25 de janeiro, 12h28:
a memória da tragédia da Vale em Brumadinho, ao vivo no MG1
Wagner Rodrigo Arratia Concha1
Resumo
Às 12 horas, 28 minutos e 25 segundos do dia 25 de janeiro de 2019, a Barragem 1, localizada na mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), se rompeu. A tragédia ocorreu no horário em que é apresentado o telejornal MG1, da Globo Minas. Por meio da Análise da Materialidade Audiovisual (COUTINHO, 2016; 2020), verificamos como o MG1 cobriu os três primeiros aniversários do rompimento da barragem, no que diz respeito à memória, às fontes consultadas, ao discurso de emoção e se houve a discussão de problemas públicos relacionados ao acontecimento. Os resultados indicam que as entradas ao vivo mencionaram homenagens às vítimas, como a chamada dos ausentes, o toque do silêncio e o lançamento de balões; familiares de vítima desaparecida e de vítima localizada e um bombeiro foram entrevistados; e os discursos transmitiram sentimentos de horror, pesar, compaixão, raiva e agradecimento. Além disso, o único momento em que os vídeos registraram aspectos relacionados a problemas públicos foi em 2022, quando uma repórter citou ações preventivas da Vale em outras de suas barragens. Pesquisas futuras podem investigar como o jornalismo tem tratado os problemas públicos relacionados a barragens, a emoção de jornalistas e o discurso de renovação da Vale no processo de reparação.
Palavras-chave
Brumadinho; Mineradora Vale; Telejornalismo Local; Acontecimento Público.
1 Doutorando em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Integrante do grupo de pesquisa Transverso; bolsista CAPES DS. E-mail: wagnerconcha@gmail.com.
25th January, 12:28 pm:
the memory of Vale’s tragedy in Brumadinho, live at MG1
Wagner Rodrigo Arratia Concha1
Abstract
At 12:28:25 pm on 25th January 2019, Dam 1, located at Vale’s Córrego do Feijão iron ore mine, in Brumadinho (state of Minas Gerais, Brazil), collapsed. The tragedy took place at the same time Globo Minas broadcasts MG1 newscast. Using the Analysis of Audiovisual Materiality (COUTINHO, 2016; 2020), we verified how MG1 covered the first three anniversaries of the dam failure regarding memory, sources, discourse of emotion, and whether public problems related to the event were discussed. Results show the live coverages mentioned tributes to the victims, such as the call of the missed ones, the instrumental piece of silence (a trumpet melody), and the release of balloons; relatives of a missed victim and a found victim, and a fire fighter were interviewed; and discourses transmitted the feelings of horror, grief, compassion, anger, and thank. In addition, the only moment aspects of public problems were mentioned was in 2022, when a reporter cited Vale’s preventive actions in other of its dams. Future research should investigate how journalism has covered public problems related to dams, emotion of journalists and Vale’s discourse of renewal during the repair process.
Keywords
Brumadinho; Vale Mining Company; Local Telejournalism; Public Event.
1 Doutorando em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Integrante do grupo de pesquisa Transverso; bolsista CAPES DS. E-mail: wagnerconcha@gmail.com.
Introdução
O jornalismo constitui o discurso do presente (BABO-LANÇA, 2012). Se os jornalistas não precisam do futuro para contar histórias sobre o passado, eles necessitam do passado para falar sobre o futuro (TENENBOIM-WEINBLATT; NEIGER, 2020, p. 427). Jornalistas são “cronistas incorporados de eventos” [1] (WAHL-JORGENSEN, 2020, p. 185) (tradução nossa), como desastres e tragédias, e assumem “um lugar memorialista, semelhante ao do historiador mas focado[s] em um presente que rapidamente vira História” (GERK; BARBOSA, 2018, p. 161). A memória é usada nos níveis dos indivíduos, dos grupos e da mídia, e esta atribui um uso histórico das informações, “intervindo na construção do presente e na seleção/construção do passado” (BABO-LANÇA, 2012, p. 60).
