Looping da violência na representação do conflito Rússia e Ucrânia no Instagram

Daniela Osvald Ramos1 e Natália Xavier Coelho2

Resumo

A guerra entre Rússia e Ucrânia teve início em fevereiro de 2022 e desde então despertou um amplo interesse também por sua notória presença nas redes sociais digitais. O conflito se manifesta não apenas por meio da intensa cobertura em jornais e portais de notícias, mas também pela participação ativa de civis, soldados e até mesmo influenciadores, que oferecem perspectivas diversas sobre os eventos. Diante dessa profusão de conteúdo nas plataformas digitais, perguntamos: será que a cobertura sobre a guerra pode ser enquadrada como um exemplo de looping de violência? Nesse contexto, o conflito é disseminado de maneira quase saturada, em um padrão de repetição em espiral que pode transformá-lo em fonte não de empatia, mas de exaustão para seus espectadores. O presente trabalho tem como objetivo analisar a relevância geopolítica e jornalística da Guerra da Ucrânia a partir de publicações no Instagram dos maiores jornais nacionais e internacionais, compreender os conceitos de looping e espiral de violência, abordados pela criminologia cultural (Ferrell; Hayward; Young, 2008) e estabelecer conexões entre esses aspectos para investigar se o conflito em questão pode ser classificado como um exemplo de looping de violência. A metodologia utilizada foi baseada na análise de Barbosa (2011) de observação e interpretação de imagens. Concluímos que as postagens priorizam imagens impactantes, mas que reiteram a violência de forma repetitiva, o que reforça a ideia de um conflito interminável.

Palavras-chave

Guerra da Ucrânia; Looping; Espiral; Violência; Instagram.

1 Jornalista, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM-ECA) na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). E-mail: dosvald@gmail.com.

2 Jornalista, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM-ECA) na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). E-mail: nxcoelho@hotmail.com.

Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 18, n. 3, p. 187-205, set./dez. 2024                                                      DOI 10.34019/1981-4070.2024.v18.44246

Looping of violence in the representation of the Russia-Ukraine conflict on Instagram

Daniela Osvald Ramos1 and Natália Xavier Coelho2

Abstract

The war between Russia and Ukraine began in February 2022 and has since sparked widespread interest also due to its prominent presence on digital social networks. The conflict manifests not only through extensive coverage in newspapers and news portals but also through the active participation of civilians, soldiers, and even influencers, who offer diverse perspectives on the events. Amid this profusion of content on digital platforms, we ask: can the coverage of the war be framed as an example of a looping of violence? In this context, the conflict is disseminated in an almost saturated manner, following a spiral repetition pattern that may turn it into a source not of empathy but of exhaustion for its viewers. This study aims to analyze the geopolitical and journalistic relevance of the Ukraine War based on Instagram posts from major national and international newspapers, understand the concepts of looping and spiral of violence, as discussed in cultural criminology (Ferrell; Hayward; Young, 2008), and establish connections between these aspects to investigate whether the conflict can be classified as an example of a looping of violence. The methodology used was based on Barbosa’s (2011) analysis of observation and interpretation of images. We conclude that the posts prioritize impactful images but those that repetitively reiterate violence, reinforcing the idea of an endless conflict.

Keywords

Ukrainian War; Looping; Spiral; Violence; Instagram.

1 Jornalista, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM-ECA) na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). E-mail: dosvald@gmail.com.

2 Jornalista, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM-ECA) na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). E-mail: nxcoelho@hotmail.com.

Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 18, n. 3, p. 187-205, set./dez. 2024                                                      DOI 10.34019/1981-4070.2024.v18.44246

Introdução

A Guerra da Ucrânia iniciou-se oficialmente em 24 de fevereiro de 2022, com a invasão da Rússia ao país por meio de ataques aéreos e terrestres. O conflito, entretanto, não foi causado apenas pelo contexto de 2022, possuindo raízes históricas, que remetem à disputa pelo território da Crimeia, oficialmente anexado à Rússia em 2014, e à Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, iniciada em 1947, que resultou na criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O episódio é considerado um dos maiores conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial, mas vem chamando atenção pelo engajamento do público e pela sua cobertura tanto em jornais quanto de civis nas redes sociais e visões em primeira pessoa em espaços que antes jornalistas não alcançavam. (Chayka, 2022).

Esse tipo de cobertura e de produção de conteúdo, entretanto, vem causando uma certa saturação. Com o aumento da produção para as redes sociais, o conteúdo gera uma repetição recursiva em movimentações que vão além de meras repetições lineares, seguindo uma lógica algorítmica. A recursividade inerente ao algoritmo (Hui, 2020, p. 116) confere às plataformas a característica de ambientes cibernéticos que tem como lógica o feedback looping incessante, ou seja, um feedbak repetitivo, sem aplicação de um feedback negativo que possa frear de maneira significativa essa dinâmica (Cesarino, 2022). É por isso que tomamos, neste artigo, a recursividade como um paradigma para a produção e consumo de conteúdo nas plataformas digitais, e é a partir desse marco que analisamos o looping. Baseamo-nos em noções da criminologia cultural, que se dedica a entender como certas dinâmicas culturais carregam em si significados de crimes (Ferrell; Hayward; Young, 2008). Tomamos essa confluência de autores para investigarmos não os motivos ou discussão de possíveis crimes da guerra iniciada pela Rússia com a Ucrânia, mas sim explorar os atuais significados das dinâmicas contemporâneas de produção e consumo de imagens violentas em ambientes digitais. Cardoso (2021, p. 5-6) vai na mesma direção ao examinar a repetição de imagens de violência na produção artística da brasileira Vitória Cribb:

