Nostalgia, emoção fora da lei para feministas?

memória, gênero e poder

Júlia dos Anjos1

Resumo

Este artigo investiga o conceito de nostalgia em sua valência política e, mais especificamente, sua interseção com o gênero e o feminismo. Na medida em que certos usos do passado se tornam arma política contra mudanças, a nostalgia adquire cunho negativo para aquelas que esperam dias melhores. Seriam a ilusão sobre o passado e a tendência conservadora atributos essenciais dessa emoção, ou ela também poderia se apresentar ao feminismo como potência política? A inclusão dessa sensação na categoria de “emoção fora da lei” (JAGGAR, 1989) não significaria uma limitação tanto da gama de expressões emocionais quanto do arsenal político de feministas? Na primeira parte do trabalho, tem lugar uma breve genealogia do termo, visto como manifestação histórica, isto é, que responde a anseios de determinada época e sociedade. Em seguida, são discutidas diferentes acepções concedidas a essa ideia nos estudos recentes na área das Ciências Humanas, os quais, em suas diferenças, convergem em um ponto: não existe uma nostalgia a priori. Por fim, apresento a interseção entre estudos de gênero e nostalgia, refletindo sobre novas possibilidades de enxergar esta emoção, como mais do que mera forma ilusória e inferior de memória.

Palavras-chave

Emoção; Nostalgia; Política; Feminismo; Memória.

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ. Professora substituta na Escola de Comunicação da UFRJ. E-mail: julianjos@gmail.com. 

Nostalgia, an “outlaw emotion” for feminists?

memory, gender and power

Júlia dos Anjos1

Abstract

This essay investigates the concept of nostalgia in its political bent and, more specifically, its intersection with gender and feminism. Once certain uses of the past become political weapons against social change, nostalgia takes on a negative connotation for those who dream of better days in the future. Are illusory views about the past and a conservative tendency essential attributes of this emotion, or could it also present itself to feminism as a powerful political tool? Wouldn’t the inclusion of this feeling in the category of “outlaw emotion” (JAGGAR, 1989) mean a limitation both on the range of emotional expressions and on the political arsenal of feminists? In the first part of the article, there is a brief genealogy of the term, seen as a historical manifestation that responds to aspirations of a particular time and society. Then, I discuss different meanings given to this idea in recent studies in the area of human sciences, which, in their differences, converge on one point: there is no nostalgia a priori. Finally, I present the intersection between gender studies and nostalgia, reflecting on new possibilities of regarding this emotion as more than a mere illusory and inferior form of memory.

Keywords

Emotion; Nostalgia; Politics; Feminism; Memory.

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ. Professora substituta na Escola de Comunicação da UFRJ. E-mail: julianjos@gmail.com.

Introdução: a nostalgia de Penélope

A Odisseia é texto fundante da tradição literária ocidental. O poema épico de Homero narra a história de Ulisses, rei de Itaca, em seu retorno ao lar após ter lutado na Guerra de Troia. A viagem durou muitos anos e contou com diversos obstáculos, bravamente enfrentados pelo guerreiro, que ansiava pelo momento do reencontro com sua pátria e sua esposa, Penélope. Itaca e Penélope se confundem como símbolos para o lar e são objetos de nostalgia de Ulisses ao longo de sua jornada. Ele viaja, ela espera. Ao longo dos séculos, essa fórmula se repete. Os homens são requisitados nas guerras e suas amadas aguardam sua volta. Então, quando uma palavra foi inventada, em 1688, para descrever o anseio pelo retorno ao lar, a conclusão lógica é que os cavalheiros a sentiriam e as damas seriam um de seus objetos causadores.

As mulheres, entretanto, também se afastavam do lar, fosse para trabalhar, fosse para se casar. Esse foi, na verdade, um aspecto primordial da vida de uma donzela bem-nascida, durante muito tempo na História. Embora fosse dever da dama aclimatar-se à terra de seu marido, isso nem sempre acontecia com tanta facilidade. A Imperatriz Leopoldina, nascida no Império Austríaco e trazida ao Brasil por ocasião de seu casamento, é um exemplo de figura feminina que constantemente manifestava o desejo de regresso ao lar: “nunca rio como antes nos alegres círculos de minha querida pátria” (CASSOTTI, 2015, p. 121). Sua tristeza era, contudo, associada por ela, por seus médicos e pelos demais observadores, à melancolia, e não à nostalgia.

No século XX, porém, essa emoção vai ao encontro do feminino. Modificado em seu significado, o termo nostalgia não diz mais respeito ao anseio pela volta ao lar, mas sim a um tempo perdido. E uma época com tantas mudanças nas identidades masculinas e femininas reuniu todos os ingredientes para que emergisse um forte desejo de retorno ao passado. Faludi (2001) documenta como, a partir dos anos 1980, se tornou bastante comum o discurso de que o feminismo havia arruinado a felicidade das mulheres, as quais sentiam falta de um modo anterior e mais simples de vida.

