Interesse público versus interesses corporativos:

disputas entre Folha de S. Paulo e governo Bolsonaro em editoriais sobre a Covid-19

Hébely Rebouças1 e Edgard Patrício2

Resumo

O artigo investiga a relevância temática da pandemia de Covid-19 em editoriais de um dos principais jornais brasileiros, a Folha de S. Paulo, analisando de que modo o periódico explorou o tema, notabilizado pelo interesse público, em sua agenda de interesses corporativos, visto que o formato editorial permite flexibilidade de pauta (SANTOS; MARQUES; FONTES, 2020). Mas mesmo estando vinculado aos interesses da empresa jornalística, o editorial não pode ignorar os acontecimentos mais importantes do dia, relevantes para o debate público (MONT’ALVERNE; MARQUES, 2016). Por meio da Análise de Conteúdo, são analisados 147 editoriais publicados de 27 de fevereiro a 10 de maio de 2020 (quando foram confirmadas as 10 mil primeiras mortes por Covid-19 no Brasil). Procedeu-se a uma categorização temática em 87 destes editoriais, caracterizados pelo destaque dado ao assunto logo no título e subtítulo. Conclui-se que embora tenha explorado o assunto sob diferentes vieses, a abordagem política da pandemia acabou se impondo, com a crise sanitária sendo utilizada como pano de fundo para críticas ao governo Bolsonaro e para discussões que vão muito além da agenda de saúde.

Palavras-chave

Pandemia; Editoriais; Folha de S. Paulo; Interesse Público; Interesses Corporativos.

1 Doutoranda em Comunicação pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM/UFC).

E-mail: hebely@gmail.com.

2 Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM/UFC). E-mail: edgard@ufc.br.

Public interest versus corporate interests:

disputes between Folha de S. Paulo and Bolsonaro’s government in editorials about Covid-19

Hébely Rebouças1 and Edgard Patrício2

Abstract

The article investigates the thematic relevance of the Covid-19 pandemic in editorials of one of the main Brazilian newspapers, Folha de S. Paulo, analyzing how the periodical explored the theme, highlighted by the public interest, in its corporate interests agenda, since the editorial format allows for flexibility in the agenda (SANTOS; MARQUES; FONTES, 2020). But even being linked to the interests of the journalistic company, the editorial cannot ignore the most important events of the day, relevant to the public debate (MONT’ALVERNE; MARQUES, 2016). Through Content Analysis, 147 editorials published from February 27 to May 10, 2020 are analyzed (when the first 10,000 deaths by Covid-19 in Brazil were confirmed). A thematic categorization was carried out in 87 of these editorials, characterized by the emphasis given to the subject in the title and subtitle. It is concluded that, although the subject has been explored under different biases, the political approach to the pandemic ended up imposing itself, with the health crisis being used as a backdrop for criticism of the Bolsonaro government and for discussions that go far beyond the health agenda.

Keywords

Pandemic; Editorials; Folha de S. Paulo; Public Interest; Corporate Interests.

1 Doutoranda em Comunicação pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM/UFC).

E-mail: hebely@gmail.com.

2 Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM/UFC). E-mail: edgard@ufc.br.

Introdução

A pandemia de Covid-19, considerada a mais grave crise de saúde do último século, tornou-se um dos mais relevantes assuntos do noticiário a partir de março de 2020. No Brasil, as discussões sobre o tema e suas implicações na saúde pública, na política e na economia ganharam seções exclusivas em portais de notícias e exigiram até a ampliação do tempo de veiculação de jornais televisivos no início da crise.

Se, de um lado, o agendamento noticioso da Covid-19 seria inescapável, devido à magnitude do acontecimento, de outro torna-se oportuno indagarmos sobre a relevância temática da pandemia na agenda institucional dos jornais, observando-se, para isso, um formato específico da produção jornalística, que não necessariamente se vincula aos critérios de noticiabilidade e que mescla aspectos de interesse público e interesse corporativo: os editoriais.

Mont’Alverne e Marques (2015) sustentam que o editorial é o espaço em que mais explicitamente os jornais buscam exercer pressão sobre o poder público. Firmstone (2019) acrescenta que os periódicos usam sua voz editorial para tentar influenciar o jogo político tanto indiretamente (quando buscam orientar as opiniões da audiência), quanto diretamente (quando visam a agentes políticos específicos em suas argumentações). A autora identifica, porém, que apesar de a cobertura editorial pautar um amplo leque de temas, poucos estudos têm se dedicado a avaliar esse formato jornalístico fora dos períodos eleitorais e sobre tópicos diversos, para além do universo político.

