Perspectivas de desenvolvimento e a construção da identidade no território Geoparque Quarta Colônia

Mauricio Rebellato1, Luciomar de Carvalho2 e

Flavi Ferreira Lisboa Filho3

Resumo

Estar inserido em um determinado território não é condicionante para que os indivíduos compartilhem dos mesmos interesses, costumes e vivências daquele meio. Mas, quando isso ocorre e há uma identificação mútua, os indivíduos tendem a se agrupar, legitimando identidades, que através de uma ação coletiva, podem resultar em benefícios coletivos. Todavia, sabe-se que essas identidades são construídas através de relações de poder. Desse modo, a partir de uma revisão de literatura, discute-se neste texto a construção da identidade de indivíduos pertencentes ao território do Geoparque Mundial Unesco Quarta Colônia. Parte-se do pressuposto de que existe uma identidade territorial formada por elementos e características em comum que vinculam os indivíduos a determinados espaços geográficos. Para isso, considera-se também que os patrimônios culturais e naturais auxiliam na formação dessa identidade coletiva e podem reforçar o sentimento de pertença ao território. Ao longo do artigo, fica evidente que elementos positivos comuns ao território, como as manifestações culturais e ambientes naturais, podem construir e fortalecer uma identidade coletiva visando ao desenvolvimento sustentável. Neste sentido, a comunicação é vista não como uma ferramenta tecnicista, mas como meio articulador junto ao território, pois além de difundir a informação, cria vínculos e fortalece identidades.

Palavras-chave

Desenvolvimento; Comunicação; Cultura; Identidade; Geoparque.

1 Doutorando no POSCOM - UFSM. E-mail: mauricio-rebellato@hotmail.com.

2 Pós-doutorando, com financiamento do CNPq. POSCOM - UFSM. E-mail: luciomar.carvalho@ufsm.br.

3 Doutor em Comunicação. Pesquisador Bolsista do CNPq, nível 2. E-mail: flavi@ufsm.br.

Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 18, n. 1, p. 179-194, jan./abr. 2024                                         DOI 10.34019/1981-4070.2024.v18.42841

Development perspectives and the construction of identity in the Quarta Colônia Geopark territory

Mauricio Rebellato1, Luciomar de Carvalho2 and

Flavi Ferreira Lisboa Filho3

Abstract

Being inserted in a certain territory is not a condition for individuals to share the same interests, customs and experiences in that environment. But when this occurs and there is mutual identification, individuals tend to group together, legitimizing identities, which through collective action can result in collective benefits. However, it is known that these identities are constructed through power relations. Thus, through a literature review, this text discusses the construction of the identity of individuals belonging to the territory of a Unesco World Geopark Quarta Colônia. It starts from the assumption that there is a territorial identity formed by elements and characteristics in common that link individuals to certain geographic spaces. For this, it is also considered that cultural and natural heritage helps in the formation of this collective identity and can reinforce the feeling of belonging to the territory. Throughout the article, it is evident that positive elements common to the territory, such as cultural manifestations and natural environments, can build and strengthen a collective identity aimed at sustainable development. In this sense, communication, seen not as a technical tool, but as a means of articulating with the territory, in addition to disseminating information, creates bonds and strengthens identities.

Keywords

Development; Communication; Culture; Identity; Geopark.

1 Doutorando no POSCOM - UFSM. E-mail: mauricio-rebellato@hotmail.com.

2 Pós-doutorando, com financiamento do CNPq. POSCOM - UFSM. E-mail: luciomar.carvalho@ufsm.br.

3 Doutor em Comunicação. Pesquisador Bolsista do CNPq, nível 2. E-mail: flavi@ufsm.br.

Juiz de Fora, PPGCOM – UFJF, v. 18, n. 1, p. 179-194, jan./abr. 2024                                         DOI 10.34019/1981-4070.2024.v18.42841

Introdução

Falar sobre a construção das identidades é resgatar aquilo que aproxima, encoraja, mobiliza e constrói uma sociedade. Mas também, é tratar do que exclui, difere e distancia povos. Identidades são mediadas e construídas através de relações de poder, permeadas e determinadas por aqueles que atribuem o valor simbólico e aqueles que a elas se identificam ou não, atribuindo um significado.

O processo de construção identitária, seja entre atores coletivos ou individuais, não é único e pode variar de acordo com clivagens geracionais, de gênero, étnicas, territoriais etc. Por isso, é preciso compreender as diversas circunstâncias que deram origem à identidade, ao serem processadas, como os fatores históricos, políticos, institucionais, individuais, entre outros, que, por sua vez, auxiliam a compreender por que, como, a partir de quem e para que as identidades se desenvolvem.

Entre tantas possibilidades, a identidade pode estar relacionada com a língua, com a religião e com o local em que o indivíduo está inserido. Desse modo, voltamos o olhar para o território da Quarta Colônia Geoparque Mundial da Unesco [1], na região central do Rio Grande do Sul, uma área composta por nove municípios.

