Notícias falsas e teorias da conspiração face ao absurdo

Arthur Freire Simões Pires1

Resumo

Este artigo, sob tom ensaístico, estabelece uma discussão a partir dos conceitos de fake news e teorias da conspiração, leia-se a ornamentação contemporânea da mentira política, face ao absurdismo camusiano. O empreendimento teórico é lastreado em uma epistemologia dialógica com o intuito de estender a discussão, que está, em maioria, no efeito destes artifícios, para como os procedimentos de como a corrupção da factibilidade operam no plano da consciência. De antemão, considera-se que tanto as notícias falsas quanto as narrativas conspiratórias constituem lugar comum na mácula do campo comunicacional. Considerando as propriedades religiosas e ideológicas as quais fundamentam a morfologia atual da mentira, foi constatado que sua agência reside no eclipse ao absurdo, como maneira de fazer tábula rasa da consciência humana. A origem deste modus operandi é o fato de que os ideais são erigidos sob nome de uma utopia construída em nome de um homem que jamais existiu. Assim sendo, neste vácuo, o arrivismo emerge como método e, portanto, tudo se justifica sobre valores insustentáveis. Incute-se o defensivismo para expurgo de qualquer oposição à unidade e ao sentido artificiais provenientes da também artificial clareza da existência. Mente-se em nome do êxito da subversão, em nome do processo de destruição. A condição humana é ocultada de seus interlocutores — que possuem alguma predisposição, pois são um demográfico selecionado —, e com ela, o potencial do despertar para esta que é uma peste coletiva dos tempos atuais.

Palavras-chave

Albert Camus; Absurdo; Teoria da Comunicação; Notícias falsas; Teorias da conspiração.

1 Doutorando e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul — Famecos (PPGCOM/PUCRS), formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail: grohsarthur@gmail.com.

Fake news and conspiracy theory face the absurd

Arthur Freire Simões Pires1

Abstract

This article, in an essayistic tone, establishes a discussion based on the concepts of fake news and conspiracy theories, read the contemporary ornamentation of the lie politics, in the face of Camusian absurdism. The theoretical enterprise is based on a dialogical epistemology in order to extend the discussion, which is mostly in the effect of these artifices, to how the procedures of how the corruption of feasibility operate on the plane of consciousness. Beforehand, it is considered that both fake news and conspiratorial narratives constitute a common place in the taint of the communicational field. Considering the religious and ideological properties which underlie the current morphology of the lie, it was found that its agency resides in the eclipse to the absurd, as a way of making a blank slate of human consciousness. The origin of this modus operandi is the fact that ideals are erected under the name of a utopia built in the name of a man who never existed. Therefore, in this vacuum, arrivism emerges as a method and, therefore, everything is justified on unsustainable values. Defensivism is instilled in order to purge any opposition to artificial unity and meaning arising from the also artificial clarity of existence. Lie in the name of the success of subversion, in the name of the process of destruction. The human condition is hidden from its interlocutors — who have some predisposition, as they are a selected demographic — and with it, the potential for awakening to what is a collective plague of our times.

Keywords

Albert Camus; Absurd; Communication Theory; Fake news; Conspiracy theory.

1 Doutorando e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul — Famecos (PPGCOM/PUCRS), formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail: grohsarthur@gmail.com.

Aspectos introdutórios

A gratuidade do mundo é insuperável e definidora enquanto condição individual da humanidade. Face ao silêncio do mundo em resposta às demandas de resolução existencial, o ser humano apela ao suicídio, seja ele físico ou filosófico, quando nega esta mesma condição. Quando se fez da filosofia um atalho, abriu-se um precedente. O processo de forjar uma metafísica cúmplice de uma artificialidade fomentou, ao longo da história, um método de legitimação do espetáculo da desrazão e, como resultado, a peste coletiva. Este é um estudo que tem por objetivo pensar contributos à Teoria da Comunicação [1] a partir da multiplicidade da obra de Albert Camus ao investigar as máculas da democracia que compõe artifícios deste campo científico. Do absurdo à revolta, Camus estabeleceu uma cosmologia própria, leia-se cosmovisão, e, por meio de seu ensaísmo, sua dramaturgia, seu jornalismo e seus romances, balançou a filosofia de sua época. Qual a finalidade deste raciocínio? Parte-se da premissa de que, no instante em que se acusou Dreyfus [2], fez-se tábula rasa do jornalismo. Ao invés da insurreição, em nome do medo ou de uma ideia, validou-se o arrivismo perverso e os frutos continuam a ser colhidos na contemporaneidade.

