Sobre homens e heróis:
representações das masculinidades no quadrinho Batman, ano um
Celso Vitelli1, Davi Aragão Vieira2 e Nicolas Jorge Mollardi3
Resumo
O artigo analisa as diferentes masculinidades presentes no quadrinho Batman, ano um (2011), do roteirista Frank Miller e do ilustrador David Mazzucchelli. Cruza-se esse conceito com as posições de masculinidade exercidas pelos protagonistas da obra, desdobrando a investigação nos seguintes itens: a) introdução da construção de masculinidades nos quadrinhos de super-heróis de origem estadunidense; b) análise das masculinidades exercidas pelos protagonistas da história em estudo; c) a presença da masculinidade hegemônica na construção de Bruce Wayne, seu alter ego Batman e a influência que esse protagonista exerce em outros personagens. Reflete-se sobre o desenvolvimento dos personagens masculinos ao longo da trama analisada, aventando o caráter pedagógico do quadrinho em foco e a possibilidade desta obra motivar seus leitores a consumirem masculinidades outras, como aqui apresentadas. Conclui-se que aspectos como as ações violentas do personagem central, recorrentemente por ele exercidas e veiculadas nos meios de comunicação de Gotham City, ao longo da história analisada, contribuem para determinar uma hegemonia masculina sobre seus opositores. Além disso, essas ações estabelecem um paradigma que é tanto emulado quanto contra-atacado, mesmo sendo enaltecido pelas autoridades e pela população. Esse fenômeno contribui para uma escalada interminável de violência, tanto em busca de justiça quanto em sua defesa.
Palavras-chave
Masculinidades; História em quadrinhos; Batman; Hegemonia masculina; Pedagogia dos quadrinhos.
1 Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bacharel em Artes Plásticas e Licenciado em Educação Artística pela UFRGS. Atualmente é professor Associado 3 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: celso.vitelli@gmail.com.
2 Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bacharel em Artes Visuais pela UFRGS. Trabalha como professor na Rede Municipal de Educação, Prefeitura Municipal de Porto Alegre. E-mail: daviaragaov@gmail.com.
3 Licenciando em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: nicolaseetcs@gmail.com.
Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 18, n. 2, p. 191-206, MAI./AGO. 2024 DOI 10.34019/1981-4070.2024.v18.44364
About men and heroes:
representations of masculinities in the comic Batman, year one
Celso Vitelli1, Davi Aragão Vieira2 and Nicolas Jorge Mollardi3
Abstract
The article deals with an analysis of the different masculinities present in the comic Batman, year one (2011), by the screenwriter Frank Miller and the illustrator David Mazzucchelli. This concept is crossed with the positions of masculinity exercised by the protagonists of the work, unfolding the investigation into the following items: a) introduction of the construction of masculinities in superhero comics of American origin; b) analysis of the masculinities exercised by the protagonists of the story under study; c) the presence of hegemonic masculinity in the construction of Bruce Wayne, his alter ego Batman and the influence that this protagonist exerts on other characters. Reflects on the development of male characters throughout the analyzed plot, suggesting the pedagogical character of the comic in focus and the possibility of this work encouraging its readers to consume masculinities presented here. It is concluded that aspects such as the central character’s violent actions—repeatedly enacted and portrayed through Gotham City’s media throughout the story—contribute to establishing a masculine hegemony over his adversaries. Furthermore, these actions set a paradigm that is both emulated and challenged, even as it is praised by authorities and the public. This phenomenon contributes to an endless escalation of violence, both in the pursuit of and in defense of justice.
Keywords
Masculinities; Comic; Batman; Male hegemony; Comic book pedagogy.
1 Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bacharel em Artes Plásticas e Licenciado em Educação Artística pela UFRGS. Atualmente é professor Associado 3 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: celso.vitelli@gmail.com.
2 Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bacharel em Artes Visuais pela UFRGS. Trabalha como professor na Rede Municipal de Educação, Prefeitura Municipal de Porto Alegre. E-mail: daviaragaov@gmail.com.
3 Licenciando em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: nicolaseetcs@gmail.com.
Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 18, n. 2, p. 191-206, MAI./AGO. 2024 DOI 10.34019/1981-4070.2024.v18.44364
Introdução
Segundo Ory (2013), os quadrinhos ganharam notoriedade ao longo dos três quartos de século em que floresceram na imprensa escrita. Tal universo imaginário proposto aos jovens irá se tornar um grande mercado não só para eles, mas também para o público adulto. Já Pereira (2021, p. 13) afirma que “as HQs são uma fonte/objeto privilegiado para estudarmos os imaginários políticos e sociais que circulam em determinada sociedade, numa determinada época”. Considerando os tempos e espaços, por que não pensarmos, então, sobre os imaginários sociais que circulam nos quadrinhos?