Um geoparque, a partir da definição da Unesco, é um território de limites definidos, com uma área de grande importância histórica, geológica, paleontológica e que possa servir de apoio ao desenvolvimento sustentável local. Um conjunto de fatores que, para Lisboa Filho e Nunes (2021), auxilia na construção identitária de um coletivo e desperta a comunidade para a preservação, o que “também é um modo de construir e fortalecer uma identidade, nesse caso a territorial.” (Lisboa; Nunes, 2021, p. 169).

Temos como objetivo discutir como se dá o processo de construção das identidades dos indivíduos inseridos neste território. Partimos do pressuposto de que existe uma identidade territorial formada por elementos e características em comum que vinculam os indivíduos a determinados espaços geográficos. Outro fator importante a ser pensado sobre o desenvolvimento territorial é o de que a comunicação tem a capacidade de estabelecer conexões e robustecer um passado partilhado entre os indivíduos. Nesse caso, não falamos daquilo que já existe no repertório comum de cada sujeito, mas do resgate de elementos que, por decorrência do tempo, talvez tenham sido apagados e/ou silenciados.

A articulação com a comunicação é amparada na perspectiva trabalhada por Peruzzo (2014), que afirma que os meios de comunicação estimulam de forma direta e indireta a mobilidade e o desenvolvimento da economia e podem ser usados em benefício da ampliação da cidade e na interação com outras forças constitutivas da sociedade. A partir desse enfoque, a comunicação pretende se alinhar a um modelo de desenvolvimento que “só faz sentido se promover a igualdade no acesso à riqueza e o crescimento integral da pessoa e de todos, ou seja, se tiver como mola-mestra o ser humano'” (Peruzzo, 2014, p. 49).

O expediente proposto junto ao território alinha-se ao Plano de Desenvolvimento Institucional-PDI da Universidade Federal de Santa Maria, em especial ao Desafio 6, que trata do Desenvolvimento Local, Regional e Nacional, desde 2019. Além disso, é um dos trabalhos pioneiros no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria a problematizar a temática, estabelecendo uma relação entre a construção da identidade e um território geoparque.

Essa discussão se articula a partir de estudos teóricos desenvolvidos nas últimas décadas por autores que têm observado e avaliado o processo de construção das identidades e suas possíveis implicações. O eixo teórico para o estudo das relações entre identidade e geoparque combina a sociologia de Castells (1999) com as outras contribuições de autores latino-americanos que direcionam suas pesquisas para as temáticas de identidade, território e geoparque, cotejados aos de patrimônios cultural e natural, como Barquero (2007), Figueiró e Cruz (2021) e Lisboa Filho (2022).

Metodologicamente, partimos de uma pesquisa bibliográfica para compreender a temática das identidades e dos geoparques. Para isso, realizamos em 2022 um levantamento quantitativo de trabalhos publicados sobre as temáticas do desenvolvimento e da comunicação em todo o país. Através do Catálogo de Teses e Dissertações da Capes, foi identificada a existência de 622 teses de doutorado apresentadas nas áreas de desenvolvimento e comunicação, entre 2013 e 2022, mostrando ser uma temática que passou a ser trabalhada recentemente nas pesquisas acadêmicas. Já na base da Scielo, foram buscados artigos que relacionam comunicação e desenvolvimento. Ao todo foram identificados 356 artigos com as duas temáticas entre os anos 2000 e 2021, também sinalizando para publicações recentes e que ainda há espaço para futuras pesquisas.

De forma mais aprofundada, tentamos entender as pesquisas locais – na instância estadual – sobre o tema. Procuramos quais as Universidades Federais do Rio Grande do Sul possuem cursos de doutorado na área de Comunicação, para avaliação das teses que trabalham com a temática da comunicação e do desenvolvimento. Identificamos, assim, duas Universidades que possuem o curso: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Universidade Federal de Santa Maria. A partir disso, foram consultados os bancos de teses dessas universidades. A ideia inicial foi verificar quais trabalham de alguma forma com a temática do desenvolvimento, desde que estabeleçam relação com a comunicação. Foram encontradas 105 teses cadastradas nos sites de buscas das duas Universidades. Para selecionarmos as teses que fossem contribuir com este estudo, usamos os títulos, palavras-chaves (comunicação, desenvolvimento e geoparque) e resumo de cada tese, sendo identificadas 16 que trabalham com a perspectiva do desenvolvimento. Porém, nem todas fazem uma articulação da temática com a Comunicação.