A memória coletiva inclui o jornalismo e eventos jornalísticos (GERK; BARBOSA, 2018, p. 164). Segundo Trümper e Neverla (2013), a memória sustentável — no sentido literal, e não no sentido de manutenção da responsabilidade no longo prazo —, por meio do jornalismo, é “um processo em andamento da cobertura midiática do presente com referências a um evento do passado durante um período definido” [2] (TRÜMPER; NEVERLA, 2013, p. 8) (tradução nossa) (grifo do autor). A memória sustentável é composta por duas dimensões: temporal e temática. “A dimensão temporal mostra se o jornalismo cobre um evento passado durante o passar do tempo, enquanto a dimensão temática mostra como o evento passado é embutido em campos temáticos” [3] (TRÜMPER; NEVERLA, 2013, p. 9) (tradução nossa) (grifo do autor).
Eventos que são ameaçadores e traumáticos, como crises, tendem a criar memórias vívidas (SEEGER; SELLNOW, 2016, p. 38). Em tragédias, “a situação é tão dramática, que presenciar os momentos pós-tragédia é suficiente para ser testemunha do acontecimento traumático” (COUTINHO; MATA, 2013, p. 393). Narrativas memoriais são centrais para o luto, a cura, a lembrança e o aprendizado associados a crises (SEEGER; SELLNOW, 2016, p. 139). A construção de memoriais contribui para o processo de cicatrização, enquanto discursos, cerimônias e missas ocorrem quando memoriais são criados e devem ser repetidos anualmente como lembranças (SEEGER; SELLNOW, 2016, p. 128-129).
Em coberturas de crises, a imprensa busca por fontes como socorristas oficiais (ex.: bombeiros); primeiros comunicadores (jornalistas cidadãos); primeiros comunicadores profissionais (mídia tradicional) (NOVAK; VIDOLOFF, 2011); porta-vozes da organização; oficiais do governo (ex.: prefeito); especialistas da indústria ou de outros setores (ex.: agência reguladora); empregados; vítimas; testemunhas da comunidade; e outros (ex.: porta-vozes de hospitais) (HOLLADAY, 2009). Além disso, Amaral e Motta (2018) identificaram três tipos de depoimentos nas primeiras 24 horas de cobertura da TV Globo da tragédia da Samarco (controlada por Vale e BHP), em Mariana (MG), em 2015: vítimas sobreviventes, vítimas em fuga e familiares de vítimas desaparecidas. Miranda e Pinna (2020, p. 12) analisaram a cobertura do MG1 antes e depois da mesma tragédia e concluíram que “na mídia a cidade ‘(re)nasceu’ com o ocorrido, as narrativas sobre a morte ressignificaram a cobertura jornalística sobre Mariana e região”.
Estudos em jornalismo deixaram de negligenciar o papel da emoção e deram uma guinada emocional (WAHL-JORGENSEN, 2020). A cobertura jornalística dedica bastante espaço às emoções daqueles que sofreram ou foram afetados por desastres (PANTTI, 2019). A cobertura inicia com o discurso de horror, ao mostrar as consequências da tragédia. Esse discurso de horror é acompanhado do discurso de pesar, que foca nas comunidades e famílias enlutadas. Com isso surge o discurso da compaixão, que busca aliviar o sofrimento e enfatiza esforços de indivíduos heróis e organizações de ajuda. E, por fim, o discurso da raiva foca em questões de culpa e responsabilidade (PANTTI, 2019, p. 4). Neste trabalho, consideramos “tragédia” e “desastre” sinônimos que descrevem ocorrências socioambientais (MENIN, 2019).
Acontecimento e problema públicos
O acontecimento é, de acordo com a abordagem pragmática, “um fenómeno de ordem hermenêutica: por um lado, ele pede para ser compreendido, e não apenas explicado, por causas; por outro lado, ele faz compreender as coisas — tem, portanto, um poder de revelação” (QUÉRÉ, 2005, p. 60). A maioria dos acontecimentos se inscreve em um campo problemático (QUÉRÉ, 2005, p. 72). Uma situação torna-se problemática, segundo Cefaï (2017, p. 188), “quando as reações habituais de um organismo às solicitações de seu ambiente já não proporcionam a satisfação de suas necessidades e de seus desejos”. Para o autor, “[a] totalidade integrada, formada pelas transações do organismo e de seu ambiente, conhece uma crise” (CEFAÏ, 2017, p. 188-189) (grifo do autor). Cefaï (2017) argumenta ainda que uma arena pública se manifesta em torno de uma situação problemática, onde as pessoas experimentam publicamente o distúrbio. “A mediação de uma experiência coletiva é, aqui, capital para que o distúrbio seja problematizado e publicizado e para que as pessoas saibam com o que estão lidando e o que fazer com isso” (CEFAÏ, 2017, p. 192) (grifos do autor), gerando, assim, “um campo de experiência coletiva com modos de ver, dizer e fazer de sentido comum” (CEFAÏ, 2017, p. 192) (grifos do autor). Com isso, os acontecimentos tornam-se um problema público ou constituem situações problemáticas que favorecem a formação da entidade coletiva que é o público e que se compromete num regime de ação pública (BABO, 2013, p. 232).
