O impeachment de Dilma Rousseff segundo os editoriais da imprensa brasileira [1]

Um elogio da pesquisa:

resenha de Marxismo cultural e estudos de mídia, de Otávio Daros

Suzete Nocrato1, Diógenes Lycarião2 e Anézia Lima3

Resumo

Este artigo apresenta uma revisão sistemática de literatura (RSL) de pesquisas empíricas sobre como os editoriais da imprensa brasileira interpretaram a deposição da presidente Dilma Rousseff, em 2016. A RSL realizou uma análise de conteúdo (AC) de trabalhos acadêmicos (n=13) dentro desse recorte com o objetivo de identificar: (a) os veículos jornalísticos estudados e métodos empregados pela literatura especializada; (b) se essa literatura revela padrões interpretativos dos editoriais analisados em relação ao impeachment; (c) se é possível aí observar algum tipo de paralelismo político. Para isso, utilizamos três sistemas de busca acadêmica, a saber: Scopus; SciELO; e Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, nas quais selecionamos trabalhos publicados entre 2016 e 2023. Sob tais parâmetros, foram encontradas 13 pesquisas analisando os jornais O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo; as revistas Veja e Carta Capital; e o telejornal Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão. Os trabalhos revisados mostram que, com exceção de um caso (a Carta Capital), todos os demais veículos jornalísticos intervieram no debate público de modo a defender, por meio de impeachment ou renúncia, a dissolução do governo Dilma. Diante disso, discutimos como o conceito de “paralelismo assimétrico” ajuda a compreender criticamente esses achados da literatura e como pesquisas futuras em torno de veículos de alcance regional ajudariam a melhor compreender esse momento tão crucial da relação entre imprensa e política no Brasil.

Palavras-chave

Editorial; Análise de Conteúdo; Revisão Sistemática de Literatura (RSL); Dilma Rousseff; Paralelismo Político.

1 Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM/UFC). E-mail:

suzete.nocrato@gmail.com.

2 Professor Permanente do PPGCOM/UFC e Coordenador de Comunicação e Divulgação Científica do INCT/DSI. E-mail: lycariao-d@ufc.br.

3 Mestranda pelo PPGCOM/UFC. E-mail: anezialima55@gmail.com.

Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 18, n. 2, p. 7-24, MAI./AGO. 2024                                                                                 DOI 10.34019/1981-4070.2024.v18.45022

Dilma Rousseff's impeachment according to Brazilian press editorials

Suzete Nocrato1, Diógenes Lycarião2 and Anézia Lima3

Abstract

This article presents a systematic literature review (SLR) of empirical research on how Brazilian press editorials interpreted the deposition of President Dilma Rousseff in 2016. The SLR performed a content analysis (CA) of academic papers (n=13) within this scope to identify: (a) the journalistic outlets studied, and methods employed by the specialized literature; (b) whether this literature reveals interpretive patterns of the analyzed editorials concerning the impeachment; (c) whether any form of political parallelism can be observed. To this end, we used three academic search systems, namely: Scopus; SciELO; and the CAPES Theses and Dissertations Catalog, from which we selected works published between 2016 and 2023. Under these parameters, 13 studies were found analyzing the newspapers O Globo, Folha de S. Paulo, and O Estado de S. Paulo; the magazines Veja and Carta Capital; and the television newscast Jornal Nacional, from Rede Globo de Televisão. The reviewed works show that, except for a single case (Carta Capital), all other journalistic outlets intervened in the public debate in order to advocate, through impeachment or resignation, the dissolution of Dilma's government. In light of this, we discuss how the concept of “asymmetric parallelism” helps critically understand these findings in the literature and how future research on regional media outlets would help better comprehend this crucial moment in the relationship between the press and politics in Brazil.

Keywords

Editorial; Content Analysis; Systematic Literature Review (SLR); Dilma Rousseff; Political Parallelism.

1 Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM/UFC). E-mail:

suzete.nocrato@gmail.com.

2 Professor Permanente do PPGCOM/UFC e Coordenador de Comunicação e Divulgação Científica do INCT/DSI. E-mail: lycariao-d@ufc.br.

3 Mestranda pelo PPGCOM/UFC. E-mail: anezialima55@gmail.com.

Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 18, n. 2, p. 7-24, MAI./AGO. 2024                                                                                 DOI 10.34019/1981-4070.2024.v18.45022

Introdução

Dilma Rousseff, a primeira mulher a presidir o Brasil, foi oficialmente deposta em 31 de agosto de 2016, após o Senado aprovar seu impeachment por 61 votos a 20, acusando-a de crime de responsabilidade por manobras fiscais. Ela estava afastada temporariamente desde maio do mesmo ano, e Michel Temer assumiu a presidência. O processo de impeachment começou em 1º de dezembro de 2015, quando Eduardo Cunha aceitou o pedido de Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Junior. Dilma e seus apoiadores, em contrapartida, denunciam o processo como um "golpe" (Guazina; Prior; Araújo, 2018; Giering; Caldas, 2021; Leite; Neves, 2018; Marques; Mont’Alverne; Mitozo, 2018).