“Recursividade” pode ser lida como um termo geral para o processo de looping denunciado por Cribb, porém, espiralando eventos e não meramente os repetindo, ou seja, aplicando contingência a cada cálculo. Os termos criminológicos, então, compreendem com maestria a produção de sentidos violentos não apenas pelas instituições tradicionais, como pelas novas tecnologias. Loops e espirais criam espelhos audiovisuais cada vez mais plausíveis no cotidiano permeado de informações mediatizadas, através de máquinas cujas epistemologias adaptam o feedback à contingência que proporcionar mais engajamento.

Questiona-se se as imagens do conflito – que incluem ataques de drones, fotos e vídeo de soldados em combate, explanação do número de feridos e mortos e uma série de outras representações dos ataques e da guerra em si – podem ser consideradas looping e espirais de violência, que estariam dispostos de forma repetitiva e instantânea, causando uma série de novos efeitos para o usuário das redes sociais digitais, em especial o Instagram, por privilegiar posts de imagens. Diante da teoria da criminologia cultural e da lógica algorítmica, questiona-se também como a Guerra da Ucrânia está sendo interpretada e representada nessa rede digital e como se caracteriza o looping e a espiral nesse ambiente. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo questionar se os conteúdos da Guerra da Ucrânia podem ser considerados um looping de violência.

A relevância geopolítica da Guerra da Ucrânia e seu conteúdo nas mídias sociais

A invasão da Rússia à Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022 foi motivada por diversos conflitos políticos, territoriais, geopolíticos e históricos. Uma das principais razões, entretanto, ocorreu devido à potencial adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A aliança militar é formada por mais de 30 países e vem se expandindo pelo Leste Europeu. Encabeçada pelos Estados Unidos, a Organização foi formada em 1991, no contexto do fim da Guerra Fria, e é vista como uma ameaça pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin (Por que […], 2022). A Otan é considerada, inclusive, uma das peças-chave para o início do conflito em 2022.

Segundo a narrativa defendida pelo Kremlin e seus apoiadores, a invasão à Ucrânia seria uma reação às ações tomadas pela própria Otan contra os interesses russos. Putin afirma que a aliança traiu a Rússia ao quebrar uma promessa feita à União Soviética ao fim da Guerra Fria. Segundo o presidente russo, o secretário de Estado do presidente americano George H. W. Bush, James Baker, teria se comprometido verbalmente a não expandir a influência da Otan pelo Leste Europeu durante discussões em fevereiro de 1990 com o então líder soviético Mikhail Gorbachev. Em troca, a URSS teria que aceitar a unificação da Alemanha. A promessa, porém, nunca se tornou um acordo formal. Anos depois, em 2014, Gorbachev negou em uma entrevista que houve um comprometimento formal dos EUA para evitar o avanço da Otan (Braun, 2022, p. 8).

Entretanto, a “rivalidade” entre Rússia e Ucrânia não é algo que se iniciou apenas em 2022, principalmente considerando sua ligação histórica e territorial. Em 2014, a Rússia invadiu a Crimeia, motivada principalmente por interesses pelo Mar Negro, região considerada estratégica do ponto de vista geográfico e político. Ainda, a região possui a Base Naval de Sebastopol, que seria essencial para Putin conseguir contemplar a Frota de Navios da Rússia, no Mar Negro. Após a anexação, o conflito de 2014 teve cessar-fogo oficial com a assinatura do Acordo de Minsk por representantes da Ucrânia, da Rússia, da República Popular de Donetsk (DNR), e da República Popular de Lugansk (LNR), sob o patrocínio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) (Dellagnezze, 2022).

Compreendendo a relevância histórica da guerra, Loureiro (2022, p. 1) considera que a guerra representará “[…] um divisor de águas na história das relações internacionais do século XXI”, resgatando outros conflitos ocorridos após a Guerra Fria, incluindo a própria crise da Crimeia. Além da anexação da região, outras questões de 2014 podem ser trazidas à tona, como os protestos na região de Donbass, quando separatistas pró-Rússia proclamaram as regiões administrativas de Luhansk e Donetsk como “repúblicas populares” independentes (Entenda […], 2022).

Dellagnezze (2022) ainda retoma o fato de que a Ucrânia foi integrante da União Soviética e que, mais tarde, o país, a Rússia e Belarus (Bielorússia) formaram a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) em 1991, destacando as relações bilaterais entre os países que também contribuíram para o contexto atual.

Olhando para o futuro do conflito,

[…] dada a importância estratégica da Ucrânia, que é o maior país em extensão territorial da Europa, fronteira com quatro estados da OTAN (Polônia, Eslováquia, Hungria e Romênia), e tendo em vista a provável necessidade que Moscou terá de manter forças de ocupação a fim de sustentar um eventual regime pró-Moscou em Kiev (que certamente possuirá características autoritárias, tendo pouca ou nenhuma legitimidade popular), deve-se esperar por uma intensificação dramática da espiral do dilema de segurança entre Rússia e OTAN nos próximos anos, e talvez décadas, apontando para uma tendência de congelamento geopolítico do espaço europeu semelhante àquele existente durante a Guerra Fria entre a OTAN e o Pacto de Varsóvia. (Loureiro, 2022, p. 8).