A visibilidade midiática pode ajudar atores da sociedade civil a vencerem a barreira da invisibilidade e tematizar situações-problema, direcionando a atenção pública para esses problemas (MAIA, 2008). Em coberturas jornalísticas, pode-se observar não apenas processos específicos de cada mídia na constituição de um acontecimento e de um problema coletivo, como também as disputas de segmentos sociais em torno do acontecimento e das questões coletivas evidenciadas (SILVA, 2018, p. 101). A construção de barragens no Brasil e as violações de direitos humanos, advindos desses empreendimentos, são problemas públicos (CUNHA; BRANDÃO, 2019). Assim, rompimentos de barragens constituem acontecimentos e problemas públicos (CARNIELLI, 2021).
As tragédias em Brumadinho (MG) e Mariana (MG)
A Vale foi fundada em 1942 como a estatal Companhia Vale do Rio Doce e hoje é uma das maiores mineradoras do mundo, com atuação em 20 países (VALE, s.d.). A empresa está envolvida nos acontecimentos públicos de Brumadinho e Mariana (CARNIELLI, 2021). Às 12 horas, 28 minutos e 25 segundos (Figura 1) do dia 25 de janeiro de 2019, a Barragem 1, na mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, se rompeu: “[...] a parte inferior do reservatório começou a ceder e liberou uma avalanche devastadora de rejeitos de mineração” (CARVALHO, 2019). O rompimento foi classificado pelo presidente da empresa, na época, como “‘algo além e acima de qualquer coisa que eu pudesse imaginar’” (OLIVEIRA; MENDES, 2019, p. 14).
Figura 1 - O início do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho.
Fonte: Carvalho (2019)
Diversos estudos têm se debruçado sobre a tragédia da Vale em Brumadinho. Ao analisarem a série de reportagens Vozes de Brumadinho, produzida pelo Estado de Minas, Batista e Musse (2019, p. 14) concluíram que “[a]s inferências memoriais, identificadas nos relatos em primeira pessoa atestam que estes sujeitos vivem, hoje, uma realidade atravessada pelo trauma”. Negrini e Redü (2021, p. 158) analisaram o Jornal Hoje, da TV Globo, do dia seguinte ao rompimento da barragem da Vale e concluíram que “os mediadores (repórteres, cinegrafistas e apresentadores) deram ênfase à demonstração do lado humano que envolve uma tragédia e à transmissão de sensibilidades”. Cruz (2020) encontrou em redes digitais boatos de que terroristas cubanos e venezuelanos teriam sido os responsáveis por uma explosão da barragem da Vale, enquanto Martino e Ravelli (2019) acharam três etapas da estratégia de comunicação de valores éticos no LinkedIn da empresa: interesse pela apuração dos fatos, mensagens como ‘não vamos medir esforços’ ou ‘sabemos da nossa responsabilidade’, e ações que estavam sendo feitas para minimizar danos e evitar novos acontecimentos.