Observar como a mídia brasileira se comportou, a partir de seus editoriais, diante desse conturbado momento político e econômico no Brasil é imprescindível para percebermos quais as contribuições partiram da imprensa para o processo de deposição de Dilma Rousseff. Como espaço privilegiado, os editoriais podem ser entendidos como tentativas da mídia de emplacar uma agenda junto aos governos e outros agentes políticos, travando um diálogo com as elites político-econômicas (Mont’Alverne; Marques, 2016). Portanto, conforme observam Pimentel e Marques (2021a) os editoriais permitem ao meio de comunicação delimitar sua identidade ideológica, atuando como uma espécie de carta voltada a orientar o leitor.

Sendo assim, faz-se necessário considerar a presença de um leitor/consumidor na produção do gênero editorial (Hoff; Almeida Junior, 2019) e creditar às narrativas a capacidade de instaurar uma nova ordem discursiva que dá sentido e credibilidade a determinados eventos (Pimentel; Marques, 2021a).

A partir dessa compreensão, este trabalho tem como objetivo geral investigar e sistematizar a literatura científica que trata sobre como os editoriais da imprensa brasileira intervieram no processo de deposição da então chefe do Estado brasileiro. Como objetivos específicos, busca-se identificar: (a) os veículos jornalísticos estudados e os métodos empregados pela literatura especializada; (b) se essa literatura revela padrões interpretativos dos editoriais analisados em relação ao impeachment; (c) se é possível, aí, observar algum tipo de paralelismo político. Tais objetivos são derivados das seguintes perguntas de pesquisa (PPs):

PP1: Que padrões de interpretação a literatura científica atribui aos editoriais da imprensa brasileira na deposição da primeira mulher presidente da República do Brasil, Dilma Rousseff?

PP2: Seria possível identificar, ao se realizar uma síntese dessa literatura, algum tipo de paralelismo político?

Para responder às perguntas acima e cumprir com os objetivos apresentados, recorremos à realização de uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL), utilizando princípios e técnicas da análise de conteúdo (AC) Categorial, conforme literatura especializada (Sampaio; Lycarião, 2021; Maia, 2022; Lycarião; Roque; Costa, 2023). Durante a RSL foram coletados e analisados artigos científicos em português, inglês e espanhol, bem como teses e dissertações, em português, publicados no período de 2016 – ano da deposição de Dilma Rousseff – a agosto de 2023.

A primeira etapa do processo foi, na seleção dos textos, incluir trabalhos que, na análise inicial de títulos e resumos, relacionavam o impeachment à imprensa brasileira. Para tanto, utilizamos sistemas de busca acadêmica – Scopus (©2023), SciELO [1996] e Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES (©2016) – que contemplam com maior volume e precisão os resultados de teses e dissertações, assim como artigos científicos sobre o assunto em tela. Diante de um número de 322 trabalhos, aplicamos os critérios de inclusão e exclusão detalhados no livro de códigos, chegando a 13 pesquisas, entre artigos, teses e dissertações que foram selecionadas e analisadas na segunda etapa da RSL.

Dentro desse corpus, houve uma predominância para artigos (=10), seguida por dissertações (=3). Não foi encontrada nenhuma tese. Dos 13 trabalhos, observa-se estudos voltados exclusivamente para veículos de comunicação de circulação nacional – os jornais Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo, as revistas Veja e Carta Capital, e o telejornal da Rede Globo de Televisão, Jornal Nacional. Outro dado extraído da análise é de que as pesquisas revisadas sustentam o entendimento de que a quase totalidade dos veículos utilizaram sua opinião institucional com o intuito de construir a legitimidade da deposição de Dilma Rousseff. Somente a Carta Capital utilizou o espaço para defender a permanência de Dilma Rousseff no governo e classificou a ruptura como golpe, e a Folha de S. Paulo defendeu a renúncia da presidente e de seu vice, Michel Temer.

Para uma melhor compreensão do estudo, este artigo foi dividido em seis seções, incluindo esta introdução. A seção a seguir faz uma abordagem sobre o paralelismo político no contexto brasileiro; a terceira trata sobre o papel do editorial no contexto das empresas de comunicação. Em seguida, explicamos a metodologia adotada. Posteriormente, apresentamos os resultados obtidos na investigação. Por fim, a discussão e as conclusões com suas implicações para pesquisas futuras.

Paralelismo político no contexto brasileiro

De acordo com Albuquerque (2012), a presença de um sistema partidário e do mercado de mídia pode ter como consequência o surgimento de uma relação, com maior ou menor intensidade, classificada por Colin Seymour-Ure, em 1974, como paralelismo político, que é a convergência de interesses entre jornais e partidos. Isso implica que as mesmas forças sociais que se expressam em um partido tendem a se expressar também através da imprensa.