Nesse caminho, as imagens dos quadrinhos nos interpelam para que possamos nos ver em diferentes papéis – de heróis, vilões e outros cidadãos. Possibilidades (ou não) de identificações com algumas posições e, também, de fazer o exercício de dispensar outras. Analisar como, por exemplo, os traços de força e lealdade nos atravessam, e de quais formas.
Acreditamos que, em muitas HQs, não há nada de brando ou agradável, roubando as palavras de Tarkovski (2010), para pensar a complexidade dessas criações visuais, incluindo também as relações de poder entre personagens adversários. Pensando no poder, Foucault (1995, p. 248) afirma que “a cada instante a relação de poder pode tornar-se, e em certos pontos se torna, um confronto entre adversários”. Ele explica que toda estratégia de confronto sonha tornar-se uma relação de poder (Foucault, 1995). Segundo Fischer (2009, p. 93), Foucault é um autor: “[…] ocupado com a leitura crítica e política dos dispositivos de poder […] que busca, nos filósofos da Antiguidade clássica grega e romana, fonte para pensar não mais prioritariamente o problema das diferentes formas de sujeição, mas antes o tema dos modos de subjetivação”.
E estaria nos modos de subjetivação, no caso aqui de masculinidades, a escolha da possibilidade de analisar personagens de HQs, homens protagonistas ou não de histórias, pelo fato de oferecerem também a visão sobre diferentes nuances de masculinidades. Connell (1995) propõe que as formas de ser homem em um determinado agrupamento social se desdobram em padrões de convivência, entre os quais estão as masculinidades subordinadas, hegemônicas, subalternas, marginalizadas, cúmplices e assim por diante. Assim, tais posições são apresentadas nas histórias com imagens e discursos que envolvem hermenêuticas de dominação, subordinação ou desvio.
Para problematizar as representações de masculinidades produzidas em Batman, ano um (2011), HQ aqui em recorte, escrita por Frank Miller, com ilustrações de David Mazzucchelli, o foco recai, inicialmente, sobre alguns de seus personagens. Empenhamo-nos, dessa forma, em cruzar esse conceito com as posições de masculinidades exercidas pelos protagonistas da obra, desdobrando a investigação nos seguintes itens: a) introdução da construção de masculinidades nos quadrinhos de super-heróis de origem estadunidense; b) análise das masculinidades exercidas pelos protagonistas da história em estudo; c) a presença da masculinidade hegemônica na construção de Bruce Wayne, seu alter ego Batman e a influência que esse protagonista exerce em outros personagens.
A construção de significado
Em Batman, ano um (2011), um exemplo de padrão cultural de corpo, por exemplo, já aparece nas páginas iniciais da revista em quadrinhos, quando um dos personagens, o detetive Arnold Flass, agride outro homem (balão da p. 5 da HQ). Temos a frase: “Flass teve treinamento de boina verde. Dá para notar. Ele sabe aproveitar seu tamanho” (Miller, 1986, p. 5). Flass não é protagonista dessa história, mas tem, entre seus atributos, segundo o texto da HQ, uma das recorrentes descrições que “importam” para descrever o corpo masculino, principalmente o dos heróis: a relação de tamanho aliado à força física. Se observarmos muitos dos quadros dessa HQ, as imagens de poder dadas através de lutas corporais acontecem na presença de outros homens. Isso mostra algo relacionado ao que afirma Bourdieu (2010), quando trata sobre os temas honra, vergonha e virilidade ligados à violência.
Como a honra – ou a vergonha, seu reverso, que, como sabemos, à diferença de culpa, é experimentada diante dos outros –, a virilidade tem que ser validada pelos outros homens, em sua verdade de violência real ou potencial, e atestada pelo reconhecimento de fazer parte de um grupo de “verdadeiros homens”. (Bourdieu, 2010, p. 65)
O autor ainda argumenta que a vontade de dominação masculina desperta um medo viril de ser excluído e, para muitos atos (como os de matar e violentar), exige-se dos homens certa dureza em relação a sofrimentos em geral.