Por mais que a Guerra da Rússia na Ucrânia tenha uma relevância histórica, ela também vem chamando atenção por outro motivo: sua cobertura nas redes sociais. Chayka (2022) a considera, inclusive, como a primeira guerra na rede social TikTok. As formas de compreender a guerra não são mais exclusivas às mídias tradicionais, mas alcançaram o ambiente digital de forma intensiva, com russos e ucranianos gravando o dia a dia durante a guerra e como o conflito os está afetando. São gravações dos próprios soldados, em momentos de descontração ou até em meio à batalha.

Há dois marcos importantes na linha do tempo da cobertura de guerra no jornalismo. O irlandês William Howard Russell, que por coincidência cobriu a Guerra da Crimeia (1854-1856), é considerado o primeiro correspondente de guerra da história da imprensa, tendo sido enviado pelo jornal The Times. Segundo Knightley (2003, p. 11), o trabalho de Russell foi um “[…] esforço organizado para relatar uma guerra para a população civil em casa usando os serviços de um repórter civil”.

Depois, a Guerra do Golfo, a primeira a ser televisionada ao vivo. Segundo Arbex Junior (2000), o conflito foi um divisor de águas. “Pela primeira vez, uma guerra era transmitida ‘ao vivo’, em tempo real, por uma rede que tinha alcance planetário (a Cable News Network, CNN), graças a um satélite retransmissor estrategicamente colocado em órbita polar estacionária.” (Arbex Junior, 2000, p. 9). O autor destaca detalhes técnicos da transmissão, incluindo o uso de imagens digitalizadas, ou seja, criadas por uma espécie de processo de simulação, que fez com que o conflito ficasse na história não só das guerras, mas da própria comunicação de guerra. Diferente da Guerra do Vietnã, que destacou a violência, a transmissão da Guerra do Golfo teve como destaque a tecnologia usada pelo episódio (Arbex Junior, 2000).

Considerando a novidade midiática de cada conflito que traz relevância para sua cobertura, é necessário destacar que a Guerra da Ucrânia, entretanto, não é a primeira a estar presente nas redes sociais. A Primavera Árabe, em 2010, e a Guerra Civil Síria, em 2011, tiveram uma série de repercussões no então Twitter e no Facebook. Entretanto, a evolução dos smartphones e das redes sociais, como também do comportamento do usuário, trouxeram uma nova forma de acompanhar eventos em tempo real, que agora é vista na guerra da Ucrânia, e acabam funcionando inclusive como uma publicidade para a causa ucraniana. (Chayka, 2022).

Ciuriak (2022) e Suciu (2022), por sua vez, destacam que a Guerra da Ucrânia, na verdade, é a primeira guerra nas redes sociais de fato, com a diferença de que, ao contrário da Primavera Árabe, que ocorreu entre 2010 e 2012, quando as redes sociais funcionaram como forma de engajamento para manifestações em países na África e na Ásia, as postagens das redes sociais não foram silenciadas pelo governo ucraniano. As redes sociais evoluíram de forma exponencial desde o ocorrido. “De muitas maneiras, os eventos da Primavera Árabe poderiam ter sido vistos como um ensaio geral de como a mídia social poderia ser usada para cobrir eventos tão rápidos” (Suciu, 2022, p. 4) (tradução nossa) [3].

Ciuriak (2022) ainda aponta que o grande diferencial da Guerra da Ucrânia é que o conflito é o primeiro em que a mensagem não está de fato sob controle total do lado invasor.

Por meio de plataformas como Twitter, Instagram, Reddit, Telegram e TikTok, os ucranianos têm compartilhado fotos, vídeos e histórias pessoais. Estes dão um rosto humano e relacionável à guerra e seus impactos, livres de eufemismos e falas elaboradas de governos, das análises de estilo acadêmico de especialistas e da seletividade das narrativas criadas por organizações de mídia (Ciuriak, 2022, p. 3) (tradução nossa) [4].

Entretanto, apesar das informações circularem nas redes sociais digitais, há um risco de peças de desinformação estarem entre o amontoado de conteúdo sobre o assunto, levando o público a ficar em um fogo cruzado e fazendo forçosamente que tenha que decidir em quem acreditar (Ciuriak, 2022). Chayka (2022), por sua vez, destaca outras desvantagens em receber notícias em tempo real de uma guerra pelas redes sociais, apontando o algoritmo das redes sociais como um dos riscos para uma boa cobertura e para uma boa participação do público.

Na internet, todo o conteúdo segue leis de movimento semelhantes, seja mostrando uma invasão de terra na Europa ou um gato fazendo algo engraçado. O que quer que seja envolvente se torna mais popular, independentemente de sua proveniência ou qualidade. O feed algorítmico do TikTok, em particular, facilita consumir passivamente um vídeo e passar para o próximo sem questionar a origem do conteúdo (Chayka, 2022, p. 6) (tradução nossa) [5].