Em um segundo momento, incluímos também as quinze Universidades Comunitárias existentes no Rio Grande do Sul. Neste caso, além dos cursos de pós-graduação em Comunicação, também buscamos os programas de doutorado na área do desenvolvimento. Através dos bancos de teses de cada instituição, foram identificadas 976 teses de doutorado. Assim, analisamos todos os trabalhos, seguindo os mesmos critérios da primeira etapa e chegamos a mais 19 trabalhos que citam a comunicação, estabelecendo uma relação com o desenvolvimento ou com a transformação de determinado grupo ou comunidade.

Somando as duas etapas da pesquisa bibliográfica foram encontrados 1.081 trabalhos, mas apenas 35 dedicados à temática do desenvolvimento através do viés da comunicação. Por fim, também buscamos as teses de doutorado apresentadas em todo o país sobre a temática geoparque, elaborando um fichamento inicial do material encontrado.

Após conhecer um pouco da trajetória de pesquisa que envolve a comunicação e o desenvolvimento em nosso país, foi possível afirmar que a dimensão cultural no desenvolvimento ganha forma a partir de análises em diferentes campos do saber. Ao longo do texto, traremos diversas perspectivas apontadas nas pesquisas encontradas, que contribuíram para a revisão bibliográfica.

Na primeira seção deste artigo discute-se acerca da identidade, enquanto elemento que facilita o reconhecimento de uma pessoa no âmbito social, seja de forma individual ou coletiva e que pode levar a mudanças sociais. Na sequência, discorre-se como comunidades locais construídas por meio da ação coletiva e preservadas pela memória coletiva constituem-se em fontes específicas de identidade. No terceiro item aborda-se a construção dessa identidade em um território geoparque. Por fim, apresentamos as considerações finais com as principais inferências deste artigo.

De que identidade falamos?

De uma forma geral, a identidade é o conjunto das qualidades, formas de viver e características particulares que torna possível a identificação de uma pessoa. A partir dessa ideia generalista sobre o termo, avançamos para algo que é inerente à identidade: o contexto sociocultural no qual o sujeito está inserido. A identidade não pode ser considerada uma essência em si mesma, mas uma criação humana produzida socioculturalmente e consequentemente sujeita aos contextos em que está inserida.

Por estar vinculada aos contextos sociais, faz parte também de estruturas simbólicas e discursivas presentes em uma estrutura de poder. Embora guardadas as distinções nas quais as sociedades convivem de forma coletiva, de maneira geral pode-se dizer que é um conjunto que se sobrepõe ao individual.

Para Castells (1999), as identidades integram-se às tendências sociais, projetos culturais e a visão de tempo/espaço dos atores sociais. Elas não são fixas, mas construídas com base em um atributo cultural ou uma totalidade de atributos culturais, que se organizam a partir da cultura. Porém essa constituição da identidade do sujeito tem sofrido transformações, através da globalização, onde as distâncias foram reduzidas na sociedade em rede e muitas culturas se aproximaram, levando à disseminação de informações, por vezes desenfreada, e a uma maior troca cultural.

Nesse contexto de construção das identidades, Castells (1999) afirma que elas podem se agrupar em três tipos. A identidade legitimadora é introduzida pelas instituições dominantes da sociedade para expandir e racionalizar sua dominação. Essa identidade dá origem a uma sociedade civil, a um conjunto de instituições e organizações, a atores sociais estruturados e organizados, que mesmo que de modo conflitante, reproduzem a identidade que racionaliza as fontes de dominação estrutural. A identidade de resistência é criada por atores em posições ou condições desvalorizadas ou estigmatizadas pela lógica de dominação, construindo trincheiras de resistência e sobrevivência com base em princípios diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade. É a que dá origem às resistências coletivas diante das opressões, atuando de forma contra-hegemônica ou contracultural. Já a identidade de projeto ocorre quando os atores sociais se utilizam de qualquer tipo de material cultural, construindo uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade, visando transformar toda estrutura social.

Neste artigo, a partir do viés dos Estudos Culturais, a identidade é entendida como o ponto de partida para se enxergar as comunidades a partir da ótica da comunicação. Para Hall (2006), as pessoas geram sentidos de pertencimento a uma comunidade simbólica e é nas práticas culturais que está uma das principais formas de expressão dos grupos. A identidade cultural para Hall (2006) se dá no âmbito do convívio social e é um processo consciente, por isso necessita ser evocada, evidenciada e/ou resgatada através das ações e visões de mundo do indivíduo. Lisboa Filho e Nunes (2021) afirmam que a identidade cultural não nasce por si só, pois necessita de algum outro elemento, que remete às escolhas e diferenciações.