É nesse sentido que o presente artigo pretende contribuir com a discussão, ao propor uma investigação sobre a relevância temática da pandemia e a abordagem sobre a Covid-19 em editoriais de um dos principais jornais do País, a Folha de S. Paulo (FSP), em um contexto particular de disputas entre o jornal e o governo federal. Por meio de procedimentos de Análise de Conteúdo, o trabalho procura rastrear de que modo o jornal explorou o tema, que é notabilizado pelo interesse público, em sua agenda de interesses corporativos.

Opta-se por analisar os editoriais da FSP por duas principais razões: a primeira está vinculada à sua importância no ecossistema midiático brasileiro. Afinal, conforme Guerreiro Neto (2016), a relevância dos editoriais está diretamente vinculada à força do periódico em que são publicados. De acordo com dados de 2020, do Instituto de Verificação de Circulação (IVC), no que se refere à circulação total (impressa e digital), a FSP ficou à frente de seus principais concorrentes, O Globo e O Estado de S. Paulo, em 25 das 27 unidades da federação. A forte presença nas plataformas de redes sociais digitais é outro indicativo de relevância: no Twitter, o perfil @folha registrava, até maio de 2022, um total de 8,3 milhões de seguidores, à frente do @estadao (7,2 milhões) e @jornaloglobo (7 milhões).

O segundo motivo para a seleção da Folha como objeto deste estudo diz respeito ao contexto político no qual se situa e na postura adotada diante do governo Jair Bolsonaro (PL). A FSP e o dirigente têm mantido relações conflituosas, travando uma série de disputas simbólicas, o que nos instiga a investigar de que modo se dão as pressões entre os dois entes no espaço editorial. Algumas das crises que atingiram o governo tiveram origem no noticiário da Folha [1]. Foram revelados pelo jornal, por exemplo, suposto esquema de candidaturas laranjas no PSL (antigo partido de Bolsonaro), denúncias de disparos ilegais de mensagens em massa pelo Whatsapp na campanha presidencial de 2018 e suspeitas de funcionários fantasmas no gabinete de Bolsonaro quando este era deputado federal.

A Folha tem sido um dos principais alvos de críticas do presidente, que chegou a afirmar, em entrevista à TV Bandeirantes, em março de 2019, que o veículo é “toda a fonte do mal” [2]. Segundo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), a Folha, ao lado de O Globo, está entre os alvos prioritários de Bolsonaro quando este faz ataques à imprensa [3]. Tal contexto de acirramento nos estimula a buscar compreender como tais disputas podem estar embutidas na agenda editorial, especificamente na abordagem da crise sanitária da Covid-19 em seus meses iniciais.

Jornalismo opinativo e interesse público

Bobbio (2011) destaca a liberdade de expressão como pilastra fundamental das aspirações democráticas; Gentilli (2002), por sua vez, enfatiza a relação entre o direito à informação, a construção da cidadania e a democracia; Antonioli e Andrade sentenciam que, fora dos quadrantes democráticos,

[...] o jornalismo não passa da sombra de si mesmo, constituindo-se, quase sempre, na prática divulgadora de regimes obscuros, sem comprometimento com a verdade, com as liberdades públicas e com os direitos humanos. (ANTONIOLI; ANDRADE, 2017, p. 19)

Quando pensamos o jornalismo como elemento primordial da democracia, a relação inversa também se sustenta, ou seja, um ambiente democrático também favoreceria a prática jornalística, fazendo supor (MELO, 2008; MORETZSOHN, 2019) uma relação siamesa entre jornalismo e as práticas democráticas. Trazendo mais detalhamento a essa relação, McQuail (2012) aponta o interesse público como elemento precípuo no binômio jornalismo e democracia:

A existência de algum tipo e de um certo grau de interesse público na operação da mídia de massa já foi clara e amplamente aceita, e isso tem muito a ver com o surgimento da democracia e de uma ‘esfera pública’. (MCQUAIL, 2012, p. 19)

O interesse que vincula jornalismo e democracia deve ser, portanto, o interesse “público”. Mas, como observá-lo na prática jornalística? Nogueira e Patrício (2019, p. 1028) apontam a “pluralidade” como possível categoria a ser observada: “Entendemos que o interesse público aplicado aos meios pressupõe que o cidadão possa ter acesso a visões plurais sobre as diversas questões para construir uma opinião fundamentada” [4] (tradução nossa). Os autores enxergam a pluralidade a partir de três dimensões, vinculadas i) às temáticas alcançadas pela cobertura jornalística; ii) aos tipos de fatos ou de eventos que predominam na cobertura; e iii) às fontes de informação chamadas a compor a narrativa.

A primeira aproximação entre interesse público e a produção jornalística pode ser observada na divisão de seus gêneros. É razoável supor que, a partir de uma percepção consensual dessa divisão, haveria maior possibilidade de o gênero informativo condicionar-se pelo interesse público do que seu congênere opinativo, face à tendência daquele a uma maior pluralidade.