Outro exemplo, agora relacionado a uma suposta humanização do herói, refere-se ao protagonista Bruce Wayne, quando ele diz “eu não estou pronto”, e que tem “métodos” (Miller, 2011a, p. 7), mesmo que as imagens de Wayne exibidas na passagem sejam de extrema força (Figura 1). O personagem, com um só chute, quebra uma árvore ao meio. Assim, por mais que se tente humanizar o herói, mostrando em sua fala que ele não estaria “pronto”, as imagens contradizem o discurso, ou seja, a força masculina é exibida de forma extremada pelas ilustrações.
Figura 1 - Detalhe de página da HQ Batman, ano um, 2011.
Fonte: Miller (2011a, p. 7).
A imagem, ao destoar do texto acima, remete-nos à ênfase dada por Groensteen (2015) sobre ilustrações, dentro do quadro conceitual desenvolvido por ele para a análise de obras da Nona Arte. Em uma HQ, segundo o autor, a imagem, por se organizar nas páginas, geralmente em quadros que se sucedem, é parte de um todo interligado. Ainda que a combinação entre a imagem e o texto seja o que movimenta a trama narrada, Groensteen (2015) entende que a imagem possui um lugar de destaque nos quadrinhos, pois majoritariamente a construção de significado da narrativa é devido ao elemento visual dessa espécie de obra. Em Batman, ano um (2011), mesmo com a tentativa de humanizar o protagonista por meio dos seus balões de pensamentos, as ilustrações deixam escapar a posição de gênero hegemônica do protagonista, revelada por sua grande força e perícia de combate.
Faz-se importante salientar também um atributo muito presente na atuação de um herói de quadrinhos: a coragem. Bourdieu (2010) explica como funcionam certas formas de “coragem” no universo masculino:
[…] o que chamamos de “coragem” muitas vezes tem suas raízes em uma forma de covardia: para comprová-lo basta lembrar todas as situações em que, para lograr atos como matar, torturar ou violentar, a vontade de dominação, de exploração ou de opressão baseou-se no medo “viril” de ser excluído do mundo dos “homens” sem fraquezas, dos que são por vezes chamados de “duros” porque são duros para com o próprio sofrimento e, sobretudo para o sofrimento dos outros […]. (Bourdieu, 2010, p. 66)
Talvez de forma não tão consciente, muitos heróis de quadrinhos estão enredados no que Bourdieu afirma acima e, assim, eles também têm medo da exclusão do mundo dos “homens”, comportando-se então dessa forma. Por outra via, Ory (2013, p. 236) nos ensina sobre as narrativas de super-heróis que funcionam frequentemente pelo “[…] contraste entre os superpoderes e a mediocridade do herói social (Clark Kent por trás do super-homem; Bruce Wayne por trás de Batman e Peter Parker, por trás de Homem-Aranha…)”. Ele questiona uma lógica cíclica: onde se situa a identidade do herói? Ela está na descarga de energia espetacular ou no eterno retorno ao trivial? O autor aponta que o caso mais perturbador seria o do Homem-Aranha, “[…] cuja energia, em grande parte, é dedicada justamente para despistar a maldade que suscita Peter Parker, e o mal-estar que ele carrega” (Ory, 2013, p. 236).
Por outro lado, não só a coragem faz parte dos itens que compõem a identidade de um herói. Jablonka (2021, p. 208) acredita que heroísmo implica a eventualidade de um fracasso. O autor alega que o herói “sempre se revela um colosso de pés de barro, um simples mortal – o que paradoxalmente aumenta seu prestígio”. Ele traz o exemplo de Aquiles, em Ilíada, um “[…] homem que inveja, sofre e chora, guerreiro vulnerável no calcanhar porque a mãe o segurou por ali ao mergulhá-lo no Estige”. Assim, essas desventuras do guerreiro, segundo Jablonka (2021), enfatizam um traço importante da masculinidade de dominação: o homem ter que provar constantemente que é um homem.
Voltando a Bruce Wayne (Batman), é sabido que os seus pais foram mortos quando ele ainda era uma criança e certamente tal tragédia deixou cicatrizes em sua vida. Para Franco (2015): “[…] as pessoas têm formas diferentes de lidar com a dor do luto, mas Bruce considerou mais adequado sublimá-las, se tornando uma figura obscura para proteger outras pessoas”. Essa leitura de Franco sobre Batman pode ser relacionada ao que Jablonka (2021, p. 85) intitula de As quatro vitórias do masculino. Ele explica a importância de compreendermos o que é construído na masculinidade de dominação para exercer “um poder: a capacidade de impor-se enquanto homem”.