O tempo revelou tolos aqueles que deram pouca importância ao caso Dreyfus; pois, os herdeiros daqueles acusadores galgaram seu lugar ao Sol e emergiram no século XXI embebidos de poder. Quando Donald Trump se torna candidato e declara “CNN is fake news” [3], é o anúncio de que toda e qualquer oposição se tornaria a vidraça da legião de pedras. Antes, os defensores do militar de origem judaica corriam para vencer o tempo, a hodiernidade expõe que, hoje, se corre contra ele. Ao fazer da mentira expediente, os passos são dados em direção aos grandes genocidas da história. George Bush, Adolf Hitler, Joseph Stalin e outros correligionários da mortalha dizimaram em nome de um pânico; ora sob o zelo da conquista, ora sob o zelo da proteção (CAMUS, 2019). Agora, no entanto, o assassinato e a tortura não são mais a bandeira tremulante no mastro que paira sobre as massas.

Outrora, Marshall McLuhan avisou que “o meio é a mensagem” (1993, p. 21) tal qual também premeditou que o meio é a massage (mass age, era das massas) [4]. É necessário dominar o meio para reter as massas, a expertise comunicacional vai além dos microfones e do palanque eleitoral, ela atravessa o cotidiano de maneira always online. As tecnologias eletrônicas com o intuito de ser uma extensão do humano para superar a distância e o próprio tempo, promovem a unicidade e o envolvimento — antítese, por exemplo, ao livro, que, por sua vez, estimulou o individualismo e o nacionalismo. “Guerras, revoluções, insurreições civis são interfaces contidas nos novos ambientes criados pelos meios eletrônicos de informação” (McLUHAN; FIORE, 2018, p. 8). A noção de tempo e espaço, conforme o curso da história sugere, foi alterada (INNIS, 2011; POSTMAN, 1993). O paradigma da comunicação na contemporaneidade está, em grande parte, associado ao poder dos sites de rede social e as novas formas de difusão comunicacional. Se, antes, o jornalismo das grandes empresas era intocável em sua hegemonia, ainda que curvado diante da verba publicitária (MARSHALL, 2003), agora ele compete de maneira desigual com as múltiplas possibilidades de uso das redes sociais — a reboque da era digital.

A nova materialidade das práticas de comunicação, em especial as de caráter político, está erigida em um embate das velhas mídias contra as novas armadilhas. A seara é caracterizada sobretudo pela entropia de informações que, em seu turno, alimenta-se da subversão da lógica de ineditismo que o jornalismo, desde o passado, tinha como fetiche. O cenário fez, todavia, a correnteza, que agia em favor da práxis tradicional, um labirinto desordenado para seus agentes. Faz-se da ideia de verdade, ruína. Tudo a toda hora em todo lugar é noticiado e a constante sobreposição esvazia qualquer relevância além do instante de publicação. Como dar conta? A impraticabilidade é constatada em meio ao sem-número de manchetes que invade o expediente alheio. Aos instruídos, a triagem é natural [5]; aos despreparados, há inoculação. “Mas isso não se dá apenas por esta razão de ordem técnica”, argumentaram Sacramento e Paiva (2020, p. 84). “A impulsão motora do fenômeno decorre principalmente da crescente indiferença generalizada à realidade dos fatos em favor de um acentuado desregramento dos afetos” (SACRAMENTO; PAIVA, 2020, p. 84); em outras palavras, a racionalidade diante do processo de compreensão da realidade material se estilhaça de modo uniforme, pois o lastro é rompido.

Este não é mais o paradigma no qual a notícia compete com outra notícia, tampouco a era em que um veículo jornalístico tem, de maneira exclusiva, outro como concorrente. Antinomia a qualquer noção de verdade, o período no qual estamos submetidos, enquanto humanidade, é pautado pelo planejamento maculoso. A “época da premeditação e do crime perfeito”, como escreveu Camus (2019, p. 13), ganha novos ornamentos, isto é, recebe sua própria repaginação. As práticas de legitimação de outrora voltam a figurar com protagonismo ao fazer desta materialidade digitalizada sua expertise e, por conseguinte, seu palco de subversão. O caráter anfíbio, entre digital e analógico, é cada vez mais defasado, a convergência se torna lei do expediente, e, como consequência, a mentira como recurso tático na competição por uma nova ideia de verdade emerge com esta perspectiva contemporânea. Ao observar esta nova utilização, todavia, a concretude destes artifícios tem seu núcleo-duro atrelado às instâncias virtuais. “Hitler só teve existência política graças ao rádio” (McLUHAN, 1993, p. 336), Reagan na televisão, Trump e Bolsonaro, fazem dos sites de redes social sua fortaleza (LEVINSON, 2019).