No caso, poderíamos identificar no formato editorial, representativo do gênero opinativo, uma tendência a contemplar interesses que, a princípio, não necessariamente se curvariam à relação entre jornalismo e democracia, visto que esse espaço é ocupado preferencialmente por uma narrativa engendrada na defesa dos interesses da própria empresa jornalística. “[...] o ethos da atividade jornalística impede, em princípio, que alguns assuntos sejam ignorados no noticiário, enquanto, nos editoriais, a pauta é mais flexível” (SANTOS; MARQUES; FONTES, 2020, p. 157).

Estudos demonstram, porém, que embora não obedeçam à mesma gramática das notícias, os editoriais não podem prescindir dos princípios éticos e fundamentos práticos do contrato de leitura estabelecido com o público. Mont’Alverne e Marques (2016) apontam que, mesmo estando vinculado aos interesses da empresa jornalística, o editorial não pode ignorar os acontecimentos mais importantes do dia, relevantes para o debate público.

Em linha semelhante, Krieger (1990, p. 159) afirma que “editoriais possuem múltiplas funções, caracterizando-se com discursos de representação do interesse coletivo, embora se destinem a veicular as opiniões do órgão editor”. Beltrão (1980) acrescenta que a pauta editorial não é definida somente a partir dos interesses e compromissos comerciais da empresa, devendo obedecer aos princípios éticos e às normas práticas do campo jornalístico.

Porém, como a pluralidade não seria algo mensurável em editoriais, o que prejudicaria sua análise enquanto conteúdo de interesse público, é pertinente questionarmos se a relevância temática — ou seja, a escolha por abordar determinados temas, vinculados ao debate público — poderia representar uma alternativa a essa análise sobre os editoriais.

Relevância temática e critérios de editorialidade

Dalmaso (2017) caracteriza a relevância como um conceito basilar, implícito e obrigatório à produção jornalística, porém impreciso e sujeito a transformações sociais, culturais, políticas e editoriais, variando conforme o tempo, o contexto, a plataforma e a tecnologia. Tais variações têm sido investigadas, principalmente, no âmbito dos estudos sobre critérios de noticiabilidade, cruciais na discussão sobre relevância.

Uma importante frente de estudos (WOLF, 1999; EILDERS, 2006; SILVA, 2005; ALDÉ et al., 2005) tem buscado discutir, sistematizar e atualizar os critérios de noticiabilidade. Fatores como atualidade, abrangência, notoriedade e nível hierárquico das pessoas envolvidas, conflito, dentre outros, são tradicionalmente listados como pré-requisitos de um fato potencialmente noticiável. Barsotti (2018) aponta que o potencial de “propagabilidade” de um conteúdo, ou seja, sua capacidade de “viralizar” através do compartilhamento da audiência em plataformas da Internet seria também um critério de noticiabilidade na contemporaneidade.

Se aproximarmos interesse público e relevância, podemos identificar alguns atributos da produção jornalística que condicionariam essa aproximação. Para Silva (2006), um desses atributos seria a transparência: da vida pública, dos atos de agentes e instituições públicas; prestação de contas. Os princípios e valores consagrados pela sociedade seriam guias para as preocupações de Chaparro (2012) com a relevância jornalística; um conjunto de autores identificaria nas consequências ou implicações nas vidas das pessoas um atributo de relevância (GOMIS, 2002; MOREIRA, 2006; SILVA, 2006; WOLF, 1999); já na percepção de Moreira (2006) e Wolf (1999), a amplitude do fato jornalístico, seu impacto, também condicionaria este critério.

A discussão sobre critérios de noticiabilidade e relevância tem sido profícua no âmbito do jornalismo informativo, mas parece ainda encontrar lacunas quando se trata de gêneros opinativos, como os editoriais (MARQUES; MONT’ALVERNE, 2019). A função política do editorial tem suscitado estudos sobre o que Mont’Alverne e Marques (2016, 2019) chamaram de “critérios de editorialidade”, tendo em vista a necessidade de compreensão sobre que fatores são considerados na rotina de produção. A taxonomia proposta leva em conta duas dimensões: a) fatores editoriais (elementos contextuais, que não podem ser verificados diretamente no texto) e b) valores editoriais (elementos que podem ser empiricamente investigados na materialidade do texto).

Marques e Mont’Alverne (2019) catalogam como fatores editoriais elementos como a identidade do jornal, as divergências internas (a correlação de forças entre profissionais que participam da tomada de decisão editorial), o tempo de pesquisa (tempo gasto pelo editorialista para pesquisar um assunto), competição com outras organizações jornalísticas, expectativas da plateia (estimativas sobre a repercussão de uma opinião), dentre outras.