A “masculinidade de ostentação”, para o autor, afirma-se pela “exibição do vigor, do desejo, da coragem ou da prodigalidade” (Jablonka, 2021, p. 85). Ele traz, como exemplos, os personagens Cid e Don Juan. Já a “masculinidade de controle” expressa uma força interna que faz com que o homem refreie suas paixões e acaba por temperar sua violência. Quanto à “masculinidade de sacrifício”, a que mais interessa aqui para pensar o ato do herói que protege as outras pessoas, Jablonka (2021, p. 87) a define como: “[…] grandiosa e terrível: ela consiste em suprimir-se voluntariamente. Não se trata tanto de perder a vida quanto de imolá-la a uma causa por fidelidade a uma transcendência”.
Nessa direção é que associamos, por exemplo, as disponibilidades do homem, como a de fazer sacrifícios, ao herói e, por sua vez, ao que ele oferece à humanidade. O herói que se mantém firme no seu martírio, que pode não morrer, mas se sacrifica, luta pela humanidade. O autor traz como exemplos relacionados à “masculinidade de sacrifício” homens como Lincoln, Martin Luther King, entre outros. Esses não são heróis de quadrinhos, mas podemos pensar o quanto tal masculinidade, definida aqui como a do sacrifício, pode ser característica também de certos heróis, como Batman ou Superman.
O herói se sacrifica por algo, aí está a “moralidade da coisa”. Isso nos lembra que muitos heróis passam por ciclos de “morte e renascimento por meio do sacrifício, físico ou espiritual, a fim de alcançar um objetivo”, segundo Tavares (2017, p. 33).
O prelúdio do herói
A HQ Batman, ano um (2011) traz uma nova abordagem acerca do homem-morcego, repensando o personagem de maneira mais “realista”, adicionando dramas morais e psicológicos do final do século XX, como afirma O’Neil (2011) na introdução da versão encadernada. Esse quadrinho tem 35 anos de influência – desde o fim do século XX e início do XXI – e engloba revistas, filmes e animações, nos quais o personagem constrói suas fundações do que é um homem cis, branco, órfão e milionário.
Com publicação original da editora DC Comics [DC], na revista Batman, entre as edições número 404 (fevereiro de 1987) e número 407 (maio de 1987), nos Estados Unidos da América, a obra Batman, ano um tem (2011) roteiro de Frank Miller, desenho e arte-final de David Mazzucchelli, cores de Richmond Lewis, letreiramento original de Todd Klein e, como editor original, Dennis O'Neil. A edição brasileira analisada (Miller, 2011a), lançada pela editora Panini Comics Brasil, conta com tradução de Jotapê Martins e Helcio de Carvalho, letreiramento de Denise Araújo e edição de Levi Trindade.
O'Neil (2011) apresenta na introdução da HQ o contexto das decisões editoriais da DC em 1986, o surgimento da ideia para o projeto e a escolha dos artistas envolvidos na criação da história. Na época, os editores da DC chegaram à conclusão de que era necessária uma renovação das histórias de seus personagens, revitalizando as publicações para os novos leitores. A princípio, a empreitada teve como alvo, segundo o editor (O'Neil, 2011), os personagens mais populares do período: Super-Homem, Mulher Maravilha e Batman. Contudo, este último era considerado um personagem com uma boa história de origem, que não necessitaria de reformulação profunda, pois seus criadores, desde a concepção do personagem, articularam uma narrativa consistente sobre o surgimento do Batman e as motivações que o levaram à “[…] sua obsessiva cruzada e, talvez o mais importante, como o herói refletiu medos, frustrações e esperanças de um público leitor que lutava com as realidades da vida urbana do século vinte” (O'Neil, 2011, p. 6).
Para criar a história, O'Neil (2011) comenta que o roteirista e desenhista Frank Miller se ofereceu para o trabalho. Miller atuava desde a década de 1960 na indústria estadunidense de história em quadrinhos, mas foi designado apenas para o desenvolvimento do roteiro, enquanto o então iniciante David Mazzucchelli foi selecionado para fazer o desenho e a arte-final (Mazzucchelli, 2011).
Sobre o planejamento do quadrinho, mesmo considerando que a premissa de origem do personagem é a morte de seu pai e sua mãe, os autores não queriam trazer para a história um tom de busca por vingança como motivação do protagonista (Mazzucchelli, 2011). Conforme entende Miller, Batman é guiado pelo ideal de erradicar situações de violência próximas à que ele vivenciou na infância. Para o roteirista, o herói:
[…] é claramente um homem com uma missão, mas não de vingança. Bruce não busca desforra pessoal. Ele é muito maior, muito mais nobre que isso. Quer tornar o mundo um lugar melhor, onde o menino Wayne não seria uma vítima. Pode-se dizer que ele trabalha para se tornar desnecessário. Batman é um herói que gostaria de não precisar existir (Miller, 2001 apud Mazzucchelli, 2011, p. 111).
