Diáspora nas plataformas digitais no Brasil:

pesquisas sobre TIC’s e migrações

Brunno Ewerton de Magalhães Lima1, Corina Evelin Demarchi Villalón2 e

Mohammed ElHajji3

Resumo

Este estudo apresenta uma revisão de escopo das pesquisas sobre a diáspora nas plataformas digitais no Brasil. A pesquisa tem o objetivo de compreender como o conceito de diáspora digital tem sido empregado em trabalhos e artigos acadêmicos relacionados aos fluxos migratórios transnacionais no país. Foram examinados nove artigos que abordaram a temática, revelando a evolução do conceito mais utilizado pelos estudos: a webdiáspora. A análise dos artigos selecionados se concentrou nas categorias teóricas, as abordagens metodológicas, as comunidades foco dos estudos, e as lacunas identificadas a partir do cruzamento entre cada um desses tópicos. Além disso, destacamos algumas reflexões dos referidos artigos, como o impacto econômico das atividades on-line das comunidades migrantes, especialmente no contexto de empreendimentos comerciais e negócios étnicos; as reflexões sobre abrangência e (a)espacialidade da webdiáspora; a influência das plataformas digitais nos projetos migratórios, entre outras. Essas descobertas ressaltam a necessidade de uma perspectiva dinâmica e atualizada para a pesquisa sobre webdiáspora, considerando seu papel e suas implicâncias multifacetadas nas migrações contemporâneas para e desde o Brasil, bem como nas políticas públicas relacionadas aos fluxos migratórios transnacionais.

Palavras-chave

Diáspora; Webdiáspora; Migrações contemporâneas; Plataformas digitais; Revisão.

1 Psicólogo e mestrando do Instituto de Psicologia da UFRJ. E-mail: brunnoewerton1@gmail.com/brunnoewerton@ufrj.br.

2 Doutoranda em Comunicação e Cultura (PPGCOM- UFRJ). Mestre em Mudança Social e Participação Política (EACH- USP). E-mail: coridemarchi@gmail.com.

3 Professor Titular da UFRJ. Integrante dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura (PPGCOM) e em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (EICOS) - ambos da UFRJ. E-mail: mohahajji@gmail.com.

Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 18, n. 1, p. 128-145, jan./abr. 2024                                                           DOI 10.34019/1981-4070.2024.v18.42910

Diaspora on digital platforms in Brazil:

research on ICTs and migration

Brunno Ewerton de Magalhães Lima1, Corina Evelin Demarchi Villalón2 and Mohammed ElHajji3

Abstract

This study presents a scoping review of research on the diaspora on digital platforms in Brazil. The research aims to comprehend how the concept of digital diaspora has been employed in academic works related to transnational migratory flows in the country. Nine articles on the subject were examined, revealing the evolution of the most utilized concept in these studies: webdiaspora. The analysis of the selected articles focused on theoretical categories, methodological approaches, the focused communities of the studies, and the gaps identified by intersecting each of these topics. Moreover, we highlight some reflections from the selected articles, such as the economic impact of online activities of migrant communities, especially in the context of commercial ventures and ethnic businesses; considerations on the scope and (a)spatiality of the webdiaspora; the influence of digital platforms on migratory projects, among others. These findings underscore the necessity for a dynamic and up-to-date perspective for research on webdiaspora, considering its role and multifaceted implications in contemporary migrations to and from Brazil, as well as in public policies related to transnational migratory flows.

Keywords

Webdiaspora; Contemporary migrations; Digital platforms; Review.

1 Psicólogo e mestrando do Instituto de Psicologia da UFRJ. E-mail: brunnoewerton1@gmail.com/brunnoewerton@ufrj.br.

2 Doutoranda em Comunicação e Cultura (PPGCOM- UFRJ). Mestre em Mudança Social e Participação Política (EACH- USP). E-mail: coridemarchi@gmail.com.

3 Professor Titular da UFRJ. Integrante dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura (PPGCOM) e em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (EICOS) - ambos da UFRJ. E-mail: mohahajji@gmail.com.

Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 18, n. 1, p. 128-145, jan./abr. 2024                                                           DOI 10.34019/1981-4070.2024.v18.42910

Introdução

A diáspora digital é um conceito discutido no campo dos estudos migratórios que engloba a dispersão e a conexão de comunidades ou grupos étnicos por meio das plataformas digitais, desafiando as fronteiras geográficas e culturais (Appadurai, 1996; Everett, 2009). Acerca disso, diferentes prismas teóricos defendem que, ao mesmo tempo em que indivíduos e grupos se estabelecem em locais distantes, mantêm laços significativos através da internet. A diáspora digital tem se tornando também um campo de estudo multifacetado baseado na rápida dinâmica das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), assim como em dinâmicas de pertencimento, identidade e interculturalidade (Hall, 2006; Diminescu; Loveluck, 2014; Dekker; Engbersen; Faber, 2016; ElHajji; Escudero, 2016).

Nessa perspectiva, as plataformas digitais – como redes sociais, blogs, e outras mídias on-line – influenciam e moldam as narrativas e as experiências das diásporas, permitindo novas formas de expressão cultural, mobilização política e interação transcultural (Vertovec, 2009; ElHajji, 2023). Nesse sentido, diversos pesquisadores a nível global e nacional pesquisam como as tecnologias afetam e redimensionam os fluxos migratórios, as narrativas dos imigrantes, suas práticas, subjetividades e afetações psicossociais no campo digital (Appadurai, 1996; Ponzanesi, 2020; ElHajji, 2023).

A pesquisa sobre migração e diáspora tem crescido em importância devido às modificações significativas nos padrões de mobilidade global, a partir de mudanças climáticas, conflitos armados, crises econômicas e sanitárias que impactam nos movimentos migratórios (Reis, 2004; Everett, 2009; Cogo, 2015).  No entanto, o papel das plataformas digitais nesse contexto ainda não foi completamente explorado no âmbito brasileiro. Partindo dessa lacuna, o objetivo deste estudo é compreender como o conceito de diáspora nas plataformas digitais tem sido empregado em pesquisas relacionadas aos fluxos migratórios no Brasil.

O Brasil possui uma história de migração e diáspora diversificada, de ser historicamente referenciado como país de imigração, mas passou a ser considerado, nos anos 80, um país de emigração (Patarra, 2012). Nas últimas décadas começou a se configurar também como um país de trânsito, conformando um grande mosaico em que migrações históricas convivem com fluxos de migrantes do Sul Global, que não tem necessariamente o Brasil como último destino (Baeninger; Fernandes, 2017).

Investigar como o conceito de diáspora é aplicado nas plataformas digitais no contexto brasileiro pode fornecer insights sobre as dinâmicas culturais e sociais específicas do país. Assim, entendemos que este estudo de revisão de literatura pode servir como um recurso para pesquisadores e pesquisadoras interessados(as) em explorar temas relacionados à migração, diáspora e mídia digital, fornecendo uma base sólida para estudos mais aprofundados.

Diáspora digital: conceitos e percursos na contemporaneidade

A evolução do conceito de diáspora digital na literatura demonstra um processo dinâmico de adaptação às mudanças tecnológicas e socioculturais (Appadurai, 1996; Brinkerhoff, 2009). Etimologicamente o termo diáspora vem da origem grega “διασπορά”, que tem o significado de dispersão. O termo foi utilizado inicialmente em textos judaicos e cristãos sobre a fuga do povo hebraico da Babilônia para o Egito em 586 a.C. (ElHajji, 2023) e estava associado principalmente à dispersão física de grupos étnicos e culturais, com foco nas experiências de separação geográfica.

Ao logo da história a noção de diáspora para fluxos migratórios humanos vem sendo discutida, havendo um ponto de convergência em compreendê-la como um fenômeno psicossocial complexo que agrega questões de subsistência, perseguições, questões políticas, econômicas, étnicas, religiosas, de gênero, sexualidade e motivações subjetivas (Sayad, 1998; ElHajji, 2023). Para Hall (2006), a experiência da diáspora é definida pela diferença:

A experiência da diáspora como a entendo aqui é definida, não pela essência ou pureza, mas pelo reconhecimento de uma heterogeneidade e diversidade necessárias, por uma concepção de "identidade" que vive com e pela diferença, e não apesar dela, por hibridismo. As identidades da diáspora são aquelas que jamais deixam de se ir produzindo e reproduzindo pela transformação e pela diferença (Hall, 2006, p. 33).