Já entre os valores editoriais, estariam elementos que se assemelham àqueles vistos na literatura sobre noticiabilidade, ainda que Marques e Mont’Alverne (2019) alertem que os editoriais não necessariamente adotam a mesma gramática das notícias. São exemplos de valores editoriais, segundo os autores: elite do poder (priorização de assuntos envolvendo detentores de posições de destaque), magnitude e relevância do acontecimento, conflito, alcance e até brigas entre o jornal e um agente ou instituição etc.

Em meio a essa discussão, uma questão se interpõe: mesmo tratando de temas de grande relevância pública, de que modo e com que possibilidades o jornal haveria de inserir seus interesses institucionais na produção dos editoriais? E como tais interesses estariam embutidos nos editoriais publicados especificamente no contexto inicial da pandemia de Covid-19 no Brasil?

Faz-se necessário lembrar o contexto de acirramento das relações entre jornalismo convencional e política no Brasil, a partir da eleição de Bolsonaro para a Presidência da República, em 2018. Como ocorreu na eleição presidencial de Donald Trump, em 2016, nos Estados Unidos, Bolsonaro elegeu alguns veículos da imprensa mainstream, a exemplo da Folha, como inimigos, estabelecendo uma relação de forte disputa e hostilidade.  Em 2019, o presidente anunciou que cancelaria assinaturas da Folha no governo federal e acusou o periódico de envenenar a população contra sua administração [5]. Segundo Waisbord (2020), o agravamento desse tipo de conflito, traduzido na ampliação do número de ofensas e ameaças, traz consequências diretas para a rotina jornalística, exigindo respostas e reações desse campo em várias frentes.

Interesse público x interesses corporativos: os editoriais da Folha sobre a Covid-19

Para responder às indagações anteriores, foram analisados 147 editoriais da Folha de S. Paulo publicados de 27 de fevereiro de 2020 (um dia após o primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil) até 10 de maio de 2020 (dia seguinte ao que o País registrou 10 mil mortes pela doença).

O método utilizado foi a Análise de Conteúdo (AC) de natureza quantitativa e qualitativa, na qual buscamos investigar a materialidade linguística, as condições empíricas dos textos (CAREGNATO; MUTTI, 2006). De acordo com Bardin (2016), a AC permite o emprego de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, buscando a obtenção de indicadores que auxiliem a inferir conhecimentos sobre o corpus empírico analisado. Para a autora, o método busca responder a duas perguntas principais: a) o que levou a determinado enunciado? e b) quais as consequências que o enunciado poderá provocar?” (BARDIN, 2016, p. 45).

A análise de conteúdo empreendida nesse trabalho seguiu três etapas: 1) análise da frequência temática da pandemia nos 147 editoriais; 2) análise do grau de relevância da pandemia na construção dos textos e 3) análise do tipo de abordagem sobre a pandemia, a partir de uma categorização específica dos editoriais nos quais a crise sanitária aparece como mote central. Nessa última etapa, buscamos elaborar categorias que auxiliassem a visualizar os eixos temáticos privilegiados pela Folha, facilitando a compreensão sobre como interesse público e interesses corporativos se articulam na abordagem editorial da Covid-19.

Na primeira etapa da análise, partimos da hipótese de que, em virtude da importância jornalística da pandemia e do conjunto de valores-notícias que cercam esse tema, a Covid-19 foi o tema mais recorrente dos editoriais. Isso porque, embora a produção editorial não necessariamente siga a mesma lógica da produção noticiosa, os jornais não podem ignorar os acontecimentos mais relevantes da esfera pública (ESPINOSA, 2003; MONT’ALVERNE; ATHANÁSIO; MARQUES, 2018).

Assim, partiu-se para a identificação da frequência temática da pandemia nos textos do corpus empírico, a partir da busca por uma das seguintes palavras-chave: pandemia; epidemia; coronavírus; vírus, Covid-19; SARS-COV-2; crise sanitária; isolamento social; ou quarentena. Nessa etapa, identificou-se que dos 147 editoriais publicados no período, 108 textos (73,4%) apresentaram alguma dessas chaves de busca, percentual que sinaliza para a relevância editorial do assunto e dá indícios de que a temática permeou a agenda de interesses editoriais da FSP.

Em uma análise exploratória, a leitura dos editoriais revelou, no entanto, que a Covid-19 foi explorada de diferentes modos: enquanto, em alguns textos, ela figurou como eixo em torno do qual o jornal emitiu suas opiniões, em outros a doença foi abordada com importância secundária, funcionando como mero elemento de contextualização para outros assuntos. Em determinadas situações, verificou-se, ainda, que a pandemia foi citada de modo breve, isolado, sem relação direta com o tema discutido no texto.

Diante dessa heterogeneidade de abordagens, e com o intuito de refinar ainda mais a análise sobre o agendamento editorial da Covid-19, o estudo partiu para sua segunda etapa: a verificação do grau de relevância da pandemia na construção do editorial, a fim de se observar o destaque do assunto no texto.

