemos inferir um espaço ocupado por mulheres cis, o que, porém, não inviabiliza a discussão sobre a maternidade, uma vez que, o silenciamento do tema é uma questão recorrente da opressão e da submissão das mulheres e das mulheres-mães. E diminui o alcance e a representatividade de outras formas de maternar.

Segundo Fischer (2002), a mídia deve ser percebida como uma instituição disciplinar e pedagógica, sendo um lugar de formação, assim como é a família, a religião e a escola. As redes sociais digitais se consolidaram como uma ferramenta de importância na disseminação de manifestações culturais ligadas ao desenvolvimento da indústria do entretenimento e de outras vozes não inseridas do mainstream midiático. Vozes que não apenas participam do debate público, mas também como produtores e disseminadores de pautas e conteúdos, o que suscita a participação mais ativa dos consumidores. Com isso, vemos um modelo de comunicação todos-todos, no qual receptores também assumem o patamar de emissores (Jenkins, 2008). Essa lógica de comunicação é característica de uma cultura midiática consolidada na cultura participativa, na produção, distribuição e consumo de conteúdos e de informações (Jenkins, 2008). Assim, vemos novos fazeres, embates e discussões sobre as mais diversas pautas nas plataformas online. São essas complexidades e processos híbridos de construção de narrativas da maternidade que desejo observar.

Ser mãe na mídia: a construção de uma pedagogia da maternidade

Ao retomar o estudo de Tomaz (2015), é interessante perceber, no século XIX, a presença de jornais voltados à educação da mãe, ancorada não mais pelos saberes de mães de gerações anteriores, mas pelo conhecimento científico de médicos homens, publicado nos periódicos. Havia uma necessidade de ensinar a mulher a ser uma mãe moderna para criar e educar cidadãos adequados ao projeto republicano de nação. Isso se estende pelo século XX, também através das revistas femininas, com um discurso majoritariamente escrito por homens pediatras e direcionado para as mulheres-mães. O saber masculino buscava aproximar a mulher-mãe do racional necessário para munir o instinto materno, considerado uma característica universal da mulher, de técnicas e práticas alicerçadas na ciência (Freire, 2008).

Assim, observamos que há uma "pedagogia da maternidade" na mídia, sendo utilizada pelo dispositivo da maternidade (Marcello, 2005). Foucault (2004) ao dissertar sobre os processos de subjetivação que compõem a elaboração de um dispositivo, apresenta a pedagogização com uma ação importante à manutenção e construção de um dispositivo disciplinador. Logo, é ensinado como a mulher deve exercer seu papel de mãe. Isso se dava nos periódicos e revistas do século XIX e XX, e atualmente permanece nas revistas voltadas para o segmento, como Crescer e Pais e filhos, nas telenovelas, nas séries, nas campanhas de saúde, nas redes sociais e nas figuras das celebridades-mães.

A pedagogia da maternidade, midiaticamente difundida pelos discursos de autoridade, ancora-se na ciência para que haja uma maternagem científica, o que reforça a responsabilidade da mulher-mãe. À mulher ainda é atribuído naturalmente e biologicamente o instinto materno (Badinter, 1985), porém, é fundamental buscar conhecimento. O papel do pai é o de coadjuvante e muitas vezes de aluno que precisa ter a mulher-mãe como professora para que ele exerça sua paternidade e a criação dos filhos, observando a pauta da divisão social do trabalho (Okin, 2008). Isso é perceptível, no ambiente digital, através da quantidade de cursos e perfis de especialistas, bem como de mulheres-mães, sobre parto, amamentação, nutrição, sono infantil, desenvolvimento da criança entre outros. O discurso majoritário é para a “mãe”.

São discursos, salienta-se, muitas vezes progressistas, que de alguma forma, problematizam o papel da mulher-mãe na maternagem e questionam a maternidade e suas privações e aprisionamentos (Lagarde, 2005). Todavia, se nos séculos XIX e XX, a pedagogia da maternidade, discutida na mídia impressa, se voltava para a maternidade científica a fim de criar cidadãos alinhados ao patriarcado, hoje, presente majoritariamente no ambiente on-line, temos uma pedagogia da maternidade direcionada para além da maternagem científica, para a reflexão do papel da mulher enquanto mãe e enquanto sujeito, numa nova lógica do cuidado.