Alguns estudos também investigaram, em conjunto, as tragédias da Samarco e da Vale. Oliveira e Moreira (2020) estudaram as reportagens Vozes de Mariana, produzidas após a tragédia da Samarco, em 2015, e Vozes de Brumadinho, ambas as produções do Estado de Minas. Encontraram perdas, presença do testemunho e indícios de memória. Maia (2020, p. 12) estudou a cobertura de Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo sobre a tragédia da Vale, e sua relação com a da Samarco, e concluiu que “[q]uando outro acontecimento de mesma ordem ‘acontece’ provoca uma afetação ainda mais ampla, tanto pelo número de pessoas que atinge diretamente [...] quanto pelo crime não resolvido”. Oliveira e Mendes (2019) analisaram os primeiros comunicados emitidos por Samarco e Vale após os rompimentos de suas barragens e concluíram que as empresas “procuraram construir um significado da tragédia enquanto acidente, contudo, a estratégia da Vale esteve mais próxima de uma dimensão sensível” (OLIVEIRA; MENDES, 2019, p. 14). Carnielli (2021) também estudou os dois acontecimentos públicos e identificou uma trama acontecimental em ambas as tragédias e um paradoxo formado pela justaposição da comunicação cínica à comunicação pública em estratégias de comunicação.
Metodologia
Diante do exposto, examinamos como o telejornalismo trata a memória de uma tragédia, e em que medida o acontecimento é contextualizado como problema público. Por meio da Análise da Materialidade Audiovisual (COUTINHO, 2016; 2020), investigamos como o telejornal MG1 cobriu os três primeiros aniversários do rompimento da barragem da Vale, sob o ponto de vista da memória, das fontes consultadas e do discurso de emoção, bem como se há a discussão de problemas públicos relacionados às barragens. Três vídeos foram coletados (MG1, 2020, com 12 minutos e três segundos; MG1, 2021, com 10 minutos e um segundo; e MG1, 2022, com 12 minutos e seis segundos), por meio de amostragem intencional (BRYMAN, 2012), na plataforma Globoplay. São entradas ao vivo próximas ao horário do rompimento da barragem nos dias 25 de janeiro de 2020, 2021 e 2022.
Segundo a Análise da Materialidade Audiovisual, a narrativa do telejornalismo tem como princípios a existência de conflito; a apresentação de personagens em um cenário, a exposição de ações, com vistas ao desenvolvimento ou solução do conflito; a existência de diferentes formas e tipologias de intrigas; e a presença de lição de moral ao final de cada história (re)apresentada (COUTINHO, 2020, p. 173). A análise é constituída de três atos: a prótase, em que há a exposição do conflito e o encaminhamento dos elementos do drama; a epítase, quando há complicações e acirramento do elemento conflituoso; e a catástrofe, que seria a resolução do conflito e o consequente retorno à normalidade (COUTINHO, 2020, p. 176).
No primeiro ato (prótase) há a identificação do objeto a ser estudado, considerando “como ocorre seu encaixe no fluxo televisivo, ou em cuja circulação a obra seja exposta, compreendendo as marcas particulares daquele canal ou emissora” (COUTINHO, 2020, p. 176). Deve-se buscar por indícios da historicidade do noticiário analisado e definir a amostra ou o número de edições ou peças audiovisuais que serão avaliadas. Nessa etapa é importante também elaborar a ficha de análise, que pode incluir categorias relacionadas à temática, fontes de informação, presença ou não de pontos de vista conflituais, inserção de arte, etc. (COUTINHO, 2016, p. 11-12). Procuramos identificar homenagens às vítimas (SEEGER; SELLNOW, 2016); fontes entrevistadas (HOLLADAY, 2009; NOVAK; VIDOLOFF, 2011; AMARAL; MOTTA, 2018); e formas do discurso de emoção (PANTTI, 2019).
No segundo ato (epítase) ocorre a operacionalização do método. Nessa etapa é possível “realizar diferentes leituras a partir de acionamentos da totalidade do programa ou de alguns trechos e reportagens em particular, sendo a complexidade ampliada a partir da redução do trecho audiovisual experimentado” (COUTINHO, 2020, p. 178). Segundo Coutinho (2020, p. 179), a análise “deve ser capaz de permitir a compreensão e interpretação do telejornal” por meio do “mapeamento e percepção das redes de atuação dos personagens, assim como das intrigas e motores implicados e ainda de acompanhamento das ações por eles realizadas com vistas ao desenvolvimento do conflito inicial” (COUTINHO, 2020, p. 179).
No terceiro ato (catástrofe) ocorre a síntese final, quando se busca “(re)inserir o material analisado no fluxo audiovisual e informativo em cujo contexto este se insere” (COUTINHO, 2020, p. 179). Nessa etapa deve-se “perceber com quais histórias a peça analisada se relaciona, que imagens e visões determinada mensagem audiovisual perpetua, reforça ou tensiona” (COUTINHO, 2020, p. 180).