Observou-se, em um primeiro momento, que entre os 108 editoriais do corpus empírico que fazem menção à pandemia, em 87 deles as palavras-chave relacionadas à Covid-19 apareceram já no título, subtítulo ou primeiro parágrafo do texto. Em relação ao total de editoriais publicados no período (147), o número equivale a 59,1% — o que configura um indicativo da relevância temática da pandemia na construção da pauta de interesses do jornal. É importante ressaltar que os editoriais são construídos seguindo um esquema narrativo básico: nos trechos iniciais, a situação é definida a partir de uma introdução ou um resumo do acontecimento; em seguida, é feita a avaliação do fato; e, nos trechos finais, o jornal esboça sua conclusão, apontando expectativas para o futuro e fazendo recomendações (GUERREIRO NETO, 2016; ESPINOSA, 2003).

Gráfico 1 - Posicionamento no editorial da primeira menção à pandemia

https://bit.ly/3Akx3pV  

Fonte: Elaborado pelos autores (2021)

O fato de a Covid-19 ter sido abordada/mencionada já nos trechos iniciais de 87 editoriais da Folha sugere, portanto, a relevância da pandemia na construção da pauta editorial, demonstrando relativa coincidência entre critérios de noticiabilidade e de editorialidade, ao menos no que diz respeito à proeminência do tema e de seu interesse público. Afinal, conforme autores como Mont’Alverne e Marques (2016), embora caracterizem-se como espaço de expressão dos interesses da empresa jornalística, e ainda que não utilizem a mesma gramática das notícias, os editoriais não podem ignorar os acontecimentos mais relevantes do dia a dia. O dado também mostra que, ainda que não se trate de um evento essencialmente político ou econômico — que, em geral, pautam os editoriais jornalísticos (AZEVEDO; CHAIA, 2008; ITUASSU, 2011; MARQUES; MONT’ALVERNE; MITOZO, 2018) — , a crise de saúde pública  teve grande peso na agenda de interesses corporativos da Folha.

Os percentuais apresentados, entretanto, não explicam como o assunto foi explorado pelo jornal. Assim, para aprofundar a investigação, passamos à terceira parte da análise: a categorização temática desses 87 editoriais. O objetivo foi perceber mais detalhadamente o agendamento da Covid-19 no período entre o primeiro caso confirmado e a divulgação de 10 mil óbitos no País.

Selecionamos como unidades amostrais da análise os títulos e subtítulos dos 87 editoriais, uma vez que tais seções costumam revelar a síntese temática do texto, apresentando ao leitor o assunto central da narrativa. De acordo com Lycarião e Sampaio (2021), a identificação da unidade de análise é vital para a replicabilidade e confiabilidade da análise de conteúdo.

No caso da análise de textos, pode-se optar por definir o parágrafo ou mesmo a sentença como a unidade de análise, o que gerará a certeza de que os codificadores estão considerando os mesmos trechos do conteúdo para a codificação. (LYCARIÃO; SAMPAIO, 2021, p. 55)

A categorização foi feita por um codificador. Buscou-se, a partir dos termos e expressões utilizadas nos títulos e subtítulos, identificar o tema geral do editorial, a partir de eixos temáticos. Em uma análise preliminar de caráter exploratório, foi avaliada a pertinência dessa classificação, observando-se a possibilidade de identificação de categorias temáticas da amostra selecionada. A partir dessa etapa, buscamos identificar características que diferenciam e aproximam os diversos textos do corpus empírico, com base nas seguintes premissas:

Saúde – editoriais relacionados à evolução da Covid-19 no Brasil e no mundo, às medidas sanitárias de enfrentamento, às percepções da população sobre o tema, às ações para a redução do contágio. Assuntos frequentes dessa categoria: isolamento social, uso de máscaras, índices de testagem e notificação da doença, uso de medicamentos, percepção da população sobre a pandemia.

Economia – editoriais relacionados ao cenário econômico nacional e global no contexto da pandemia. Mesmo incluindo comentários ou críticas sobre agentes públicos ou governos, prevalece a abordagem econômica do assunto. Temas frequentes: impactos da Covid-19 na economia; pacotes econômicos; auxílios emergenciais e distribuição de renda; gastos governamentais na crise; atuação de bancos centrais; ajuste orçamentário, dentre outros.

Política – editoriais em que prevalece a opinião da FSP sobre ações, discursos, políticas públicas ou condutas de lideranças políticas, governos, gestões e autoridades públicas. Temas frequentes: críticas ao presidente Jair Bolsonaro e/ou a seus auxiliares, avaliações sobre atos de governos federal, estaduais ou municipais; disputas entre os poderes e entre os entes da federação; atuação do Congresso Nacional e do Judiciário.

