Reconfigurações do Jornalismo Audiovisual:
um estudo da cobertura do
Fantástico sobre a pandemia da Covid-19
Beatriz Becker1
1 Professora Titular e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação e Cultura da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (PPGCOM/UFRJ). E-mail: beatrizbecker@uol.com.br.
Resumo
A partir da Análise
Televisual de 14 edições do Fantástico
e entrevistas realizadas com profissionais que atuam no programa da Rede Globo
de Televisão, este trabalho evidencia reconfigurações do jornalismo audiovisual
articuladas à cobertura da pandemia da Covid-19. O estudo revela como as
narrativas jornalísticas operaram a construção audiovisual da realidade, sob o
negacionismo do governo federal no Brasil, e atribuíram significações à
pandemia que ainda permeiam o imaginário social. O uso de imagens de
profissionais e amadores captadas por videoconferências e dispositivos móveis e
a exploração da emoção, abriram espaço para as subjetividades no
telejornalismo. O testemunho de cidadãos anônimos e pessoas famosas ganhou
protagonismo. Tais estratégias de aproximação com as audiências e de
identificação com o outro virtualizaram afetos, geraram empatia e fomentaram
solidariedade às vítimas da doença, aos seus familiares e às comunidades
vulneráveis. Porém, as enunciações do Fantástico
também acentuaram a relevância do jornalismo no combate às informações falsas.
Essa nova forma de fazer reportagens e matérias, de representar a realidade e a
população brasileira e de engajar os espectadores legitimou o poder do
telejornalismo como ator relevante nas disputas políticas no país, sinalizando
que a televisão ainda exerce centralidade do ambiente convergente e uma
expressiva hibridização de gêneros discursivos, dispositivos, plataformas e
telas na produção de notícias na atualidade. Os resultados também apontam a
necessidade de alargar reflexões do campo do jornalismo sobre o engajamento do
público com o conteúdo noticioso, destacando que a emoção ocupa espaço
relevante nos relatos jornalísticos televisivos na contemporaneidade.
Palavras-chave
Jornalismo Audiovisual;
Pandemia da Covid-19; Fantástico;
Emoção; Telejornalismo.
Reconfigurations of Audiovisual Journalism:
a study of Fantástico’s coverage
of the Covid-19 pandemic
Beatriz Becker1
1 Professora Titular e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação e Cultura da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (PPGCOM/UFRJ). E-mail: beatrizbecker@uol.com.br.
Abstract
From the Televisual Analysis of 14 editions of Fantástico and interviews with
professionals who work in the program of Rede Globo, this paper shows
reconfigurations of audiovisual journalism linked to the coverage of the
Covid-19 pandemic. The work reveals how journalistic narratives operated the
audiovisual construction of reality, under the denialism of the federal
government, and attributed meanings to the pandemic that still permeate the
social imaginary. The use of professionals and amateurs images captured by
videoconferences and mobile devices and the exploration of emotion, made room
for subjectivities in television journalism. The testimony of anonymous
citizens and famous people gained prominence. Such strategies of approaching
the audiences and identifying with the other virtualized affections, generated
empathy and fostered solidarity with the victims of the disease, their families
and vulnerable communities. However, the enunciations of Fantástico also emphasized the relevance of journalism in the fight
against fake news. This new way of doing reports, representing reality and the
Brazilian population and engaging viewers legitimized the power of television
journalism as a relevant actor in political disputes in Brazil, signaling that
television still plays a central role in the convergent environment and an
expressive hybridization of discursive genres, devices, platforms and screens
in the production of news nowadays. The results also point to the need to
broaden reflections of the field of journalism on the engagement of the public
with news content, highlighting that emotion occupies relevant space in
television journalistic reports in contemporary times.
Keywords
Audiovisual Journalism;
Covid-19 Pandemic; Fantástico;
Emotion; Television Journalism.
Introdução
A televisão e o telejornalismo brasileiro
completaram 70 anos em 2020, afetados pela pandemia de Covid-19 e por um
cenário político polarizado no Brasil. A adoção das práticas de distanciamento
social para conter a disseminação da doença gerou disputas ideológicas,
fomentadas pela proliferação de informações falsas. As atitudes do presidente
da República Jair Bolsonaro, imbricadas em uma política negacionista,
resultaram em ataques à imprensa e à democracia, acentuaram a descrença na
ciência e incitaram o desrespeito aos demais poderes[1]. Organizações de mídia
tradicionais passaram a investir no fortalecimento de vínculos com a sociedade,
por meio de cobranças de ações do governo federal para combater a pandemia e de
estratégias editoriais, como a linha do “humanismo solidário”, que já havia
sido identificada e adotada pelo principal telejornal do país no ano de seu
cinquentenário (BECKER, 2020; CHIARA, 2021). A busca de informações confiáveis
e a visualização das notícias televisivas em diferentes telas e plataformas
contribuíram para ampliar os índices de audiência. Os programas jornalísticos
das emissoras de televisão se tornaram as fontes com maior índice de
confiabilidade para informações sobre a pandemia e a audiência dos programas
jornalísticos da Rede Globo aumentou 17%, após a emissora alterar a sua grade
de programação e ampliar o espaço do telejornalismo[2].