Resultados e discussão
Primeiro ato - Prótase
O MG1 é um dos telejornais locais da Globo Minas em Belo Horizonte e vai ao ar ao meio-dia. O rompimento da barragem da Vale ocorreu às 12h28 de 25 de janeiro de 2019 (CARVALHO, 2019), durante a apresentação do MG1. Por isso, optamos por analisar em conjunto as três coberturas. O conflito a ser analisado são os desdobramentos do rompimento da barragem da Vale. Deve-se ressaltar que em 2015 houve evento semelhante, o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana. A ficha de análise do material permitiu investigar como o MG1 tratou a memória (SEEGER; SELLNOW, 2016), quais foram as fontes entrevistadas (HOLLADAY, 2009; NOVAK; VIDOLOFF, 2011; AMARAL; MOTTA, 2018), e os discursos de emoção presentes nos vídeos (PANTTI, 2019). Também averiguamos se o MG1 tratou a tragédia como um problema público.
Segundo ato - Epítase
No primeiro vídeo, sobre o primeiro aniversário do rompimento da barragem, em 2020, a repórter Luciana Mussi citou a construção de um memorial e entrevistou o “seu” Geraldo, pai de uma das vítimas, sobre a criação desse espaço. A jornalista também registrou o minuto de silêncio em homenagem às vítimas e o lançamento de balões, quando o horário marcou 12h28.
Repórter Luciana Mussi: Gente, a gente vai interromper [a entrevista com o tenente Douglas Constantino, do Corpo de Bombeiros] um minutinho aqui agora só porque o pessoal vai fazer um minuto de silêncio. [...] Pessoal tá reunido aqui desde o final da manhã, aqui no letreiro da cidade, e agora eles estão soltando aqui os balões em homenagem às vítimas pra marcar o momento da tragédia, que foi meio-dia e 28 [minutos]. Meio-dia e 28 [minutos], há um ano a barragem se rompeu e a lama devastou várias comunidades. Deixou pessoas mortas e até hoje 11 desaparecidas. (MG1, 2020, On-line).
O vídeo do primeiro aniversário é marcado por discursos de horror, pesar, compaixão, raiva e agradecimento. Os discursos de horror e pesar estiveram presentes no momento em que a repórter respeita o minuto de silêncio. O discurso de compaixão é representado pelo tenente do Corpo de Bombeiros, que contou o andamento dos trabalhos de busca. O discurso de raiva, por sua vez, foi proferido por um interlocutor não identificado no minuto de silêncio, ao dizer que as vítimas “são as nossas joias que se foram nessa tragédia-crime da Vale” (MG1, 2020, On-line). O “seu” Geraldo também externou sua indignação, ao dizer que os netos — filhos de sua filha Juliana e do genro Dennis, mortos na tragédia — agora moram com ele e a esposa. “Então não tem como eu falar [para os netos]: ‘vai passar’. Não vai, não vai. Porque lá ninguém morreu. Lá eles enterrou todo mundo vivo. Vivo!” (MG1, 2020, On-line). Uma forma de discurso de emoção que surgiu indutivamente foi o discurso de agradecimento, representado por um depoimento do “seu” Geraldo.
Repórter Luciana Mussi: [...] O “seu” Geraldo tava falando aqui... ô gente, no dia em que se completa um ano dessa tragédia, sabe o que ele conversou comigo aqui há pouco? Ele falou assim: ‘Luciana, me dá a oportunidade de agradecer’. E ele quer agradecer o trabalho dos bombeiros.
“Seu” Geraldo: [áudio cortado] Hoje ainda estive com eles, Estevão, bombeiro lá na cava. ‘Pode ficar tranquilo que os bombeiros não vai parar, vai encontrar todos’. Então tem mais é de agradecer, com toda a dor, quem tá ajudando. [...]
Repórter Luciana Mussi: “Seu” Geraldo, brigada. Que que o senhor tem a dizer aí com essas palavras?
[“Seu” Geraldo estende a mão e abraça o tenente Constantino; Figura 2]
“Seu” Geraldo: Muito obrigado, muito obrigado de coração. A todos os bombeiros, um abraço. Vocês merecem, vocês merecem.