No entanto, no marco da Quarta Revolução Tecnológica e Industrial, à medida que a internet e dispositivos digitais individuais se tornaram uma parte integral da vida cotidiana, os estudos sobre a diáspora começaram a se estender para abranger as conexões virtuais entre as comunidades dispersas (ElHajji; Escudero, 2016; Ponzanesi, 2020).

Para Appadurai (1996), a diáspora na modernidade passou a incluir não apenas a experiência da distância física, mas também a proximidade on-line que permite às comunidades manterem laços culturais, linguísticos e sociais com o local de origem. O autor propõe a ideia de “esferas públicas em diáspora”, ou seja, imagens e narrativas em movimento apropriadas por espectadores desterritorializados. Everett (2009) elucida que essa evolução reflete uma compreensão mais ampla da diáspora como um fenômeno multidimensional, em que a conectividade digital desempenha um papel crucial. Como resultado, atualmente se explora não apenas como as comunidades se dispersam fisicamente, mas também como elas se reúnem e se mantêm unidas virtualmente, contribuindo para a construção de identidades híbridas e a preservação cultural em um mundo cada vez mais interconectado (Diminescu; Loveluck, 2014).

O estudo da diáspora digital foi influenciado por teorias e conceitos-chave como o de cibercultura na perspectiva de Lévy (2010), que enfatiza as mudanças culturais transpassadas pelas inovações das TIC’s na era digital. Dessa forma, a noção das plataformas digitais como espaços de diáspora ganhou destaque, descrevendo os ambientes digitais onde as comunidades diaspóricas se reúnem e interagem (Ponzanesi, 2020). Na literatura internacional, diferentes autores utilizam nomenclaturas diversas para a diáspora nas plataformas digitais, como: E-diáspora, Net-diáspora, Webdiáspora (Diminescu; Loveluck, 2014; ElHajji; Escudero, 2016), Digital Diáspora e Online Diáspora (Bernal, 2014; Brinkerhoff, 2009; Everett, 2009; Madianou; Miller, 2012).

Ponzanesi (2020) afirma que a evolução do tópico da diáspora relacionado às plataformas digitais testemunhou uma trajetória diversificada. Segundo a autora, no fim do século XX, as pesquisas sobre diáspora digital se concentravam principalmente nas diásporas judaica e africana, explorando o uso da internet para manter laços culturais e identidades étnicas. Logo, à medida que a internet se tornou mais acessível e onipresente, o campo se expandiu, incorporando um espectro diverso de diásporas culturais e étnicas, bem como diferentes perspectivas teóricas.

Segundo ElHajji e Escudero, apesar da diversidade de definições aspectos deste fenômeno, a webdiáspora, em termos práticos, pode ser entendida como “a reapropriação das TIC’s pelos imigrantes e os usos sociais e subjetivos delas decorrentes” (2016, p. 358). A webdiáspora pode ter por objeto o projeto de migração; a família e as relações transacionais; os vínculos informativos com país de nascimento; o consumo e a produção cultural; o aprendizado do idioma; a cidadania jurídica; os usos de mídias de migração; a companhia e ócio; a participação política e o associativismo (Brignol, 2012).

Mais recentemente, adentra para os estudos diaspóricos o conceito de capital social em rede, discutido por Recuero (2012) e pautado na capacidade de monetização de métricas de engajamento nos perfis de pessoas nas redes sociais. Por conseguinte, com a rápida evolução da tecnologia e a crescente influência das redes sociais e da mobilidade digital, o campo da diáspora digital continua a se desenvolver criando novas ocupações e capitalização.

Nos últimos anos, as pesquisas exploram questões como o papel das mídias sociais na formação de identidades diaspóricas, a mobilização política on-line de grupos dispersos e a criação colaborativa de conteúdo cultural digital (Reis, 2004; Cogo, Santos, 2021). ElHajji (2011) utiliza a noção de plataformas digitais como ferramentas psicotécnicas que oportunizam territórios subjetivos de produção de singularidades existenciais, na perspectiva de Deleuze e Guattari (2013). Os conceitos discutidos vão em consonância ao movimento contemporâneo de plataformização da vida, como discutem Poell et al.:

A plataformização é definida como a penetração de infraestruturas, processos econômicos e estruturas governamentais das plataformas digitais em diferentes setores econômicos e esferas da vida. Ela também envolve a reorganização de práticas e imaginários culturais em torno dessas plataformas (2020, p. 2).