Ao fazer uma revisão do estudo de Seymour-Ure, Hallin e Mancini propuseram, em 2004, um desenho de pesquisa restrito a 18 países, entre nações da Europa Ocidental e América do Norte, e os classificaram em três diferentes sistemas: Liberal (Atlântico Norte), Corporativista Democrático (Centro-Norte Europeu) e Pluralista Polarizado (Mediterrâneo). Contudo, Albuquerque (2012) questiona a aplicação desse conceito de forma universal, especialmente em contextos instáveis, como é o caso do Brasil, o qual carece de partidos longevos e de uma imprensa pluralista com relações estáveis, com agendas programáticas específicas e paralelas às encontradas no sistema político.

Isso porque, conforme o autor argumenta mais detidamente em texto anterior (Albuquerque, 2005), a imprensa no Brasil, após a redemocratização, reivindica o espaço simbólico outrora ocupado pela ideia de “Poder Moderador”. Segundo essa perspectiva, a imprensa brasileira se colocaria como um agente do bem comum, o qual teria autoridade moral para arbitrar no jogo político, ora a favor e ora em desfavor de determinados grupos políticos e interesses.

Nesse contexto, Marques e Pimentel (2021a) reforçam que as empresas jornalísticas brasileiras agem como um ator que intervém e participa historicamente das discussões, tentando emplacar seus próprios interesses nesse sistema. Azevedo (2017) corrobora com esse pensamento, mas amplia a discussão ao reconhecer que a imprensa escrita está alinhada aos traços definidores do modelo Pluralista Polarizado, tanto em relação ao sistema político quanto pelas características do sistema de mídia, apesar de o autor defender que o paralelismo político não implica, necessariamente, uma relação um-por-um entre a imprensa e política.

Justamente pela ausência dessa paridade, o conceito de "paralelismo assimétrico" apresentado por Albuquerque, Carvalho e Santos Júnior (2015) parece fornecer uma abordagem mais precisa para entender a dinâmica entre imprensa e poder político no Brasil. Esse termo reflete uma realidade onde há uma clara discrepância entre a representação midiática e a estrutura política. Isso porque, embora o Partido dos Trabalhadores (PT) tenha conseguido estabelecer uma identidade partidária de massa e tenha ocupado a presidência por vários mandatos, a maioria dos meios de comunicação tradicionais posicionou-se criticamente em relação a ele, muitas vezes apoiando abertamente a oposição.

Esta assimetria, argumentam os autores (Albuquerque; Carvalho; Santos Júnior, 2015), é evidenciada pelo fato de que, apesar de terem uma base partidária relativamente pequena no Congresso, o PT e seus governos enfrentaram uma oposição midiática significativa e sustentada, que, em muitos casos, ultrapassou o âmbito da crítica política para se engajar em campanhas abertas de deslegitimação. Além disso, o contexto brasileiro é marcado por uma instabilidade que complica ainda mais o paralelismo político. A imprensa, frequentemente controlada por poucos grupos familiares, tem seus próprios interesses políticos e econômicos, que podem ou não se alinhar com as forças políticas em voga. A ascensão do PT ao poder, por seu turno, representou, na perspectiva dos autores (Albuquerque; Carvalho; Santos Júnior, 2015), uma mudança nas alianças tradicionais, levando a uma reconfiguração significativa na cobertura política da mídia.

Essa complexa interação entre mídia e política no Brasil, onde os meios de comunicação não apenas refletem, mas ativamente moldam o campo político, faz, sob nosso ponto de vista, do paralelismo assimétrico um conceito com alto poder explicativo sobre a realidade brasileira. Esse conceito ajuda a entender como uma mídia predominantemente hostil ao governo pode coexistir com um partido que, apesar de não ter uma maioria dominante, manteve-se – pelo menos até o impeachment de Dilma Rousseff – no poder através de um forte apoio popular e uma identidade partidária clara. Uma vez que esse conceito apresenta uma dinâmica de poder que desafia interpretações mais tradicionais de paralelismo político, ele permitirá lançar luz sobre os resultados desta revisão sistemática de literatura.

Editoriais: porta-vozes das empresas de comunicação

Como gênero responsável por dar vazão às opiniões e interpretações das empresas jornalísticas, o editorial é “capaz de evidenciar o papel de player político das instituições do jornalismo” (Marques; Mont’Alverne; Mitozo, 2018, p. 103). Nessa linha argumentativa, Azevedo (2017) observa que os editoriais têm pronunciada importância no jornalismo brasileiro, pois moldam a cobertura informativa, o debate público e o desenrolar dos acontecimentos políticos (Guazina; Prior; Araújo, 2018), assumindo a finalidade de explicar, aconselhar e conduzir a diferentes interpretações dos conflitos políticos.