Em sua roupagem contemporânea, a mentira como método político adquire uma nova nomenclatura. Este é um dos conteúdos provenientes do novo meio; é o conteúdo que resulta da manipulação das mídias digitais. Não há inocência. A mácula é inexorável à materialidade. “A característica do propósito de enganar é fundamental para este trabalho” e, sob o nome de fake news, instituiu-se um conceito que diferencia este tipo de falsidade das que são constituídas de inocência e humor. “Assim, não se trata apenas de uma informação pela metade ou mal apurada”, erigiram Recuero e Gruzd (2019, p. 32), “mas de uma informação falsa intencionalmente divulgada, para atingir interesses de indivíduos ou grupos”. Este fator de intencionalidade é preponderante pois faz da premeditação a mola propulsora. Crime doloso do início ao fim:

Parece-nos, assim, que esses três elementos seriam essenciais para a definição de uma fake news: (1) o componente de uso da narrativa jornalística e dos componentes noticiosos; (2) o componente da falsidade total ou parcial da narrativa e; (3) a intencionalidade de enganar ou criar falsas percepções através da propagação dessas informações na mídia social. [...]. A estrutura das fake news como notícias “verdadeiras” tem valor muito importante, pois cria narrativas que ecoam preconceitos e visões de mundo dos atores sociais (o chamado “bias de confirmação”). (GRUZD; RECUERO, 2019, p. 33) (grifo do autor)

O teatro político se fez refém das fake news. Seu processo de difusão, afinal, instaurou latifúndios fechados em si mesmos, com propriedades de eco (GRUZD; RECUERO, 2019), e, uma vez inoculado o veneno, a contaminação catalisou seus efeitos, determinando cursos eleitorais, conforme observado por Jardelino, Barboza Cavalcanti e Persici Toniolo (2018). Ainda que um grande número de pesquisadoras e pesquisadores, além dos referidos neste artigo, têm dedicado esforços para dar contorno à forma — isto é, definir um conceito com o intuito de uniformizar o uso do termo —, bem como uma parte destas pessoas se esforça para entender o impacto deste artifício no tecido social, não existem registros de trabalhos do campo da Comunicação que versam acerca do que as fake news (artifícios comunicacionais) representam para a condição humana. O presente texto, em vista disso, posiciona-se nesta intersecção, oferecendo uma leitura crítica da encruzilhada que converge aspectos deste laivo político contemporâneo entremeado à condição humana em seu caráter individual e coletivo.

De antemão, é necessário, no entanto, delimitar que muito embora as fake news estejam sob a forte luz do holofote do debate público — afinal, a pauta da desinformação circula em âmbito legislativo, judiciário e executivo em diferentes países, como é o caso do Brasil —, este artifício não é o único que integra o aformoseamento da mentira dolosa no século XXI. As teorias da conspiração [6] são outro recurso maculoso que caminha de mãos dadas com o primeiro. Assim sendo, com frequência funcionam, uma em relação a outra, como complemento ou finalidade; meio e fim, fim e meio.

As teorias da conspiração variam seus alvos, todavia, sempre deságuam, tal qual se ancoram, na insuficiência, ou mesmo inexistência, de qualquer amparo científico ou factual. São, conforme Franks, Bangerter e Bauer (2013) sustentam, características provenientes do senso comum que, por sua vez, segue a narrativa falaciosa tal como uma religião. Elas são edificadas como verdadeiras antíteses a todo e qualquer campo do conhecimento (ARAUJO; DE ALBUQUERQUE; QUINAN, 2021). Fuchs (2020) argumenta que elas servem a um propósito ideológico e, sobretudo, persecutório, que alimenta uma visão de desigualdade de recursos — edificam-se narrativas como cenário e como elucidação. Em outras palavras:

As teorias da conspiração podem assumir muitas formas e variam amplamente em popularidade na intensidade com que são acreditadas e em seus efeitos no comportamento individual e coletivo. [...]. Uma de suas principais características é que fornecem explicações causais para eventos sociais complexos. O mecanismo cognitivo das teorias da conspiração leva a uma visão de mundo geral capaz de explicar eventos que são tidos como ameaçadores ou desconhecidos. [...]. Assim como em uma religião há a percepção de agentes responsáveis pelos acontecimentos, nas teorias da conspiração há sempre a ideia de que algum agente, indivíduo, grupo de indivíduos ou instituição, é responsável por uma situação real de conflito ou de um confronto em potencial. São, também, narrativas que circulam na cultura. [...]. Esse mecanismo de crença encontra padronicidades na realidade ao redor, bem como insiste na imputação da responsabilidade da ação a agentes externos. Além disso, é forte sua capacidade de reprodução por contarem com elementos significativamente atrativos. Todas essas características fazem com que as teorias da conspiração se perpetuem e se atualizem constantemente. (BEIN; GUERRIERO, 2021, p. 268-269)