Esse debate corrobora com a discussão proposta por Gilligan (2013) sobre o cuidado. A autora enfatiza a existência da diferença entre a ética feminina do cuidado de uma ética feminista do cuidado. E argumenta que a ética feminina é baseada na perspectiva clássica no qual se valoriza as relações humanas e a preocupação com os outros. Enraizada na compreensão de que, como dito, historicamente, as mulheres têm assumido e desempenhado um papel central no cuidado no âmbito doméstico, privado e público (Okin, 2008) e na manutenção da vida. Já a ética feminista do cuidado é uma abordagem política, que propõe um debate em torno das desigualdades de gênero, também historicamente vinculada pela divisão sexual do trabalho, que fixa trabalhos distintos aos gêneros. E encoraja o debate para a desconstrução de que o cuidado é um trabalho feminino, ao reivindicar que mulheres e homens partilham igualmente a responsabilidade pelo cuidado. E é nessa ótica que empenho minhas crenças.

Atrelado a esse processo, muito se vem debatendo no escopo de uma cultura midiática sobre o conceito “maternidade real”, originária do ambiente digital. Zago (2021) afirma que, no Brasil, “maternidade real”, aparece com destaque, em abril de 2011, no blog “Vinhos, viagens, uma vida comum... e dois bebês”, de Carol Passuello, no qual ela convida outras mulheres-mães blogueiras para escreverem sobre a imagem da mãe construída midiaticamente e revelar a “maternidade real”. A autora, em sua vasta pesquisa sobre o termo e aponta que a partir de 2016, é possível encontrar outras variações léxicas (com igual significado de negar e combater a romantização da maternidade) nos mais variados suportes midiáticos: revistas do segmento, jornais impressos, séries, filmes, programas de televisão (aberta e paga), teatro, artigos científicos, livros, podcasts, redes sociais on-line, músicas, exposições, cursos, bloco de carnaval de rua (Zago, 2021).

Considerando as celebridades-mães, é possível encontrar várias que abordam suas maternidades longe do glamour que se espera da vida de uma famosa. A maternidade é entendida enquanto um processo vivenciado conforme o contexto de vida de cada mulher, contudo, implica transformações profundas em sua maioria. É pertinente ressaltar que as questões sociais e econômicas também podem modificar as formas de vivenciar a maternidade. Logo, é necessário refletir a configuração do cuidado em cada realidade, além de levar em conta os aspectos interseccionais (Collins; Bilge, 2021) juntamente com as experiências de cada uma.

Da maternidade midiatizada à maternidade real

Ao observar os trend topics do X (Twitter), de 2020 a 2023, associados à palavra-chave "maternidade real”, encontramos algumas celebridades no cenário internacional e nacional. E investigamos a fonte de informação que gerou os comentários. Desde reportagens de jornais e revistas, até postagens nas redes sociais digitais.

Dessa forma, apresentamos o percurso metodológico desta pesquisa. Segundo Yin (2015), o estudo de caso é uma abordagem qualitativa que busca compreender fenômenos complexos em seus contextos reais, alicerçado em cinco fases: 1. Definição da questão de pesquisa: como a “maternidade real” foi tematizada nas redes sociais no Brasil, a partir dos trend topics do X?; 2. Escolha do caso: maternidade real em relação às mães celebridades, a partir dos casos que emergiram dos trend topics do X; 3. Coleta de dados: análise de postagens nos perfis oficiais das personalidades e veículos de comunicação mencionados nos trend topics do X; 4. Unidade de análise: Personalidades citadas nas trends - Rihanna, Rachel McAdams, Katy Perry, Viih Tube, Bianca Andrade e Virginia Fonseca; 5. Interpretação dos dados: identificação de padrões e significados nas postagens.

