Editorial

Gabriela Borges1

A segunda edição da Revista Lumina no corrente ano de 2023 apresenta diferentes perspectivas teóricas e metodológicas, que dialogam e contribuem na constituição interdisciplinar tão cara e necessária aos estudos no campo da comunicação. É ainda composta por análises empíricas de processos e objetos comunicacionais, tais como as produções do jornalismo, das marcas e da publicidade, dos fluxos e perfis nas redes sociais digitais, e objetos artísticos, como o cinema e o documentário.

O artigo de Erick Felinto e Rafael Malhado, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, discute a importância do conceito cibernético de memória na obra do filósofo Vilém Flusser e suas implicações na arte e na comunicação. A memória, alem de uma necessidade de ordem cibernética, possui também uma tarefa espiritual, relacionada com a importância de não se esquecer o passado e transmiti-lo para as novas gerações. Para Flusser, torna-se um princípio fundamental do diálogo e da intersubjetividade e portanto mostra-se relevante nos estudos sobre a cultura digital.

Ainda sobre a conceituação de memória, mas com outro enquadramento teórico, Valdemir Soares dos Santos Neto e Mário Abel Bressan Júnior, da Universidade do Sul de Santa Catarina, analisam, a partir da linguagem memética e da memória afetiva, as estratégias de comunicação no Instagram do Globoplay para divulgar as telenovelas antigas da TV Globo que foram disponibilizadas na plataforma de streaming.

Numa pesquisa interinstitucional realizada pelas universidades do Rio Grande do Sul, Feevale e Unisinos, os autores Laura Schemes Prodanov, Sanda Portella Montardo, Issaaf Karhawi, Adriana Amaral e Rafael Grohmann apresentam os resultados encontrados sobre a percepção dos fatores de sucesso dos influenciadores digitais brasileiros da plataforma Instagram. A pesquisa realizada por meio de 100 questionários concluiu que a autenticidade é o ponto mais valorizado pelos respondentes, juntamente com o engajamento, a publicidade e o número de seguidores.

Gisela Castro e Marcos Hiller, da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, analisam exemplos empíricos de marcas que adotaram assistentes virtuais femininas e negras para a comunicação com o seu público e argumentam que há um processo de naturalização do estereótipo da imagem da mulher que reforça o preconceito racial e de gênero.

Para discutir a desinformação, cujos estudos cresceram no campo da comunicação a partir do que foi constatado nas eleições brasileiras de 2018, Marta Thaís Alencar, da Unisinos, analisa o Projeto de Lei das Fake News (versão atual do PL 2630/2020) e suas relações com a atuação das Big Techs no mercado publicitário sob o prisma teórico da Economia Política da Comunicação.

Fabia Cristiane Ioscote e Keyse Caldeira de Aquino Macedo, da Universidade Federal do Paraná, examinam os oito indicadores de confiança do The Trust Project, que pretende por meio da descrição do fazer jornalístico servir como um guia para os leitores atestarem a veracidade das notícias. Discutem como esta iniciativa pode auxiliar na recuperação da confiança nas instituições jornalísticas e sugerem a adoção de um novo indicador que contemple adoção de tecnologias emergentes, mas que também use ferramentas para esclarecer o uso de técnicas, softwares ou inteligência artificial na construção da notícia.

Macri Elaine Colombo, Ulysses do Nascimento Varela e Vinicius Biazotti, das universidades Federal do Amazonas, Federal de Santa Maria e Estadual de Ponta Grossa, respectivamente, refletem teoricamente sobre a influência e o papel da internet na circulação e consumo de notícias, considerando a crescente busca de informação em sites e redes sociais como Twitter, Whatsapp e Facebook. Por meio do aporte teórico da ecologia dos meios de comunicação de massa, os resultados encontrados enfatizam como as mudanças na dinâmica de produção e distribuição de notícias interferem nas organizações e no fluxo do jornalismo contemporâneo.