Argumento que há uma diferenciação: as hipóteses de conspiração fornecem a todos seus seguidores (1) unidade ao universo, (2) sentido à existência e (3) clarividência na confluência entre um e outro; enquanto as fake news são ferramentas para irromper a realidade, de forma que se subverta a factibilidade em evidência de suas vontades ideológicas. A questão da ideologia é imanente. Faz-se tábula rasa da exequibilidade para sobrepor a própria ideia de verdade. Em outras palavras, cria-se uma mitologia anti-metafísica; uma noção improvável de veracidade que contrapõe a acepção original. A antinomia se torna implacável e incontestável em razão desta impraticabilidade; pois, ao fim e ao cabo, a materialidade é definida de modo permanente como corrompida e corruptível.

Tanto a ideia de narrativa conspiratória quanto a noção de fake news tem como função primordial, guardadas suas proporções, fortalecer seus interlocutores. Como conteúdo, seu discurso é constituído sob a orientação da ruína da ciência e de seus ímpares, afinal, toda e qualquer oposição está abrangida nesta anti-metafísica. Os doutrinados tentam destronar as instituições. Na falta de um valor íntegro que orienta como movimento político, estes seguidores, como os grandes destruidores da história, apelam para o arrivismo e fazem do terror, do medo e da esperança valências de uma visão artificial (CAMUS, 2019; SAFATLE, 2019). O vácuo inerente a estes empreendimentos de visão de mundo, não obstante, reside em um salto. Se Leon Chestov, Karl Jaspers e Søren Kierkegaard certa feita, com aparente pragmatismo, advogaram em causa do seu Deus ao descrever o salto da fé, agora os arrivistas tentam convencer que este salto tem o nome de verdade e seu intuito é apenas o da destruição. Em essência, tanto as fake news quanto as teorias da conspiração apresentam em seu cerne uma negação, ao passo que tentam arquitetar um novo contorno ao incontornável. Esta recusa se posiciona contrária a aceitar os limites da existência, ou seja, nega o absurdo da vida.

O que é isto — o absurdo?

Posicionada entre o espírito e o mundo, trata-se de uma concepção esmiuçada e estendida pelo ensaísta argelino. Ei-la a pedra fundamental do pensamento camusiano. Ei-la o centro do absurdismo, vulgo a filosofia do absurdo. Assim sendo, como o silêncio, a noção de esterilidade, gratuidade, vácuo ou vazio, são a réplica implacável para o questionamento que surge do impulso imanente ao ser humano — este, por sua vez, é o que dá nome à seção. Independente de qual das palavras escolhidas, esta é a condição humana. Em caráter individual, o incômodo primordial inicia no coração. O absurdo é o catalisador das angústias daqueles que demandam do mundo uma explicação. É o silêncio face a pergunta que almeja tornar concreto o sentido de toda a vivência humana. A experiência da existência absurda requer a consciência da resposta: nada.

Se eu acusar um inocente de um crime monstruoso, se eu afirmar que um homem virtuoso desejou a própria irmã, ele me responderá que isso é absurdo. Tal indignação tem seu lado cômico. Mas também tem sua razão profunda. Com tal réplica o homem virtuoso ilustra a antinomia definitiva que existe entre o ato que lhe atribuo e os princípios de toda sua vida. “É absurdo” significa: “é impossível, mas também: “é contraditório”. Se eu presenciar um homem atacando um ninho de metralhadoras com uma arma branca, pensarei que seu ato é absurdo. Mas só é absurdo em virtude da desproporção entre sua intenção e a realidade que o espera, da contradição que posso perceber entre suas forças reais e o objetivo a que ele se propõe. Assim como acharemos absurdo um veredicto que se opõe ao veredicto que os fatos aparentemente exigiam. Como também uma demonstração pelo absurdo é feita comparando-se as consequências desse raciocínio com a realidade lógica que se quer instaurar. Em todos esses casos, do mais simples ao mais complexo, o absurdo será tanto maior quanto maior for a distância entre os termos da minha comparação. Há casamentos absurdos, desafios, rancores, silêncios, guerras, e também pazes. Em toda parte o absurdo nasce de uma comparação. Tenho fundamentos para dizer, então, que o sentimento do absurdo não nasce do simples exame de um fato ou de uma sensação, mas sim da comparação entre um estado de fato e uma certa realidade, uma ação e o mundo que a supera; o absurdo é essencialmente um divórcio. Não consiste em nenhum dos elementos comparados. Nasce de sua confrontação. No plano da inteligência, posso então dizer que o absurdo não está no homem (se semelhante metáfora pudesse ter algum sentido) nem no mundo, mas na sua presença comum. Até o momento, este é o único laço que os une. Se quiser me limitar às evidências, sei o que o homem quer, sei o que o mundo lhe oferece e agora posso dizer que sei também o que os une. (CAMUS, 2021, p. 44-45)