A primeira personagem é Rihanna. Em entrevista para a revista Vogue Britânica, em 2023, afirmou que ser mãe é mentalmente difícil, principalmente nos primeiros dias, devido à privação de sono que torna a experiência muito cansativa. A cantora relata – sentimento bastante comum às mulheres-mães – o medo ao sair da maternidade com um bebê, sem o aparato de médicos, enfermeiras e do hospital, e questiona como é que confiaram nela e no marido para irem para casa com o bebê (Hattersley, 2023). Essas incertezas sentidas e os aprendizados que as mulheres precisam desenvolver nessa nova realidade, são perpassadas pelo sentimento de cobrança sobre as expectativas sociais e culturais do que é ser mãe (Schneider, 2019).

É interessante notar a discrepância entre o discurso nas páginas da entrevista para a imagem de capa, na qual a cantora surge poderosa, à frente da família (Imagem 1), em uma corporificação da mulher provedora, que rompe com os paradigmas da família tradicional. Ao mesmo tempo, o companheiro da cantora aparece com o filho nos braços, no lugar de cuidador, dialogando com as ideias de uma ética feminista do cuidado (Gilligan, 2003) e a divisão social do trabalho (Okin, 2008).

Imagem 1 - Capa da Vogue Inglesa.

https://bit.ly/3Gv759Q 

Fonte: Slater (2023).

A atriz Rachel McAdams, famosa pelo filme Mean Girls (Garotas Malvadas, 2004), apareceu na revista Girls. Girls. Girls. numa foto tirando leite dos seus seios através de uma bomba de amamentação. A ideia da foto partiu da própria atriz, que na época, tinha parido há cerca de seis meses e nos intervalos do ensaio fotográfico, amamentava o filho, bem como retirava leite materno. A proposta sugere uma leitura de uma demonstração que por trás do glamour e da fama, há a realidade de todas as mães que trabalham. A repercussão da foto, apesar de ter gerado comentários positivos sobre a amamentação e a relação, na maioria das vezes, bastante conflituosa entre amamentar e trabalhar, trouxe à tona comentários ofensivos, equivocados e misóginos, demonstrando a operacionalização da estrutura social machista (Hattersley, 2023). A Imagem 2 traz a foto da atriz e alguns tweets que exemplificam opiniões negativas. Para garantir o anonimato dos autores, suprimimos a foto do perfil e o nome do usuário.

Imagem 2 – A foto de Rachel McAdams e exemplos da repercussão.

https://bit.ly/3GvoUFz 

Fonte: Miller (2018).

Alguns consideraram a imagem nojenta, para chamar atenção e gerar publicidade. Outros questionam o que vem depois desse tipo de foto, já que é uma falta de respeito expor o que deveria ser algo privado por parte da mulher-mãe que amamenta, fomentando a ideia de que a mulher e o cuidado pertencem ao escopo do doméstico/privado (Okin, 2008). Para muitos, amamentar em público é algo sexualizado e se prolongado, pode prejudicar a criança (Labate, 2018).

Outra personagem, Katy Perry, cinco dias após o parto da sua filha, postou no seu perfil do Instagram, uma selfie de corpo inteiro, usando uma calcinha e um sutiã de amamentação, mostrando a sua silhueta pós-parto, sem maquiagem (Imagem 3). A cantora fez uma brincadeira e disse que seu cabelo e sua maquiagem, na foto, foram feitos pela exaustão (Por que […], 2020), também numa tentativa de desromantizar a maternidade (Schneider, 2019), o que repercutiu em vários veículos da imprensa.

Imagem 3 - Foto de Katy Perry poucos dias após o parto da sua filha.

https://bit.ly/4jzMmAi 

Fonte: Por que […] (2020).

Ainda em relação ao corpo, em 2023, a influenciadora digital brasileira Viih Tube, aparece em um vídeo publicado nas suas redes digitais, mostrando celulites, estrias, unhas quebradiças, queda de cabelo, manchas na pele e escurecimento de cicatrizes, efeitos provocados pela gestação, numa subversão da lógica do mito da beleza (Wolf, 2008). A Imagem 4 mostra o print do vídeo e alguns comentários a respeito do post. Certamente não fui só eu, mas outras mulheres-mães também se identificaram com o vídeo, a meu ver, um dos melhores conteúdos sobre maternidade real postado por uma celebridade-mãe, justamente porque não há filtros, glamourização e idealização do que uma gestação faz com o corpo.