Entretanto, vale ressaltar que a participação de cidadãos comuns nos relatos da Guerra da Ucrânia não substitui o jornalismo. Ela funciona, na verdade, como forma complementar, chamando atenção do usuário para o acontecimento e encurtando seu caminho (Costa; Carvalho, 2021). Entretanto, não há como não destacar que o poder das mídias na Guerra da Ucrânia tem alcançado níveis relevantes e que essas possuem capacidade de chegar a lugares em que o repórter não chegaria, seja dentro da casa de civis em meio à fuga, em momentos de descontração de soldados ou no local certo e hora certa de momentos clímax do conflito, como ataques de drones, explosões etc. “A mídia social é um cronista imperfeito do tempo de guerra. Em alguns casos, também pode ser a fonte mais confiável que temos (Chayka, 2022, p. 7) (tradução nossa) [6].

O novo conteúdo gerado consegue não só chegar aos usuários, mas é considerado pauta para jornalistas. Segundo Suciu (2022, p. 3) (tradução nossa) [7]:

O poder que a mídia social tem só agora está sendo totalmente explorado, mas, como observado, pode mudar a cobertura, pois os ucranianos podem transmitir cenas do campo de batalha em tempo real e qualquer pessoa com um smartphone pode desempenhar o papel de "correspondente de guerra" como Winston Churchill, Edward R. Murrow, Ernie Pyle, Walter Cronkite e Christiane Amanpour.

Assim, destaca-se a relevância da Guerra da Ucrânia não só para o cenário geopolítico mundial e para os próximos acontecimentos políticos e históricos da Europa, da Otan e do mundo em geral. O conflito vem se mostrando relevante também pelas interações por meio das redes sociais e pelo engajamento de definidores secundários que tradicionalmente não seriam vistos por um grande número de pessoas, nem considerados pautas para o jornalismo.

O looping e a espiral e sua relação com a criminologia cultural nas redes digitais

O fenômeno das redes sociais, com notícias e coberturas ocorrendo em tempo real e sem interrupções, traz uma nova forma de consumir a informação. Com alto potencial de participação, com possibilidade de comentários, curtidas e ferramentas de compartilhamento, inclusive entre outras redes sociais, as mídias sociais conseguem desenvolver novas dinâmicas de envolvimento com os meios, que influenciam na participação não só em uma nova dinâmica relacional, mas também em todo o desenvolvimento intelectual (Machado, 2011).

Segundo Barichello e Carvalho (2013, p. 238):

Mídia, nesse sentido, não é apenas um meio técnico – televisão, rádio, computador –, pois ela envolve fluxos de comunicação, interações tecnossociais, apropriações simbólicas, questões organizacionais e culturais. A mídia está mais relacionada, portanto, a um lugar simbólico, ela funda uma ambiência que emerge de complexas interações entre tecnologia, sujeitos e sociedade.

Ampliando as experiências e construindo fenômenos mais participativos, a mídia passa a constituir grande parte das interações sociais. Os efeitos da mídia já haviam sido introduzidos por McLuhan (1969), ao destacar que o meio é a mensagem, e que “qualquer compreensão das mudanças sociais e culturais é impossível sem um conhecimento da forma como a mídia funciona como ambientes” (McLuhan, 1969, p. 26) (tradução nossa) [8]. Compreender a influência que os algoritmos passam a ter na mediação da vida cotidiana e na própria informação e conhecimento é cada vez mais importante. Assim,

À medida que adotamos ferramentas computacionais como nossos principais meios de expressão e passamos a fazer não só da matemática, mas de toda a informação “digital”, passamos a sujeitar o discurso e o conhecimento humano a essas lógicas procedimentais que sustentam toda a computação (Gillespie, 2018, p. 97).

A forma como nos sujeitamos à lógica algorítmica das mídias sociais é comparada por Gillespie (2018) como tão marcante quanto o fato do ser humano recorrer ao método científico, senso comum ou até à religião, tamanha relevância que tais procedimentos codificados passam a ter na vida cotidiana. Portanto, envoltas em novas significações e informações 24 horas por dia, as mídias sociais algoritmizadas também passam a trazer novos fenômenos que afetam diretamente a forma como as informações são consumidas. Nesse ritmo de tempo real não linear, Ferrell, Hayward e Young (2008) mencionam as figuras dos “loops” e “espirais”.

Muitas vezes, com conteúdos violentos e sempre se renovando com uma grande velocidade, o loop substitui o formato linear das interações sociais, retomando conteúdos, transformando-os em representações de si mesmos, sempre envoltos em uma espécie de recursão e repetição, como comentamos na introdução deste artigo. A rapidez, junto com sua repetição, idêntica ou ressignificada (como vários episódios de invasão a escolas, por exemplo, ou diversos ataques de drones a uma região em guerra), gera um processo de looping, sugerindo um ofuscamento das próprias imagens representadas. O looping, por repetir principalmente vídeos/fotos/textos que causam impacto, é muito mais perceptível em conteúdos de crime e criminalidade, que podem envolver inclusive conflitos armados.

Entretanto, a repetição em si não é isenta de novos significados, e não carrega apenas o teor do conteúdo original, mas reconstrói uma narrativa própria, distorcendo o acontecimento e redefinindo seu efeito. Segundo Ferrell, Hayward e Young (2008, p. 130) (tradução nossa) [9]:

A fluidez da cultura contemporânea não carrega apenas o significado do crime e da criminalidade; ele volta para amplificar, distorcer e definir a experiência do crime e da própria criminalidade. Em tais circunstâncias, o crime e a cultura permanecem irremediavelmente confundidos – e, portanto, qualquer criminologia destinada a entender o crime e o controle contemporâneos e a mover essas circunstâncias em direção a possibilidades progressivas, não pode fazê-lo segregando artificialmente o que está intimamente e inevitavelmente entrelaçado.

