Editorial

Gabriela Borges1 

1 Professora do Programa de Pós Graduação em Comunicação/UFJF e editora da Revista Lumina. E-mail: gabriela.borges@ufjf.edu.br.

A primeira edição de 2022 da revista Lumina apresenta artigos que abordam reflexões teóricas e metodológicas sobre a comunicação e a tecnologia, o panorama audiovisual e midiático da cultura digital, além de análises empíricas sobre a televisão, as redes sociais, o jornalismo e o cinema. Traz ainda uma entrevista com o cineasta paulista Sebastião de Souza.

O artigo internacional desta edição é uma tradução de Adriano Souza do texto de Alan Cholodenko, “O Computador Disse Não” ou O Apagamento do Humano que coloca em diálogo o pensamento de Peggy Kamuf, Michel Foucault e Jean Baudrillard para discutir as relações entre o humano e computador. Outro artigo discute o conceito de “pensamento-em-linha” de Vilém Flusser, que serve de ponto de partida para se demonstrar a persistência de lógicas processuais lineares nos modos de expressão das tecnologias da comunicação humana no decorrer da história.

Refletindo sobre o atual panorama audiovisual e televisivo, o artigo de João Ladeira, com base na arqueologia das mídias, propõe uma metodologia para observar a institucionalização do streaming no Brasil ao identificar os pontos-chave na disputa para a elaboração da Lei do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC). Três artigos versam sobre a ficção seriada televisiva, brasileira e estadunidense. No que se refere às ficções brasileiras, discute-se as alterações na produção, circulação e audiência da Rede Globo no período de março de 2020 a março de 2021, considerando a emergência da pandemia de Covid-19 e analisa-se questões de gêneros e sexualidades a partir de quatro beijos entre personagens homossexuais de telenovelas exibidas entre 2013 e 2019. Sobre a ficção estadunidense, observa-se as nuances e complexidades em relação ao hibridismo, à serialização e à fidelização na Peak TV, considerada como a segunda era de ouro da televisão.

Apresenta-se ainda um estudo sobre o fandom brasileiro de Britney Spears, composto por jovens com idade média de 20 anos, a partir de uma análise etnográfica do fórum Rebellion, cujos resultados permitem uma reflexão sobre as características do ciberativismo mercantilizado nas redes.

Dois estudos adotam como metodologia os conceitos da Análise do Discurso, o primeiro deles analisa as negociações entre os valores do ideário jornalístico clássico e os discursos identitários, a partir da análise do blog #AgoraÉQueSãoElas do jornal Folha de S. Paulo. E o segundo artigo analisa as estratégias discursivas veiculadas pelas propagandas do PT e do PSDB no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral de 2014, com o intuito de perceber se estas colaboraram para a continuidade da polarização entre os dois partidos.

O campo de estudos do cinema conta com dois artigos e uma entrevista. Discute-se o cinema palestino como cinema nacional, por meio da análise de três filmes do realizador Elia Suleiman, entendendo que estes expressam uma perspectiva palestina, se contrapondo à invisibilidade, e representam de modo singular a sua história e sociedade, mostrando o impacto do processo político e social vivido na Palestina. E investiga-se a função narrativa do som no documentário Sopro (2013), de Marcos Pimentel, que lida com as experiências da existência humana a partir da observação do cotidiano de uma família residente no Parque Estadual de Ibitipoca, em Minas Gerais.

Nesta entrevista, Sebastião de Souza conta um pouco sobre a sua trajetória no cinema paulista no contexto da geração de cineastas pertencentes ao dito “cinema de invenção”, que buscava novas formas de expressão no contexto após o Golpe de 1964, definido pelo cineasta como “uma radical experimentação dos limites da representação sensível às tendências contraculturais e ao tropicalismo”.

Desejamos a todos uma boa leitura!!

Gabriela Borges


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