Dessa forma, Mazzucchelli destaca a adoção de uma ambientação próxima de situações realistas. O desenhista assevera: “Então, em Ano Um, tentamos elaborar um Batman plausível, com os pés no mundo que conhecemos” (Mazzucchelli, 2011, p. 113). Esse artista foi escolhido por Miller, pois o roteirista entendia que o trabalho dele era mais apropriado para representações mundanas da convivência social (Mazzucchelli, 2011).
A chegada e o regresso a Gotham City
O quadrinho inicia com os protagonistas, o tenente James W. Gordon e o milionário Bruce Wayne, chegando a Gotham City. Gordon viaja de trem, transferido para Gotham devido a uma punição por ações pregressas como oficial da lei. Durante a história não encontramos detalhes sobre essa situação. Wayne retorna à cidade após 12 anos fora. Com 25 anos, ele possui uma posição proeminente na cidade, herdeiro de uma vultosa fortuna e tido como um notório conquistador e empresário. Kimmel (1998), analisando as produções de masculinidades – as quais oscilam entre posturas hegemônicas e subalternas – entende que as maneiras de os homens se comportarem são construídas na dinâmica social. “O hegemônico e o subalterno surgiram em uma interação mútua, mas desigual em uma ordem social e econômica dividida em gêneros” (Kimmel, 1998, p. 105). Trabalhamos com a hipótese de que os protagonistas, ao se relacionarem com os outros personagens, desempenham masculinidades que os alçam a posições de destaque na trama, levando-os, em alguns momentos, a prejudicar homens e mulheres que convivem com eles.
A história ocorre durante um ano. Gordon é recebido na cidade pelo detetive Flass, que o leva até o comissário de polícia Gillian B. Loeb. Concomitante a isso, na televisão, uma jornalista comenta o desaparecimento de uma testemunha em um caso de acusação de corrupção na gestão de Loeb. Gordon observa os dois colegas e, em pensamento, demonstra não aprovar a atitude de ambos, principalmente os atos de violência realizados de forma arbitrária por Flass contra pessoas que ele encontra na rua. Além disso, Gordon está preocupado com a possibilidade de ser pai, enfrentando problemas conjugais com a sua esposa Bárbara. Por outro lado, Bruce tem saudade do pai e da mãe. Ele é recebido na sua residência pelo mordomo Alfred Pennyworth. O herdeiro contempla a mansão e recorda da sua nobre estirpe.
No quadrinho, transitam muitos personagens. Além dos citados, Gordon estabelece boas relações com o policial Stanley Merkel e a detetive Sarah Essen, aliados no combate ao crime. De outra parte, o oficial Branden, responsável pela equipe SWAT, opõe-se aos protagonistas e é cúmplice do comissário Loeb nas transgressões da lei ocorridas no departamento de polícia. Wayne, paramentado como Batman, torna-se aliado de Harvey Dent, assistente da promotoria, que auxiliou no plano para a prisão do traficante Jefferson Skeever e consequente incriminação de Flass em delitos ligados ao tráfico de entorpecentes. Outra personagem presente na trama é Selina Kyle, que, influenciada pelas ações de Batman, adota a alcunha de Mulher-Gato e começa a praticar furtos usando um traje para ocultar sua identidade.
Os protagonistas não levam em consideração que suas formas de ser homem, conforme entende Kimmel (1998), estão submersas em relações de poder, e, portanto, Gordon e Bruce acabam não percebendo os privilégios que eles recebem por exercerem masculinidades hegemônicas, sendo esse assunto “invisível” (Kimmel, 1998) para esses personagens ao longo do quadrinho.
A morte dos pais de Wayne ocorreu sete anos antes do início da história. O protagonista treinou e planejou suas ações contra o crime durante 18 anos. Após um mês na cidade, Wayne estabelece um planejamento para iniciar sua atuação como justiceiro encapuzado. Em contrapartida, Gordon não se adapta à rotina corrupta da corporação policial de Gotham City. O detetive Flass e o comissário Loeb planejam espancar o tenente, para ele aprender a se portar como policial em Gotham City.