Social – editoriais em que prevalece a abordagem sobre temas da dinâmica social associados à pandemia de Covid-19. Temas frequentes: educação, esporte, meio ambiente, violência, relações sociais, dentre outros.

É oportuno lembrar que, durante a categorização, buscou-se identificar as características prevalecentes no título e no subtítulo e, quando necessário, nos parágrafos iniciais do editorial. Nada impede, portanto, que um texto enquadrado na categoria “Saúde” ou “Economia” possa conter uma avaliação política a determinado governo em alguma parte da argumentação, por exemplo. Interessa ao estudo, porém, as características que ganham espaço de destaque como temática central do editorial.

Entre os 87 editoriais da FSP que fazem referência à pandemia já no título, subtítulo ou primeiro parágrafo, a categoria temática com maior incidência, com 32 textos (36,8%), foi a de Política. Alguns exemplos:

Quadro 1 – Exemplos de editoriais da categoria Política

Data

Título

Subtítulo

16/03/20

Presidente confinado

Na crise do vírus, melhor deixar tarefas com capazes, e Bolsonaro com bizarrices

02/04/20

Vírus autoritário

Hungria é caso extremo, não único, de país que solapou democracia por pandemia

24/04/20

Tragédia de erros

Governo lança plano obscuro de obras e exibe dados enganosos sobre epidemia

08/04/20

Megarrodízio

São Paulo tira de circulação metade da frota; medidas drásticas avançam no país

Fonte: Elaborado pelos autores (2021)

Em seguida, as categorias com o maior número de editoriais foram Economia, com 22 textos (25,2%), e a de Saúde, com 20 (23%), exemplificadas nos quadros 2 e 3.

Quadro 2 – Exemplos de textos da categoria Economia

Data

Título

Subtítulo

17/03/20

Como gastar na crise

Governo pode reduzir meta fiscal e aprovar novas despesas, sem abandonar o teto

14/04/20

Fome de dólar

Escassez da moeda americana põe emergente em risco; é preciso apoio multilateral

26/04/20

Ajuda condicionada

Socorro federal a estados deve ao menos exigir suspensão de reajustes salariais

03/05/20

Tombo global

Coronavírus derruba economias em escala recorde; emergentes devem sofrer mais

Fonte: Elaborado pelos autores (2021)

Quadro 3 – Exemplos de textos da categoria Saúde

Data

Título

Subtítulo

27/02/20

Pandemia sem pânico

Sobriedade e eficiência são a resposta adequada para enfrentar o coronavírus

21/03/20

Conter a marcha do vírus

Isolamento e UTIs são cruciais, mas gestão da crise também depende de testes

19/04/20

Sinal de alerta

Queda no apoio à quarentena contra pandemia deve ser discutida com informação

03/05/20

Máscaras já

Amplia-se convicção de que artefatos devem ser obrigatórios contra coronavírus

Fonte: Elaborado pelos autores (2021)

Por fim, a categoria com o menor índice de textos, com 13 incidências (14,9%), foi a de Social, ilustrada pelos seguintes textos:

Quadro 4 – Exemplos de textos da categoria Social

Data

Título

Subtítulo

19/03/20

Risco carcerário

Parte dos presos deve ir para casa, de modo a atenuar impacto do coronavírus

14/04/20

Hora de doar

Combate à pandemia inspira avanço promissor de contribuições privadas no Brasil

20/04/20

Vítimas em casa

Em alta na quarentena, violência contra mulher exige meios de denúncia e apoio

28/04/20

Desmate sem trégua

Más notícias para o ambiente proliferam na pandemia, com contribuição do governo

Fonte: Elaborado pelos autores (2021)

Gráfico 2 - Distribuição temática dos 87 editoriais

https://bit.ly/3QrS5d1 

Fonte: Elaborado pelos autores (2021)

A análise dos 147 editoriais da FSP mostra que a pandemia de Covid-19 foi abordada com destaque pelo jornal em 59% dos textos. Foram 87 editoriais com menções explícitas à pandemia já no título, subtítulo ou primeiro parágrafo, espaços em que geralmente o assunto selecionado é descrito e resumidamente apresentado ao leitor. Esse índice, em princípio, confirmaria a hipótese de que a pandemia, assunto de amplo interesse público, foi o tema mais relevante da agenda editorial da Folha no período analisado, mas a categorização temática permitiu esmiuçar e problematizar o dado.

Ao observarmos o Gráfico 2, é possível perceber que assuntos mais diretamente ligados aos aspectos de saúde da Covid-19 — como a evolução da doença, as mudanças nos hábitos da população, a subnotificação dos casos, as mortes causadas pelo novo coronavírus, etc. — foram superados pela abordagem política e econômica da pandemia.