Repetindo-se de forma não linear, criando uma espécie de saturação, a repetição em loop de conteúdos violentos nas redes sociais algoritmizadas pode inclusive fazer com que o conteúdo seja confundido com sua própria representação, em uma nova dinâmica que se diferencia pelo seu teor de violência (Ferrell; Hayward; Young, 2008). Cardoso (2021) avalia que a cobertura de casos como o do americano George Floyd, homem negro morto por um policial branco nos Estados Unidos em 2020, se diferencia de meios como a televisão, o rádio e a mídia impressa, por meio da “[…] multiplicação de vídeos pelas redes sociais em velocidade dramática” (Cardoso, 2021, p. 5). Krutrök e Lindgren (2022) também chamam atenção para informações fragmentadas, errôneas ou ainda fora de contexto e proporção, que são amplificadas por ferramentas de compartilhamento, levando o conteúdo duvidoso a um looping sem contexto e sem veracidade.

Nessa lógica do compartilhamento instantâneo e do looping como dinâmica de propagação, não há garantia de contextualização da experiência de forma crítica e cidadã, deixando as imagens vazias de sentido. Segundo Edwards (2020), a violência pode inclusive causar um processo de dessensibilização, em que o tédio e a falta de empatia acabam sendo dominantes no processo. “O que é mais novo? A mesma monotonia pode infectar o jogo de tiro em primeira pessoa em que a única resposta necessária é puxar o gatilho constantemente o mais rápido possível” (Edwards, 2020, p. 287) (tradução nossa) [10].

Por meio de ressignificações, o loop pode passar a constituir-se de novos significados coletivos, retornando em uma espécie de recursão para o usuário, carregando o próprio significado de violência. Assim, torna-se uma espiral.

Espiralando dessa maneira, o próximo loop de significado nunca retorna totalmente, em vez disso, continua indo e voltando para novas experiências e novas percepções, o tempo todo ecoando, ou, em outras vezes, minando significados e experiências já construídos. (Ferrell; Hayward; Young, 2008, p. 133) (tradução nossa) [11].

Considerando a espiral como diretamente interligada com a ideia de recursividade, e o termo como “uma função que interpela a si mesma” (Hui, 2020, p. 124) e como um looping espiralado e não meramente repetitivo (Cardoso, 2021), compreendemos que a recursividade algorítmica das espirais de violência teria, por sua vez, um novo poder de amplificação e um novo significado coletivo, podendo ser considerada inclusive a forma de pensar do algoritmo. Consequentemente, teria ainda mais relevância na forma como media as situações de violência.

Os termos criminológicos, então, compreendem com maestria a produção de sentidos violentos não apenas pelas instituições tradicionais, como pelas novas tecnologias. Loops e espirais criam espelhos cada vez mais plausíveis no cotidiano permeado de informações mediatizadas, através de máquinas cujas epistemologias adaptam o feedback à contingência que proporcionar mais engajamento (Cardoso, 2021, p. 5-6).

A recursividade, por sua vez, é um formato de retorno. O conteúdo retoma a si mesmo em uma espécie de ciclo não linear que se repete e, a cada nova aparição, é recebida e interpretada de forma diferente. Quando assistimos, por exemplo, o mesmo episódio de violência repetidas vezes, em novos contextos – não necessariamente fidedignos – coletivamente ele passa a carregar um novo sentido de verdade, passa a ser um novo acontecimento, mesmo sendo uma nova representação dele mesmo. Assim, vira uma verdade mediada pela lógica algorítmica, que não necessariamente é a verdade do acontecimento em si. Gillespie (2018, p. 116) define que estudar o formato dessa construção informativa

requer analisar por que os algoritmos estão sendo vistos como uma lógica de conhecimento confiável; como eles desmoronam e são reparados ao entrar em contato com o vai e vem do discurso público; e onde os pressupostos políticos podem estar gravados não só em seu design, mas também serem constitutivos da sua utilização e sua legitimidade generalizada.

É necessária uma visão crítica sobre como o algoritmo, por potencializar a violência a partir do número, das representações e da repetição e recursão, revela novos efeitos ante a sociedade. Tais consequências também são consideradas quando o looping de violência é colocado diante de conflitos armados como, no caso do presente estudo, a Guerra da Ucrânia.

A Guerra da Ucrânia como looping de violência

Na esteira da quantidade de conteúdos relacionados à Guerra da Ucrânia, incluindo a cobertura jornalística que se apropria de vídeos e outros tipos de material para sua produção, se questiona se a produção de conteúdos do conflito pode ser considerada um looping e uma espiral de violência. Tomamos como exemplo seis publicações dos jornais com mais seguidores no Instagram, no Brasil (G1, Folha de S. Paulo e CNN Brasil) e internacionais (CNN, BBC e New York Times) que tenham feito publicações em alusão aos dois anos do conflito. As imagens foram coletadas de forma manual a partir de captura de tela e os jornais foram selecionados a partir do número de seguidores no Instagram. A seleção foi especificamente de imagens que fizessem alusão aos dois anos de conflito, descartando publicações dos jornais que não falassem sobre a efeméride da guerra.