Evidenciar reconfigurações das narrativas
jornalísticas audiovisuais que impactaram as rotinas produtivas; estratégias de
aproximação com as audiências mediante a exploração de recursos narrativos e de
tecnologias digitais; e os modos como as narrativas jornalísticas atribuíram
significações à pandemia que ainda permeiam o imaginário social foram os
principais objetivos deste estudo.
Assumiu-se como hipótese que a cobertura da pandemia resultou em novas
formas de fazer reportagens, de representar a realidade e a população
brasileira e de engajar os espectadores, integrando testemunhos de cidadãos
anônimos e de pessoas famosas, imagens de profissionais e de amadores captadas
por videoconferências e dispositivos móveis. Tais estratégias exploraram a
emoção e a subjetividade, sinalizaram um hibridismo de linguagens de narrativas
não ficcionais e ficcionais e reafirmaram a centralidade do telejornalismo
produzido pela principal emissora de televisão do país durante a pandemia como
fonte de informações confiáveis e no combate às fake news.
O Fantástico
foi escolhido como objeto de estudo por ser um programa síntese de
reconfigurações do jornalismo audiovisual. Há 48 anos no ar, o programa
dominical de infoentretenimento investe em novas linguagens, tecnologias e
formatos. Porém, a pandemia impôs uma adaptação difícil para os profissionais e
uma mudança de linguagem radical, pois a maior parte do programa passou a ser
produzida remotamente, exigindo o uso constante de videoconferências e vídeos
caseiros. Essa forma de produzir o programa agradou o público e a revista
eletrônica apresentada por Poliana Abritta e Tadeu Schmidt alcançou índices de
audiência expressivos em 2020.
A Análise Televisual (AT) de 14 edições do Fantástico permitiu aferir a construção
audiovisual da realidade social afetada pela acelerada disseminação do
coronavírus. Este percurso metodológico é formado por três etapas: a
contextualização do objeto de estudo, um estudo quantitativo e qualitativo e a
interpretação dos resultados (BECKER, 2012; 2016). No estudo quantitativo de
obras audiovisuais disponibilizadas na internet são aplicadas 5 categorias. São
elas: Estrutura do texto; Temática;
Enunciadores; Multimidialidade e Edição. No estudo qualitativo, três
princípios de enunciação, Fragmentação,
Dramatização e Definição de Identidades e Valores, auxiliam a leitura
crítica do corpus da AT, constituído
por 32 horas de tempo de duração correspondentes a 343 vídeos. As edições,
veiculadas de 1º de março a 31 de maio de 2020, foram visualizadas na
plataforma Globoplay, serviço de streaming
das Organizações Globo[3], banco de dados e lugar de memória audiovisual da
televisão no ambiente digital (CAZAJEIRA; SOUZA, 2020). Os principais
resultados da Análise Televisual são apresentados em seguida articulados às
entrevistas[4] realizadas por e-mail
com o editor do programa, Rafael Carregal, e com outros dois jornalistas que
preferiram não se identificar, aqui nomeados jornalista 1 e jornalista 2, os
quais exercem, respectivamente as funções de editor e de repórter
cinematográfico. As entrevistas foram realizadas nos dias 10 e 18 de fevereiro
de 2021 e os três profissionais muito contribuíram para alcançar os resultados
pretendidos.
A cobertura do Fantástico
sobre a pandemia da Covid-19
O Fantástico
divulgou, regularmente, as medidas de isolamento social prescritas pela
Organização Mundial de Saúde, a OMS. No dia 5 de abril, os apresentadores
explicaram que os profissionais da emissora passariam a usar máscaras,
respeitando os protocolos de distanciamento. No entanto, tais medidas passaram
a ser parcialmente adotadas no país. O Brasil se dividiu entre aqueles que
seguiam as recomendações de especialistas do próprio Ministério da Saúde e
aqueles que negavam a gravidade da situação sanitária. O negacionismo do
presidente da República e o de seus apoiadores evidenciaram-se em manifestações
contra o isolamento social e a democracia registradas pelo Fantástico em cinco edições do programa estudadas. Bolsonaro
discursou em atos públicos sem máscara de proteção e criticou as medidas
sanitárias protetivas das autoridades de saúde. Os simpatizantes do governo
federal provocaram aglomerações em ato inconstitucional e antidemocrático
contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a favor da intervenção militar.
Jornalistas foram agredidos.