Qualquer outra postura, que não o alvorecer do pensamento para o vazio que contorna a vida, deságua em uma forma de negação. A recusa da própria condição, portanto, descamba na ideia de considerar o mundo excessivo, demasiado, uma vez que sua unidade não se comprova e seu sentido é nulo; a falta de clarividência sobre uma direção consolida-se como uma barreira aos negadores do absurdo. Ao invés da noção de desprendimento, o impulso humano daqueles que consideram o vazio uma demasia recai na apelação. O descanso da consciência é a evasão, o atalhamento. Assim, o escapismo é amparado pela utopia esperançosa do improvável ou pelo divórcio perpétuo. Eis a problemática do suicídio.

Camus (2021, p. 46) divide a questão da seguinte maneira: ao ser acometido pelo sentimento do absurdo — leia-se o estrangeirismo em relação ao universo e à vida — a manifestação da negação reincide no suicídio físico (“ausência total de esperança”) ou filosófico (“recusa contínua”). O primeiro é a tréplica desistente ao mutismo universal. Inquire-se do mundo uma justificativa para seus elementos e para a existência, como resultado, a quietude;  a redarguição se dá na renúncia. O ator se divorcia do cenário de maneira perpétua. A incerteza se consagra como incômodo irreparável e permanente; na falta do sentido pleiteado, na falta da unidade, abdica-se de viver. Em seu turno, o segundo tipo representa a resignação: a desistência do pensamento. A falta de uma concretude direcionadora é suprida pelas metanarrativas [7] — independente de sua natureza, por exemplo religiosa ou ideológica. Neste caso, a pessoa abre mão da liberdade de seu próprio discernimento em troca de uma certeza para além do horizonte. Em troca de um propósito, aceita-se a exigência dogmática, ou seja, uma postura moral a ser seguida. O suicídio filosófico, enfim, é atrelado à antítese fornecida tanto pelas religiões quanto pelas ideologias.

Diante desta grande encruzilhada, Camus (2021, p. 46) vislumbrou uma eterna queda de braços com o absurdo como o caminho alvorecido. O escritor chamou de “insatisfação consciente” a conduta que põe um estilo de vida em equivalência a sua filosofia [8]. Se a esperança cega da superação da absurdidade tem suas raízes presas ao chão da religião, a passividade é uma negação. Ao constatar a esterilidade, todavia, não é mais possível a ignorar. A única postura é a da insurreição. A gratuidade não é expurgável, uma vez que ela está condicionada ao impulso imanente da humanidade de perseguir uma significação superior a todos eventos e elementos que compõe a existência. A única maneira de viver, em meio a incontornável derrota, é a revolta. O humano trava uma disputa na tentativa de encontrar significado onde não há, como flores no asfalto. Tal qual Sísifo, que, após rolar uma pedra morro acima deve retornar à base para carregar o pedregulho novamente, sorri. Este sorriso é axiomático diante da condição imutável da humanidade. O gesto serve de aforismo pois constata: não há como quebrar os muros da existência, mas sim os subordinar a seu favor. Na falta de uma bússola de resolução, isto é, uma decifração extraordinária, tem-se o desprendimento. Em outras palavras, a vida “será tanto melhor vivida quanto menos sentido tiver”, definiu Camus (2021, p. 67).

Uma vez que conceituada, a noção de absurdo contribui para o avançar da discussão, pois, este estrangeirismo, que é sentido pelas pessoas, reside, em seu caráter individual, como um verme “no coração do homem”, como epitoma Camus (2021, p. 20). No desprezo do amanhecer da consciência, isto é, deste despertar para a verdadeira condição sob a qual estamos submetidos de maneira permanente, ei-lo evidenciado o suicídio filosófico. Na seara filosófica apresentada nesta seção, todavia, a religião e a ideologia exercem papéis fundamentais, afinal, é sob o nome delas que se inocula uma mentalidade hegemônica nos seres. Isto posto, a opção pela recusa da condição não se dá apenas pela tentativa de negar a melancolia do vazio. A reboque deste impulso negacionista habitam outras pulsões que estes espíritos refratários corroboram justamente pelo viés da negativa.