Imagem 4 – Vídeo de Viih Tube e repercussão sobre o conteúdo.

https://bit.ly/4k05dV3 

Fonte: Viih Tube (2023).

A empresária e influenciadora digital, Bianca Andrade, mais conhecida como Boca Rosa é outra personagem para esta análise. No seu documentário Mãe na real (Minha […], 2021), Bianca afirma que falar sobre a sua maternidade mostra que, apesar de todo o privilégio econômico, possui dores maternas comuns às mulheres-mães, como mudanças corporais e amamentação, que precisam ser desconstruídas junto com a ideia de maternidade idealizada (Badinter, 1985). Bianca constantemente é alvo de críticas, principalmente por mulheres que a consideraram magra demais e com uma barriga “estranha” (Imagem 5) e pelo fato de que ela vai para festas, vive a vida de solteira e “abandona” o filho (Imagem 6), enquanto o pai tem que largar o trabalho para cuidar da criança.

Imagem 5 – Bianca Andrade se posiciona sobre as críticas.

https://bit.ly/4jvZtCq 

Fonte: Perdigão (2022).

Imagem 6 – Comentário sobre Bianca Andrade no tweet a respeito

da volta do pai do seu filho para o Brasil.

https://bit.ly/3EQcMys 

Fonte: Andrade (2022).

Interessante notar que o pai da criança participou da edição 2023 do Big Brother Brasil, reality show da Globo, sem grandes questionamentos da mídia, numa clara utilização do dispositivo disciplinador (Foucault, 2004) da maternidade (Marcello, 2005) e da divisão social do trabalho (Okin, 2008), que preconiza trabalhos e papéis distintos para homens e mulheres. Bianca confronta as normas impostas que o dispositivo de maternidade considera ser boa mãe, tendo sua maternidade constantemente questionada.

Virginia Fonseca, empresária e influenciadora digital, é outra celebridade-mãe que é alvo de constantes críticas e configura papel de destaque nos trend topics. Virginia também sofre comentários sobre sua barriga “estranha” e sua magreza, num processo de vigilância do corpo (Wolf, 2008). Mãe de duas meninas e um menino, Virginia é criticada por ter duas babás por criança. No seu perfil do Instagram, numa leitura superficial, vemos comentários que indagam se a empresária realmente é mãe ou se só “pega as meninas” para se promover.

Em um trecho de vídeo publicado no seu canal do YouTube, Virginia mostra suas filhas sendo vacinadas e a mais velha saindo do colo da mãe e pedindo colo para uma das babás. O vídeo repercutiu nas redes. No X, o jornalista Evaristo Costa comentou um tweet sobre o vídeo dizendo “já ouviram falar ‘mãe é quem cria’?” Numa lógica que um homem se sente à vontade para julgar a maternidade de uma mulher, Virginia se pronunciou sobre a situação, nos stories do seu Instagram, com uma foto na qual está chorando e questionando se tratar de um homem, que não sabe quem é ou se é pai – ou seja, que não conhece a realidade de criar alguém –, a julgando por abandono e questionando o carinho da criança pela babá. Virginia relata que já se sente culpada – como muitas mães trabalhadoras – em ter que deixar suas filhas para trabalhar.

A Imagem 7 ilustra o que aconteceu. Fica evidente o “patriarcado discursivo”, termo que, como a dominação masculina, se sustenta através de narrativas e discursos sociais (Deharbe, 2021). Cabe ressaltar que o olhar para os casos relatados se concentra nas narrativas em torno das maternidades dessas mães-celebridades, sem intenção de defender ou criticar as escolhas pessoais.

Imagem 7 – Resumo da situação entre Evaristo Costa e Virginia.

https://bit.ly/3GuWFH4 

Fonte: Evaristo […] (2023).