Antes do morcego
Assumir a identidade secreta de Batman levou o personagem Wayne a adotar uma forma específica de ser homem. Nesse quadrinho, acompanhamos o protagonista regressando para sua cidade natal, após ter viajado pelo mundo em busca das mais variadas espécies de conhecimento, quais sejam: históricos, investigativos, marciais, entre outros. Mesmo o enredo tendo muitos personagens que estreitam relações com os protagonistas, a história orbita pelas ações, os pensamentos e os sentimentos de Wayne e Gordon. Groensteen (2015, p. 122) afirma que essa ênfase no aparecimento dos personagens principais é normalmente comum em HQs: “Mas é preciso verificar que isto normalmente é consequência direta da organização da narrativa em torno de uma personagem central (convencionalmente designada por ‘herói’) que, solo ou ladeado por parceiros, estará quase continuamente no centro da ação”.
Podemos, assim, classificar como masculinidade hegemônica a representação de ser homem de Wayne, seguindo a abordagem analítica trabalhada por Connell e Messerschmidt (2013, p. 245), para os quais essa concepção é “[…] entendida como um padrão de práticas (i.e, coisas feitas, não apenas uma série de expectativas de papéis ou uma identidade) que possibilitou que a dominação dos homens sobre as mulheres continuasse”. Os pesquisadores observam que o conceito de masculinidade hegemônica contribui para a análise em produções culturais destinadas a grandes públicos ao redor do mundo, viabilizando problematizar a interdependência entre os/as personagens nessas obras (Connell; Messerschmidt, 2013). No caso deste texto, essa definição permite investigar as relações de ensino e aprendizagem da masculinidade hegemônica em Wayne e seu alter ego, Batman.
Em Batman, ano um (Miller, 2011a), as aprendizagens feitas por Wayne ocorrem na relação dele com outros homens. O tenente Gordon, por exemplo, é um personagem que, além de compartilhar com o protagonista atitudes de masculinidade hegemônica, pois está em uma posição de poder, é também integrante da instituição policial da cidade. Assim, Gordon termina por apoiar as ações ilegais perpetuadas por Batman.
Dentro das concepções de masculinidades hegemônicas que convivem em um determinado local, segundo Connell (1990), encontraremos um amontoado de definições e práticas complexas, muitas vezes contraditórias e tensionadas em disputas para alcançar uma posição de proeminência no seu grupo.
Wayne opta por manter formas distintas de exercer a sua masculinidade para quando ele está na sua figura pública e quando está como vigilante mascarado, usando essa estratégia para colaborar com a eficácia da identidade secreta. Connell e Messerschmidt (2013) pontuam que, nos contextos que envolvem convívio os homens podem, de forma satisfatória, aproximar-se ou afastar-se de posturas ligadas à masculinidade hegemônica. Essa gradação observamos no personagem Wayne conforme ele alterna entre sua posição como conhecido empresário da cidade e como vigilante. Mas não foi só essa situação que motivou Wayne a assumir um número maior de facetas para a sua masculinidade. Ao iniciar suas incursões nas regiões de Gotham City com maior incidência de crimes, o personagem constata que suas habilidades em artes marciais, em estratégias de combate e disfarce, não serão o bastante para que ele tenha êxito no confronto com os criminosos.
A forte presença da masculinidade hegemônica em Batman, ano um
A página 20 da versão encadernada da HQ de Miller (2011) apresenta aos leitores a conexão entre Bruce Wayne e o simbólico Morcego. Dentre todas as páginas da revista esta, em uma breve análise, mostra o personagem destacando diversos pontos-chave de sua masculinidade, como a relação com o seu pai e o trauma que o tornou Batman – presenciar o assassinato de seus pais. Wayne percebe que ele precisa adicionar um conjunto de atitudes ao seu comportamento como herói que façam seus antagonistas terem medo. A página 20 (Figura 2) abre seu primeiro quadro com Wayne chegando à sua mansão após uma tentativa falha de utilizar suas habilidades de força e estratégia em uma luta que ele criou com as pessoas do subúrbio, culminada em um acidente. As falas representadas em balões de pensamento de Wayne são diretas ao pai: “Pai… estou com medo que eu possa morrer hoje” (Miller, 2011a, p. 20).
Figura 2 - Página do quadrinho Batman, ano um.
Fonte: Miller (2011, p. 20).