No período observado, o tempo de duração das 14
edições analisadas variou de duas a três horas, reunindo uma média de 26 vídeos
de 21 segundos a 21 minutos de duração. Quatro programas foram monotemáticos,
compostos por 106 vídeos. Houve uma flexibilização do tempo de duração de
transmissão, das reportagens e das entrevistas decorrentes da alteração da
programação, como destacou Carregal: “De um dia para o outro não havia mais
entretenimento. A saída foi contar com o jornalismo para encher a grade [...] a
população queria mesmo saber mais. [...] os telejornais foram alongados”
(CARREGAL, 2021, informação verbal). O Jornalista 1 ressaltou que em poucas
semanas a redação migrou para um trabalho praticamente cem por cento online: “[...] aconteceu mais ou menos
como trocar um pneu com o carro andando. [...] perdeu-se em qualidade de
acabamento, mas não em qualidade da informação” (JORNALISTA1, 2021, informação
verbal). Quando as primeiras notícias sobre o surto do coronavírus foram
divulgadas, já circulavam alertas sobre informações falsas referentes à
pandemia. Segundo o editor, foi difícil
lutar contra um vírus desconhecido, porém, “[...] contra uma pandemia de fake news talvez foi tão duro quanto”
(CARREGAL, 2021, informação verbal).
Três eixos temáticos marcaram a cobertura do Fantástico no período observado: 1) o
recorrente alinhamento do programa com a ciência e a produção científica, em
oposição ao descaso do próprio presidente Jair Bolsonaro e dos manifestantes
pró-governo com os alertas da OMS para evitar aglomerações; 2) a desigualdade
social, o racismo e a questão de gêneros, os constrangimentos sofridos por
comunidades vulneráveis e os ataques ao meio-ambiente; 3) a necessidade de
cuidado com o outro, ressaltando a emergência de redes de solidariedade e a
busca de soluções organizadas pela própria sociedade para tentar diminuir a
falta da presença e do auxílio do poder público em comunidades carentes.
O Fantástico
divulgou o esforço de pesquisadores para testagem de remédios e tratamentos,
para a descoberta de vacinas, orientações de medidas protetivas e de
higienização no combate à doença e explicações sobre sintomas e características
da Covid-19 nas reportagens veiculadas nos dias 5, 12 e 19 de abril e 24 de
maio, reafirmando o telejornalismo como um lugar de segurança e de referência
(VIZEU; CORREIA, 2008). O programa também noticiou o limite de vagas em UTIs, a
superlotação de enfermarias, a escassez de Equipamentos de Proteção Individual
(EPIs) para profissionais da linha de frente e de respiradores e leitos nos
hospitais para abrigar o crescente número de vítimas da pandemia no país. O Fantástico apontou ainda relações entre
a família Bolsonaro e a disseminação de informações falsas, ressaltou que a
desinformação criava um ambiente hostil para os profissionais de saúde e
alertou que o tratamento com cloroquina sugerido pelo presidente para o
tratamento da Covid-19 não tinha comprovação científica. No dia 10 de maio, o
programa informou que a doença já havia causado a morte de mais de 11 mil
brasileiros e na edição de 31 de maio noticiou que o Brasil tinha ultrapassado
meio milhão de casos de Covid-19. Os números de mortes anunciados subiam a cada
semana em ritmo mais acelerado do que os de outros países, atingindo diferentes
capitais e regiões do Brasil. O colapso do sistema de saúde levou ao lockdown em diversas capitais do país.
A desigualdade social foi abordada no programa,
evidenciando dificuldades de proteção à vida enfrentadas pela população pobre
no Brasil e no exterior. Segundo o Jornalista 1 (2021, informação verbal), o
programa se preocupou em “mostrar os acontecimentos com a veemência e o repúdio
que já ecoavam nas ruas e redes sociais”, pois “[...] existe, sim, um esforço
para que de alguma forma a sociedade se veja representada no seu mais amplo
espectro”. A questão de gêneros e o racismo se constituíram como pautas
relevantes no Fantástico, destacando:
o extermínio da vida do menino João Pedro por tiros em uma operação policial no
estado do Rio de Janeiro; o protesto contra operações violentas em favelas na
capital fluminense; o preconceito e a violência contra mulheres trans; as
dificuldades de mulheres que criam os filhos sozinhas; os constrangimentos
enfrentados por uma mulher preta para se tornar cientista; o aumento da
violência doméstica e do número de feminicídios em 2020 em relação ao ano
anterior; as manifestações contra o assassinato de George Floyd, nos Estados
Unidos, que culminaram no movimento Vidas Negras Importam e ressoaram em
diferentes capitais do mundo; a chegada da Covid-19 às áreas indígenas,
decorrente do desmatamento e da invasão de garimpeiros ilegais; e a violência contra
o meio ambiente. Tal editorialização das matérias aponta uma mudança nas pautas
abordadas pelo programa conforme o editor: “A sociedade está polarizada [...] e
cabe ao jornalismo lutar para mostrar onde estão os problemas. [...] há um
negacionismo e revisionismo muito fortes, que fazem parte de uma agenda
ideológica que é sabidamente opressora contra minorias” (CARREGAL, 2021,
informação verbal), explicou Carregal.