Reflexões camusianas acerca de fake news e teorias conspiratórias

A relação do ser com a absurdidade da existência é, como todo pensamento camusiano, componente da subjetividade de cada indivíduo. A trajetória importa ao passo que foi construída a partir das experiências e saberes vivenciados. Trata-se de abstração, ou um confronto de abstrações — fé e convicções políticas versus o absurdo. Há uma razão pela qual existe adesão de pessoas a narrativas esdrúxulas em detrimento da materialidade. Não convém, para isso, enumerar uma série de falseamentos que legitimaram atrocidades ao longo da história, pois não abordo a questão cronológica, mas de sua contemporaneidade. Que a mentira é um artifício político, não há novidade. A questão incide sobre os fatores que fazem da adesão um impulso imanente a uma parcela do tecido social. Neste sentido, destaco que a mentira atende a propósitos específicos, afinal, ela está subordinada a diretrizes ideológicas e/ou religiosas. Este argumento é corroborado tanto pelo caso brasileiro do período de governança de Jair Bolsonaro (2019-2022) (GRUZD; RECUERO, 2019), quanto pela governança de Donald Trump (2017-2021) (CALLAHAN; POLLETTA, 2017) ou em países de maioria muçulmana com forte influência salafista (WAINBERG, 2018) etc.

A imanência de uma certa adesão, no entanto, ultrapassa o plano material e o próprio mitológico — o qual, ampara o sagrado —, porque diz respeito a questões mais profundas do que a superfície do expediente humano. Convém salientar alguns aspectos mencionados até este ponto do trabalho, tais como: a ideologia e a religião. Como foi possível observar ao longo da explanação relativa ao absurdo, a visão do argelino é próxima de uma noção marxista, ou seja, a abordagem empreendida neste artigo entende que tanto a religião quanto a ideologia representam antinomias face a condição esmiuçada pelo argelino ao tratar da dimensão prática da vida humana. Todavia, as duas noções não compartilham do mesmo objetivo. A tradição que segue os estudos de Marx, grosso modo, pensa criticamente acerca da sociedade, da economia. Camus, por sua vez, dedicou-se a pensar o indivíduo e seus aspectos subjetivos — mais tarde, seu legado também dará conta de questões da dimensão ética do ser e a sociedade, mas difere em abordagem e propósito do intelectual alemão.

Os conceitos de religião e ideologia estão relacionados entre si, pois o papel desempenhado por ambos é o mesmo, o antagonismo à gratuidade inerente à vida. Argumentei, anteriormente no texto, sobre a falta de clareza, a falta de unidade, a falta de propósito na vida e, por conseguinte, do universo. É da tradição humana atribuir significações em extremos abstratos aos elementos os quais compõem este mundo. Na mesma toada, a natureza humana, leia-se estes impulsos, procura transpor a mesma ação do ser para ele mesmo e sua existência. Como resultado, o limite. A materialidade da vida tem sua abstração condicionada a própria subjetividade humana a qual, por sua vez, não supera a falta de significado do existir. Eis o absurdo. A agência, tanto da religião quanto da ideologia, ancora-se no intuito de sobrepor a absurdidade do mundo. Afinal, “na história não faltaram religiões nem profetas, mesmo sem deuses” (CAMUS, 2021b, p. 67), o eclipse constitui seus âmagos. A tarefa principal de ambas instituições é construir a história — passado e futuro — como forma de construir o presente.

As ideologias determinam uma problemática oriunda do passado como forma de agitar pessoas rumo à construção de uma utopia. Erigem-se fundamentos para uma interpretação unificante da história, como se o mundo fosse, em si mesmo, desanuviado: é preciso que se caminhe nesta direção, pois, do contrário, tudo estará perdido. A religião, em seu turno, não dispõe, via de regra, de grande disparidade; contudo apela ao mítico. Em outras palavras, tudo é feito e arquitetado em um salto parecido, crê-se em uma acepção imaterial de verdade. Requerem ações e limitações em nome de um bem maior que jamais poderá ser garantido, pois parte de uma imaterialidade improvável que se inicia apenas com a morte. Há, enfim, a pressuposição também de uma unicidade e clarividência no universo e as instituições silenciosas inserem a si mesmas como portadoras do sentido superior. Assumem isso como engendramento inerente. Ambos casos ostentam uma visão de mundo limitadora; operam, na realidade, em nome de um homem que nunca existiu e que não dispõe de contradições, como argumentou Camus (2019).

Ao se circunscreverem como oposições à consciência da condição humana, baluartes de sua própria ideia de veracidade, dão margem para as suas próprias incoerências. Dado que a utopia pertence ao horizonte, a aspiração à perfeição, o desprezo às próprias contradições descamba para o arrivismo. Suas concepções próprias e totalizantes sobrepõem a concretude da existência, orientando, assim, uma cosmologia particular a qual almeja ser a própria verdade.  Isto posto, o vão está situado entre a visão de vida empreendida pela religião e pela ideologia e o absurdo da vida. Como consequência desta desmedida da propriedade utópica, Camus (2019, p. 180) sustentou: “esses valores deixaram de ser referências para se tornarem fins. Quanto aos meios de alcançar esses fins, isto é, a vida e a história, nenhum valor preexistente poderia orientá-los”. O ímpeto do absoluto corrompe a ideia totalizante, assim a postura arrivista trava batalhas pela autoria da história. Eis a força motriz da mentira no campo político.