Tenente Douglas Constantino: Para nós, nós ficamos muito lisonjeados com o agradecimento da população de Brumadinho. A confiança que tem nos dado, ao mesmo tempo que também isso traz responsabilidades, de continuar fazendo um bom trabalho, de continuar em busca das 11 joias. Esse é o compromisso da nossa corporação. (MG1, 2020, On-line).
Figura 2 - Abraço entre parente de vítimas e representante do Corpo de Bombeiros.
Fonte: MG1 (2020)
O segundo vídeo, sobre o segundo aniversário do rompimento, em 2021, não teve entrevistas. As homenagens às vítimas foram a chamada dos ausentes, o toque do silêncio, o lançamento de balões, o toque do sino de uma capela e velas acendidas no chão. A jornalista Cláudia Mourão explicou a chamada dos ausentes: “É um momento muito triste porque eles lembram aqui, eles falam os nomes de todas as 270 vítimas dessa tragédia, lembram as 11 que ainda não foram encontradas” (MG1, 2021, On-line). O toque do silêncio (Figura 3), por sua vez, é uma homenagem feita pelo Corpo de Bombeiros. Diz a repórter: “Vamos ouvir o toque do silêncio. [Bombeiro toca a corneta] O toque de silêncio lembrando aí um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dessa tragédia. Momento de muita emoção, de muita reflexão” (MG1, 2021, On-line).
Figura 3 – Bombeiro conduz o toque do silêncio em homenagem às vítimas.
Fonte: MG1 (2021)
O vídeo de 2021 é marcado por várias formas de discurso de emoção. Os discursos de horror e de pesar foram representados pelo depoimento de Mourão durante o toque do silêncio. O discurso de compaixão, também proferido pela jornalista, destacou o trabalho contínuo dos bombeiros.
Repórter Cláudia Mourão: [...] Não são pessoas desaparecidas, são vítimas que ainda não foram encontradas e é por isso que os bombeiros estão aqui para lembrar isso porque, até agora, mais de 4 mil bombeiros participaram dessa operação, que é a maior operação, segundo o governo do estado, de busca e salvamento do nosso país. Então os bombeiros trabalharam duramente pra encontrar todas essas pessoas, ainda trabalham. Hoje, tem mais de 60 bombeiros lá na lama, trabalhando desde cedo. (MG1, 2021, On-line).
O discurso de raiva foi representado pelo depoimento da apresentadora Aline Aguiar.
Apresentadora Aline Aguiar: [...] nós nos emocionamos também por isso, porque um pouco de longe nós também sentimos a dor dessas famílias, dessas pessoas e estamos com essas pessoas trabalhando, mostrando todos os dias, todos os anos a gente vem aqui relembrar tudo isso porque nós também queremos justiça. Justiça por todas essas famílias. Justiça pelas vítimas. Pessoas que saíram de casa cedo pra mais um dia de trabalho e que não voltaram pra casa. Essa dor talvez nunca passe e a gente também nunca vai deixar de pedir, de clamar por justiça. (MG1, 2021, On-line).
O terceiro vídeo, sobre o terceiro aniversário do rompimento, em 2022, registrou homenagens às vítimas: uma caminhada pelas comunidades atingidas em protesto por reparação, uma missa na igreja Nossa Senhora do Rosário, o toque do silêncio e o lançamento de balões. Os discursos de emoção presentes foram de horror, pesar, compaixão e raiva. Um exemplo que une os discursos de horror, pesar e raiva é o relato do repórter Lucas Franco, que estava em um helicóptero.