Agora, então, as mulheres também sentem nostalgia — mas não qualquer mulher. Na medida em que a idealização do passado se torna arma política contra mudanças, a nostalgia adquire cunho negativo para aquelas que esperam dias melhores no futuro. Mas será que as feministas, de fato, não experimentam nostalgia? E será que a inclusão dessa sensação na categoria de “emoção fora da lei” (JAGGAR, 1989) não seria uma limitação tanto de sua gama de expressões emocionais quanto de seu arsenal político? Seriam o caráter ilusório ou a tendência reacionária elementos necessários da nostalgia, ou ela também pode guardar potência para construção de um novo futuro?

Com estas perguntas em mente, o presente estudo se propõe a investigar o conceito de nostalgia e qual poderia ser, afinal, sua valência política. Na primeira parte do trabalho, tem lugar uma breve genealogia do termo, visto como manifestação histórica, isto é, que responde a anseios de determinada época e sociedade. Em seguida, são discutidas diferentes acepções concedidas a essa ideia nos estudos na área das Ciências Humanas. Por fim, apresento a interseção entre nostalgia e estudos de gênero.

A peculiar infância do termo

A palavra nostalgia tem nascimento e paternidade bem definidos e relativamente recentes na história. Apesar de ser composta por partículas de raiz grega — nostos, que pode ser traduzido como regresso ao lar, e algia, referente a uma experiência dolorosa —, a palavra é apenas “pseudo-grega” ou, como brinca Svetlana Boym (2001, p. 26), nostalgicamente grega, uma vez que o recurso ao idioma foi utilizado apenas como forma de conferir ao vocábulo certo verniz de sofisticação. A expressão foi cunhada pelo médico suíço Johannes Hofer em uma dissertação defendida em 1688 sobre o quadro clínico de soldados tratados por ele.

O objetivo de Hofer era traduzir um sentimento particular para a terminologia médica. A medicina da época, segundo Starobinski e Kemp (1966), estava acostumada à ideia da melancolia e do amor como emoções que poderiam levar a sintomas físicos. Porém, se a melancolia era vista como enfermidade típica dos intelectuais e dos sonhadores utópicos, quase um efeito colateral de uma mente que funcionasse intensamente e fosse dotada de destacada razão crítica, a nostalgia era uma doença mais democrática, de acordo com Boym (2001). Suas primeiras vítimas foram soldados mercenários, trabalhadores que se deslocavam do campo para a cidade e de uma nação a outra procurando empregos, ou estudantes em busca de novos horizontes. Eram, então, pessoas que estavam passando por algum tipo de posição de vulnerabilidade. Um desconforto social que poderia ser politizado — dando origem a revoltas e lutas por melhores condições de vida — acabou, naquele momento, por ser medicalizado.

Justamente o endosso do campo médico pode ter sido um dos fatores decisivos para que a nostalgia deixasse de ser uma manifestação típica dos despossuídos e se expandisse às camadas mais abastadas da sociedade. Starobinski e Kemp (1966) sustentam esta hipótese, afirmando que a nostalgia se tornou uma realidade amplamente aceita por conta do medo de contraí-la.

Embora houvesse divergência em relação às causas da nostalgia, a comunidade médica europeia concordava, ao final do século XVIII, que se tratava de uma doença real, passível de atingir os mais variados tipos de pacientes, frequentemente de maneira fatal. Por mais estranho que possa parecer esse cenário, é preciso lembrar que ainda não havia a noção de agentes infecciosos, o que fazia com que todas as lesões descobertas nos órgãos de um paciente durante a autópsia fossem interpretadas como consequências diretas do estado mental nostálgico. Conforme a prática médica passou a dominar o conhecimento sobre bactérias e as causas das anomalias anatômicas, a nostalgia foi perdendo seu status neste campo até que sua associação a uma patologia desapareceu quase que completamente — ainda que, como acreditam Keightley e Pickering (2012) ocorra uma “ressaca semântica” [1], isto é, uma continuidade do sentido oriundo do discurso médico na crença atual sobre o tema, como será discutido mais adiante.

A peculiar associação do termo à prática médica, entretanto, não é o único fator que explica como a nostalgia emergiu intensamente como fenômeno a partir de 1688. Esta emoção também pode ser vista como uma manifestação histórica ou fenômeno cultural, ou seja, que responde a anseios de determinada época e sociedade, como discutiremos no próximo tópico.

Emoção histórica sem causa e sem cura?