Em sua nova ornamentação, a mentira ganha duas novas formas, a de fake news (notícia falsa) e a de narrativa conspiratória. Cada uma com seu propósito. Aliás, “nunca se mente desnecessariamente” escreveu Camus, em março de 1944, em editorial do jornal da resistência francesa, o Combat, “a mentira mais insolente imprudente, desde que na condição que ela seja repetida com bastante frequência e por tempo suficiente, sempre deixa sua marca” (LÉVI-VALENSI, 2002, p. 99) (tradução nossa) [9]. Os rastros deixados, alertados pelo argelino, fazem menção a falta de sustentação, seja ela ética ou material. Faz-se da apelação, um expediente. Para alcançar a imposição de sua própria veracidade, evoca-se a mentira como testemunha contra qualquer oposição, e, de acordo com a literatura do campo, o falseamento como estratégia política na contemporaneidade tem como intuito, através do pânico, do asco, ativar instintos primitivos. Em outras palavras, substituir qualquer espécie de diálogo por um ódio desmedido, visto que a operação é pautada por reforçar preconceitos, leituras preexistentes etc., provenientes da tradição sob a qual a pessoa está inserida.

A notícia falsa se ampara em uma teoria da conspiração que, em seu turno, ampara-se em si mesma. Tudo se resume, aliás, por esta logicidade: são fins em si mesmos. Isto significa que não objetivam qualquer coisa além da destruição. Estes falseamentos partem da corrupção da factibilidade como forma de distorcer a cognição acerca do real. Os predicados pautam-se pela inoculação de uma mentalidade que se contrapõe a própria condição humana. Em outras palavras, o discurso incide sobre a depravação através de uma falsa evidenciação do que atenta contra os preceitos de uma dogmática que determina, em específico, unidade, clareza e sentido da existência. Enquanto as fake news agitam o efêmero, as narrativas conspiratórias emplacam, através da forja daquela mitologia anti-metafísica; porque, ao fim e ao cabo, a ciência, por exemplo, não basta para deter a lógica interna da teoria da conspiração: uma vez que alguém ou alguma ideia se opõe, passa a compor a conspiração. Assim sendo, a seara sob a qual se insere a narrativa conspiratória é sempre no plano da generalização e nunca na especificidade, acusa-se a partir de preceitos sem sustentação; não há início e não há fim, a suposição ganha título de certeza e a convicção, de verdade.

Ao eclipsar a esterilidade da vida, o propósito é, por consequência, a manutenção — ou mesmo a provocação — de uma credulidade cega. O salto da fé, primeiro em Kierkegaard e agora remodelado, também é contrafeito e, assim, falsificam uma visão de mundo. Corrompe-se até o salto. Não há contraposição, pois, o escapismo conveniente não dá margem para qualquer antítese ou prova real. Isto posto, a hipótese conspiratória — que jamais se assume como hipótese — possui em seu discurso propriedades semelhantes às profecias, sejam elas políticas ou religiosas: a impossibilidade de apresentar provas (CAMUS, 2019). Como resultado, a ausência de uma insurreição face o contexto e a perpetuação de convicções pregressas, trata-se disso. Tanto as fake news quanto as teorias da conspiração têm como mote de sua operação a corrupção dos fatos para mobilização, ela reforça os pontos cegos da crença e os fornece acepção de verdade. Sem espaço para contradição, tudo passa a ser justificado em si mesmo, tudo aquilo e todos aqueles que antagonizam, são contraventores e a engrenagem continua a rodar.

Há, no predicado humano, uma relação direta com o quadro de referências que cada indivíduo carrega e, por conseguinte, as limitações desta cosmologia, em sua aresta religiosa e em sua aresta política, escancaram o silêncio sob o qual operam as formas hodiernas de falseamento. Quando se faz, tanto da religião quanto da ideologia, um fim em si mesmo, como elucidou Camus (2019), existe a tentativa do ser humano, através destas instituições, movimentar seus instintos arrivistas. Uma vez que a ultrapassagem ao absurdo da vida é impossível, o eclipse é o caminho. Mente-se em nome do êxito da subversão, mente-se em nome do processo de destruição. Assim sendo, a condição humana é ocultada de seus interlocutores — estes que possuem alguma predisposição, pois são um demográfico selecionado —, e com ela, o potencial do despertar para esta que é uma peste coletiva dos tempos atuais.