Nesse contexto, Pimentel e Marques (2021a) observam que, embora os textos editoriais se voltem a um público específico – nomeadamente, elites políticas e econômicas –, deve-se reconhecer que seu impacto continua relevante. Assim, justifica-se a necessidade de compreender de que maneira o editorial atua como instrumento da organização jornalística nos processos de disputa de sentidos que marcam as crises políticas. Como espaço privilegiado, os editoriais podem ser entendidos também como tentativas da imprensa de emplacar uma agenda junto aos governos e outros agentes políticos, travando um diálogo com as elites político-econômicas (Mont’Alverne; Marques, 2016).

Sendo assim, o gênero permite à instituição jornalística delimitar sua identidade ideológica, atuando como uma espécie de carta voltada a orientar o leitor (Pimentel; Marques, 2021a). A esse respeito, Cauduro (2018) argumenta que é preciso reconhecer que o editorial é o espaço onde o jornal exerce sua autonomia, mostra sua identidade e expressa seus argumentos em relação às principais notícias do momento, buscando a identificação com o leitor.

Essa relação empresa-leitor pode ser percebida a partir da construção das narrativas argumentativas, visando intervir diretamente sobre opiniões, atitudes ou comportamentos de um interlocutor ou de um auditório (Leite; Neves, 2018). Nesse prisma, os autores afirmam que o editorial imprime o ponto de vista do jornal, usando estratégias argumentativas a fim de ganhar seguidores, pois, quando fazem uso da argumentação, pretendem influenciar o leitor a pensar como eles.

Pimentel e Marques (2021a) defendem que a análise dessas narrativas implica a necessidade de identificar a serialidade temática dos editoriais do corpus, reconhecer o conflito que sustenta a narrativa e distinguir os recursos narrativos mobilizados na construção dela. Ainda que os editoriais não priorizem aspectos e fontes específicas, Marques et al. (2017) propõem levar em conta a possibilidade de estratégia de legitimação dos jornais, já que os espaços opinativos oferecem ao leitor um posicionamento que acreditam ser demandado pela audiência – ao mesmo tempo em que se dirigem ao campo político e pressionam pelas providências que julguem adequadas.

Isso posto, buscamos uma melhor compreensão sobre o estado da arte acerca do papel da imprensa, em específico dos seus editoriais, em um dos processos mais controversos da história político-institucional do Brasil, no caso, a retirada do mandato da então presidente Dilma Rousseff pelo Congresso Nacional, através de impeachment. A busca desse estado da arte é motivada por dois questionamentos que guiam o desenvolvimento do trabalho: Quais os padrões de cobertura dos editoriais da imprensa brasileira na deposição da primeira mulher presidente da República do Brasil, Dilma Rousseff, revelados por esse estado da arte? Tais padrões indicariam alguma evidência de paralelismo político?

Metodologia

Para identificar como a pesquisa científica pode oferecer respostas a essas questões, realizamos uma revisão sistemática de literatura (RSL) acerca do tema. De modo a garantir transparência metodológica da investigação, foram realizados vários procedimentos indicados por Lycarião, Roque e Costa (2023) relativos às duas principais fases de uma RSL, ou seja: a) a seleção dos trabalhos; e b) a análise dos trabalhos selecionados.

a) seleção dos trabalhos

Em relação à seleção dos trabalhos, foram incluídos artigos publicados em periódicos nos seguintes idiomas: português, espanhol e inglês; assim como teses e dissertações, apenas na língua portuguesa.

Todos os trabalhos selecionados abrangem o período de 2016 a 2023 e fazem referência – no título ou resumo do trabalho – ao comportamento da imprensa brasileira, por meio de seus editoriais, em relação ao impeachment de Dilma Rousseff. Nessa fase, descartamos as áreas de conhecimento que possuem pouca relação com a Comunicação, como Economia, Administração e Saúde.

Nesse processo, realizamos pré-testes em diferentes sistemas de busca acadêmica. A definição desses mecanismos de busca é fundamental para que o pesquisador alcance seus propósitos. Nesse sentido, Lycarião, Roque e Costa (2023, p. 4) orientam que a escolha requer “realizar sucessivos testes até que possa identificar quais delas oferecem o melhor equilíbrio entre relevância, transparência e replicabilidade das buscas”. Assim, optamos pela prospecção em três plataformas: a) Scopus; b) SciELO; e c) Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES. Elas foram escolhidas por disporem de uma maior quantidade de trabalhos científicos relacionados ao assunto de interesse e por terem substancial capilaridade para a área da Comunicação no Brasil.

A etapa seguinte à seleção dos sistemas de busca acadêmica consistiu no aprimoramento do termo de busca mediante sucessivas requisições, utilizando a combinação das seguintes palavras-chave: “Dilma, impeachment, mídia, golpe”, realizadas em 23 de outubro de 2023. A prospecção dos artigos resultou nos seguintes resultados: Scopus [2] = 171 trabalhos; Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES [3] = 113 trabalhos; SciELO [4] = 38 trabalhos. Na fase inicial, foram coletados, portanto, 322 trabalhos [5].