Como já mencionado, entende-se que essa guerra não é um conflito recente e que sua cobertura se caracteriza por performar uma espiral da repercussão da guerra da Crimeia, que é potencializada no episódio atual pelos algoritmos das redes sociais digitais. Trata-se de uma recursão, como explica Hui (2020), uma espécie de “pensamento algorítmico". “Contrariamente à ideia de automação como forma de repetição, recursão é uma automação considerada a gênese da capacidade do algoritmo de autoproposição e autorrealização” (Hui, 2020, p. 124) (tradução nossa) [12].

As postagens foram selecionadas no dia 24 de fevereiro, quando o conflito completou dois anos. Os perfis jornalísticos foram escolhidos a partir dos números de seguidores no Instagram, sendo três nacionais – G1 (8,9 milhões de seguidores), CNN Brasil (4,4 milhões de seguidores) e Folha de S. Paulo (3,6 milhões de seguidores) – e três veículos internacionais – BBC (27,2 milhões de seguidores), CNN (18 milhões de seguidores) e The New York Times (18 milhões de seguidores).

A maioria utilizou a ferramenta do carrossel, com diversas fotos marcantes remetendo ao início do conflito, sua origem e a perspectiva de que a guerra ainda não possui data para terminar. As publicações são similares e todas destacam fatores parecidos: a devastação de cidades da Ucrânia, a resistência e o sofrimento dos civis, como visto nas Imagens 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

Imagem 1 – Civis se abraçam.

http://tiny.cc/vzd3001

Fonte: Captura de tela do @nytimes, 2024.

Imagem 2 – Tanque de guerra ao lado de civil.

http://tiny.cc/yzd3001

Fonte: Captura de tela da @cnnbrasil, 2024.

Imagem 3 – Memorial com retratos de pessoas mortas.

http://tiny.cc/30e3001 

Fonte: Captura de tela da @folhadespaulo, 2024.

Imagem 4 – Civis em cena de sofrimento.

http://tiny.cc/90e3001

Fonte: Captura de tela da @cnn, 2024.

Imagem 5 – Prédio tomado por chamas.

http://tiny.cc/b0e3001

Fonte: Captura de tela do @portalg1, 2024.

Imagem 6 – Soldados disparam explosivo.

http://tiny.cc/f0e3001

Fonte: Captura de tela da @bbcnews, 2024.

A análise foi realizada a partir da metodologia de Barbosa (2011), que define que a observação das imagens ocorre a partir de: 1) Descrição da obra; 2) Análise do suporte utilizado; 3) Interpretação acerca dos significados e 4) Conclusões demonstráveis.

Com imagens fortes, vistas de ângulos muitas vezes pessoais – o que leva o espectador para a própria cena de guerra – as publicações reforçam a ideia de que a violência segue acontecendo de forma contínua. As imagens foram focam em soldados e em pessoas afetadas pelo conflito, e percebe-se que é voltado principalmente para o ângulo da Ucrânia, pela presença da bandeira do país e pelas fitas verdes dos soldados ucranianos (Homens […], 2023). As fotos reforçam a ideia de uma guerra interminável, com foco sempre na violência.

Olhando para as chamadas “novas guerras”, caracterizadas como conflitos do século XXI em que o fim da paz e o início da guerra são linhas tênues, Chinkin e Kaldor (2017) avaliam que as redes sociais são meios amplamente utilizados para espalhar violência de forma eficiente. Essa capacidade se encontra com o uso das redes sociais digitais 24 horas por dia, em que o conteúdo se torna vasto, e em que um número grande de pessoas, independente de qual lado do conflito estejam, passa a fazer parte desse território.

Considera-se que a amostra coletada por ocasião dos dois anos da Guerra da Ucrânia, sendo representada repetidas vezes e mediada por algoritmos, se caracteriza como um looping de violência, instigando um sentimento de repetição, mal-estar e uma espécie de fadiga. A novidade da cobertura da Guerra da Ucrânia é como o conteúdo espirala em sua própria representação e fomenta mais produções.

Mesmo que a violência seja uma forma de atrair atenção, o conteúdo se torna monótono e tedioso (Edwards, 2020). Quando não trazidas para dentro de um contexto, a violência “[…] não é esclarecida por padrão. A compreensão de qualquer violência depende, em primeiro lugar, da nossa percepção, que se baseia nas formas como entendemos o mundo” (Arnold, 2019, p. 174) (tradução nossa) [13]. Ferrell, Hayward e Young (2008) afirmam que um episódio de violência entrelaçado em loops e espirais das imagens e da experiência, como observado neste tópico, não necessariamente apresenta uma “verdade”, mas sim uma “ilusão de marketing”.

Considerações Finais

A partir do nosso recorte de análise das imagens publicadas por veículos jornalísticos por ocasião dos dois anos de guerra, constatamos que o que os veículos reforçam é “ver as imagens dos dois anos da Guerra da Ucrânia”. Essas imagens, ao serem muitas vezes compartilhadas sem contexto ou em um formato superficial, acabam criando um looping de violência no qual não há contexto. A cobertura da Guerra da Ucrânia se faz amplamente necessária e a participação e engajamento do público ajuda a levar o tema para debate, mas também é necessário considerar que não resultam necessariamente em compreensão sobre o conflito.