Segundo a perspectiva dos autores, a diáspora no contemporâneo não é pautada somente em mapas territoriais de relações físicas, mas também pelos dispositivos tecnológicos aos quais cada imigrante tem acesso, tornando as TIC’s territórios existenciais de visibilidades e trocas interculturais.

Partindo desta noção, estudos como de Madianou e Miller (2012), analisam o caso de comunidades de imigrantes transnacionais na Europa e como as TIC’s promovem interculturalidades a partir da produção de conteúdos pelos migrantes que servem de referência para seus pares, quebrando a barreira geográfica e mantendo laços dinâmicos com sua família. Logo, se reforça a noção de que as TIC’s possibilitam a construção de desejos e motivações subjetivas de cada indivíduo por meio dos campos virtuais (ElHajji; Escudero, 2016).

O estudo realizado por Mendonça et al. (2022), analisa como as plataformas digitais afetam o contexto de trabalho de imigrantes brasileiros que residem no Reino Unido, exercendo ocupações de entregadores em aplicativos de delivery. Os entrevistados relatam como a plataformização do trabalho mudou a sua inserção: “É melhor ser entregador do que faxineiro, hoje em dia é difícil encontrar alguém que queira trabalhar como faxineiro ou em restaurantes” (p. 10). Outro migrante reforça a motivação econômica “Em três anos como entregador ganho mais que o dobro do que em 13 anos em outros serviços” (Mendonça et al., 2022, p. 9).

Por outro lado, Lyra (2023) analisa as práticas de influenciadores digitais imigrantes venezuelanos no Nordeste do Brasil, que se tornam referências para sua comunidade no país de origem. Assim, seus perfis têm um capital social valorizado, no sentido de Recuero (2012), pela quantidade de seguidores, curtidas, visualizações, entre outras métricas de engajamento e monetização (Lyra, 2023).

Cogo (2015) afirma que os migrantes criam estratégias tanto para o enfrentamento dos desafios próprios ao processo migratório (regulamentação de documentos, informação, controle da mobilidade etc.) quanto para a recriação de experiências vinculadas ao país de origem.

Nesse sentido, estudos como de Cogo (2019); Cogo e Santos (2021) trazem importantes contribuições ao refletirem sobre a consolidação de grupos e coletivos que lutam, seja pela divulgação de narrativas sobre os direitos migratórios, seja pela denúncia e visibilidade das experiências do racismo à brasileira. Esses trabalhos apontam para a ligação entre redes sociais virtuais e ativismo migrante que pode impactar tanto nas sociedades de residência, quanto nas de origem.

Outra questão relevante para o estudo da webdiáspora tem relação com o acesso à internet e às plataformas digitais. Em estudo de Camargo et al. (2022), é tratado o acesso às TIC’s por imigrantes venezuelanos em centros de acolhida durante a pandemia de Covid-19, oferecendo um olhar sobre como a vulnerabilidade impacta o acesso digital, que por sua vez impacta o acesso à educação, ao trabalho, entre outras esferas mediadas pelo digital.

Esses estudos empregaram diversas abordagens metodológicas, utilizadas em relação a comunidades de migrantes, que conformam um conjunto variado de usos e impactos da webdiáspora no processo migratório. Apesar das contribuições valiosas dos estudos elencados, é importante reconhecer que, diante do rápido avanço das TIC’s em diferentes aspectos da vida (Bruno, 2013) por um lado, e das mudanças nas dinâmicas de migração e refúgio global e local (OIM, 2022) por outro, as abordagens utilizadas podem apresentar limitações para aprofundar a compreensão dos usos, configurações e impactos da webdiáspora na contemporaneidade.

Metodologia

Frente à diversidade de conceitos e prismas sobre o estudo da diáspora em plataformas digitais e visando agregar conhecimentos à questão formulada, o presente trabalho objetiva compreender, por meio do método de revisão de literatura, qual o estado da arte das produções brasileiras que utilizam do conceito de diáspora em plataformas digitais.

Segundo Ferreira (2002), pesquisas de revisão de escopo procuram levantar o estado da arte de determinado conceito, temática ou área de conhecimento, com uma abordagem qualitativa. Neste sentido, o método se utiliza de técnicas narrativas de caráter descritivo – tendo como instrumento de coleta o levantamento de produções científicas por meio da Revisão Bibliográfica Sistemática (RBS) – em bancos de dados e periódicos científicos (Severino, 2007).