A partir da catalogação desses trabalhos, procedemos a uma codificação cega por pares com as seguintes categorias: a) incluir; b) excluir e c) dúvida. Realizamos um teste de confiabilidade dessa codificação utilizando a plataforma on-line desenvolvida por Freelon (2008 e 2010). O teste de confiabilidade obteve os seguintes resultados: (a) concordância nominal: 95,7%, (b) scott’s Pi 0,788; (c) Cohen’s Kappa: 0,788; d) Krippendorff’s Alpha: 0,788 [6].

Realizado o teste de confiabilidade, partimos para a execução dos procedimentos de resolução das discordâncias das codificações entre os codificadores. Registramos 12 discordâncias entre os 322 trabalhos analisados. Para assegurar a confiabilidade dos dados, tratamos, em conformidade com Lycarião, Roque e Costa (2023), as divergências, adotando dois caminhos. O primeiro foi aplicar os protocolos que constam no livro de códigos:

• Dúvida x Dúvida = excluir;

• Dúvida x Incluir = incluir;

• Dúvida x Excluir = excluir;

• Incluir x Excluir = deliberar em conjunto.

Com o refinamento, a partir do tratamento das divergências do tipo “incluir versus excluir”, chegamos a 13 trabalhos (ver Quadro 1). Esse número equivale a 4% do total de 322 trabalhos selecionados inicialmente, entre artigos, teses e dissertações. Nessa fase, foram excluídos 289 trabalhos por não atenderem aos critérios de inclusão e 20 foram excluídos por duplicação, pois foram recuperados em mais de um sistema de busca.

Quadro 1 – Seleção dos trabalhos

Bases

Resultado da busca

Duplicados

Excluídos

Incluídos

Scopus

171

7

161

3

Catálogo de Teses e Dissertações CAPES

113

9

95

9

ScIELO

38

4

33

1

Total

322

20

289

13

Fonte: Elaboração própria (2024).

b) análise dos trabalhos selecionados

Com a seleção dos trabalhos, demos início à segunda fase da RSL, com o objetivo de categorizar as operações metodológicas e os tipos de resultados de cada trabalho selecionado. Dessa forma, foram elaboradas as seguintes variáveis para a análise de conteúdo desses trabalhos: (a) Métodos e Técnicas de Pesquisa; (b) Objetos Investigados; (c) Tipo de objeto investigado; e (d) País da Amostra.

Cabe esclarecer que a RSL exige que a transparência e replicabilidade sejam aplicadas na investigação. Sob essa perspectiva, elaboramos um livro de códigos que discriminou, de forma detalhada, os critérios de seleção da amostra e categorizou as pesquisas selecionadas de acordo com as quatro variáveis acima mencionadas.

É importante ressaltar que os artigos selecionados foram analisados em seu conteúdo a partir dos procedimentos indicados no manual de Sampaio e Lycarião (2021), que consideram o referencial de codificação em um livro de códigos como instrumento indispensável para a replicabilidade e confiabilidade do estudo (Nocrato, 2023).

Para resolver o problema da confiabilidade da análise de conteúdo dessa 2ª fase, adotamos os procedimentos desenvolvidos por Lycarião, Roque e Costa (2023), incluindo o modelo de e-mail padronizado, disponibilizado pelos autores. Esse modelo foi adaptado para enviar mensagens, entre os dias 19 e 20 de dezembro de 2023, a todos os autores dos 13 estudos selecionados e analisados, começando com o primeiro autor ou autora do trabalho. Num primeiro momento, apenas três pesquisadores responderam. Diante desse quadro, encaminhamos novamente os e-mails, no dia 11 de janeiro de 2024, aos coautores, apresentando a mesma demanda. Ao final, sete pesquisadores responderam, assegurando a segunda codificação, sendo registrada a ausência de resposta em cinco trabalhos (Nocrato, 2024).

Resultados

Na seleção dos 13 trabalhos analisados, houve uma predominância para artigos (=10), seguida por dissertações (=3). Não foi encontrada nenhuma tese que atendesse aos critérios de inclusão desta RSL. Todos os autores das pesquisas selecionadas são brasileiros, com predominância para publicação no idioma português. Dos trabalhos incluídos no corpus, nove foram publicados em português e quatro na língua inglesa. Embora o tempo pesquisado nas bases investigadas seja de sete anos – trabalhos publicados entre 2016 (ano do impeachment da presidente Dilma Rousseff) e 2023, verificamos que, na distribuição temporal das publicações, o intervalo foi menor. As publicações estudadas que tratam especificamente do posicionamento dos veículos de comunicação sobre o afastamento da chefe do Estado brasileiro estão divididas por ano, da seguinte maneira: 2017 (=1); 2018 (=3); 2019 (=4); 2020 (=2) e 2021 (=3).