Porém, frente a uma situação de saúde pública e
humanitária que sinalizava o colapso do sistema de saúde nacional, que veio a
ocorrer em março de 2021, o Fantástico
investiu em reportagens que promoviam esperanças. As narrativas que expunham a
dor da perda de familiares foram apaziguadas por homenagens feitas no programa
às vítimas da Covid-19, com o elenco dos atores da emissora interpretando as
suas trajetórias de vida; reportagens sobre idosos que sobreviveram ao
coronavírus; e aplausos aos profissionais de saúde pelo empenho em salvar vidas
e das próprias equipes médicas aos pacientes recuperados. A importância de
reinventar a vida também foi simbolizada por homenagens a diferentes mulheres
no Dia das Mães. Sugestões de adaptação do trabalho em home office e do lazer, de superação do isolamento social, de
celebração de datas religiosas e aniversários e até de namoro ressaltaram a
necessidade humana de afeto e de abraço. Reportagens sobre as lives dos artistas e as novas formas de
sobrevivência frente ao “apagão” do setor cultural também ecoaram a necessidade
de cuidado com o outro.
Transmissões ao vivo de repórteres de
diferentes estados do Brasil e de outros continentes garantiram a atualidade
das notícias, reafirmando que esta é a principal característica da tevê
(FECHINE, 2008; LA FERLA, 2008). Os jornalistas também realizaram entrevistas e
produziram matérias em casa, por videoconferência, e o espaço doméstico foi
incorporado às telas da tevê e de outros dispositivos, “a única saída para a
continuidade do trabalho telejornalístico” (CARREGAL, 2021, informação verbal),
ressaltou o editor do programa. Depoimentos de autoridades sanitárias para o
enfrentamento da disseminação do coronavírus e dados de contágio e mortes
conferiram confiabilidade às notícias. Mas além dos profissionais, de
especialistas e de pessoas famosas, vozes de cidadãos anônimos de grupos
sociais, etnias e profissões diversas estiveram presentes em todas as edições.
Enunciações de protesto de líderes indígenas, de políticos não alinhados com o
governo e do Ministério Público revelaram a grande escala de desmatamento ilegal
no país com a anuência do governo federal na Amazônia brasileira e no Cerrado.
Entrevistas realizadas com lideranças de movimentos sociais e especialistas
contra o preconceito racial e a violência de gênero também evidenciaram uma
mudança da linha editorial do programa. A transformação ocorreu, segundo o
Jornalista 1, devido ao rigor dos protocolos de segurança estabelecidos pela
Globo e ao reduzido acesso às ruas: “o resultado foi conseguir relatar nossas
histórias dentro dessas possibilidades de mobilidade ultra reduzida, contando
com a colaboração dos próprios entrevistados para enquadramentos, e até imagens
pessoais” (JORNALISTA1, 2021, informação verbal). O Jornalista 2 (2021,
informação verbal) explicou ainda que as mudanças foram mais na realização das
entrevistas de forma online (Skype,
Zoom, etc.) devido aos cuidados com a proteção das pessoas e do uso de imagens
feitas por amadores (celular, webcam
e câmeras portáteis), ainda que a captação de imagens por profissionais não
tenha deixado de ser feita, com a higienização dos equipamentos.
Os depoimentos de diferentes atores sociais,
testemunhos e vídeos de profissionais de saúde realizados com celulares foram
enviados para a emissora e utilizados nas edições de matérias. “Como a gente ia
mostrar a realidade dos hospitais abarrotados de pacientes com Covid-19 sem
poder entrar neles? Apelando para quem podia — médicos, enfermeiros, familiares
e até os próprios pacientes” (CARREGAL, 2021, informação verbal), ressaltou o
editor. Assim, o uso de imagens amadoras e profissionais captadas ao vivo,
produzidas no estúdio e enviadas por afiliadas da emissora se alternaram na
composição da narrativa, combinadas com imagens de arquivo e cedidas por outras
instituições, infografias, artes gráficas, animações, fotografias de acervos
pessoais e profissionais, trechos de documentários, vídeos registrados por
câmeras de segurança, simulações e reconstituições.