Egle Müller Spinelli e André Ricardo Carbone, da ESPM-SP, apresentam um estudo que investiga a competência midiática de jovens paulistas em relação ao consumo de notícias esportivas a fim de contribuir para o desenvolvimento de boas práticas de educação midiática. Por meio de entrevistas semiestruturadas, 12 jovens torcedores de futebol expressam seus pontos de vista sobre a desinformação gerada nas redes sociais e aplicativos de mensagem. Os resultados apontam o descrédito em notícias de transferências de jogadores, a confiança em poucos veículos tradicionais da mídia, e o uso voluntário e consciente dos memes no WhatsApp, que por meio do humor propagam mensagens inverídicas.

Julice Dias e Leonardo Longen Neves, da Universidade do Estado de Santa Catarina, estabelecem aproximações conceituais entre os conceitos de jogo, estética e linguagem e suas implicações pedagógicas, por meio de reflexões a partir do filme Jumanji (1995). Os autores abordam o conceito de jogo numa esfera cultural a partir das contribuições da Sociologia, tecem relações com a estética e com a linguagem por meio da Filosofia e, por fim, com referências da Psicanálise problematizam a importância das relações entre jogo, estética e linguagem para o imaginário e a maneira como isso se dá em algumas sequências do filme.

Ricardo Luís Düren, da Universidade de Santa Cruz do Sul, reflete sobre o modo como os processos que se estabelecem a partir da materialização do sentido em dispositivos de mídia reconfiguram o imaginário. Para tal, analisa um conjunto de narrativas, em jornais, gravações em áudio e livro-reportagem, sobre os eventos relacionados ao Caso Klieman, ocorrido nos anos 1960 no Rio Grande do Sul.

Márcio Zanetti Negrini, Giancarlo Backes Couto, Giulianna Nogueira Ronna e Cristiane Freitas Gutfreind, da PUC do Rio Grande do Sul, analisam as imagens como gesto militante no documentário brasileiro América Armada (Alice Lanari e Pedro Asbeg, 2018), em que ativistas sociais que vivem na Colômbia, no Brasil e no México denunciam os impactos da violência armada em seus países. A abordagem metodológica contempla a análise da imagem em três eixos: a imagem-reparação, no contexto da personagem colombiana; a imagem-escudo, no âmbito do personagem brasileiro e a imagem-vestígio, de acordo com a realidade do personagem mexicano.

Camila Cattai e Sheila Schvarzman, da Universidade Anhembi Morumbi, escrevem um ensaio em que procuram apresentar uma biografia justa de Olga Preobrajenskaya, diretora cinematográfica soviética. Buscam não apenas realçar aspectos de sua obra, mas também compreender como as mudanças e oscilações políticas e ideológicas da Rússia pré-revolucionária e soviética impactaram o seu trabalho e sua vida pessoal e culminaram no fim de sua carreira.

Desejamos aos nossos leitores uma boa leitura e agradecemos às/os pareceristas e à equipe editorial por toda a disponibilidade de tempo e dedicação na elaboração desta edição da revista.

Expediente

Conselho Editorial

Gabriela Borges

Paulo Roberto Figueira Leal

João Paulo Malerba

Letícia Barbosa Torres Americano
Jhonatan Alves Pereira Mata

Editora Associada

Daiana Sigiliano

Assistentes Editoriais

Adriana A. Oliveira

Ana Paula Dessupoio Chaves
Daiana Sigiliano
Eutália Ramos

Luma Perobeli

Vanessa Martins

Larissa Nascimento

Daniel Santos

Mariana Lopes

Ana Carolina Oliveira

Revisão

Luma Perobeli

Vanessa Martins

Larissa Nascimento

Daniel Santos

Mariana Lopes

Ana Carolina Oliveira

Revisão Geral

Gabriela Borges

Diagramação

Eutália Ramos

Revisão Diagramação

Daiana Sigiliano

Capa

Hsu Ya Ya

Imagem da Capa

Unsplash

Projeto Gráfico

Carlos Eduardo Nunes