Para França (2001), a construção do sujeito social se realiza pelos discursos, pois é através deles que o indivíduo se dá a conhecer, diz quem é e se reconhece. Assim, as identidades são produtos de discursos que tornam viável a projeção dos diversos modos de existência dos sujeitos na vida social. Todavia, a construção identitária só estará completa com a comunicação dessa identidade com o mundo. Lançar um olhar da comunicação sob as identidades ocorre aqui a partir da confluência das mais diferentes representações sociais feitas do geoparque e de seu povo, de seu território e também das mediações, numa concepção barberiana em que a comunicação se constitui no processo no qual as representações são produzidas, negociadas e atualizadas no campo das relações. Conforme França (2001), os sujeitos interlocutores produzem, se apropriam e atualizam permanentemente os sentidos que moldam seu mundo.

Falar sobre representações, especificamente de grupos organizados, e a forma como estes são vistos é estar próximo, lado a lado, da construção identitária. De acordo com Carvalho e Lisboa Filho (2019), o conceito de representação, por vezes, aciona o de identidade, que corresponde ao conjunto de características que servem como reconhecimento de determinado grupo social. As identidades constituem fontes de significado para os próprios atores, construídas por um processo individual. Embora elas possam ser formadas a partir de instituições dominantes, desde que os atores sociais as internalizem.

Ao gerar uma identificação, há também um sistema de classificações, e estas não podem ser dissociadas das estruturas de poder. Ao fazer uma classificação, naturalmente são feitas hierarquizações que se traduzem em identificação ou desidentificação, pertencimento ou não pertencimento e ainda, inclusão e exclusão. A classificação é realizada a partir de um ponto de vista, de quem classifica, que pode pertencer a pessoas, grupos, instituições ou sistemas específicos, mas que invariavelmente não pode ser isenta.

Através da relação entre o local e o global, os indivíduos se veem forçados a negociações, a optarem por estilos de vida em meio a uma série de possibilidades. Para Castells (1999), exceto para a elite que ocupa o espaço atemporal de fluxos de redes globais, o planejamento reflexivo torna-se impossível. As sociedades civis encolhem-se e se desarticulam, pois não há continuidade entre a lógica da criação de poder na rede global e a lógica de associação e representação em sociedades e culturas específicas. Assim, a busca pelo significado ocorre no âmbito da reconstrução de identidades defensivas em torno de princípios comunais. A maioria das ações sociais se organiza na oposição entre fluxos não identificados e identidades segregadas. A noção de identidade pressupõe, mesmo que inconscientemente, a ideia de alteridade e, assim, havendo um “eu” e um “outro”, como já mencionado, a possibilidade de conflito ou disputa de poder já está instalada.

Nesse contexto em que se fala de comunicação, cultura e identidade, é preciso destacar a relação de poder que a mídia assume na construção das identidades, mas não como única fonte legitimadora, mas pertencente a esse campo. Para Bourdieu (1998), algumas concentrações de poder simbólico são tão grandes que dominam toda a paisagem social; parecem tão naturais, que são difíceis de serem percebidas pelas pessoas. Dessa maneira, o poder simbólico atua como poder de construir a realidade social. O campo de poder é o espaço acima e além dos campos específicos onde operam as forças que disputam a influência sobre as interrelações entre os campos: o Estado é o principal ponto de referência. O modo como se experimenta a vida em sociedade deriva de estruturas que regem e norteiam o comportamento humano. Nesse sentido, a escola, a família, a mídia, a religião etc., desempenham um importante papel no desenvolvimento das estruturas.

Identidades territoriais: a comunidade local em um geoparque

Um dos mais antigos debates da sociologia urbana diz respeito ao desaparecimento do conceito de comunidade, primeiro em razão da urbanização e depois por causa da suburbanização. Mesmo assim, as pessoas socializam e interagem em seu ambiente local, seja ele a vila, a cidade, o subúrbio etc., formando redes sociais entre seus vizinhos. Para Castells (1999), as pessoas resistem ao processo de individualização e tendem a se agrupar em organizações comunitárias que ao longo do tempo geram um sentimento de pertença e, em última análise, em muitos casos, uma identidade cultural comunal. O autor apresenta a hipótese de que para que isso aconteça se faz necessário um processo de mobilização social, isto é, as pessoas precisam participar de movimentos pelos quais são revelados e defendidos interesses em comum, a vida é compartilhada e um novo significado pode ser produzido.

Os movimentos feitos por uma comunidade local são voltados a três conjuntos de horizontes principais: coletivismo, identidade cultural local e maior autonomia política local. Unidos esses elementos chegam a produzir algum significado para a comunidade e são a principal resistência ao unilateralismo dado pelo capitalismo, estatismo e informalismo. Eles pedem maior participação no desenvolvimento da comunidade, preocupam-se com a conservação de seu próprio espaço e com um processo de sobrevivência coletiva de comunidades, na maioria das vezes, de baixa renda. Para Barquero (2007), falar de desenvolvimento é tratar de uma visão territorial que se apoia na ideia de que a “comunidade local foi se formando, historicamente, a partir das relações e vínculos de interesses de seus grupos sociais, da construção de uma identidade e de uma cultura própria que a diferencia das demais comunidades.’’ (Barquero, 2007, p. 188) (tradução nossa) [2].