Uma das variáveis de análise de conteúdo utilizada por esta pesquisa foi “objetos investigados”, os quais se referem aos veículos jornalísticos analisados pelos 13 trabalhos desta RSL. Os resultados para esta variável se encontram no Quadro 2. Três quality papers prevalecem: O Estado de S. Paulo (n=6), O Globo (n=5) e Folha de S. Paulo (n=4).  Apenas dois artigos tratam do posicionamento das revistas Veja e Carta Capital sobre o afastamento de Dilma Rousseff, apresentado por meio de seus respectivos espaços de opinião, e apenas um trabalho de nosso corpus analisou o telejornal Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão.

Quadro 2 - Tipos de objetos investigados

Tipos de objetos investigados

Objeto

Quantidade de pesquisa que estudou o objeto

Proporção

O Estado de S. Paulo

6

46,1%

O Globo

5

38,4%

Folha de S. Paulo

4

30,7%

Veja

2

15,3%

Carta Capital

2

15,3%

Jornal Nacional

1

7,6%

Fonte: elaboração própria (2024).

Outra variável analisada se refere aos procedimentos metodológicos utilizados nos fenômenos abordados. Constatamos que todos os 13 trabalhos fizeram uma combinação de métodos ou técnicas de pesquisa. Foram identificados cinco estudos utilizando duas combinações, dois estudos com três combinações e seis que utilizaram uma combinação.

No escopo da investigação, observamos a predominância da pesquisa de análise argumentativa, com sete estudos, representando 53,8%, seguido da análise de conteúdo – técnica empregada em estudos comparativos que versam sobre jornalismo –, representando 46,1%. Conforme registra Maia, Hauber e Paula (2022, p. 46), a análise de conteúdo “é uma potente ferramenta para investigar, de maneira sistemática, material em diferentes situações de comunicação, no ambiente digital e nos medias massivos”. Em seguida, a pesquisa bibliográfica, com três trabalhos, representando 23% do total. A análise de enquadramento e grounded theory foram usadas, cada uma, em dois estudos, enquanto a análise discursiva e a de estrutura foram utilizadas, cada uma, em um estudo, conforme se pode observar no Quadro 3.

Quadro 3 - Métodos e técnicas de pesquisa

Métodos e técnicas de pesquisa

Quantidade de pesquisa que usou o método ou a técnica

Proporção

Análise Argumentativa

7

53,8%

Análise de Conteúdo

6

46,1%

Pesquisa Bibliográfica

3

23,0%

Análise de Enquadramento

2

15,3%

Grounded Theory

2

15,3%

Análise de Estrutura

1

7,69%

Análise Discursiva

1

7,69%

Fonte: Elaboração própria (2024).

Na análise sobre os padrões de cobertura dos editoriais na mídia brasileira no impeachment da primeira mulher presidente da República do Brasil revelados pelos 13 estudos revisados, verificou-se que a quase totalidade dos veículos estudados utilizou suas opiniões institucionais com o intuito de construir a legitimidade da deposição de Dilma Rousseff (Alecrim, 2020; Caldas, 2020; Cauduro, 2018; Guazina; Prior; Araújo, 2018; Giering; Caldas, 2021; Leite; Neves, 2018; Marques; Mont’Alverne; Mitozo, 2018; Marques; Mont’Alverne; Mitozo, 2019; Pimentel; Marques, 2021a; Pimentel; Marques, 2021b; Pozobon; David, 2017; Pozobon; David, 2019; Rocha, 2019).

Dos seis veículos estudados, apenas a Folha de São Paulo defendeu a renúncia de Dilma Rousseff e de seu vice Michel Temer seguido por novas eleições (Marques; Mont’Alverne; Mitozo, 2019). Somente a revista Carta Capital utilizou o espaço para se posicionar favorável à permanência da presidente no Governo, referindo-se ao processo como golpe (Pozobon; David, 2017; Pozobon; David, 2019), expressão negada pela revista Veja, ao considerar, por sua vez, que o impeachment está previsto na Constituição e, em vários momentos do processo, trabalhou com a perspectiva de confirmação da ruptura e evidenciou um perfil negativo de Dilma (Pozobon; David, 2017 e 2019).

Esse posicionamento da revista Veja também foi adotado pelo O Globo, que combateu a tese de que a petista estaria sendo vítima de um golpe (Pimentel; Marques, 2021a; Guazina; Prior; Araújo, 2018). Na defesa da legitimação da cassação, Guazina, Prior e Araújo (2018) observam que o jornal usou recursos narrativos que buscavam ridicularizar a interpretação sobre o conflito político defendido pelos apoiadores da presidente e de que a própria Dilma estaria se vitimizando para garantir um espaço de oposição no futuro.

Nesse contexto, Giering; Caldas (2021) identificam narrativas nos editoriais do jornal carioca que manifestaram a necessidade da deposição como uma verdade estabelecida. Caldas (2020) reforça esse entendimento ao refletir sobre os argumentos utilizados pelo diário para fundamentar sua posição política a favor da deposição, como a crise econômica e política brasileira. No entanto, observa a pesquisadora, não tratou, em seus editoriais, do crime pelo qual a presidente estava sendo acusada: improbidade administrativa.