O looping traz medo, mas também se ressignifica quando espiralado. No caso analisado, o episódio, que tem raízes históricas, acaba se tornando repetitivo, mais uma guerra que acontece longe da maioria das pessoas e em meio a outras várias que acontecem simultaneamente. Ainda assim, leva ao público imagens de violência, trazendo sensações de angústia de uma guerra sem fim. A partir do que foi observado na cobertura jornalística, entende-se que ainda há um caminho a se desvendar para a cobertura de conflitos armados e dos estímulos a conteúdos nas redes sociais que seja ético e que promova empatia para que eventos como esse não se transformem em um looping sem significado, muito menos uma espiral que tenha como foco a violência. Assim, o que se modifica na cobertura de guerra do final século XX para o XXI é o contexto de recursividade ininterrupta que tem como foco episódios de violência repetitivos e espiralados, sem focar na compreensão ou no contexto do conflito, o que pode provocar indiferença e repetição do que causa impacto e proporciona audiência para o que mais gera recursividade: a violência das imagens de guerra.

Notas

[3] In many ways the events of Arab Spring could have been seen as a dress rehearsal for how social media could be used to cover such fast moving events.

[4] Through platforms such as Twitter, Instagram, Reddit, Telegram, and TikTok, Ukrainians have been sharing photos, videos, and personal stories. These put a human, relatable face on the war and its impacts, free of the euphemisms and prepared lines of governments, the academic-style analyses by experts, and the selectivity of the narratives created by media organizations.

[5] On the Internet, all content follows similar laws of motion, whether it’s showing a land invasion in Europe or a cat doing something funny. Whatever is engaging becomes more popular, regardless of its provenance or quality. TikTok’s algorithmic feed in particular makes it easy to passively consume one video and move on to the next without questioning the content’s sourcing.

[6] Social media is an imperfect chronicler of wartime. In some cases, it may also be the most reliable source we have.

[7] The power that social media has is only now being fully explored, but as noted it could change coverage as Ukrainians can stream scenes from the battlefield in real-time, and anyone with a smartphone can fill the role of "war correspondent" like Winston Churchill, Edward R. Murrow, Ernie Pyle, Walter Cronkite and Christiane Amanpour.

[8] The medium is the massage. Any understanding of social and cultural change is impossible without a knowledge of the way media work as environments.

[9] The fluidity of contemporary culture not only carries along the meaning of crime and criminality; it circles back to amplify, distort, and define the experience of crime and criminality itself.Within such circumstances crime and culture remain hopelessly confounded – and so any criminology meant to make sense of contemporary crime and control, and to move these circumstances towards progressive possibilities, cannot do so by artificially segregating that which is intimately and inevitably intertwined.

[10] What else is new? The same monotony might infect the first person shooter game in which the only required response is to constantly pull a trigger as quickly as possible.

[11] Spiralling in this way, the next loop of meaning never quite comes back around, instead moving on and away to new experiences and new perceptions, all the while echoing, or other times undermining, meanings and experiences already constructed.

[12] Contrary to automation considered as a form of repetition, recursion is an automation that is considered to be a genesis of the algorithm’s capacity for self-positing and self-realization.

[13] It is not made clear by default. Understanding any violence relies first on our perception, which is based on the ways we understand the world.

Artigo submetido em 18/04/2024 e aceito em 17/12/2024.

Referências

2 ANOS DE GUERRA NA UCRÂNIA. @cnnbrasil: Instagram. Disponível em:
https://www.instagram.com/p/C3uzRIXABQz/?igsh=MTUwajVucWtpcjZwdg==. Acesso em: 23 dez. 2024.

ARBEX JUNIOR, J. Telejornovelismo (mídia e história no contexto da Guerra do Golfo). 2000. 208f. Tese (Doutorado em História) – Departamento de História, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. DOI:
https://doi.org/10.11606/T.8.2000.tde-13012023-154956.

ARNOLD, A. Languages of violence. Refract: An Open Access Visual Studies Journal, v. 2, n. 1, 2019. DOI: https://doi.org/10.5070/R72145849.

BARBOSA, A. M. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 2011.

BARICHELLO, E. M. R.; CARVALHO, L. M. Mídias sociais digitais a partir da ideia mcluhaniana de medium-ambiência. MATRIZes, v. 7, n. 1, 2013. Disponível em:
https://bit.ly/407OKHj. Acesso em: 20 dez. 2024.

BBC. [Perfil no Instagram]. Disponível em: https://www.instagram.com/bbc. Acesso em: 23 dez. 2024.

BRAUN, J. Qual o papel da Otan no confronto entre Rússia e Ucrânia? BBC, São Paulo, 2 mar. 2022. Disponível em: bbc.in/3xpYjVV. Acesso em: 11 jul. 2023.

CARDOSO, E. P. Repetitions of violence in the works of Vitória Cribb and Welket Bungué. Vista, v. 8, p. 1-15, 2021. DOI: https://doi.org/10.21814/vista.3594.

CHAYKA, K. Watching the World’s “First TikTok War”. The New Yorker, Nova York, 3 mar. 2022. Disponível em: bit.ly/3TUh0ZA. Acesso em: 11 jul. 2023.