O fato é que, seja nas entrevistas ou nas publicações nos seus perfis, as celebridades-mães ao abordarem a maternidade real, não só mostram um olhar desromantizado do que é ser mãe, como ilustram a sobrecarga materna. Tais mulheres são privilegiadas economicamente, sendo possível ter uma maternidade e uma maternagem mais bem assistidas, mas mesmo assim são vítimas do sistema patriarcal, não apenas como mulheres, mas também como mães. Muitas delas legitimam e reforçam corpos irreais, pautados na ditadura da beleza (Wolf, 2008) de forma impossível à maioria das mulheres, bem como corporificam questões trabalhistas questionáveis.

Outro ponto é a predominância de mulheres brancas no recorte, com exceção de Rihanna. Nota-se a falta de aspectos interseccionais, especialmente de raça, nas representações midiáticas (Collins; Bilge, 2021). Contudo, o foco da análise foi observar as narrativas que predominam numa cultura midiática fomentada no escopo de uma sociedade patriarcal. Dessa forma, espera-se que tais mulheres, mesmo podendo ter uma rede de apoio efetiva no âmbito profissional, cuidem dos seus filhos, assumindo a perspectiva da ética feminina do cuidado. São julgadas como qualquer mulher-mãe, sendo possível notar na amostra que temas sobre o corpo, ética feminina do cuidado, amamentação e ditadura da beleza seguem sendo proeminentes e recorrentes no discurso midiático e ditado pelo patriarcado às mulheres.

Considerações Finais

Ao observar a maternidade na ótica da cultura midiática, percebi um paradoxo para com a mulher-mãe, pautada na ética feminista do cuidado (Gilligan, 2013), impulsionada pelo agendamento midiático (Maccombs, 2008) de temas e debates feministas. Foi possível notar que continuamos a vislumbrar figuras simbólicas e representativas de uma maternidade disciplinadora, porém aparentemente progressista. A cultura midiática proporciona essas controvérsias e complexidades. Posso sugerir que foi incorporada uma nova lógica da pedagogia da maternidade, que não perde de vista o discurso científico como pilar, mas que incorpora a narrativa de que a mulher-mãe precisa questionar os papéis de gênero, enquanto, ao mesmo tempo, exerce sua maternidade dentro dos padrões de comportamento socialmente construídos e aceitáveis, o que parece delegar à mulher as mesmas armadilhas e cativeiros de outrora, sob nova roupagem.

A dinâmica de exposição da maternidade e das distintas dificuldades que a perpassam, numa espetacularização da vida privada, também contribuiu para pluralizar vozes e narrativas mais reais. Isso se materializa no que se tem chamado de “maternidade real” (Zago, 2021), o que na minha experiência como mãe, tem assumido o patamar de movimento de mulheres-mães, sejam celebridades ou não, na tentativa de combater a romantização da maternidade, enquanto também monetizar em benefício próprio. A “maternidade real” tem sido empregada para suscitar o debate sobre os cativeiros de mãe-esposa (Lagarde, 2005) e sobre o dispositivo da maternidade (Marcello, 2005).

As mulheres-mães seguem aprisionadas em diversos cativeiros, como a ditadura da beleza (Wolf, 2008), a divisão social do trabalho (Okin, 2008) e a ética do cuidado (Gilligan, 2013). A exposição da maternidade real na cultura midiática revela contradições entre a ruptura com discursos disciplinadores e a persistência da responsabilização feminina na criação dos filhos. Apesar de narrativas que ocultam privilégios de classe, raça e visibilidade, a maternidade continua solitária, sobrecarregada e romantizada. Romper essas lógicas é essencial para construir pedagogias maternas mais partilhadas e condizentes com a realidade.

Notas

[1] Em resumo, termo que se refere às pessoas que se identificam com o “gênero de nascença”, que lhe foi designado ao nascer.

[2] La maternidade y la conjugalidad son las esferas vitales que organizan y conforman los modos de vida femininos.

Artigo submetido em 01/09/2024 e aceito em 10/04/2025.

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