As imagens não mediadas por profissionais e com
pouca qualidade técnica acentuaram o realismo dos depoimentos e serviram não
apenas para relatar os acontecimentos, mas também para autenticar as
experiências reais relatadas ou torná-las mais verdadeiras (MARTINS, 2020). A
estética realista tende a despertar rejeições às suas formas de autenticar a
objetividade e a verossimilhança da imagem — por tornar opaca a sua
subjetividade, identificada com um naturalismo raso e reducionista que não
oferece expressões confiáveis da vida social cotidiana — é atrelada aos
interesses dominantes e é incapaz de desafiar o senso comum (MACHADO, 2011;
XAVIER, 2021). Contudo, a construção formal de representações do mundo sensível
em diferentes culturas e gêneros discursivos pode carregar discursos
regressivos, progressistas ou ambos ao mesmo tempo, o que demanda interrogar os
sentidos dessas representações (STAM, 2013). Beatriz Juaguaribe ainda argumenta
que nenhum sistema é totalizante e as imagens tomadas como real não cancelam
agenciamentos, pois as mídias não são iguais, os públicos receptores não são
idênticos, as instituições não são imunes às aferições e os imaginários não
estão inteiramente subordinados à cultura do espetáculo que permeia o social
(JAGUARIBE, 2007).
A Análise Televisual da cobertura do Fantástico sobre a Covid-19 no período
observado revelou que as narrativas do programa abriram espaço para a polifonia
de vozes e a ambiguidade de sentidos (MACHADO, 2003). Assim, o testemunho e a
emoção ganharam protagonismo no telejornalismo. Repórteres construíram relatos
sobre os acontecimentos baseados na própria experiência e na percepção pessoal
da realidade, como a matéria de Ilze Scamparini sobre a quarentena na Itália
veiculada no dia 15 de março, e na atribuição de maior visibilidade a pessoas
anônimas.
Sacramento (2018) argumenta que as narrativas
midiáticas promovem um rearranjo da subjetividade a partir da moral do
espetáculo, pois os testemunhos dos indivíduos são organizados sob determinadas
normas estéticas e editoriais para mostrar mais a superação de um problema do
que o sofrimento, atribuindo à sobrevivência o significado de resiliência
(SACRAMENTO, 2018). Os testemunhos nas edições observadas tiveram a função de
mobilizar as audiências, pois a personalização e a emocionalização das notícias
geram empatia e identificação com o sofrimento do outro. Um exemplo foi a matéria
em forma de diário pessoal da médica pediatra infectada pelo coronavírus,
Mércia Moreira Campello. O vídeo desvelou marcas físicas e emocionais da
doença, quando ela se recuperava em casa, isolada da família[5].
Mujica et
al. (2020) destacam, entretanto, que se o exagero da incorporação do
entretenimento aproxima as narrativas jornalísticas audiovisuais do melodrama,
não contribui para a qualidade da informação e tende a apagar a objetividade e
estimular o sensacionalismo, por outro lado, as emoções fazem parte da
realidade, desempenham papel relevante nos processos cognitivos e podem ampliar
a compreensão das notícias e das aflições dos próprios indivíduos a partir da
observação da experiência do outro. A identificação com atores sociais diversos
e anônimos não está restrita à comoção individual articulada à verossimilhança,
pois desperta sentimentos coletivos de cooperação para solucionar determinada
situação (MUJICA et al., 2020).
Tais perspectivas, segundo Karin Wahl-Jorgensen
(2020), marcam duas tendências do estudo da emoção nas pesquisas em jornalismo.
A primeira considera que a emoção é trabalhada como uma espécie de comodity do espetáculo. A segunda sugere
que esta forma de vinculação afetiva permite sentir as emoções do outro e ter
empatia, permitindo maior compreensão do acontecimento por parte das
audiências. Porém, a pesquisadora argumenta que o entendimento do papel da
emoção nas práticas profissionais e no engajamento das audiências demanda maior
problematização, o que será retomado adiante neste trabalho. A sistematização
da Análise Televisual das edições do Fantástico
exige ainda sinalizar que os jogos discursivos de identificação com o outro nas
narrativas não ficcionais estudadas virtualizaram afetos e emoções. De tal
modo, frente ao confinamento, o espaço íntimo e público passou a ser
compartilhado na televisão, reposicionando os laços sociais tecidos pela TV
(WOLTON, 2007) e pelo jornalismo audiovisual no ambiente convergente, e
fortalecendo a mediação da Rede Globo na construção e representação da
realidade social. Foi possível identificar que o discurso jornalístico
televisivo se apropria de recursos de linguagem das narrativas ficcionais para
despertar e compartilhar sentimentos comuns de indignação pelo desapreço do
governo Bolsonaro em relação à vida da população brasileira, constituindo um
contexto favorável para resgatar a confiabilidade no Jornalismo.
Tecendo resultados
A Análise Televisual das edições do programa
evidenciou aspectos relevantes das reconfigurações do jornalismo audiovisual.