Segundo defende Boym (2001), a expansão da noção de nostalgia está diretamente relacionada a particularidades de seu momento histórico, a Modernidade. Afinal, aponta a autora, já havia uma variedade de sentimentos semelhantes à nostalgia muito antes que Hofer cunhasse a palavra. Como explicar, então, que não apenas a medicina, mas toda a sociedade subitamente sentisse a necessidade de dar nome ao fenômeno e passasse a se preocupar com ele? Para Boym (2001), a resposta está no fato de que a nostalgia deve ser compreendida como uma emoção conformada por mudanças sociais ocorridas à época de sua emergência como conceito — mais especificamente, uma transformação radical na concepção de tempo.

Na sociedade pré-moderna, acreditava-se que o Futuro pertencia ao domínio da Divina Providência, não estando disponível ao sabor dos desejos humanos. O pensamento Antropocêntrico e Iluminista marcou uma grande mudança nas mentalidades, tornando a ideia de progresso central à cultura moderna. Neste contexto, o que importava era o olhar para o futuro, não a continuidade do passado. Para a autora, então, manifestações nostálgicas são “efeitos colaterais da teologia do progresso” [2] (BOYM, 2001), isto é, são parte de uma busca por práticas e experiências perdidas, que não são mais consideradas desejáveis dentro do horizonte de expectativas moderno, mas continuam fazendo sentido para certas pessoas. Portanto, pode-se dizer que aquilo que define a nostalgia é a falta que se sente de um determinado tempo, mais do que de um espaço.

Nesse sentido, a nostalgia seria uma condição incurável. Jankélévitch (2011) reforça este argumento ao defender que é a irreversibilidade do tempo o que impede a nostalgia de encontrar seu alívio, tornando-a uma inquietude intransponível. Se o nostálgico crê que é possível cessar seu sentimento com um retorno à terra natal, é porque ocorre uma ilusória espacialização do tempo, isto é, acredita-se que, voltando ao espaço onde se passou a infância e a juventude, estas épocas também estarão acessíveis de alguma forma. Assim, o tempo seria visto como reversível tal qual o espaço, que pode ser percorrido com facilidade. Como não é, de fato, possível voltar ao passado, então a nostalgia seria necessariamente pautada pela decepção. Esta emoção, portanto, não seria simplesmente um mal que precisa de um remédio, mas sim a inquietude causada pela impossibilidade desse remédio existir.

Outro ponto importante é que existe uma não correspondência entre a terra natal imaginada e o país ou a cidade de fato, uma desproporcionalidade entre o sentimento direcionado a este local e o objeto causador da nostalgia. Geralmente são as lembranças mais comezinhas que inspiram a nostalgia mais intensa. Para o autor, esta é tanto mais acentuada quanto menos for objetivamente fundada. Assim, estes objetos dos quais se sente falta não são a causa da nostalgia, pois seria como o amor de mãe: imotivado, incondicional, não pautado por motivos específicos e explicações utilitaristas. Caso haja uma explicação absolutamente racional para esse sentimento, não seria, então, a típica nostalgia, de acordo com Jankélévitch (2011). Deste modo, a cidade ou o país imaginado que provoca nostalgia seria, na verdade, seu efeito: ela cria seus próprios objetos, construídos imaginativamente sob medida para os anseios do nostálgico. Não existem objetos que sejam, em si mesmos, propensos a serem lamentados, mas sim é a ação arbitrária dessa emoção que os torna especiais.

É interessante contrastar essa visão sobre a nostalgia com aquela apresentada pelo antropólogo brasileiro Roberto DaMatta (1994) sobre a saudade. Segundo DaMatta, não são as experiências individuais do amor, da viagem ou da ausência que constituem a saudade, mas sim ocorre o contrário: é a existência social da saudade que permite um revestimento especial de nossas experiências, que faz com que a sintamos de determinadas maneiras mais marcadas. A nostalgia, portanto, não é consequência de uma causa, mas sim ajuda a criar seu próprio objeto.

A saudade tematizada por DaMatta (1994), entretanto, se afasta da nostalgia conforme compreendida pelos autores anteriormente mencionados, especialmente Jankélévitch (2011), em um ponto primordial: a temporalidade subjetiva desta emoção seria uma experiência reversível. A saudade seria uma manifestação de certa estrutura de valores e ideologia luso-brasileira. Ainda que, como experiência de passagem e consciência reflexiva do tempo, tenha caráter universal e seja identificável em diversas sociedades, esta forma de lembrar passa a ser veículo de um conjunto complexo de ideias e de uma concepção temporal peculiar.