Os procedimentos realizados foram, primeiramente, a realização da RBS nas bases de dados: Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Scientific Electronic Library Online (Scielo). A escolha de tais bases perpassa os critérios de somente indexarem artigos de periódicos regularmente cadastrados na Plataforma Sucupira e com International Standard Book Number (ISBN), fornecendo, desse modo, maior confiabilidade e qualidade das revistas. Além de tais bases divulgarem pesquisas no campo das Ciências Sociais e Humanas, e terem acesso aberto ao campo virtual com grande abrangência na divulgação de artigos oriundos de pesquisas no país.

Os critérios de inclusão foram: 1) artigos que visam pesquisar as diásporas mediadas pelas TIC’s; 2) estudos realizados com comunidades de imigrantes transnacionais; 3) artigos publicados em revistas nacionais ou internacionais que tenham sido realizados no Brasil; 4) somente artigos completos (excluindo resumos, manuais, capítulos de livros, entre outros). Já os critérios de exclusão foram: 1) estudos duplicados que aparecem em ambos os bancos de dados; 2) pesquisas que não são estudos empíricos com imigrantes e suas narrativas.

A escolha dos descritores se deu perante os termos que mais aparecem na literatura internacional, como aponta Ponzanesi (2020). Para a busca dos termos foi utilizado a técnica de Operadores Booleanos, instrumento de busca em plataformas e bases de dados na internet que oferece um conjunto de caracteres de ligação de termos como AND, OR e NOT. Assim, os descritores utilizados foram: 1) “Net” AND “Diaspora”; 2) “E” AND “Diaspora”, 3) “Webdiaspora”; 4) “Digital” AND “Diaspora”; 5) “Online” AND “Diaspora” [1].

O levantamento foi realizado entre os dias 20 a 25 de setembro de 2023. Se utilizou como método de inclusão e exclusão inicialmente a leitura flutuante dos resumos dos artigos que, de acordo com Severino (2007), é um primeiro instrumento de análise para conferir se os textos estão dentro dos critérios pré-estabelecidos.

Já a segunda etapa foi a leitura dos artigos pré-selecionados partindo da metodologia da Análise Temática e Interpretativa dos textos (Severino, 2007) buscando compreender, por meio de uma leitura aprofundada, as características e nuances dos artigos segundo os objetivos da pesquisa.

Resultados e discussão

O processo de busca de artigos nas bases de dados da Capes e Scielo resultou em um total de nove artigos relevantes. A busca inicial na base da Scielo proporcionou a identificação de três artigos, conforme apresentado no Quadro 1. Buscas utilizando diferentes termos não produziram resultados adicionais, uma vez que o algoritmo da base de dados categorizou os mesmos estudos. Na base de dados da Capes, foi possível identificar seis artigos, a maioria localizada através do termo webdiaspora, como pode ser observado no Quadro 1.

Quadro 1 - Caracterização dos artigos levantados nas bases de dados.

https://bit.ly/49WM5Su 

Fonte: Elaborado pelos autores (2023).

O Quadro 2 apresenta a caracterização dos artigos encontrados nas duas bases de dados, destacando informações relevantes, como autor, ano de publicação, objetivos, método e foco do estudo. Os resultados indicam que a busca inicial produziu um conjunto limitado de artigos relevantes, destacando a necessidade de considerar estratégias adicionais para abranger o tópico da diáspora nas plataformas digitais no Brasil.

Quadro 2 - Caracterização dos artigos segundo a metodologia.

https://bit.ly/3xUXG7h 

Fonte: Elaborado pelos autores (2023).

A análise dos resultados revela um panorama dinâmico das implicações das mudanças e atualizações no conceito mais utilizado em pesquisas sobre a diáspora no contexto virtual: a webdiáspora.

As pesquisas de Brignol (2015; 2021) e Brignol e Costa (2016) sobre os migrantes senegaleses no sul do Brasil proporcionam uma visão aprofundada das redes sociais migratórias e das práticas comunicacionais desses imigrantes. Mediante métodos etnográficos, essas pesquisas analisam o uso das TIC’s para estabelecer conexões interpessoais e interculturais.