Primeiramente, foi possível perceber a introdução do relato em primeira pessoa
mesmo nas reportagens factuais e um decorrente apagamento de posicionamentos
editoriais que sempre interviram no direcionamento da política nacional e
ficavam escondidos nas enunciações em terceira pessoa. Explorando a emoção e a
subjetividade, o Fantástico promoveu
uma superação coletiva das trágicas consequências da pandemia da Covid-19 no
país, convocando as audiências tanto para serem esclarecidas mediante a oferta
de informações credíveis quanto para participar como atores sociais relevantes
do dramático enredo da realidade brasileira afetada pela disseminação do
coronavírus. Ainda que reportagens sobre racismo, violência contra indígenas,
mulheres e o meio ambiente tenham sido editorializadas de maneira fragmentada
em diferentes edições do programa observadas, as matérias funcionaram,
discursivamente, como uma espécie de resistência ao negacionismo do governo
federal e à ausência de uma coordenação de ações de combate à proliferação do
vírus no Brasil, associadas à valorização da solidariedade e da empatia.
Em pesquisas anteriores, já se observava uma
tendência de aumento da inserção de novos atores sociais na produção de mídia e
de relatos de cidadãos anônimos como testemunhos de suas próprias histórias e
consequentes alterações estéticas e de conteúdo nas práticas jornalísticas
(BECKER, 2016), como constatado neste estudo. Porém, no atual momento histórico
atravessado por conflitos de interesse e políticos em torno do aporte e da
distribuição de verbas publicitárias do governo federal nos meios de
comunicação e da renovação da concessão pública da Rede Globo prevista para
2022, a necessidade de uma aproximação maior do jornalismo e da emissora com o
público torna-se ainda mais relevante[6]. O Fantástico
tem priorizado interações com grandes audiências nas transmissões televisivas
ao vivo do programa, mesmo incorporando uma diversidade de atores sociais e
imagens colaborativas na cobertura da pandemia e monitorando acionamentos das
audiências nas redes sociais. Segundo Carregal (2021, informação verbal), o
programa tem um dos Twitters mais seguidos do Brasil e coloca QR codes em algumas matérias para que as
pessoas mais familiarizadas com tecnologias possam buscar conteúdo extra no site. Porém, a página do programa no
Facebook com milhões de seguidores foi tirada do ar e o Fantástico não responde aos comentários das audiências nas redes
sociais. O editor explicou que essa falta de interatividade resulta de uma
equipe muito reduzida e de uma diretriz da direção.
A Análise Televisual dos 14 programas do Fantástico sinalizou outro aspecto
relevante: a valorização do papel social da imprensa, sobretudo no combate às
informações falsas. A cobertura do Fantástico
seguiu a linha editorial do humanismo solidário, antes mencionada, aliada aos
problemas e às causas sociais e deflagrou que o jornalismo tem uma função
social importante de prestar um serviço de informação pública de qualidade e
contribuir para práticas democráticas. Porém, as práticas jornalísticas não são
ações filantrópicas. O programa valorizou as suas próprias enunciações como
fonte “oficial” de dados de óbitos e contágio sobre a Covid-19, apurados por um
consórcio inédito de veículos tradicionais de mídia, que soaram como verdades.
O jornalismo é uma forma de conhecimento importante da realidade social, mas
também serve aos interesses da empresa, é sempre tensionado por interesses
mercadológicos e políticos e pela necessidade de fomentar e ampliar seus
vínculos com a sociedade e não pode ser reificado. A cobertura do Fantástico sobre a pandemia da Covid-19,
ancorada no discurso pró-ciência e no combate ao negacionismo e às informações
falsas, tece um posicionamento político da emissora distinto das últimas
décadas. No entanto, convergindo objetividade e subjetividade em suas
narrativas, tais enunciações legitimam o próprio poder do jornalismo televisivo
como ator relevante em disputas políticas polarizadas do Brasil contemporâneo.
Constatou-se como a produção de sentidos sobre a pandemia, conformada em um
ambiente político polarizado em 2020, se mantém atual depois de mais de um ano
das orientações de isolamento social feitas pela OMS, refletindo que a
televisão e os programas telejornalísticos continuam a exercer protagonismo e
centralidade no ambiente convergente[7].
Mas, este trabalho também aponta que as
transformações da televisão não resultam apenas dos interesses políticos e
econômicos dominantes. O desenvolvimento tecnológico, as aspirações e atuações
das audiências e o papel sociocultural que a televisão desempenha em diferentes
contextos também contribuem para as mudanças do meio (WILLIAMS, 2016; BECKER,
2016). Essas complexas e dinâmicas relações não permitem precisar o futuro e os
desafios do jornalismo audiovisual, mas os jornalistas entrevistados oferecem
algumas pistas. Segundo o Jornalista 1, “ainda há a busca pela tv aberta quando
a notícia acontece. A audiência responde muito bem aos fatos de grande
relevância. É como se fosse preciso ainda buscar um resumo bem explicado,
didático” (JORNALISTA1, 2021, informação verbal). Para o Jornalista 2, “a
televisão está encontrando a forma de se unir a essas novas plataformas. A
ideia não é competir com elas, mas trazê-las como mais um elemento agregador,
conquistando a atenção do receptor” (JORNALISTA2, 2021, informação verbal). O
editor do programa complementou:
até os streamers desenvolverem tecnologia para
terem jornalismo ao vivo [...] a programação ao vivo da TV aberta [...] vai
continuar forte, [...] tendência para os próximos anos [...] uma questão que
ainda buscamos resposta é sobre a dificuldade do engajamento dos jovens na
televisão (CARREGAL, 2021, informação verbal).