Pela saudade, podemos invocar e dialogar com pedaços do passado, trazendo momentos especiais de volta e (re)vivendo-o de maneira generosa e positiva. Esse passado pode ser trazido e levado, caminhar junto com o viajante ou mesmo segui-lo como sombra por toda a vida. Até mesmo a morte, segundo DaMatta (1994, p. 34), se curva, de alguma maneira, a esta temporalidade: “no Brasil a morte mata, mas os mortos, pela força dos elos que temos com todos eles, não morrem”.

Além da reversibilidade, outra questão importante a se ressaltar é que a saudade não possui apenas caráter amargo ou melancólico: também pode transformar a perda em felicidade. Ainda segundo DaMatta (1994), a produção cultural da saudade está inserida em um pendor do brasileiro a sistematicamente idealizar os tempos idos. Por outro lado, esta ideia pode servir como crítica aos esquemas burgueses que desdenham do passado e enxergam no futuro o único caminho possível.

Neste ponto, a teoria sobre a saudade novamente se aproxima das discussões sobre nostalgia. Em relação a estas duas formas de lembrar, se coloca uma pergunta: até que ponto elas guardam potência política como alternativa à crença cega no progresso, e em que momento a experiência imaginativa de reconstrução de um passado se aproxima perigosamente de uma ilusão reacionária ou de um pastiche padronizado? No próximo tópico da discussão, serão mobilizados autores que se dedicam a responder este questionamento.

Ilusão reacionária ou potência política?

Na visão de Davis (1979), o que caracteriza a nostalgia é um uso do passado que revela muito sobre incômodos e sensibilidades do presente. A relação entre o pretérito e o momento atual criada por esta emoção seria a de contraste: diante de um incômodo com a contemporaneidade, o nostálgico se volta para o passado, o qual funciona como um bálsamo na medida em que se diferencia da vivência presente. Assim, para o autor, a nostalgia envolve o ato de mergulhar as eras antigas em uma atmosfera alegre e benevolente. Essa seria, inclusive, uma das razões que explicam como o termo nostalgia tenha passado por uma destacada virada semântica, partindo do reino da psiquiatria, utilizado para nomear uma enfermidade, mas portando, hoje, um sentido popular, comercial e positivo.

Embora Davis ressalte a importância de se escutar o que a nostalgia tem a dizer sobre o presente, seu ponto de vista abre caminho para uma censura desta emoção por seu uso mistificador do passado. Jameson (1991) é um dos nomes que aprofunda a crítica neste sentido. Segundo ele, na pós-modernidade, tornou-se difícil — na verdade, praticamente impossível — realizar uma contemplação do passado que mantenha o distanciamento adequado para permitir uma perspectiva sobre o ocorrido e sobre sua relação com o presente. Isso não ocorre, porém, por um desinteresse pela História: ao contrário, o autor lamenta que haja um apetite onipresente e indiscriminado por estilos e modas mortos. Esta seria, para ele, uma caricatura do pensamento histórico. A indústria de cinema seria um lócus privilegiado neste fenômeno: nos filmes nostálgicos ocorreria um processamento alegórico do passado, na forma de um mero consumo de imagens lustrosas.

Já para Hutcheon (1998), este tipo de pensamento ostentado por Jameson (1991) não colabora para se pensar a historicidade. A teórica acusa o autor de ser nostálgico com a nostalgia, isto é, de sentir falta de uma suposta autenticidade perdida no ato de olhar o passado, a qual estaria presente em outros momentos históricos, e não no contemporâneo. Segundo Hutcheon, seria possível criar uma forma consciente de nostalgia, para a qual a ironia seria uma aliada, na medida em que permitiria expor os riscos desse olhar para o passado, por meio de um distanciamento adequado. A nostalgia irônica invoca o pretérito, mas também provoca nele uma erosão e desconstrução, colocando-o em perspectiva e, assim, funciona como um comentário ao passado, ao mesmo tempo em que diz muito sobre o presente.

Pickering e Keightley (2014), por sua vez, realizam uma crítica aos usos regressivos da nostalgia, porém ressaltam que esta é um fenômeno múltiplo, que se manifesta de variadas formas, inclusive podendo servir como fonte para crítica criativa do presente e construção de projetos de futuro, tema que será discutido mais adiante. Eles não negam, contudo, que existem formas problemáticas de nostalgia, as quais utilizam imagens idealizadas do passado. Os autores são especialmente críticos a um tipo de nostalgia que chamam de retrotyping: um modo de lembrar que seleciona determinados elementos do passado com o objetivo de celebrá-lo, de forma a garantir um uso comercial.