Não se trata de uma diferença destoante: foram 32 editoriais classificados em Política (36,7%), frente a 22 categorizados em Economia (25,2%) e 20 em Saúde (22,9%). Porém, é pertinente sublinhar o destaque dado pela Folha às condutas, discursos e atos políticos de gestões e autoridades específicas, uma vez que, em uma situação como essa, poder-se-ia esperar que, eventualmente, a agenda política perderia espaço para as abordagens sanitárias e econômicas de uma grave crise de saúde pública.

Passando à análise de cunho qualitativo, uma observação detida nos editoriais da categoria Política traz ainda mais elementos à discussão. Dos 32 textos dessa temática, 20 (62,5%) citam nominalmente o presidente Jair Bolsonaro ou seus auxiliares já no título ou subtítulo do editorial, com teor crítico — alguns repletos de adjetivações negativas — à conduta dessas autoridades. É o que se depreende, por exemplo, no editorial “Presidente, retire-se”, publicado em 26 de março de 2020, no qual o jornal recomenda que Bolsonaro simplesmente se afaste da gestão da crise:

Diante da magnitude dos esforços necessários para mitigar os efeitos devastadores da epidemia do coronavírus sobre a saúde e a economia do Brasil, será preciso encontrar meios de anular, e logo, a capacidade de Jair Bolsonaro de estorvar a mobilização de guerra necessária para atravessar, com os menores danos possíveis, este episódio dramático da vida nacional. (PRESIDENTE..., 2020, p. A-2)

 

Nota-se que a pandemia foi explorada pela FSP como pano de fundo para críticas ao governo Bolsonaro. Em diversos textos — incluindo de outras categorias temáticas —, o jornal assumiu uma postura de enfrentamento direto com sua gestão, o que, em certa medida, contradiz o discurso de “equilíbrio” apontado por editorialistas da Folha no estudo de Mont’Alverne, Athanásio e Marques (2018). No editorial intitulado “Esperança e cautela” [6], classificado na categoria Saúde, o jornal critica a propaganda da cloroquina no tratamento da Covid-19 e Bolsonaro é taxado de “irresponsável”. Também agrupado na categoria Saúde, o editorial “Precaução máxima” [7] traz críticas ao fato de o governo federal não se basear na ciência em suas tomadas de decisão sobre a pandemia. Constrói-se, assim, uma cobertura editorial com tom marcadamente adversário quanto à condução da crise pelo governo federal.

Nesse contexto, é pertinente questionarmos: ao arvorar-se do papel de árbitro das ações do governo, estaria o jornal se apropriando de um tema de interesse público, aqui representado pela pandemia, para “abrir fogo” direto contra o presidente e, assim, pôr em pauta as disputas particulares travadas com a gestão Bolsonaro, impregnadas de interesses institucionais e corporativos? Outro fator a ser considerado na análise sobre a abordagem do tema é o fato de, no Brasil, a pandemia de Covid-19 se dar em contexto de crise política e econômica, com uma série de polêmicas envolvendo o governo no período analisado — demissão de ministros, denúncias de corrupção atingindo filhos do presidente, processos de impeachment protocolados no Congresso Nacional, índices de desemprego, etc.

Diante desse contexto e com base na análise empírica, é possível perceber que, apesar da também relevante abordagem sob o ponto de vista da saúde, a agenda política acabou se impondo no debate sobre a Covid-19 nos editoriais da FSP — embora não se possa afirmar que a Folha tenha ignorado os demais aspectos da pandemia, quase sempre propondo alguma crítica à condução do governo federal. O conflito, categoria crucial na produção narrativa da cobertura política noticiosa (MOTTA, 2005), confirma-se como elemento importante também na produção editorial, conforme sugere a literatura sobre o gênero (ESPINOSA, 2003; MARQUES; MONT’ALVERNE, 2019).

Mesmo na segunda categoria temática com maior destaque, a de Economia, na qual foram classificados 22 editoriais (25,2%), houve forte tom de críticas a ações políticas. É o caso, por exemplo, do editorial “Ainda tateando”, de 23 de março de 2020:

Na pandemia do coronavírus, as autoridades não têm escolha além de impor severas restrições à circulação de pessoas e, ao mesmo tempo, conter os danos decorrentes da paralisia econômica. O governo brasileiro ainda tateia na segunda frente de providências. Ao menos as primeiras medidas começaram a ser anunciadas nos últimos dias, a partir do necessário entendimento de que o momento exige deixar de lado o controle orçamentário para evitar uma tragédia social. Entretanto ainda se nota a falta de um plano mais abrangente, ambicioso e coeso. (AINDA..., 2020, p. A-2)

A categoria Social, composta por 13 textos (14,9%), traz os editoriais nos quais a Folha correlaciona a Covid-19 às questões de educação, meio ambiente, segurança pública e outros temas cotidianos. Assim como na categoria Economia, os textos também podem conter críticas a governos e governantes ao longo da argumentação, embora essa tenha sido a categoria em que tal abordagem se mostra menos evidente. Exemplo disso é o editorial intitulado “Adiar o Enem” (2020, p. A-2), de 19 de abril, em que a Folha afirma que “com aulas presenciais interrompidas, aluno da rede pública tem desvantagem maior”. Após argumentar sobre a necessidade de adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio, o jornal desfere críticas, a partir do oitavo parágrafo, ao então ministro da Educação, Abraham Weintraub: “As manifestações do ministro [...] revelam a obsessão pelo confronto ideológico acima da política pública” (ADIAR..., 2020, p. A-2).