No terceiro quadro ele se senta, sangrando, em frente à estátua do busto do pai, olhando de baixo para cima a face concisa, e pensa “Como, pai? Como eu faço? Como eu uso… para fazê-los terem medo?” (Miller, 2011a, p. 20). Essa sequência de pensamentos entrega um anseio de Wayne: o de dominar, conquistar através do medo. Para pensar sobre que dominação Bruce ainda não alcança com sua masculinidade, Bacca-Zinn afirma que ser homem seria:
[…] uma maneira segura de adquirir status quando outros papéis são sistematicamente negados pelos processos sociais. […] Pode valer a pena considerar algumas expressões de masculinidade como tentativas de ganhar certo grau de controle numa sociedade que nega categoricamente ou concede a outros o controle de significativos domínios de suas vidas (Bacca-Zinn apud Oliveira, 2004, p. 217).
Esse pensamento traz luz ao questionamento de Wayne, porque, em certos momentos da história, sua masculinidade se alicerça em seu dinheiro e status, e esses atributos não geram temor nas ruas. Dessa forma, ele precisa descobrir como gerar medo nesse novo meio. A simbologia da masculinidade de Wayne deve mudar a fim de conter as ações de homens ligados ao crime e à polícia da cidade. Assim, o protagonista, questionando-se sobre o que está faltando para a identidade secreta ser efetiva, é surpreendido por um morcego que quebra a janela e adentra o cômodo. Wayne recorda os temores que ele sentia quando criança ao entrar em contato com esse animal. Com o intuito de transpor essa sensação aos criminosos da cidade, o personagem cria o uniforme inspirado em um morcego. Essa caracterização torna a sua identidade secreta uma figura constante em jornais da cidade e entre os grupos de criminosos. Inclusive a alcunha de Batman surge em uma notícia de jornal. Graças à tentativa de preservação da sua autoridade em Gotham City no campo econômico (como empresário) e no campo da segurança da sociedade (como vigilante mascarado), é válido levantarmos a hipótese de que as escolhas desse personagem ao longo da história beneficiam posturas onde
[…] a masculinidade hegemônica realmente se refira ao engajamento dos homens a práticas tóxicas – incluindo a violência física – que estabilizam a dominação de gênero em um contexto particular. Entretanto, a violência e outras práticas nocivas não são sempre as características definidoras, uma vez que a hegemonia tem numerosas configurações (Connell; Messerschmidt, 2013, p. 255).
Os bandidos criam fabulações a respeito da atuação desse indivíduo misterioso, alguns acreditam até que ele seria um demônio ou híbrido entre morcego e humano. Finalmente Wayne obtém êxito, por meio da imposição do medo e da violência, ele consegue agir contra os infratores e refrear as atividades ilegais, levando a masculinidade hegemônica do protagonista a atuar como um modelo a ser seguido pela sociedade (Connell; Messerschmidt, 2013). Nesse momento, Bruce Wayne se torna Batman.
Simultaneamente à missão de reconhecimento malograda de Wayne, Gordon é alvo de uma emboscada e é espancado por um grupo de quatro policiais disfarçados. O tenente percebe a voz de Flass entre os agressores. Na mesma noite, Gordon descobre, através de informações da central de polícia, que Flass está de folga e jogando pôquer com outros colegas. O tenente vai até o local, aguarda Flass sair da residência e o persegue, fazendo o carro do seu opositor colidir com uma árvore. Fora de seus carros, eles se encaram e Gordon oferece um taco de beisebol para o adversário. Os dois começam a lutar. O confronto ocorre em uma página, os pensamentos do protagonista narram a ação e demonstram o conhecimento e habilidade de Gordon na luta corporal. Flass é nocauteado, deixado nu e algemado na rua. Saindo do local ele pensa: “Obrigado, Flass. Você me mostrou o que é preciso para ser policial em Gotham City” (Miller, 2011a, p. 29). O tenente intenta retribuir o recado recebido, demonstrando para o colega que ele é o policial mais forte e tem como proteger a si e a sua família.
Considerações Finais
Através do uso de violência física e ameaças, Batman persuade o criminoso Jefferson Skeevers – envolvido com a corrupção da polícia de Gotham City – a delatar Flass. Skeevers procura Gordon e Dent para confessar os seus crimes. A história termina com Gordon narrando as consequências da confissão de Flass. Além disso, o policial admite que a cidade ainda está passando por momentos turbulentos, mas avalia que houve melhoras: ele foi promovido a capitão, está fazendo terapia de casal com a esposa e estreitou laços com Batman, para com ele combater o crime em Gotham City.