CHINKIN, C.; KALDOR, M. International Law and New Wars. Cambridge: Cambridge University Press, 2017.

CIURIAK, D. The role of social media in Russia’s War on Ukraine. Ciuriak Consulting, Ottawa, 5 maio 2022. Disponível em: bit.ly/4aSTL8W. Acesso em: 11 jul. 2023.

TELLING Ukrainians' stories. @cnn: Instagram. Disponível em:
https://www.instagram.com/p/C3viyG2s-qe/?igsh=ZjUxancxcHlsdzdp. Acesso em: 23 dez. 2024.

CNN. [Perfil no Instagram]. Disponível em: https://www.instagram.com/cnn. Acesso em: 23 dez. 2024.

CNN BRASIL. [Perfil no Instagram]. Disponível em:
https://www.instagram.com/cnnbrasil. Acesso em: 23 dez. 2024.

CONFLITO sem trégua. @portalg1: Instagram. Disponível em:
https://www.instagram.com/p/C3u5k8XqqjF/?igsh=MW95azl0NTBuOGo4dA==. Acesso em: 23 dez. 2024.

COSTA, R. M. B.; CARVALHO, C. P. Jornalismo e redes sociais: novas práticas e reconfigurações. Comunicação & Informação, v. 24, 2021. DOI:
https://doi.org/10.5216/ci.v24.62507.

DELLAGNEZZE, R. O conflito entre Rússia e Ucrânia. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, p. 12-79, 2022. Disponível em:
https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/4960. Acesso em: 20 dez. 2024.

EDWARDS, E. Graphic violence: illustrated theories about violence, popular media and our social lives. Nova York: Routledge, 2020.

ENTENDA a importância da região de Donbass para a Rússia. Poder360, 2022. Disponível em: bit.ly/3Jg9Utp. Acesso em: 25 jul. 2023.

FERRELL, J.; HAYWARD, K.; YOUNG, J. Cultural Criminology: an invitation Londres: Sage, 2008.

A GUERRA da Ucrânia. @folhadespaulo: Instagram. Disponível em:
https://www.instagram.com/p/C3vC1_vRJsJ/?igsh=d2MzNTRkYm80eGpq. Acesso em: 23 dez. 2024.

FOLHA DE S. PAULO. [Perfil no Instagram]. Disponível em:
https://www.instagram.com/folhadespaulo. Acesso em: 23 dez. 2024.

G1. [Perfil no Instagram]. Disponível em: https://www.instagram.com/g1. Acesso em: 23 dez. 2024.

GILLESPIE, T. A relevância dos algoritmos. Parágrafo, v. 6, n. 1, p. 95-121, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3BIllKi. Acesso em: 20 dez. 2024.

HAN, B. C. Não Coisas: reviravoltas do mundo da vida. Petrópolis: Vozes, 2022.

HOMENS e canhões para defender a todo custo a cidade ucraniana de Bakhmut. UOL. Notícias, [s.l.], 9 mar. 2023. Disponível em: https://encurtador.com.br/LBm5Q. Acesso em: 23 nov. 2024.

HUI, Y. Tecnodiversidade. São Paulo: Editora Ubu, 2020.

KNIGHTLEY, P. The first casualty: the war correspondent as hero and myth-maker from the Crimea to Iraq. Londres: André Deutsch Ltd, 2003.

KRUTRÖK, M. E.; LINDGREN, S. Social media amplification loops and false alarms: towards a sociotechnical understanding of misinformation during emergencies. The Communication Review, v. 25, n. 2, p. 81-95, 2022. DOI:
https://doi.org/10.1080/10714421.2022.2035165.

LOUREIRO, F. P. A Guerra na Ucrânia: significados e perspectivas. CEBRI-Revista, n. 11, 2022. Disponível em: bit.ly/3VWpGBs. Acesso em: 25 jul. 2023.

MACHADO, I. Ressonâncias do envolvimento e participação com os meios. Significação: revista de cultura audiovisual, v. 38, n. 36, p. 211-233, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3ZG12oM. Acesso em: 21 dez. 2024.

POR QUE motivos a Rússia invadiu a Ucrânia: resumo. BBC, [s.l.], 4 mar. 2022. Disponível em: bbc.in/3Jl3iK8. Acesso em: 10 jul. 2023.

SUCIU, P. Is Russia's invasion of Ukraine the first social media war? Forbes, Nova York, 2 mar. 2022. Disponível em: bit.ly/3VVKj0p. Acesso em: 11 jul. 2023.

TEN years after the conflict. @nytimes: Instagram. Disponível em:
https://www.instagram.com/p/C3xtBF2uPLP/?igsh=MTFhMWlidG5hbDM2. Acesso em: 23 dez. 2024.

THE NEW YORK TIMES. [Perfil no Instagram]. Disponível em:
https://www.instagram.com/nytimes. Acesso em: 23 dez. 2024.

TODAY marks two years @bbcnews: Instagram. Disponível em:
https://www.instagram.com/p/C3vHuSTqSyC/?igsh=MTgxN2YwcWozdWthNQ==. Acesso em: 23 dez. 2024.

ZELIZER, B. When war is reduced to a photograph. In: ALLAN, S.; ZELIZER, B. (Ed.) Reporting war: journalism in wartime. London: Routledge, 2004. p. 115-135.