No concreto da corrupção da factibilidade da vida, reside o obscurecimento da condição humana como forma de motivar o instinto defensivo do âmago primitivo do ser. Em sua ornamentação do cotidiano atual, a mentira, seja ela perfilada como notícia falsa ou teoria da conspiração, tem, em seu núcleo duro, o intuito de impor as carências evidenciadas pelo alvorecer da consciência. Este procedimento aguça o sentimento de proteção da unidade e do sentido do mundo, afinal, incute uma clareza artificial na compreensão do ser sobre sua existência. A sobrevivência das narrativas enganadoras se dá na idiossincrasia de fazer de tudo e todos conspiradores e contraditores de uma acepção improvável da verdade e da razão; cria-se uma lógica insustentável, refém de si mesma, preservando-se enquanto o confinamento desta mentira não for desmistificado.

Considerações Finais

Este estudo versou sobre um fenômeno comunicacional político antigo, a mentira. Agora, todavia, em sua manifestação contemporânea, sua nova morfologia, leia-se as notícias falsas e as teorias da conspiração. Distante de um estudo de casos pontuais ou temáticos, o texto não tratou de esmiuçar especificidades. Na realidade, o propósito foi epistemológico, afinal, a discussão foi erigida a partir dos conceitos e em como eles, em sua concretude, se relacionam com os seus interlocutores. Isso, pois, há engendrado no assunto, a questão da adesão, a princípio cega, e é necessário entender aspectos catalisadores.

Face a condição absurda sob a qual a humanidade está condenada em sistema perpétuo, o eclipse da consciência é noção chave para o entendimento da movimentação política inoculada através da mentira. Ao velar os limites da existência, tanto as fake news quanto as narrativas conspiratórias dão à um demográfico selecionado um horizonte infinito sob o qual se deve lutar. Sob a justificativa religiosa ou sob a justificativa ideológica, criam-se estórias que estão ancoradas em seu próprio núcleo duro e, portanto, tornam-se fins em si mesmas; nega-se a tudo e a todos e, de qualquer antinomia, faz-se tábula rasa e componente da mácula do mundo, conspirador dá razão universal — seja ela humana ou divina.

O dialogismo estabelecido entre o paradigma da comunicação contemporânea e a margem sob a qual a mentira emerge como artifício inexorável, fornece à teoria do campo (enquanto totalidade teórica acumulada), uma extensão multidisciplinar, afinal, conversa com o absurdismo camusiano. O contributo empreendido a reboque do texto evidencia um predicado pautado na ofuscação da própria condição humana. O movimento de eclipse da absurdidade reforça valores da metanarrativa a qual se defende, ou seja, fornece unidade, clareza e sentido ao mundo e à existência. Ademais, a agência da mentira se dá por culpabilizar qualquer pessoa e ideia que se contraponha a esta unidade, esta clareza e este sentido. As novas formas de falseabilidade, ao fim e ao cabo, provocam a subversão dos indícios existenciais e coagem através da corrupção do significado de existir.

Notas

[1] Ver Martino (2021).

[2] Ver J’accuse (ZOLA, 2009).

[3] Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BDQPPBRW2ik>. Acesso em: 26 mar. 2022.

[4] Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=cFwVCHkL-JU>. Acesso em: 11 abr. 2022.

[5] Ver Oselame (2021).

[6] A pragmática do senso comum emprega o vocábulo como sinônimo de hipótese, o que não está correto de acordo com o rigor científico (MARTINO, 2021). No entanto, optei por manter a grafia popular à título de identificação dos leitores, ainda que não represente a acepção acadêmica do termo.

[7] Ver Lyotard (2015).

[8] “Pensar não é unificar, familiarizar a aparência com o aspecto de um grande princípio. Pensar é reaprender a ver, dirigir a própria consciência, fazer de cada imagem um lugar privilegiado. [...]. A consciência não forma o objeto do seu conhecimento, somente fixa, ela é o ato de atenção e, para retomar uma imagem bergsoniana, se assemelha a um aparelho de projeção que de repente congela uma imagem. A diferença é que não há roteiro, mas uma ilustração sucessiva e inconsequente. [...]. A consciência deixa em suspenso na experiência os objetos de sua atenção. Isola-os com seu milagre, deixando-os à margem de todos os juízos. O que caracteriza a consciência é essa ‘intenção’. Mas esta palavra não implica nenhuma finalidade; é tomada em seu sentido de ‘direção’: tem valor meramente topográfico” (CAMUS, 2021, p. 56-57).

[9] On ne ment jamais inutilement. Le mensonge le plus impudent, pourvu qu’il soit répété assez souvent et assez longtemps, laisse toujours sa trace.

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Dedicatória

À Carol.