Observou-se ainda como o jornalismo audiovisual
atua na construção audiovisual da realidade social. Os jogos narrativos
jornalísticos em plataformas de streaming,
como a Globoplay, acentuam a evocação do passado, reatualizando-o no presente
com uma perspectiva futura, ou seja, de um “tempo passando” (BARBOSA, 2016). De
acordo com Palacios (2010, p. 43), o mundo passou a fluir de modo continuado no
ambiente convergente e “também em forma multilinear e personalizável, nas
muitas telas que compõem o nosso contemporâneo de mídias convergentes”. As estratégias enunciativas do jornalismo
audiovisual atravessam as fronteiras, cada vez mais porosas, de gêneros
televisuais distintos e acentuam a familiaridade das audiências com a forma
singular da televisão de narrar histórias, nomeada por Orozco (2014) de
televisivo, estabelecendo interações intelectuais, emocionais e sensoriais com
o público e evidenciando uma constante atualização da linguagem da tevê. O
acesso às 14 edições do Fantástico na
plataforma Globoplay mostrou que determinadas formas de representação da
realidade social das narrativas audiovisuais, e até mesmo os seus sentidos, já
não estão coladas a dispositivos e gêneros discursivos específicos. As significações
atribuídas à pandemia pelo programa, alinhadas ao posicionamento da própria
Rede Globo, se espalham e se misturam em obras audiovisuais, abrigadas nas
editorias Jornalismo e Documentário da plataforma, como Profissão Repórter e Cercados,
e seus efeitos também permeiam a estética do realismo em narrativas ficcionais,
explorada, por exemplo, em Amor de Mãe.
Assim, verificou-se que a hibridização dos
formatos audiovisuais, o consumo de conteúdos em plataformas de streaming e vídeos on demand e o compartilhamento remoto de comentários das audiências
em redes sociais, despertados pela assistência a conteúdos e formatos
televisivos em uma segunda tela, provocam novos arranjos nas grades de
programação das emissoras e maior fluidez e semelhança nas maneiras de consumir
filmes, séries, telenovelas e programas jornalísticos. Este fenômeno sinaliza
que a construção audiovisual da realidade e de acontecimentos de grande
repercussão em determinado contexto histórico e cultural é operada tanto em
narrativas não ficcionais quanto ficcionais diante da complexificação da
produção de sentidos e da experiência de espectatorialidade de obras
audiovisuais que ativam o imaginário social.
Considerações
Finais
A realidade histórica contemporânea afetada
pela Covid-19 aflorou a urgente redução de desigualdades entre países e
comunidades e a necessidade de construção de outros modelos de desenvolvimento
social. A experiência contemporânea, impactada pela plataformização (DIJCK;
POELL; WAAL, 2020) e por um descrédito das instituições e dos sistemas político
e midiático — o que contribui para a disseminação de informações falsas —
também sinaliza novas formas de fazer e consumir notícias e a necessidade de um
alargamento de reflexões sobre o papel social do jornalismo na atualidade e as
reconfigurações das práticas profissionais.
As notícias devem ser observadas não apenas
como produtos que viabilizam um entendimento da realidade objetiva e cotidiana
sob determinadas regras normativas do fazer jornalístico, mas como representações
simbólicas que atendem a demandas subjetivas (SILVA, 2010). A construção dos
acontecimentos resulta de uma ordenação sequencial de representações mediante
estratégias sensíveis que constituem vínculos com as audiências (SODRÉ, 2006),
incluindo em suas enunciações aspirações e sensibilidades da população. Porém,
as significações dos acontecimentos emergem de disputas de sentidos entre
produção e recepção mobilizadas por afetos e emoções que manifestam
subjetividades e estratégias sensíveis das próprias audiências (BECKER et al., 2018). Um dos resultados mais
importantes na Análise Televisual da cobertura do Fantástico da Pandemia foi a expressiva incorporação do testemunho
e de subjetividades de atores sociais diversos, permeados pela emoção.
Pesquisas em jornalismo apontam que a emoção é
parte intrínseca do discurso jornalístico e uma forma de atrair a atenção do
público (BENETTI; REGINATO, 2014; GADRET, 2017; MORETZSOHN, 2013).