Repórter Lucas Franco: Homenagem às 270 vítimas da tragédia de Brumadinho. Neste momento a soltura dos balões simboliza essas vidas, simbolizam os 1.096 dias desde aquele dia 25 de janeiro de 2019. Por volta de meio-dia e 28 [minutos], centenas de pessoas, centenas de histórias foram interrompidas. Muitos estavam no horário do almoço, aquela pausa no trabalho. Não tiveram a oportunidade de encerrar a refeição, não tiveram a oportunidade de mandar a mensagem para alguém que ama e não tiveram a oportunidade de um abraço. Outras estavam conhecendo a cidade de Brumadinho, em pousadas, em turismo, conhecendo o museu Inhotim. Estavam na pousada se relaxando, aproveitando o dia nessa cidade. Foram levados também pela lama. Histórias de pessoas, histórias de vidas, sonhos que não foram concluídos, desejos que não foram realizados. Brumadinho vive esse luto, que é um luto eterno, de 270 pessoas. São centenas de famílias que, com essa dor, estão aqui reunidas pra não deixar que essa tragédia seja esquecida, pra cobrar por justiça. Três anos se passaram e os únicos punidos são essas famílias, que perderam seus entes queridos. São pessoas que vivem aqui no entorno do rio Paraopeba, cidades que foram atingidas pela lama. A água que não pode ser mais usada, é uma tragédia que nunca deve ser esquecida. E nós estaremos aqui juntos com essas famílias e com todos os atingidos cobrando pela responsabilização daqueles responsáveis. É uma tragédia, como eu disse, que não deve ser esquecida. É uma bela homenagem dessas famílias, dos moradores de Brumadinho, que estão reunidos aqui na entrada da cidade. (MG1, 2022, On-line).
Outro exemplo de discurso de raiva é o depoimento da vice-presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos da Tragédia do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho (Avabrum), Andresa Rodrigues (Figura 4), mãe de Bruno Rodrigues, localizado em 2019 (FERREIRA, 2019).
Figura 4 – Vice-presidente da associação de atingidos pede responsabilização.
Fonte: MG1 (2022)
VT Andresa Rodrigues, vice-presidente da Avabrum e mãe da joia Bruno: São três anos sem nenhum responsável na cadeia, né, e isso deixa a gente, além da revolta, com uma dor imensa. Por isso nós seguimos presos à lama de sangue. Lá ainda estão seis joias a serem encontradas. Tem seis corações que estão lá dilacerados e que isso reflete nos familiares porque o crime não acabou, não passou, né. Quem é pai, quem é mãe, quem é familiar sabe onde seu coração bate. Eu enquanto mãe, meu coração bate é no peito do Bruno. Então a Vale não matou só o Bruno. Ela matou o Bruno e ela me mata um pouco a cada dia também, assim como faz com os demais familiares. Enquanto não houver responsabilização, matar em nome do dinheiro, em nome da ganância, seguirá sendo lucrativo. (MG1, 2022, On-line).
Outro discurso de compaixão foi representado por uma atualização da repórter Flávia Ayer sobre o trabalho de buscas.
Essas buscas por enquanto elas estão interrompidas pelo Corpo de Bombeiros. Isso porque houve né aí a chuva, [...] e por causa disso essas buscas estão interrompidas, mas devem retornar logo agora no início de fevereiro. (MG1, 2022, On-line).
Ayer também leu parte das notas enviadas por Vale e TÜV SÜD, empresa que havia certificado a estrutura que colapsou. As notas não são porta-vozes das organizações (HOLLADAY, 2009), mas representam os posicionamentos oficiais das empresas.
Na análise dos vídeos também ficaram evidentes momentos de emoção dos jornalistas que cobrem a tragédia. Em 2020, a jornalista Liliana Junger relembrou a cobertura realizada em 2019. “A minha equipe foi a primeira a chegar em Brumadinho naquele 25 de janeiro. Então pra mim, assim, é difícil passar todo mês por essa data” (MG1, 2020, On-line). Em 2021, a repórter Cláudia Mourão se emocionou durante o toque do silêncio.
Então, aqui é um momento de muita reflexão, de muitas homenagens, de muito sentimento compartilhado aqui entre todos os moradores, as famílias, nós profissionais que estamos aqui. Um momento... [voz embargada] de emoção. (MG1, 2021, On-line).
A repórter Fabiana Almeida e a apresentadora Aline Aguiar também se emocionaram nessa cobertura em 2021.
Repórter Fabiana Almeida: [...] São essas velas aí, 272 velas lembrando as vítimas que foram arrasadas pela lama. Muito triste, Aline. Não tem outra palavra pra descrever esse momento e esse dia.
Apresentadora Aline Aguiar: Estamos todos muito emocionados com essas homenagens. [...] A gente se emociona sim porque repórter é ser humano, a gente tem sentimento. A gente acompanha tudo isso, todo esse sofrimento desde o início desse rompimento, dessa tragédia, e a gente faz um exercício, que é o exercício da empatia, que é mais do que se colocar no lugar do outro. É tentar pensar como o outro, sentir o que o outro sente. (MG1, 2021, On-line).