Como empresas e marcas sempre desejam estar associadas a valores positivos, a nostalgia adequada ao marketing precisa desenvolver uma impressão simplificada e harmônica do passado que retire dele qualquer elemento negativo ou indesejado, tornando-o encantador e atrativo. O diferencial desta forma comercial de nostalgia, ainda segundo Pickering e Keightley (2014), seria a ausência de um aspecto doloroso ou melancólico diante da perda do objeto do qual se sente falta — no retrotyping, a lembrança do tempo pretérito é sanitizada e celebratória. Além de benigna, esta representação do passado se caracteriza por ser rasa e homogeneizante, baseada em estereótipos, ideias prontas, atalhos mentais, clichês e generalizações, já que deve ser acessível e atrativa ao maior número de pessoas possível.

O trabalho ideológico em jogo neste tipo de nostalgia costuma ser o de assegurar a ideia de estabilidade e continuidade da marca em questão ao longo do tempo e, portanto, transmitir a noção de confiabilidade. Para isso, o sentido de distanciamento histórico é colapsado, na medida em que se oblitera o diferencial de cada momento temporal, uniformizando temporalidades diferentes de maneira acrítica e irreflexiva. Nestas imagens, o foco não é o que se modificou, mas sim a transmissão da ideia de que, supostamente, certas coisas nunca mudam. E toda essa operação deve se dar sob a ilusão de que a intenção não é o lucro, mas sim um genuíno interesse no passado.

Seria, porém, simplista reduzir a nostalgia a esta manifestação típica da sociedade de consumo. Também não seria justo associá-la exclusivamente a utilizações reacionárias ou caracterizadas por uma amnésia histórica. É o que defende Niemeyer (2014, p. 5), caracterizando a nostalgia como um “fenômeno-mosaico”. Keightley e Pickering (2012) complementam a ideia, asseverando que uma visão monolítica e negativa sobre a nostalgia é estreita e rudimentar, uma vez que reduz o fenômeno — e, portanto, é pouco efetiva para se pensar sobre memória e história. Os autores salientam que a nostalgia apenas se realiza em suas aplicações, não existindo como um fenômeno afetivo em essência, e só pode ser conceituada como um espectro de manifestações no qual também estão presentes variantes como um impulso utópico e um estado melancólico e passivo. Também é primordial pensá-la como um fenômeno complexo e, muitas vezes, contraditório, no qual a palavra-chave é ambiguidade: em uma mesma manifestação nostálgica podem ocorrer variações e aparentes incoerências.

Nesse sentido, é possível dizer que a nostalgia é transideológica: Hutcheon (1998) lembra que a tentativa de recuperação de uma comunidade imaginada do passado tem sido articulada tanto pelo ativismo ecológico quanto pelo fascismo. Ainda assim, existe a crença de que a nostalgia é fundamentalmente conservadora, já que deseja manter as coisas como foram — ou como se imagina que ocorreram. Bérubé (1994) é um autor que apresenta uma crítica à esquerda política por ter caído como vítima da nostalgia, destino paralisante do qual teria sido salva pelas intervenções do movimento feminista, queer e de minorias étnicas.

Percebe-se, então, que a nostalgia ainda conserva uma conotação negativa entre teóricos das ciências humanas. No que concerne o feminismo, a nostalgia é apresentada como sendo inteiramente estranha ao movimento, uma vez que seria pautada por narrativas masculinas e funcionaria para perpetuar a opressão patriarcal e reforçar estruturas sociais conservadoras (HUFFER, 1998). É possível argumentar, entretanto, que, ao invés de inexistente, a nostalgia feminista seja uma espécie de “emoção fora da lei” [3], termo cunhado por Jaggar (1989) para designar sentimentos convencionalmente inaceitáveis, diametralmente opostos àqueles prescritos pelas regras sociais. Segundo a autora, grande parte das emoções fora da lei seriam, também, feministas, isto é, incorporam valores e percepções deste movimento. Quando, ao invés de sentir alegria diante de uma piada machista contada durante o almoço de família, uma mulher sente raiva, ela está experimentando uma emoção fora da lei de caráter feminista. Podemos observar, contudo, que o feminismo não apenas acolhe emoções forasteiras diante dos padrões hegemônicos, mas também acaba por criar esse tipo de emoção renegada, que não coaduna com os parâmetros majoritários do movimento — e a nostalgia pode ser uma delas.