As comunidades locais, construídas por meio da ação coletiva e preservadas pela memória coletiva, constituem-se em fontes específicas de identidade. Essas identidades, no entanto, consistem em reações defensivas contra as condições impostas pela desordem global e pelas transformações incontroláveis e em ritmo acelerado.

Gohn (2011) afirma que quando existe a união a partir de movimentos, se criam sujeitos para a atuação em rede, identidades para grupos que antes eram dispersos e desorganizados e, ao realizar tais ações, projetam em seus participantes sentimentos de pertencimento social.

Assim, apresenta-se na sequência o Quarta Colônia Geoparque Mundial da Unesco como objeto de estudo de valorização e preservação dos patrimônios cultural e natural para o desenvolvimento sustentável. Um território que permite pensar na construção da identidade dos indivíduos ali inseridos. Considera-se que os patrimônios auxiliam na formação da identidade de um coletivo, valorizam e preservam a diversidade; e que através deles se fortalece e se reforça o sentimento de pertença ao território.

Neste sentido, as vinculações territoriais atuam como formadoras de identidades. Sendo assim, podemos destacar o papel dos patrimônios culturais e naturais no processo de identificação e valorização dos elementos presentes em nosso meio social. A questão patrimonial ajuda a fortalecer os vínculos tanto entre os próprios indivíduos quanto com o local onde vivem. Valorizar os elementos que constituem o seu local de origem auxilia na construção de significados e principalmente no processo de pertencimento e vinculação. Cabe então buscar estratégias, neste caso as comunicacionais, que propiciem a conservação dos patrimônios cultural e natural, além de destacar e promover origens e vinculações em comum, como o povo, a geografia, a cultura, a história, a memória, a língua etc. Valorizar a territorialidade e as culturas locais estimula e fortalece os vínculos de pertencimento na e da comunidade e corrobora para aumentar o cuidado dos sujeitos com o lugar onde moram.

Atuar nas interfaces da comunicação com o patrimônio cultural, pelas vias da identidade e do desenvolvimento sustentável, sob a égide democrática, é essencial para que exista um outro modo de ver e identificar suas próprias raízes. O principal ponto está na identificação do que é encarado como um passado comum e, por conseguinte, na celebração da diversidade e das características únicas de cada povo, além da recuperação de seu próprio repertório cultural. Essas ações afirmam o que seria a cultura popular e desconstroem a visão hegemônica, que muitas vezes é excludente, estimulando a valorização cultural e a diversidade étnica, possibilitando que os indivíduos se reconheçam entre si e explorem elementos até mesmo desconhecidos para eles, gerando novos saberes e incentivando a preservação e o resgate da identidade e da cidadania.

A construção da identidade em um território geoparque

De acordo com a Unesco (2022), um geoparque é um território geograficamente coeso, que contém sítios geológicos de reconhecida importância nacional e internacional, valorizados nas suas vertentes de proteção, desenvolvimento sustentável, educação e cultura. As linhas de ação fundamentais aliam-se ao desenvolvimento sustentável do território, envolvendo as comunidades locais, para que este seja um projeto de todos e para todos. Atualmente, existem 195 Geoparques Mundiais Unesco em 49 países. De acordo com a Unesco (2022), “através de uma maior conscientização da importância do patrimônio geológico da região na história e na sociedade”, um Geoparque Mundial concede aos seus habitantes um “sentimento de orgulho na sua região e fortalece a sua identificação com o território”.

A região da Quarta Colônia, para onde se direciona o olhar, se localiza no centro do estado do Rio Grande do Sul e é formada por nove municípios: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Seca, São João do Polêsine e Silveira Martins. Acredita-se que as características desses municípios que compõem a região da Quarta Colônia, se bem articuladas, podem permitir que essas comunidades possam legar às próximas gerações um futuro em que a qualidade de vida esteja em sintonia com a conservação da sua cultura e com a sua herança geopatrimonial, permitindo ainda, melhores condições de fixação das novas gerações nestes locais.

A intenção dos municípios é implementar e coordenar uma proposta com novas alternativas para a economia regional de forma sustentável, por meio da conservação do patrimônio natural e cultural, da educação para o meio ambiente, do incentivo à geração de renda através de empreendimentos públicos e privados, bem como ao turismo local. Tudo isso através da apropriação do conhecimento, da capacitação da comunidade, da formação acadêmica, da pesquisa, da extensão, da intervenção e da articulação junto ao poder público local, de entidades e sociedade civil organizada. Por isso, desde 2018, são desenvolvidas ações que buscam efetivar esse projeto, cujos objetivos perpassam a questão do desenvolvimento sustentável, a promoção de um sentimento coletivo de pertencimento, vínculo identitário e crescimento econômico.