Wahl-Jorgensen (2020) ressalta, entretanto, que a abordagem da emoção apenas como
uma construção discursiva dos textos jornalísticos não nos permite ampliar a
compreensão do seu papel nas práticas profissionais e no engajamento das
audiências. Segundo Wahl-Jorgensen (2020), a relativa ausência de pesquisas em
jornalismo sobre emoção pode ser atribuída à lealdade do jornalismo com o
modelo da liberal democracia associado ao ideal da objetividade, que legitima a
autoridade do jornalismo e sua independência política ancoradas em um modelo de
discurso que privilegia a razão em detrimento da emoção. Ao longo do século XX,
a qualidade e a seriedade do jornalismo foram sustentadas na premissa da
objetividade em oposição à emoção. Hoje, entretanto, há uma “virada emocional”
nos estudos do campo, um crescente interesse sobre o papel que as emoções
desempenham no jornalismo derivado da emergência das plataformas digitais e das
mídias sociais.
De fato, a plataformização da sociedade afetou
instituições, transações econômicas e práticas sociais e culturais, produziu a
estrutura social que vivemos, um cenário marcado por conflitos de interesses de
diferentes atores sociais, e viabilizou a oferta de informações de diversas
fontes, incluindo usuários e produtores de informações falsas (DIJCK; POELL;
WAAL, 2020). No entanto, as plataformas não são neutras, atuam sob determinados
protocolos sem a devida transparência, impulsionadas pelos algoritmos e pela
datificação, e impactam a produção de notícias, os valores profissionais, os
modelos de negócio e o papel do jornalismo nas sociedades democráticas.
As plataformas e as mídias sociais diminuíram o
controle da produção noticiosa das organizações de mídia, restringindo a
autonomia de suas decisões editoriais referentes à curadoria de conteúdos, aos
tópicos a serem focados e às reconfigurações dos modos de apresentar as
informações. E a emoção passou a ganhar cada vez mais espaço nesse tipo de
informe nos relatos jornalísticos (DIJCK; POELL; WAAL, 2020).
Para Wahl-Jorgensen (2020), a maior
participação das audiências e da presença de conteúdos colaborativos nas
histórias relatadas tornaram mais fluidas as fronteiras entre a produção de
profissionais e a de amadores. As informações produzidas por usuários têm
contribuído para formas de notícias mais emocionais que se espalham na produção
da mídia mainstream. As histórias de
cidadãos comuns são contadas na primeira pessoa com um ponto de vista pessoal,
o que desafia a reportagem profissional objetiva, atribui maior “autenticidade”
ao relato e contribui para uma modificação na postura dos jornalistas na abordagem
das notícias. Neste contexto, os profissionais buscam focar as suas histórias
nas experiências dos indivíduos, destacando o sofrimento, as emoções dos
outros, o que cria uma relação afetiva entre os jornalistas, as vítimas e as
audiências. Mas, os jornalistas também tendem a explorar a personalização e a
emocionalização na produção das notícias, compartilhando mais as suas opiniões
e detalhes de suas vidas pessoais. Estes processos trazem mais intimidade e
subjetividade aos relatos jornalísticos, que acentuam o interesse humano e a
presença de histórias pessoais até mesmo na cobertura de hard news, e fomentam diferentes formas de solidariedade. Assim, há
uma abertura para a emoção no jornalismo mediante um esvaziamento da binária
distinção entre racionalidade e emocionalização, que restaura a ordem e a
estabilidade, suaviza as relações sociais e aumenta a adesão das audiências
(WAHL-JORGENSEN, 2020).
Tal perspectiva evidencia que as práticas
jornalísticas não são monolíticas, se modificam e estão inseridas em contextos
sociopolíticos e culturais mais amplos. Nesse sentido, identifica-se que a
noticiabilidade também deve ser abordada como uma construção cultural (DA
SILVA, 2020), na qual a emoção se constitui como aspecto relevante, sobretudo
nas relações estabelecidas entre produtores e consumidores de conteúdos e
formatos televisivos. Assim, este trabalho sinaliza a necessidade de alargar a
compreensão do fazer jornalístico, reexaminando valores-notícia imbricados nos
acontecimentos e critérios de noticiabilidade permeados pelo mundo sensível e
os modos como as audiências se engajam com os conteúdos noticiosos.
Notas
[1]
Disponível em: <https://bit.ly/3vYlxxG>. Acesso em: 07 mar. 2021.
[2]
Disponível em: <https://bit.ly/3GAb6FC>;
<https://bit.ly/3pUYxi3>. Acesso
em: 06 fev. 2021.
[3]
Disponível em: <https://bit.ly/3GDRQXx>. Acesso em: 12 ago. 2021.
[4]
Conforme indicado nas Referências.
[5]
Disponível em: <https://bit.ly/3muFfOg>. Acesso em: 12 ago. 2021.
[6]
Disponível em: <https://bit.ly/31fQm5L>; <https://bit.ly/3CvXTLk>.
Acesso em: 11 ago. 2021.
[7]
Disponível em: <https://bit.ly/3jQAw7Q>. Acesso em: 17 mar. 2021.
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