O estudo de ElHajji e Malerba (2016) examina as potencialidades e limitações da webdiáspora no contexto das webrádios comunitárias migrantes. A pesquisa destaca as plataformas digitais como ferramentas para a democratização dos meios de comunicação, desafiando conceitos tradicionais de comunicação comunitária e explorando novas formas de participação. Tais dinâmicas fortalecem as conexões transnacionais e oferecem oportunidades para a divulgação da diversidade cultural e o entendimento intercultural.

No artigo de ElHajji e Escudero (2016), os autores se perguntam pela construção da memória coletiva dos grupos diaspóricos através da web. Partindo de uma reflexão teórica que recupera as noções de memória coletiva (Halbwachs, 2006), do espaço nostálgico (Sayad, 1998) e das migrações transnacionais, os autores realizam uma breve análise de alguns exemplos da webdiáspora no Brasil e destacam os processos subjetivos de “consolidação do sentimento de pertencimento ao grupo e manutenção dos laços comunicativos transnacionais” (ElHajji; Escudero, 2016. p. 26).

Ávila (2019), se concentra nas tecnologias de comunicação e informação e seu impacto na formação de um “capital de mobilidade” entre migrantes haitianos. Para o autor, o uso das TIC’s “não fica restrito apenas à natureza das redes como ferramentas para a manutenção de vínculos afetivos, mas seu uso acaba por modificar a forma do indivíduo migrante e, inclusive, contribui na decisão de migrar” (2019, p. 56).

A pesquisa de Escudero (2022), concentrou-se na utilização de grupos de Facebook por brasileiros estabelecidos no Chile para promover "negócios étnicos". Essa pesquisa fornece insights sobre como as plataformas digitais podem ser usadas como espaços de empreendedorismo na diáspora, apontando para a dimensão econômica da webdiáspora.

O artigo de Cogo e Santos (2021) apresenta uma importante contribuição acerca da temática diaspórica focando em como as plataformas digitais podem ser utilizadas por imigrantes venezuelanos para o ativismo tanto nas sociedades de residência, quanto nas de origem. Já em estudo de Cogo et al. (2023), é focado nas vulnerabilidades sociais de imigrantes venezuelanos em centros de acolhida e na falta ou dificuldade de acesso às TIC’s, o que acaba afetando e produzindo desigualdades de acesso e uso das plataformas digitais.

Ao analisar os artigos identificamos, primeiramente, uma diversificação das comunidades diaspóricas. Os estudos de Brignol (2015, 2021) e Brignol e Costa (2016) foram pioneiros em mostrar que a webdiáspora não se limita apenas a grupos migratórios mais antigos. Em vez disso, a webdiáspora engloba diversas comunidades migrantes como os senegaleses (Brignol, 2015, 2016, 2021), os haitianos (Ávila, 2019), bolivianos, argentinos e peruanos (ElHajji; Escudero, 2016), cubanos (Cogo; Santos, 2021) venezuelanos (Cogo et al. 2023), ou brasileiros no exterior (Escudero, 2022); cada uma com suas próprias dinâmicas e formas de uso das TIC’s. Ainda, estudos como o de ElHajji e Malerba (2016) abordam comunidades não necessariamente nacionais.

Por outra parte, é esse mesmo estudo (ElHajji; Malerba, 2016) que aponta que a webdiáspora não está restrita a uma localização geográfica específica. Webrádios comunitárias, por exemplo, podem alcançar audiências em todo o mundo, promovendo uma conectividade global estendida, promovendo suas culturas em escala internacional.

A questão da espacialidade é aprofundada nas reflexões de ElHajji e Escudero (2016) ao analisar a configuração da memória coletiva tendo em vista o caráter (a)espacial da webdiáspora. Apesar da sua ancoragem virtual, a webdiáspora “oferece preciosos subsídios mnemônicos para as comunidades de imigrantes que se encontram no exílio” (2016, p. 26).

Outro ponto significativo diz respeito à dimensão econômica da webdiáspora. O estudo de Escudero (2022) destaca as implicações econômicas da webdiáspora, evidenciando como as plataformas digitais podem ser usadas para promover negócios étnicos e influenciar a mobilidade econômica dos migrantes. No entanto, pelas características do objeto de estudo (grupos de Facebook), a pesquisa não aborda questões relativas a métricas, engajamento e monetização próprias de outras plataformas digitais (como perfis individuais do Facebook, Instagram, Youtube etc).