No caso específico desse território, pode-se falar que há uma identidade própria da região da Quarta Colônia. Lisboa Filho e Nunes (2021) vão além e destacam que os integrantes deste território “compartilham um passado em comum, como a imigração italiana e alemã e a expressiva presença de seus descendentes na região. Esta origem comum estabelece um sentimento de vinculação e identificação a uma coletividade imaginária.” (Lisboa; Nunes, 2021, p. 167). No século XIX, os municípios que compõem o território receberam imigrantes italianos e alemães e essa imigração até hoje reforça o sentimento de pertencimento ao território. Por outro lado, essa vinculação pode criar distanciamentos identitários com outros povos que formam o território, a exemplo das comunidades quilombolas aí residentes. Por esse motivo, quando pensamos em estratégias de gestão territorial e de desenvolvimento, existe a necessidade de considerar os aspectos relacionados à percepção e à subjetividade das comunidades envolvidas. Adota-se a premissa de que a cultura se faz presente e é transmitida através da comunicação e, junto com ela, mobiliza significados e sentidos sobre aquilo que somos e o que vivenciamos. Assim, faz-se importante atrelar a ela estratégias de reconhecimento identitário e de valorização patrimonial.

A conservação das características naturais da paisagem, assim como a conservação da forma de vida específica dos moradores locais, é fundamental para a reprodução dessa identidade. É nesse conjunto que se ancora o aspecto patrimonial das paisagens, como afirma Figueiró (2021):

Seja no patrimônio natural (as heranças atuais de processos e ambientes pretéritos), seja no patrimônio cultural (as permanências culturais que favorecem um certo respeito pela memória do passado e pela identidade, e que frequentemente entram em conflito com os imperativos econômicos do tempo presente) (Figueiró, 2021, p. 105).

Desse modo, o planejamento, a gestão e a proteção dos recursos paisagísticos naturais e construídos envolvem essencialmente a inter-relação entre os seres humanos e suas paisagens fundamentados em aspectos concernentes às experiências e vivências ambientais, atitudes, condutas e valorações relativas às dimensões objetivas e subjetivas, tangíveis ou não, porém intrínsecas à dinâmica de vida das diferentes populações e de suas respectivas culturas.

Bernáldez (1985) e Guimarães (2012) propuseram em suas teses a necessidade de envolver os aspectos subjetivos das populações no processo de gestão e ordenamento do território, sinalizando que em muitas estratégias de proteção da natureza, por exemplo, a não consideração da percepção das comunidades envolvidas pode acarretar na geração de conflitos socioambientais ou na intensificação daqueles já existentes.

A identidade construída coletivamente pelos sujeitos locais significa uma forma de politicamente potencializar as ações e os recursos para o desenvolvimento territorial sustentável. E a sustentabilidade aqui não se refere somente à esfera ambiental, mas também territorial, ou seja, como afirma Saquet (2006), respeitando a capacidade do sistema sociocultural reproduzir a transformação da identidade.

Castells (1999) afirma que as identidades de um território são construídas culturalmente, isto é, organizadas em torno de um conjunto específico de valores cujo significado e uso compartilhado são marcados por códigos específicos de alta identificação. A constituição dessas comunas culturais não é arbitrária, mas depende da forma de trabalhar, da matéria-prima fornecida pela história, geografia, língua e ambiente construídas em torno de reações e projetos determinados por fatores históricos e geográficos.

A construção da identidade também está vinculada a fatores que Yi-Fu (1980), chama de topofilia. É uma espécie de elo afetivo entre o indivíduo e o ambiente físico, em que o território se apresenta como o lugar da memória e da identidade, onde há a manutenção dessas lembranças e um sentimento de identidade cultural e valorização do meio ambiente, pela conservação das paisagens. O nível desse sentimento pode variar segundo o autor conforme a sua forma, amplitude emocional e intensidade.

A contribuição da paisagem, do meio ambiente onde as pessoas estão inseridas, traz inicialmente uma vinculação estética – como, por exemplo, através do prazer que a vista de um lugar pode causar ou até uma sensação maior como sentir o ar, a água ou a terra. Um pouco mais abstrato ou difícil de explicar está a vinculação mais permanente com os sentimentos em relação ao lugar, pela relação de lar ou meio de trabalho. O apego à terra do pequeno agricultor ou do camponês, por exemplo, é profundo. Eles “conhecem a natureza porque ganham a vida com ela. Para o trabalhador rural, a natureza faz parte deles – e a beleza, como substância e processo da natureza pode-se dizer que a personifica.” (Yi-fu, 1980, p. 111). A topofilia do agricultor está formada desta intimidade física, da dependência material e do fato de que a terra é um repositório de lembranças. No caso estudado, fortalecer os vínculos das pessoas do meio rural, dando possibilidades de desenvolvimento social, humano e econômico pode permitir que as novas gerações permaneçam em seus territórios.