Podemos pensar na descontinuidade dos discursos nas distintas ações do personagem Batman. Porém, também podemos salientar a complementaridade de discursos, especialmente no que se refere aos posicionamentos que toma o herói em distintas situações. Nessa direção, precisamos ter o cuidado de especificar quem está sendo analisado e em quais circunstâncias culturais, “[…] discursos devem ser tratados como práticas descontínuas, que se cruzam por vezes, mas também se ignoram ou se excluem” (Foucault, 2006, p. 53).
Wayne, portanto, tem como características predominantes a inteligência e a força, que geralmente estão acima daquelas de outros personagens da trama. De modo igual, destaca-se a capacidade do protagonista em gerir a fortuna herdada. Batman, seu alter ego, adiciona ao personagem atributos como a habilidade de causar medo nos oponentes, acuidade estratégica nos combates contra os criminosos e a perícia para utilizar armamentos tecnológicos. Todos esses aspectos estão associados ao conceito de masculinidade hegemônica, conforme já apontado (Connell, 1990; 1995; Connell; Messerschmidt, 2013). Seguindo esse entendimento, Connell (1995, p. 197) assinala que: “Os homens têm um controle ainda maior da riqueza empresarial (se consideramos o nível executivo superior nas principais empresas). Os homens controlam os meios de violência, na forma de armas e de forças armadas”.
A agressividade que Batman usa para se afirmar como principal combatente do crime em Gotham City deixa marcas em sua vida: ele fica obcecado em realizar a sua cruzada contra o crime, o que o leva a vivenciar situações de confronto físico e sofrer diversos ferimentos graves.
Nesse seguimento, o quadrinho investigado encerra com Batman forjando alianças com o tenente Gordon e o assistente da promotoria Dent. Mesmo sendo um justiceiro à margem da lei, os representantes das instituições incumbidas da manutenção da segurança da cidade se aliam ao protagonista. Assim sendo, trilhando a compreensão de Connell e Messerschmidt (2013, p. 266), referente à relação entre as diversas posições de masculinidades que existem simultaneamente na coletividade, podemos reconhecer “[…] a agência dos grupos subordinados, tanto quanto o poder dos grupos dominantes e o condicionamento mútuo das dinâmicas de gênero e outras dinâmicas sociais”. O apoio de Gordon e Dent contribuem para que Batman estabeleça uma profunda influência social em Gotham City. Isso ocorre, seguindo o entendimento dos autores (Connell; Messerschmidt, 2013), por causa da masculinidade hegemônica que Batman exerce sobre os outros personagens, que ficam em uma posição subordinada em relação à masculinidade do herói. Esse contexto auxilia para que as ações violentas do justiceiro mascarado sejam veiculadas nos meios de comunicação da cidade com frequência e, por consequência, permita que a sua forma de exercer sua masculinidade de herói se estabeleça como um modelo a ser seguido.
O conhecimento sobre masculinidades está sujeito, portanto, a explicações e pontos de vista conflitantes que convivem tanto na vida de um herói quanto na de um cidadão comum do dia a dia, e ainda nas teorizações sobre a questão. As formas e os lugares de “[…] governos dos homens uns pelos outros são múltiplos numa sociedade: superpõem-se, entrecruzam-se, limitam-se e anulam-se, em certos casos, e reforçam-se em outros” (Foucault, 1995, p. 247). Pensamos, dessa forma, que a possível vinculação entre a vida pessoal do herói em foco, as estruturas sociais e como estas são mostradas em quadrinhos ou em outras mídias são materiais de grande relevância para as pesquisas em geral.
Assim como Fischer faz, ao pensar o entre-lugar da docência como “um lugar privilegiado de experimentação, de transformação de si, de exercício genealógico”, acreditamos na possibilidade de também pensar as masculinidades, nesse recorte de uma HQ, como um entre-lugar, espaço de indagação “[…] sobre de que modo nos fizemos desta e não daquela forma; de que modo temos aceitado isto e não aquilo; de que modo temos recusado ser isto ou aquilo […]” (Fischer, 2009, p. 94).
Ao recortarmos Batman, ano um (2011) para a análise, em meio a tantas referências, procuramos destacar o que os autores com os quais dialogamos nos apresentam e as relações de suas teorias não só com o cotidiano norte-americano, mas como um exercício para pensar sobre essas realidades, recorrentes também em nosso país. Dessa forma, acreditamos que é preciso cada vez mais compreender a pedagogia dos quadrinhos, conhecer em maior profundidade suas estratégias e recursos, para melhor entender a sedução que esses exercem sobre grandes públicos, sobretudo o juvenil.
Artigo submetido em 23/04/2024 e aceito em 05/08/2024.
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