Por outro lado, a análise revelou uma notável diversidade nas abordagens metodológicas empregadas na pesquisa sobre webdiáspora no Brasil. Muitos dos estudos adotaram abordagens qualitativas que enfatizam a interação direta com as comunidades migrantes. Brignol (2021), Brignol e Costa (2016) e Cogo et al. (2023), por exemplo, adotam uma abordagem descritiva, utilizando técnicas etnográficas como observação, análise de redes sociais e entrevistas semiestruturadas. Essa metodologia permitiu uma imersão profunda nas redes sociais migratórias dessas comunidades, oferecendo reflexões valiosas sobre suas práticas e processos de comunicação. Por sua vez, o estudo de Ávila (2019) empregou uma abordagem interpretativa, utilizando análise de conteúdo e entrevistas com migrantes haitianos. Essas metodologias permitiram compreender as experiências dos migrantes e a dinâmica das interações on-line, revelando a importância da pesquisa de campo e da observação na investigação da webdiáspora.

Já ElHajji e Malerba (2016) realizaram estudos de caso específicos de webrádios comunitárias de grupos migrantes; enquanto Escudero (2022) e Cogo e Santos (2021) utilizaram a análise de conteúdo de grupos de Facebook e perfis no Twitter. ElHajji e Escudero (2016) combinaram a análise de conteúdo com uma discussão teórica. A diversidade metodológica observada ressalta a flexibilidade das pesquisas e fornece uma visão multifacetada que evidencia diferentes aspectos da webdiáspora. Contudo, ressaltamos a importância de considerar algumas limitações de cada abordagem.

À medida que avançamos, identificamos desafios e lacunas que merecem atenção contínua para uma melhor compreensão do fenômeno da webdiáspora em evolução. Um dos principais desafios é abordar uma gama diversificada de grupos migrantes. Muitas vezes, os estudos tendem a se concentrar em comunidades mais visíveis ou numerosas, deixando de fora grupos menores ou menos representados. Também, na maioria dos casos, se abordam comunidades nacionais, excluindo análises sobre outros tipos de pertencimento, como pode ser o gênero, orientação sexual, raça, etnia etc. Para uma compreensão aprofundada da webdiáspora – ou melhor, webdiásporas – nos parece essencial incluir uma ampla variedade de grupos migrantes, que possam trazer à tona as diversas configurações das TIC’s e redes sociais virtuais e seus impactos nas subjetividades das pessoas migrantes.

A existência de barreiras de acesso à internet e tecnologia para algumas comunidades migrantes também é uma questão significativa, o que pode limitar sua participação nas plataformas digitais e, consequentemente, na pesquisa sobre webdiáspora. Ainda que Cogo et al. (2023) tratem esse tópico, é uma questão que deveria perpassar todos os estudos sobre o tema.

Por outra parte, nos perguntamos se o conceito de webdiáspora poderia ser também utilizado para pensar a apropriação das TIC’s nas migrações internas. O conceito de diáspora poderia ser utilizado para uma comunidade que migra dentro da própria nação?

Cogo e Santos (2022) e Cogo (2019) – este último estudo não apareceu nas buscas nas bases de dados que o presente artigo analisou – investigam como imigrantes usam as plataformas como locais de ativismo. No entanto, consideramos que é uma das áreas menos exploradas. Como as atividades on-line das comunidades migrantes afetam a formulação de políticas e a resposta do governo? Essa questão requer mais investigação para entender se e como a webdiáspora pode influenciar o cenário e as decisões políticas.

Por outro lado, pesquisar sobre o uso de plataformas digitais levanta questões éticas e de privacidade. Tendo em vista que nem todas as interações on-line são públicas (chats, grupos fechados etc.), como lidar com a observação on-line ou a coleta de dados sensíveis sem invadir a privacidade dos participantes? Essa é uma reflexão que pode abrir todo um leque de estudos.