Esse papel ativo em defesa do impeachment é percebido por Pimentel e Marques (2021b) na investigação comparativa sobre a abordagem de O Globo nas crises que resultaram na deposição de Dilma Rousseff, em 2016, e de Fernando Collor, em 1992. Os autores encontraram um volume crescente de textos opinativos e uso de argumentos econômicos para legitimar a deposição da petista, enquanto resistiu a endossar a cassação de Collor.

Quem também adotou, em seus editoriais, uma oposição ao governo foi O Estado de S. Paulo. De acordo com Guazina, Prior e Araújo (2018), o periódico estendeu sua desaprovação ao PT, especialmente em relação às estratégias adotadas no julgamento do impeachment. Os editoriais fizeram oposição ao que chamaram de “lulopetismo”, numa clara posição favorável à destituição de Dilma (Leite; Neves, 2018). Nesse contexto, Cauduro (2018) identifica um posicionamento raivosamente contra tudo o que lembrava o PT e o uso sistemático de adjetivos negativos de diversas formas contra Luiz Inácio Lula da Silva e contra a presidente Dilma, procurando levar para os leitores uma imagem negativa dos dois.

Dessa forma, conforme Alecrim (2020), O Estado de S. Paulo procura influenciar o debate e as percepções do público de forma mais aberta e, ao lado da Folha de S. Paulo, reforça a legitimidade do processo de deposição. Contudo, ambos tentam evitar serem vistos como atores conspirando contra a democracia, embora abordem a cassação como temática central (Marques; Mont’Alverne; Mitozo, 2018).

De acordo com a pesquisa de Rocha (2019), uma postura semelhante foi adotada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, que buscou desgastar o capital simbólico de Dilma Rousseff como presidente da República. Isso teria se dado, inclusive, por meio da criminalização do então (à época) ex-presidente e atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, chegando a defender a posse de Michel Temer.

Discussão

Esta revisão sistemática de literatura (RSL) foi realizada com os seguintes objetivos específicos: (a) identificar os veículos jornalísticos estudados e métodos empregados pela literatura especializada ao analisar os editoriais da imprensa brasileira acerca do impeachment de Dilma Rousseff; (b) se essa literatura revela padrões interpretativos e (c) se é possível observar algum tipo de paralelismo político.

Sobre o objetivo a), identificamos, a partir dos critérios de inclusão e exclusão detalhados na seção metodológica deste artigo, 13 pesquisas que, no seu conjunto, analisaram os seguintes veículos jornalísticos: os jornais O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, as revistas Veja e Carta Capital e o telejornal Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão. Ao analisar tais veículos, as 13 pesquisas identificadas recorreram, principalmente, à análise argumentativa (n=7) e à análise de conteúdo (n=6).

Em relação ao objetivo específico b), os trabalhos revisados mostram que, com exceção de um único caso (Carta Capital), os demais veículos jornalísticos intervieram no debate público de modo a defender, por meio de impeachment ou renúncia, a dissolução do governo. Ou seja, o padrão discursivo que emerge da síntese das pesquisas revisadas é de uma imprensa que, no que tange a seus atores mais relevantes e influentes, atuou em favor de legitimar, de um modo ou de outro, a dissolução do então governo Dilma Rousseff.

No que concerne ao objetivo específico c), o fato de apenas um veículo jornalístico ter se oposto claramente ao processo de impeachment dá subsídios ao poder explicativo do conceito de paralelismo assimétrico, apresentado por Albuquerque et al. (2015). No caso, a assimetria aqui é definida como:

uma situação na qual um partido político exerce o governo sem que uma oposição política se apresente efetivamente, e outra situação em que uma mídia desempenha fortemente um papel oposicionista, sem uma imprensa simpática (ou ao menos não-hostil) às forças governistas façam frente a ela (Albuquerque; Carvalho; Santos Júnior, 2015, p. 79).

Como se pode observar a partir de uma leitura em retrospectiva da citação acima, a aplicação do conceito de paralelismo assimétrico perde, no contexto do impeachment de Dilma Rousseff, a ideia de uma oposição realizada apenas pela imprensa. Isso porque o contexto que levou à sua deposição se abastece do fortalecimento da extrema direita, que acabou paulatinamente se incrustando no sistema político e fez do sistema partidário brasileiro mais contencioso. De todo modo, a noção de assimetria contida no conceito se demonstra bastante pertinente para descrever a relação entre imprensa e poder político no Brasil em tal período, uma vez que a grande imprensa atuou em bloco de modo hostil ao governo Dilma e, a partir do que foi revelado nesta RSL, ajudou a legitimar sua deposição. O fato de apenas um veículo ter se oposto a esse processo mostra a magnitude dessa assimetria. Isso porque o maior partido em termos de identidade partidária, o PT, teve o apoio, na imprensa, apenas do veículo jornalístico de menor alcance e influência dentre os analisados.