Considerações Finais

Pela análise quantitativa e qualitativa dos editoriais da Folha, percebe-se que o jornal abordou a pandemia de Covid-19 de forma diversa, buscando interpretá-la e explorá-la sob diferentes aspectos temáticos, mas utilizando-a, principalmente, como pano de fundo para discussões que vão além do aspecto sanitário e de saúde pública. Conforme apontado na discussão teórica, é possível, nesse caso, estabelecer algum grau de conexão entre a agenda editorial e o interesse público, tendo em vista que a pandemia — um dos assuntos mais relevantes do noticiário — é abordada com destaque em 59% dos editoriais publicados no período em análise.

Há, ainda, uma opção da Folha por destacar o conflito, a controvérsia em torno do tema. E essa controvérsia serve ao jornal para eleger a dimensão política como orientadora da discussão estabelecida por seus editoriais no período analisado. Questiona-se a conduta de Bolsonaro e as polêmicas envolvendo seus auxiliares, utilizando um tom fortemente adversário, como quando o jornal sugere que o presidente se retire da gestão da pandemia. Assim, os critérios de editorialidade, de algum modo, parecem se aproximar dos de noticiabilidade, com a Folha marcando posição crítica ao governo em diferentes esferas e estabelecendo, a partir de seus editoriais, mais uma trincheira de disputa com o presidente da República. Nesse aspecto, ressalte-se que 20 (62,5%) dos 32 editoriais classificados na categoria Política mencionam nominalmente o próprio presidente, o governo federal ou um de seus ministros e auxiliares já no título ou no subtítulo — ou seja, dando visibilidade ao “alvo” das críticas nos espaços mais nobres do texto.

Reconhecemos que, no espaço do presente artigo, não seria possível dar conta de toda a complexidade do tema, sendo possível ampliar a categorização temática e a investigação dos editoriais a fim de explorar outros aspectos da disputa Folha versus Bolsonaro. Além disso, percebendo-se que a orientação política pautou a argumentação dos editoriais do veículo sobre a pandemia, outras indagações se colocam: no contexto de embate entre o jornal e o governo, o enfrentamento nos editoriais poderia ser interpretado como uma estratégia de legitimação da FSP perante as críticas do presidente e seus apoiadores? E, para além disso: de que modo tais disputas afetariam as rotinas produtivas da redação? De que maneira, por exemplo, a Folha estaria buscando responder às estratégias de deslegitimação empreendidas pelo presidente? Essas e outras questões têm sido trabalhadas em pesquisas paralelas, em desenvolvimento pelos autores do presente artigo.

Notas

[1] Ver notícia da Folha de S. Paulo intitulada: “Bolsonaro acumula casos sob suspeita de corrupção; veja um a um”. Disponível em: <https://bit.ly/3RJZ0zh>. Acesso em: 24 mai. 2022.

[2] Ver notícia da Folha de S. Paulo intitulada “Bolsonaro diz que Folha é ‘toda a fonte do mal’ na imprensa”. Disponível em: <https://bit.ly/2uzb2So>. Acesso em: 24 mai. 2022.

[3] De acordo com a FENAJ, os casos de violência contra jornalistas no Brasil cresceram mais de 50% entre 2018 e 2019; no balanço seguinte, mostrou-se que a violência contra jornalistas cresceu 105,77% em 2020, com Jair Bolsonaro liderando os ataques. Ao lado do O Globo, a Folha de S. Paulo esteve entre os principais alvos, segundo a FENAJ.

[4] “Entendemos que el interés público aplicado a los medios de comunicación presupone que el ciudadano pueda acceder a visiones plurales sobre los distintos temas para construir una opinión razonada”. (NOGUEIRA; PATRÍCIO, 2019, p. 1028)

[5] Ver em: <https://bit.ly/3O9lkPK>.  Acesso em: 30 mai. 2022.

[6] Ver íntegra do editorial em: <https://bit.ly/3yGP5l2>. Acesso em: 31 mai. 2022.

[7] Ver íntegra do editorial em: <https://bit.ly/3vjOyoD>. Acesso em: 31 mai. 2022.

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