Frente ao conceito emergente de capitalismo de vigilância – que parte da noção de compreender como as empresas de tecnologia utilizam os algoritmos e sua capacidade de vigilância, para lucro com venda de dados sensíveis de usuários (Bruno, 2013; Zuboff, 2015) – resta saber qual é o seu impacto na reconfiguração da webdiáspora. Ao mesmo tempo, questões relacionadas à segurança, à violência e à discriminação digital (Zuboff, 2015) podem afetar comunidades on-line e precisam ser exploradas em detalhe. Com isso, se torna necessário considerar nas pesquisas os riscos que as comunidades migrantes em um constante processo de vigilância podem enfrentar ao compartilhar informações on-line.

Além disso, embora tenhamos vislumbrado o impacto econômico e cultural da webdiáspora, há uma lacuna na compreensão de como essas mudanças afetam as comunidades migrantes a longo prazo. Por exemplo, seria importante considerar de que forma as atividades econômicas da webdiáspora estão contribuindo para a economia local e global, também em interface às questões relativas à ideologia neoliberal do empreendedorismo de si (Druck, 2021).

Em suma, são necessários estudos longitudinais para acompanhar o desenvolvimento dessas tendências e entender melhor os efeitos a longo prazo da webdiáspora nas comunidades migrantes e na sociedade em geral. As mudanças e atualizações reveladas pelas pesquisas analisadas ampliam nosso escopo e incentivam uma abordagem mais inclusiva das migrações contemporâneas.

Considerações Finais

Ao longo deste estudo foi investigado como as pesquisas sobre migrações no contexto brasileiro utilizam o conceito de diáspora nas plataformas digitais. A partir de uma abordagem de revisão da literatura, a análise destacou o conceito mais utilizado sobre diáspora digital, a webdiáspora. Os resultados sugerem que as plataformas digitais desempenham um papel significativo nas experiências de diáspora e migração no Brasil, proporcionando um espaço para conexões, comunicação e expressão intercultural.

O conceito de diáspora nas plataformas digitais, ou webdiáspora, emerge como um tema relevante e dinâmico nas pesquisas sobre fluxos migratórios transnacionais no país. A webdiáspora abrange uma gama de grupos migrantes e transcende as fronteiras geográficas tradicionais. Como apontado, é necessária uma visão mais abrangente das experiências das comunidades migrantes, levando em consideração aspectos culturais, sociais e econômicos.

À medida que as tecnologias digitais avançam, as comunidades migrantes se adaptam a novas plataformas e formas de comunicação, e os fluxos migratórios se reconfiguram. O fenômeno da webdiáspora se transforma. O conceito de webdiáspora não é estático; ele é moldado pelas dinâmicas sociais, culturais e tecnológicas em constante evolução. Segundo discutido por autores ao longo dos anos (Everett, 2009; Bernal, 2014; Cogo, 2015; Dekker et al., 2016), a diáspora como fenômeno psicossocial vivo transforma-se acompanhando as tecnologias e a cultura. Portanto, é fundamental capturar com precisão as complexidades das experiências migratórias no mundo digital contemporâneo.

Além disso, a reflexão sobre webdiáspora é vital para informar políticas e estratégias relacionadas à migração. À medida que as comunidades migrantes continuam a utilizar as plataformas digitais de maneiras diversas, as políticas governamentais e as práticas sociais devem se adaptar para atender às necessidades em constante mudança.

No cenário atual da pesquisa sobre diáspora digital no contexto brasileiro, identificamos algumas lacunas e questões não abordadas, como a carência de estudos abrangentes sobre fluxos migratórios internos no Brasil. Essa lacuna limita nossa compreensão das diásporas digitais em um contexto nacional diversificado e culturalmente rico.

Em conclusão, este estudo lançou luz sobre a evolução dinâmica do conceito de webdiáspora no contexto das migrações brasileiras, destacando seu alcance global, impacto econômico e transformações contínuas. As descobertas aqui apresentadas ressaltam a necessidade de uma abordagem em contínua atualização para entender as complexas interações entre migrações, plataformas digitais, experiências e subjetividades das comunidades migrantes. Através de um compromisso incessante com a pesquisa e a reflexão, podemos avançar na compreensão das migrações no mundo digital contemporâneo e trabalhar em direção a políticas mais aprimoradas e sociedades mais inclusivas.

Notas

[1] Os termos foram pesquisados utilizando a grafia “Diaspora” sem acento em português, buscando estender a dimensão de pesquisas que possam ter sido publicadas em periódicos internacionais, levando em conta a universalidade da língua inglesa no meio de divulgação científica.

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