Considerações Finais

Esta revisão sistemática de literatura partiu das seguintes perguntas de pesquisa: 1) Que padrões de interpretação a literatura científica revela em relação aos editoriais da imprensa brasileira na deposição da então presidente Dilma Rousseff? e 2) Seria possível identificar, ao se realizar uma síntese dessa literatura, algum tipo de paralelismo político?

Para responder a essas perguntas, adotamos um percurso que envolveu várias etapas. Elas passaram pelo aprimoramento do uso das bases de indexação; utilização de combinações de termos; elaboração de um livro de códigos; seleção dos trabalhos; pré-testes e deliberações para resolver divergências entre os codificadores. Nesse sentido, vale ressaltar que a RSL adotou os preceitos de transparência, confiabilidade e replicabilidade preconizados pelos manuais metodológicos utilizados (Sampaio; Lycarião, 2021; Maia, 2022; Lycarião; Roque; Costa, 2023), o que nos permitiu chegar a 13 amostras de um total de 321 estudos inicialmente prospectados.

Na análise realizada, podemos responder à primeira pergunta de pesquisa do seguinte modo: ainda que houvesse discordâncias sobre a maneira mais oportuna de se proceder com a dissolução do governo Dilma Rousseff, o padrão discursivo dos editoriais da grande imprensa foi de conferir legitimidade ao impeachment, seja defendendo o instrumento abertamente, seja rechaçando a noção de golpe comumente atribuído ao processo.

Em relação à segunda pergunta de pesquisa, pode-se observar, sim, um tipo específico de paralelismo político, especificamente o de “paralelismo assimétrico”, conforme formulado por Albuquerque, Carvalho e Santos Júnior (2015). Isso porque se observou uma forte assimetria entre o papel e poder ocupado pelo PT no sistema político brasileiro e seu respectivo apoio no sistema midiático do país.

Além disso, nossa RSL observou a predominância de estudos voltados exclusivamente para veículos de comunicação de circulação nacional, dos quais três quality papers – O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo –, duas revistas – Veja e Carta Capital –, e um telejornal – o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão.

Diante disso, consideramos que pesquisas futuras poderiam explorar uma lacuna notável: a falta de estudos empíricos abrangendo editoriais da imprensa regional/local. Assim, defendemos que uma agenda de pesquisa promissora se apresenta em relação à análise da mídia regional para compreendermos os enquadramentos adotados pela imprensa acerca da deposição da primeira mulher eleita e reeleita presidente do Brasil, com possíveis contornos diferenciados a depender da região. Isso se faz especialmente relevante quando se observa uma clara divisão geográfica da preferência eleitoral entre as regiões Nordeste e Sul do país. Observar como a imprensa dessas regiões se posicionou em relação ao impeachment pode revelar outras formas de paralelismo político.

Notas

[1] A pesquisa, redação e edição deste artigo foram apoiadas pelo financiamento do CNPq (406504/2022-9; 403286/2023-9), e Funcap (PRH-0212-00069.01.00/23).

[2] Forma de busca: Termos = impeachment OR coup OR dismissal OR impeachment OR overthrow OR parliamentarian) AND (Dilma OR Rousseff) AND (newspaper OR press OR editorial OR parallelism AND radio AND television AND (portal OR portals).

[3] Forma de busca: Termos = (impeachment OR golpe OR destituição OR impedimento OR derrubada OR parlamentada) AND (Dilma OR Rousseff) AND (jornal* OR imprensa OR editori* OR paralelismo) AND televisão AND (portal OR portais) AND rádio

[4] Forma de busca: Termos = Dilma OR Rousseff) AND (impeachment OR golpe OR destituição OR impedimento OR derrubada OR parlamentada) AND editorial AND (imprensa OR radio OR televisão OR portal OR portais).

[5] Durante a investigação identificamos dificuldades na extração dos dados. O sistema de busca SciELO, por exemplo, não traz o resumo (um dos termos indicados, juntamente com o título), sendo necessária a coleta de forma manual. Outra dificuldade foi a coleta de dados no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, pois esta não faz a extração automatizada. Nesse caso, foi preciso fazer a exportação no Bibitex, no formato ISO. Em seguida, o arquivo foi convertido do Bibetx para CSV e, só, então, obtivemos a codificação e coleta dos dados, como o tipo de documento, ano de publicação, o idioma de publicação e a própria base de indexação. Porém, os textos precisaram ser revisados porque apresentavam duplicação de letras e símbolos.

[6] É importante observar que a confiabilidade dos dados permeia toda a pesquisa. Nesse sentido, Maia, Hauber e Paula (2022, p. 50) destacam que o teste de confiabilidade é fundamental para a validade e a replicabilidade, e Sampaio e Lycarião (2021) afirmam que os valores dos testes de confiabilidade geralmente variam de -1 a 1. Este último indicaria uma concordância perfeita, enquanto abaixo de zero significa que há uma discordância não aleatória e zero uma falta de confiabilidade por serem pareamentos aleatórios.

Artigo submetido em 26/06/2024 e aceito em 19/08/2024.

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