Ainda que indesejada ou não reconhecida, a nostalgia está mais presente no feminismo do que se supõe. É o que aponta Eichhorn (2015) ao afirmar que a sensação de ausência, de não ter participado do que teria sido o verdadeiro feminismo, é parte integral da persistência deste movimento na atualidade. A pesquisadora inicia seu argumento contando uma anedota sobre ter ficado muito honrada ao ser convidada para ler o trabalho de uma teórica feminista que viveu o movimento nos anos 1970 — ela acreditava que essa autora tinha estado , no período em que o feminismo realmente aconteceu. Posteriormente, Eichhorn entrou em contato com um material feito por feministas de uma geração posterior à sua e percebeu que elas também se sentiam ausentes do mítico “lá” do feminismo; para essas jovens militantes, porém, esse “lá” não eram os anos 1970, e sim os anos 1990, os quais a própria Eichhorn vivenciou e não os considerava tão especiais assim. Essa história indica que o olhar da posterioridade tem se tornado uma característica proeminente do feminismo. Além das novas gerações de feministas que recorrem ao passado em busca de inspiração, também existem as militantes de mais idade que, de fato, consideram ter vivido o “lá” do movimento, isto é, sua suposta época de ouro, e veem as manifestações contemporâneas como desprovidas do mesmo brilho.

Deste modo, o feminismo possui uma relação contraditória com a nostalgia: ao mesmo tempo em que feministas se sentem atraídas por essa emoção e têm seus discursos atravessados por ela, também procuram a todo custo evitar e negar esse sentimento que ainda detém uma conotação negativa, como sinônimo de ilusão e apego paralisante ao passado.

Porém, mais do que apontar a existência da nostalgia nas práticas feministas, é importante, também, refletir sobre os fatores do momento atual que levam a uma emergência desta emoção entre o movimento. Afinal, como foi visto, a nostalgia diz mais sobre o presente do que em relação ao passado. E, para Eichhorn (2015), o que esse sentimento conta sobre a contemporaneidade do feminismo é o desejo de viver “a pura potencialidade de estar à beira de algo revolucionário” [4], de habitar um momento histórico no qual o passado guarde poucas promessas e o futuro seja um lugar de novas possibilidades. Segundo esse ponto de vista, o mítico “lá” do feminismo, onde ele supostamente aconteceu de verdade, seria o momento em que não era possível a nostalgia, porque não havia passado desejável, apenas futuro. Esse sentimento, na perspectiva feminista, portanto, seria um anseio não pelo conforto de um passado benevolente, mas sim o desejo por uma potencialidade transformadora.

Um olhar para o passado com vistas à transformação do futuro seria, de acordo com Eichhorn (2015), uma especificidade da nostalgia como se manifesta entre o feminismo, diferente daquela experimentada, por exemplo, por imigrantes. Nesse ponto, a autora acaba por se aproximar da perspectiva segundo a qual existiria uma nostalgia típica, que tenderia à passividade e ao apego insensato ao passado. A nostalgia feminista seria, então, uma mutação positiva de um fenômeno normalmente negativo.

Já Evans e Bussey-Chamberlain (2021) enxergam de outra maneira a emergência de uma nostalgia feminista no contemporâneo. As autoras demonstram preocupação com o olhar lançado ao passado apresentado por mulheres que se identificam como feministas e que têm ganhado espaço na mídia mainstream britânica. Essas mulheres manifestam nostalgia por uma suposta forma mais radical de política feminista, não cooptada por forças neoliberais, não centrada no ativismo on-line e anterior ao debate sobre interseccionalidade. Tais formas de pensamento, denunciam Evans e Bussey-Chamberlain (2021), se apegam a um passado feminista que nunca existiu, isto é, constroem um imaginário feminista ilusório, que leva a uma forma de política excludente para com mulheres não brancas e as transgênero.

O debate colocado por Evans e Bussey-Chamberlain (2021) é importante para nos atentarmos ao fato de que o movimento feminista não está imune a usos problemáticos da memória. Embora o tipo de feminismo e de nostalgia descrito pelas autoras apresente, de fato, um caráter excludente, é primordial notar que não é uma manifestação necessária, e nem a única forma pela qual uma nostalgia feminista pode ter lugar no contemporâneo.

Ainda permanece, portanto, em aberto o debate sobre mobilizações mais construtivas do passado em meio a este movimento. Marques (2014) nos lembra que a instabilidade da noção de feminismo e o desencontro entre concepções de diferentes gerações de militantes não é algo recente: antes mesmo da contribuição teórica da interseccionalidade, não existia um feminismo no singular, e atritos e disputas já tinham lugar em torno de uma suposta identidade feminista autêntica. Deste modo, a autora chama a atenção para a relevância de uma investigação criteriosa sobre os sentidos históricos das noções de feminismo.

Afinal, quando a memória de certos acontecimentos e etapas históricas permanece represada por muitos anos, o vácuo nesta arena de disputa pode acabar sendo preenchido de formas problemáticas, acarretando altos custos para a coletividade, como notam Ribeiro e Bertol (2021). Investigando o represamento de memórias a respeito da ditadura brasileira, as autoras ressaltam que justamente este cenário de uma memória represada favorece o surgimento de visões apegadas a um pretérito imaginado e de uma exploração ideológica do passado de forma arbitrária. Elas alertam, ainda, que não se deve esperar um trabalho memorialístico pacífico: afinal, a memória é um campo de disputa e, mais do que nunca, se encontra no centro da luta política.