Tudo isso, segundo Yi-Fu (1980) causa uma vinculação, um elo de pertencimento e afeto, que influencia na construção identitária do indivíduo. Essa apreciação do ambiente é mais duradoura e intrínseca à pessoa quando está mesclada com lembranças de “incidentes humanos” como denomina o autor. Ou seja, quando se combinam o prazer visual e estético, com a curiosidade científica sobre o lugar, por exemplo, que é exatamente o que se busca em um território geoparque.

Em um território como o da Quarta Colônia, a construção da identidade está ligada a diversos fatores, como os capitais (econômico, social, cultural e simbólico) e, ainda, às instituições pelas quais perpassam as mediações. Essas condições são definidas através de propriedades que pertencem à posição no sistema das condições que é “um sistema de diferenças, de posições diferenciais, ou seja, por tudo que a distingue de tudo o que ela não é, em particular, de tudo o que lhe é oposto: a identidade social define-se e afirma-se na diferença” (Bourdieu, 1984, p. 164).

Com relação a dados sociodemográficos do território, a distribuição da população dos municípios da Quarta Colônia, taxa de crescimento e percentual dos municípios, segundo os dados estatísticos da população do IBGE (2000-2020), verifica-se que a Quarta Colônia reduziu a sua população, na maioria das cidades, com exceção de Nova Palma. Ao relacionarmos a participação percentual da região com a do estado nas três décadas, pode-se dizer que registra um decréscimo na série histórica, em que a Quarta Colônia, nos anos de 2000, 2010 e 2020, possuía os índices de: 0,62%, 0,57% e 0,52%, respectivamente. No meio rural todos os municípios da Quarta Colônia reduziram sua população, sendo que na média a região reduziu em 16,11%. O que se pode deduzir é que, no período de 2000-2010, a região sofreu um significativo êxodo rural, com uma migração, tanto para a sua população urbana como para fora da região. Ratificamos aqui a necessidade de se ter uma matriz econômica equilibrada, de maior diversidade, produtividade e modernização produtiva e comercial na busca de uma economia dinâmica, da competitividade sistêmica e considerando as crises setoriais cíclicas da economia brasileira. Entendemos que a comunicação associada ao desenvolvimento pode contribuir neste ínterim. A Quarta Colônia também possui uma disparidade entre os seus municípios nos Índices de Desenvolvimento Humanos, que variam entre médio e alto; contudo, a região tem condições de melhorar a sua performance com políticas públicas mais ousadas voltadas para o desenvolvimento.

Já os geossítios existentes no território revelam a riqueza paleontológica da região, com fósseis de vertebrados, invertebrados, plantas e icnofósseis que afloram nas rochas dos períodos triássico (período geológico que se estende de 252 a 201 milhões de anos atrás) e jurássico (aproximadamente entre 201 e 65 milhões de anos) de grande relevância científica internacional, dentre eles, os mais antigos dinossauros predadores do mundo.

É importante ressaltar ainda o papel da comunicação no contexto da preservação deste território que, além de gerar vínculos, deve socializar o conhecimento, despertando o interesse dos ocupantes de determinado território. A comunicação pretende se alinhar a um modelo de desenvolvimento que “só faz sentido se promover a igualdade no acesso à riqueza e o crescimento integral da pessoa e de todos, ou seja, se tiver como mola-mestra o ser humano” (Peruzzo, 2007, p. 49). Além disso, as instituições públicas também fazem parte desse acesso à comunicação através da prestação de contas à população e de uma transparência pública. A comunicação é facilitadora da geração de processos pessoais e grupais de mudança social em que as pessoas são protagonistas e as mais favorecidas pelos benefícios.

Ademais, divulgar a informação de modo que seja compreensível ao público e aliar os geoparques à comunicação, entendendo-os como importantes locais de reconhecimento e preservação da identidade, torna possível a identificação das raízes históricas e culturais daquela comunidade, unindo os indivíduos através de um passado comum e da recuperação de um repertório cultural.

Considerações Finais

São as experiências vividas que ajudam a construir a identidade dos moradores de um determinado território. A partir da forma como percebem o entorno através das leituras das representações, sejam elas midiáticas ou sociais, os sujeitos podem se identificar com aquilo que lhes confere um reconhecimento social e econômico. A partir das leituras feitas, pode-se originar uma mobilização com vistas à transformação social.

Em um território geoparque – como é o caso da Quarta Colônia, que abrange nove municípios da região central do Rio Grande do Sul – são variadas as formações que moldaram a construção deste povo, podendo se destacar a etnia, a religião, a geração, a classe social etc. Unificar esse território através de uma mesma identidade não é tarefa fácil, mas essa construção, mesmo que encontre algumas rupturas, já é dada através do reconhecimento social conferido ao pertencimento de ser da Quarta Colônia.