Terceiro ato - Catástrofe
A partir da análise dos três vídeos sobre os três primeiros aniversários de rompimento da barragem da Vale, pode-se concluir que ainda não há a resolução do conflito e o consequente retorno à normalidade em Brumadinho. Até as coberturas do primeiro (2020) e do segundo (2021) aniversários, 11 pessoas não haviam sido encontradas. Até o terceiro aniversário (2022), os bombeiros ainda buscavam por seis pessoas. Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) restaurou a competência da Justiça mineira para julgar o caso, anulando a federalização que havia sido determinada pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) no ano passado (RODRIGUES, 2022).
Assim, espera-se que, em 2023, a TV Globo Minas retorne a Brumadinho para acompanhar, mais uma vez, as homenagens às vítimas da tragédia. A emissora deverá reinserir o acontecimento no fluxo audiovisual e informativo do MG1, transmitindo ao vivo as homenagens durante o telejornal. De uma maneira geral, a tragédia da Vale em Brumadinho é marcada pelas imagens que mostram o momento do rompimento da barragem, às 12h28 (Figura 1), o tsunami de lama percorrendo a área da mina, o resgate que um helicóptero dos bombeiros fez de uma vítima da lama, fotos das vítimas no letreiro localizado na entrada da cidade, entre tantas outras.
Considerações Finais
A cobertura do MG1 dos três primeiros aniversários do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, focou em homenagens às vítimas, como a chamada dos ausentes, o toque do silêncio e o lançamento de balões. Nos vídeos analisados, todas as formas de discurso de emoção indicadas por Pantti (2019) estiveram presentes. Um destaque em 2020 foi o que denominamos de “discurso de agradecimento”, em que o pai de uma das vítimas ainda não localizadas agradece o trabalho de buscas dos corpos e abraça um representante do Corpo de Bombeiros.
Nos três vídeos analisados, o telejornal não contextualizou o acontecimento como problema público, citando, por exemplo, o rompimento da barragem da Samarco, em 2015, ou problemas de licenciamento e fiscalização desse tipo de estrutura. A única vez em que houve uma menção a outros problemas foi quando a repórter Flávia Ayer leu trecho da nota da Vale sobre o terceiro aniversário, que citou ações preventivas realizadas pela empresa:
Sobre a segurança nas barragens, [a Vale] disse também que trabalha para que até 2025 todas as barragens nesse formato, né, à montante, como na do Córrego do Feijão, elas não estejam em condições críticas de segurança. (MG1, 2022, On-line).
A tragédia de Brumadinho suscita uma memória prospectiva mediada, que foca no tratamento da mídia de histórias em andamento e não resolvidas, iniciadas em algum ponto do passado e colocadas na agenda mais tarde (TENENBOIM-WEINBLATT, 2013). Até o terceiro aniversário do rompimento da barragem, seis vítimas ainda não haviam sido encontradas. Como destacou Maia (2020, p. 12), “o jornalismo pode, muitas vezes, transbordar o factual, ao abordar fenômenos e sujeitos a partir de acontecimentos que podem potencializar ações futuras”.
Novas pesquisas podem analisar a cobertura da tragédia da Vale em Brumadinho atentando-se não apenas à produção jornalística em si, mas também às “disputas de sentido travadas no processo de construção coletiva de um acontecimento e do tratamento dos problemas públicos” (SILVA, 2018, p. 102). Estudos podem averiguar como o jornalismo tem tratado os problemas públicos (BABO, 2013; CEFAÏ, 2017) relacionados a barragens. Pesquisas futuras também podem se dedicar à emoção de jornalistas (WAHL-JORGENSEN, 2020) que participam desse tipo de cobertura e ao discurso de renovação (ULMER; SELLNOW, 2020) da Vale no processo de reparação.
Notas
[1] Embodied chroniclers of events.
[2] An ongoing process of present media coverage with references to a past event over a defined period.
[3] The temporal dimension shows, whether journalism covers a past event over the course of time while the thematic dimension shows how the past event is embedded in thematic fields.
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