Trazendo esta discussão para a questão aqui analisada, podemos refletir que a existência de formas problemáticas de memória do feminismo não é um motivo para que nos afastemos deste campo de discussão. Ao contrário, a ausência deste esforço de olhar para o passado pode gerar novos problemas, na medida em que potencialmente abre caminho para que a política da memória seja ocupada por atores que produzem visões particulares e excludentes. Não por acaso, o apelo a um passado em que supostamente as mulheres levariam uma vida melhor é, atualmente, um dos argumentos do discurso antifeminista (ANJOS, 2019).

Com efeito, a teoria e a prática feministas, de fato, têm se preocupado com a necessidade de revisões de uma história até então centrada na noção de sujeito universal, para fazer emergir experiências femininas invisibilizadas. Em estudo sobre os projetos Aurélia e Let’s Celebrate Women, que se dedicam a construir uma memória coletiva feminina on-line, Leal (2017) nota um uso do passado que enxerga no direito à memória uma reivindicação primordial do feminismo, tanto no sentido de fortalecer uma comunidade afetiva em torno de uma memória coletiva, quanto na direção de uma transformação daquilo que é considerado digno de ser lembrado. Vale notar que, nestes projetos, a produção de memória se afasta da ideia de cânone: não se busca o consenso sobre que mulheres merecem ser lembradas em detrimento de outras. Ao contrário, exploram-se as mais variadas figuras femininas, inclusive reconhecendo o lugar de fala de mulheres subalternas, periféricas, transgênero, negras, com deficiência, entre outras.

Ainda no sentido de um desafio ao apagamento do passado feminino, McDermott (2002) defende que a nostalgia pode colaborar nesta empreitada e deve, portanto, ser recuperada como uma estratégia política. Afinal, questiona a autora, seria, de fato, possível e desejável um envolvimento com o passado sem o componente afetivo da nostalgia? Ainda assim, persiste no pensamento feminista uma separação entre história “real” e nostalgia, em que a segunda é vista como uma forma inferior, passiva e ilusória de memória, além de ser associada ao conservadorismo. Greene (1991) chega a afirmar que a nostalgia e a memória seriam conceitos opostos, uma vez que a memória olha para trás com o objetivo de mover-se para frente, enquanto a nostalgia fica presa ao passado.

Tal enquadramento retórico negativo e até pejorativo sobre a nostalgia pode ser visto como uma herança da tradição de pensamento moderno. O feminismo é, afinal, parcialmente uma herança das ideias iluministas de igualdade e de progresso. Esse conjunto de noções engloba uma visão do futuro como algo necessariamente diferente do passado, além de mais positivo. Se a nostalgia é acusada de idealizar o passado, o pensamento moderno, por sua vez, também incorre no mesmo delito — o faz, porém, em relação ao futuro e ao progresso. Além disso, Keightley e Pickering (2012, p. 121) apontam a ocorrência de uma “ressaca semântica”, isto é, uma continuidade de um sentido negativo em torno da nostalgia, proveniente de suas raízes no discurso médico. Apesar de não a considerarmos mais como uma doença, muitos ainda a concebem como um tipo de fraqueza intelectual e emocional.

Os autores buscam desconstruir a ideia da nostalgia como uma posição de apego piegas ao passado, reverenciando o antigo pelo antigo e prendendo-se a uma memória ilusória. Ao contrário, esse sentimento emerge como uma forma de buscar uma “presença intertemporal ativa” [5] (KEIGHTLEY; PICKERING, 2012), isto é, uma maneira de “olhar à frente olhando para trás”. É possível manter abertas alternativas do passado e conservar vivas contranarrativas valiosas, que servem como ponto de referência para um processo de crítica e reavaliação do presente e transformação do futuro. A nostalgia, portanto, tem o potencial de ser um modo de lembrar transformador.

De acordo com este ponto de vista, a nostalgia seria perfeitamente compatível com a esperança e com a resistência, na medida em que fornece uma perspectiva temporal necessária para nos tornarmos críticos do presente. Quando reavaliamos o presente a partir do equipamento crítico fornecido pelo passado, podemos decidir por nós mesmos quais aspectos da mudança abraçar, bem como enriquecer e ampliar nossas possibilidades de futuro.

Considerações Finais

Este artigo se propôs a investigar o conceito de nostalgia em sua valência política e, mais especificamente, sua interseção com o gênero: seriam a ilusão sobre o passado e a tendência conservadora atributos essenciais dessa emoção, ou ela também poderia se apresentar como potência política ao feminismo?