Quando se pensa em estratégias para a gestão desse território, é necessário considerar, principalmente, a percepção da comunidade envolvida. Isso é fundamental para manter a identificação com o local, motivando o planejamento, a gestão e a proteção dos patrimônios cultural e natural. Não considerar a percepção das comunidades envolvidas pode levar a conflitos socioambientais ou na intensificação daqueles que já existem. Assim, todas as decisões precisam ser discutidas, propostas e realizadas a partir do que os atores sociais desejam para o território.

A relação de poder explicitada por Bourdieu (1984) também é um convite para se pensar nas vozes que são silenciadas, até mesmo nesses territórios unificados. Se existe a mobilização em prol do desenvolvimento é porque existem muitas falhas e processos hierárquicos na construção social desse local, que levam às desigualdades.

Os geoparques são uma eficiente forma de fortalecer o sentimento de pertencimento dos indivíduos àquele território. Para Lisboa Filho (2022) uma estratégia de desenvolvimento calcada no geoparque, quando associada à educação patrimonial, é uma poderosa ferramenta que fortalece os vínculos de pertença, estimula a cidadania cultural e pode ser geradora de emprego e renda. Além disso, traz uma série de benefícios aos municípios, como a valorização e preservação dos espaços públicos.

Fica evidente ainda que a construção da identidade está vinculada às múltiplas relações que os indivíduos estabelecem com outros moradores, com o poder público, com as instituições, e principalmente com a mídia. Toda a construção identitária é comunicada ao mundo e aos outros sob a forma de representação, pela forma como algo é “mostrado e visto”. Assim, a construção identitária se estabelece através das leituras feitas da representação midiática.

As características naturais do território também têm seu papel na construção da identidade do indivíduo. É na mistura das formas, estruturas e sentimentos que se ancora o aspecto patrimonial das paisagens. Esses locais podem ser entendidos como as vozes do passado, que junto aos patrimônios históricos e culturais guardam as memórias coletivas e as identidades da região em que estão inseridos. É o que Yi-Fu (1980) chama de topofilia, onde o meio ambiente, enquanto conjunto de características do local onde os indivíduos estão inseridos, apresenta-se como esse lugar de memórias.

Entende-se que os sujeitos estão inseridos em um contexto cultural responsável por conduzir, por meio da comunicação e da cultura, os valores e as informações responsáveis por constituir os vínculos identitários. A identidade resulta de elementos presentes na própria cultura, somados às escolhas individuais, que refletem no sentimento de pertença, o que Hall (2006) sustenta, dizendo que todos fazem parte de diferentes culturas e constroem a identidade a partir da união e da exclusão de significados presentes no repositório cultural. Toda identidade é formada a partir de um processo de identificação ou de diferenciação. Assim, a identidade territorial é formada por elementos e características em comum que vinculam os indivíduos a determinados espaços geográficos e também aos sentidos culturais que são capazes de compartilhar que, somados, são capazes de estabelecer um sentimento de vinculação e identificação a uma coletividade que se conecta à subjetividade do indivíduo.

A partir desta revisão bibliográfica que apresenta reflexões sobre a importância da comunicação para o desenvolvimento em um território geoparque, aprofundaremos as discussões através de um trabalho de campo nos nove municípios da região da Quarta Colônia. Em um primeiro momento, aplicaremos um questionário, de forma on-line, junto aos públicos envolvidos diretamente com o geoparque (governanças municipais, gestores do território, Universidade, parceiros e empresas). A ideia inicial é encontrar possíveis lacunas na relação entre a comunicação e o desenvolvimento. Em um segundo momento da pesquisa, aprofundaremos o trabalho, com entrevistas semiestruturadas, ainda sem cronograma e amostra definidos. Assim, esperamos identificar quais estratégias existentes no território geoparque Quarta Colônia articulam a comunicação e o desenvolvimento; mapear as construções identitárias valorizadas ou silenciadas, bem como as institucionalidades que atuam nesse processo; verificar, através das categorias de análise propostas, como as estratégias adotadas até aqui se manifestam nas disputas culturais e simbólicas que são barreiras para o desenvolvimento da região da Quarta Colônia; e ainda, prospectar quais são as políticas públicas futuras com vistas ao desenvolvimento sustentável da região.

Notas

[1] No Brasil são chancelados pela Unesco os geoparques: Araripe no Ceará; o Caminhos dos Cânions do Sul em sete municípios na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina; o Seridó no Rio Grande do Norte; Quarta Colônia e Caçapava, ambos no Rio Grande do Sul.

[2] “comunidad local se ha ido formando, históricamente, en función de las relaciones y vínculos de intereses de sus grupos sociales, de la construcción de una identidad y de una cultura propia que la diferencia de las otras comunidades.” (Barquero, 2007, p. 188).

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