A genealogia do conceito de nostalgia nos mostra que as primeiras pessoas designadas, pelo campo médico, como vítimas desse anseio doentio de retorno ao lar eram homens, mas em algum tipo de posição de vulnerabilidade social, como soldados mercenários, trabalhadores que se deslocavam do campo para a cidade e de uma nação a outra procurando empregos ou estudantes em busca de novos horizontes. Esse desconforto social que poderia dar origem a revoltas por melhores condições de vida acabou, naquele momento, sendo medicalizado.

Além do endosso do campo médico, a entrada do termo para o vernáculo e o uso diário da sociedade pode ser vista como uma manifestação histórica, isto é, que atendeu a anseios de uma época. Segundo Boym (2001), a nostalgia respondeu a uma transformação radical na concepção de tempo que teve lugar a partir da Modernidade, momento em que passou a imperar a crença no progresso, a partir de uma divisão peremptória entre passado, presente e futuro e a ideia de que seria possível controlar o porvir por meio da ação humana. Manifestações nostálgicas seriam, então, parte de uma busca por práticas e experiências perdidas, que não são mais consideradas desejáveis dentro do horizonte de expectativas moderno, mas continuam fazendo sentido para certas pessoas. Os nostálgicos, portanto, sentem falta de um tempo, não propriamente de um espaço. A cidade e/ou o país imaginados, que supostamente provocariam essa emoção, seriam, na verdade, seus efeitos: a nostalgia cria seus próprios objetos, construídos imaginativamente sob medida para os anseios do nostálgico.

A constatação de que a nostalgia cria seus próprios objetos não tem, aqui, o objetivo de reduzi-la a sua dimensão imaginativa e colocá-la como oposta e inferior à racionalidade. O que pretendo destacar é, na verdade, que não existe uma nostalgia a priori, e nem objetos que naturalmente provoquem reações saudosas, ponto onde diversos autores diferentes concordam (DAMATA, 1994; JANKÉLÉTICH, 2011; KEIGHTLEY; PICKERING, 2012; NIEMEYER, 2014). Em outras palavras, a nostalgia é um fenômeno múltiplo e complexo, que se constrói em suas manifestações. Seria, portanto, simplista limitá-la a utilizações reacionárias ou caracterizadas por uma amnésia histórica.

Ainda assim, a nostalgia conserva uma conotação pejorativa entre teóricos das Ciências Humanas, especialmente no que concerne ao feminismo. Embora a história das mulheres e o estudo da memória sejam valorizados neste campo, eles costumam ser vistos como opostos ao sentimento nostálgico, o qual seria, em regra, uma forma ilusória e inferior de memória. Uma nostalgia feminista seria, no máximo, uma mutação positiva de um fenômeno normalmente negativo. Podemos refletir, porém, que a própria crença na existência de uma memória completamente divorciada da imaginação e do envolvimento afetivo seja tão ilusória quanto a nostalgia é acusada de ser. Além disso, como ensinam Keightley e Pickering (2012), este sentimento pode passar longe da passividade e da ilusão, na medida em que fornece uma perspectiva temporal necessária para nos tornarmos críticos do presente.

As ideias tipicamente modernas de progresso e de crença no futuro foram e continuam sendo úteis ao arsenal feminista, mas vale lembrar que o movimento das mulheres sempre foi um produto indesejado da Modernidade — definitivamente, a eclosão da militância feminina não era algo que Kant ou Rousseau tinham em mente ao redigir seus tratados. Talvez seja hora, portanto, de abrirmos espaço para outras relações com o passado.

Pode ser mais interessante incorporar a nostalgia de forma crítica do que negá-la, relegando-a ao status de “emoção fora da lei” no feminismo. Coloca-se diante de nós, desse modo, o desafio de encontrar um meio termo entre o passado como “tempo bárbaro de absoluta opressão feminina” e como “época boa de paz e tranquilidade”, definindo quais de seus aspectos jamais queremos que se repitam e quais guardam a capacidade de enriquecer nossas visões de futuro.

Notas

[1] Livre tradução da autora. No original: “semantic hangover” (KEIGHTLEY; PICKERING, 2012, p. 121).

[2] Livre tradução da autora. No original: “Nostalgic manifestations are side effects of the teleology of progress” (BOYM, 2001, p. 36).

[3] Livre tradução da autora. No original: “outlaw emotion” (JAGGAR, 1989).

[4] Livre tradução da autora. No original: “What is desired in the case of feminist nostalgia, then, is the sheer potentiality of being on the cusp of something revolutionary” (EICHHORN, 2015, p. 9).

[5] Livre tradução da autora. No original: “active cross-temporal presence” (KEIGHTLEY; PICKERING, 2012, p. 114).

Referências

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Financiamento

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil.