As jornalistas sob ataque:
um estudo sobre agressões às profissionais de imprensa em
uma sociedade polarizada
Simone
Antoniaci Tuzzo1
e Ana Carolina
Rocha Pessôa Temer2
1 Doutora e
Pós-Doutora em Comunicação pela UFRJ. Pesquisadora do CITEI – Centro de
Investigação em Tecnologias e Estudos Intermédia – ISMAI-PT; CiCO –
Comunicação, Consumo e Identidades Socioculturais – ESPM-BR; Bases
epistemológicas para uma leitura crítica da mídia – UFG/CNPq. E-mail:
simonetuzzo01@gmail.com .
2 Pós-Doutora em Comunicação pela UFRJ. Doutora e Mestre em Comunicação pela
UMESP. Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade
Federal de Goiás (UFG). Pesquisadora do Grupo de pesquisa Bases epistemológicas
para uma leitura crítica da mídia – UFG/CNPq. E-mail: anacarolina.temer@gmail.com.
Resumo
Este estudo faz uma análise do material jornalístico que enfoca a agressão às mulheres jornalistas e, em particular, aquelas que atuam no telejornalismo brasileiro e que foram, de alguma forma, vítimas da ação de militantes bolsonaristas ou do próprio presidente Jair Bolsonaro desde a sua posse. O estudo envolve uma contextualização sobre o bolsonarismo, a radicalização política e os seus reflexos nas ações contra a pandemia da Covid-19. Considerando o contexto em que ocorrem as ações hostis, questiona-se se, ao informar sobre as agressões contra as jornalistas, as próprias empresas nas quais essas mulheres trabalham têm adotado estratégias para valorizar o esforço destas profissionais. Também busca-se saber se as empresas enfrentam a postura machista que caracteriza esses ataques ou se até mesmo tenham adotado estratégias de valorização do próprio jornalismo e de seus compromissos com a sociedade. O artigo também nos mostra que a repetição das agressões — que não morre nos fatos e prossegue com comentários dos grupos bolsonaristas nas redes sociais — é fruto de uma sociedade polarizada, demonstrando que a relação entre a política e o jornalismo no Brasil está se tornando mais tensa, e que isso pode alavancar a dramaticidade das coberturas e conquistar leitores e audiências, mas também afeta o status das empresas jornalísticas.
Palavras-chave
Mulheres Jornalistas, Jornalismo; Covid-19; Bolsonarismo; Agressão.
Women
journalists under attack:
a
study of aggression against media professionals in a polarized society
Simone
Antoniaci Tuzzo1
e Ana Carolina
Rocha Pessôa Temer2
1 Doutora e
Pós-Doutora em Comunicação pela UFRJ. Pesquisadora do CITEI – Centro de
Investigação em Tecnologias e Estudos Intermédia – ISMAI-PT; CiCO –
Comunicação, Consumo e Identidades Socioculturais – ESPM-BR; Bases
epistemológicas para uma leitura crítica da mídia – UFG/CNPq. E-mail:
simonetuzzo01@gmail.com .
2 Pós-Doutora em Comunicação pela UFRJ. Doutora e Mestre em Comunicação pela
UMESP. Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade
Federal de Goiás (UFG). Pesquisadora do Grupo de pesquisa Bases epistemológicas
para uma leitura crítica da mídia – UFG/CNPq. E-mail: anacarolina.temer@gmail.com.
Abstract
This
study analyzes the journalistic material that focuses on the aggression against
women journalists and, in particular, those journalists who work in Brazilian
television journalism, and who were, in some way, victims of the action of
Bolsonaro supporters or of president Jair Bolsonaro himself since its
possession. The study involves a contextualization of Bolsonarism,
political radicalization and its consequences on actions against the Covid-19
pandemic. Considering the context in which hostile actions occur, it is
questioned whether, when reporting on aggressions against women journalists,
the very companies in which these women work have adopted strategies to value
the efforts of these professionals. It also seeks to know if companies
confronting the macho posture that characterizes these aggressions, or even
adopting strategies to value journalism itself and its commitments to society.
The article also shows us that the repetition of these aggressions — which does
not end with the facts and continues with comments by Bolsonaro supporters on
social networks — is the result of a polarized society, demonstrating that the
relationship between politics and journalism in Brazil it is becoming more
tense, which can leverage the drama of coverage and win readers and audiences,
but also affects the status of journalism companies.
Keywords
Women Journalists; Journalism; Covid-19; Bolsonarism; Aggression.
Nem a terra nem as
mulheres são território de conquistas (Livre tradução de Grafite produzido pelo
Grupo Mulheres Creando, na Bolívia).
Introdução
No dia 27 de março de
2021, a Juíza da 19ª Vara Cível de São Paulo considerou o presidente da
República do Brasil culpado por ofensas de cunho sexual contra a repórter da
Folha de S. Paulo, Patrícia Campos Mello (BOLSONARO..., 2021). Pouco mais de
dois meses depois, em 18 de junho de 2021, o nome do presidente se juntou à
lista dos 37 chefes de Estado ou governo que reprimem maciçamente a liberdade
de imprensa compilada pela organização de Repórteres Sem Fronteiras (REPÓRTERES
SEM FRONTEIRAS, 2021; BRITTO, 2021).
Evidentemente, os dois
fatos estão interligados, uma vez que refletem a relação do atual chefe do
governo brasileiro em relação à imprensa. Eleito em circunstâncias específicas,
que envolvem o uso estratégico das redes sociais e a exploração política de um
atentado inabitual nas campanhas presidenciais brasileiras, Jair Bolsonaro
demonstrou a intenção de escrever um novo capítulo na história de conflitos
entre a liberdade de expressão e os interesses dos representantes do Estado no
Brasil.
Durante o seu governo, o
jornalismo brasileiro tem sido objeto de críticas do presidente da República
que, segundo relatório divulgado pela Human Rigth Watch (2021), fez 400
ataques a jornalistas em 2020. Para além
deste número, as edições do Jornal das 18 horas da Globo News, do Jornal da
Band e do Jornal Nacional do dia 30 de março citaram dados do Departamento
de Estado dos Estados Unidos (DoS) que imputam ao presidente Bolsonaro a
autoria de 53 agressões a jornalistas.
Segundo o relatório do
DoS, no governo Bolsonaro houve um aumento de 67% na violência contra
jornalista no Brasil, situação que, segundo dados do parecer do Repórter Sem
Fronteiras (também citado no relatório do DoS), levou o país a ocupar o 107º
lugar do mundo na violência contra os jornalistas.
Diante destes dados, este
estudo pretende fazer uma análise de matérias jornalísticas que envolvem
agressões às mulheres jornalistas, veiculadas nas empresas e redes nas quais
elas trabalham, e, particularmente, as profissionais que atuam no
telejornalismo. Também pretende-se verificar como esses ataques se inserem em
um contexto social no qual a dinâmica da pandemia — que inclui propostas de
isolamento social e uma desaceleração da economia — reflete a radicalização na
relação entre a imprensa e o governo de Bolsonaro.
O questionamento central
envolve a análise de como e se a exposição desses momentos de conflito desvelam
— e indiretamente fortalecem — o aspecto característico do bolsonarismo (como o
conservadorismo, o machismo e a misoginia); e como isso interfere na
comunicação das situações de ataques, eventualmente em detrimento da exposição
de elementos caros ao jornalismo, como o compromisso com a informação
verdadeira e de interesse público.
Em termos metodológicos, o
ponto de partida são os estudos realizados pelo Laboratório de Leitura Crítica
da Mídia da UFG desde janeiro de 2020 até julho de 2021, período no qual a
relação do Estado com a imprensa assumiu novas proporções, em função da crise
sanitária provocada pela Covid-19 e as consequentes propostas de
confinamento/distanciamento social que se tornaram elementos centrais nos
telejornais brasileiros. Trata-se, portanto, de um Estudo Longitudinal, método
que analisa variações ao longo de um período de tempo, com características
observacionais, em uma leitura crítica descolonizada[1] do material
jornalístico que relata as agressões contra mulheres jornalistas, e o
enquadramento e critérios utilizados para descrevê-los.
Em função desse aspecto
foram destacadas neste trabalho, três matérias que relatam episódios de ataques
a jornalistas mulheres, que atuam no telejornalismo, considerando que essa
amostra é suficiente para exemplificar os modelos de conteúdos/coberturas
adotados, mas também a permanência — e de certa forma a evolução — de como
agressões a jornalistas ainda se mantêm na sociedade brasileira um ano após as
primeiras análises.
Que país é esse? Uma
contextualização necessária
A relação de Jair Messias
Bolsonaro com a imprensa é conflituosa (FARIAS, 2020). Já durante a campanha
eleitoral de 2018, ele estimulou a desconfiança sobre o jornalismo e optou por
utilizar as redes sociais para produzir e divulgar informações, opção que
manteve após assumir o cargo. Para parte da sociedade, essa atitude foi vista
como algo inovador ou mesmo uma proposta que ampliava o contato direto com o
eleitorado, sem passar pelos filtros das grandes empresas de comunicação. Para
a imprensa, uma eleição e um governo que se apresentam de forma desafiadora no
que diz respeito à transparência das ações e decisões.
Em algumas ocasiões, o
atual presidente brasileiro manifestou que além de se comunicar por meio das
redes sociais, ele também se informa por meio dos conteúdos divulgados nestas
redes. Trata-se de um modelo de comportamento adotado por setores vulgarmente
classificados como a “nova direita conservadora”, composta por grupos cujo
discurso denuncia a sutil ameaça à democracia e veem de forma ameaçadora
processos de internacionalização. A esse discurso se soma também atitudes
moralizantes e a defesa canhestra dos valores familiares e da religião, além da
ladainha contra a corrupção. É uma proposta que ganhou mais visibilidade com a
eleição do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump mas, com poucas
variáveis, encontra eco em diferentes países cujas lideranças condenam a
imigração e as ações de defesa ao meio ambiente.
No Brasil,
especificamente, o chamado bolsonarismo[2] (movimento político/ideológico
capitaneado pelo presidente sem partido, Jair Messias Bolsonaro) envolve
condições específicas, como o crescimento das religiões fundamentalistas e a
insatisfação de médios e pequenos produtores do agronegócio, que temem
prejuízos advindos de pressões para conservação ambiental. No entanto, foi
igualmente fundamental no desenvolvimento desta corrente, a desilusão de grande
parte do eleitorado com os setores da esquerda acusados de corrupção pela
mídia.
Com todos esses vínculos
não é surpreendente que o bolsonarismo justifique suas ações com discursos
patriarcais e que seus apoiadores glorifiquem o passado autoritário do Brasil.
Mas o que aparenta ser uma visão retrógrada não esconde a aposta dessa nova direita
no uso da informação como objeto de consolidação de poder. Publicado pela
primeira vez em 1967 na revista New Yorker, o ensaio Verdade e
Política de Hannah Arendt (1997) coloca a questão de que existe um conflito
entre “a verdade” e a “política”. No caso da nova direita brasileira, é
possível observar que não há pudor em divulgar versões de um fato ou mesmo
mentiras que a beneficie.
Uma vez que o ethos
que orienta a atividade profissional jornalística se apoia no respeito à
verdade e na valorização da objetividade e da imparcialidade, as ações
promovidas pela “nova direita”, evidentemente, aprofundam o tensionamento entre
o Estado e a imprensa. Ainda que no Brasil, a relação entre a mídia e a
política seja percorrida por propriedades e interesses cruzados, atritos entre
os objetivos da imprensa e o Estado podem ser citados até mesmo durante
situações de censura do governo militar (MATTOS, 2005).
A somatória dessas
condições esboça um novo contexto no qual “a força da imprensa” tem sido
questionada pela ampliação de informações não jornalísticas, incluindo o
falseamento de dados e a difusão de mentiras que, em função do aumento da
circulação, convencionou-se a chamar de fake news (BRANDINO, 2021). O
uso deste material envolve políticos e chefes de Estado — como é o caso do
presidente Bolsonaro — que se fortalecem tanto com a divulgação de informações
falsas, quanto com o levantamento de suspeitas sobre a credibilidade (ou mesmo
críticas diretas) dos veículos de imprensa, que mesmo ligadas ao capitalismo industrial
e a grandes conglomerados econômicos, passam a ser descritas por alguns setores
de política como “pouco confiável, esquerdista ou comunista [sic]”.
Elementos de uma
cobertura jornalística em tempos de pandemia
No contexto da pandemia da
Covid-19, o avanço epidêmico que colocou o Brasil na indesejável posição de um
dos países mais afetados em número de contagiados e de mortes no mundo,
potencializou o conflito entre as informações divulgadas pela imprensa — que
assumiu a defesa dos cuidados propostos pela Organização Mundial da Saúde — e a
posição assumida pelo presidente, que usou as redes sociais para minimizar a
gravidade da doença, a qual chamou de gripezinha. Este posicionamento ganhou
mais uma camada ao ser reforçado pelo negacionismo científico e pela aposta no
uso da Cloroquina/Hidroxicloroquina — medicamento que a comunidade científica
provou não ter eficácia no combate à doença — e na possibilidade da chamada
“imunidade de rebanho”.
O discurso negacionista do
presidente se capilarizou nas redes sociais, com Bolsonaro e sua equipe (cuja
característica mais gritante é ter à frente os próprios filhos como apoiadores
e divulgadores) repetindo a estratégia de utilizar as mídias digitais para
criticar o isolamento social, apontado por eles como elemento danoso à
economia. O resultado foi a cisão ou radicalização da sociedade, com grupos
claramente definidos a favor e contra as medidas sanitárias.
Para além da polarização,
o problema ganhou uma nova dimensão em ataques em espaços públicos contra jornalistas
que, em coberturas específicas sobre situações da pandemia ou em manifestações
contra e a favor das ideias do presidente, tornaram-se vítimas de tentativas
que visam atrapalhar ou interromper a atividade em desenvolvimento, com a
ocorrência de contestações verbais e agressões físicas — aparentemente
espontâneas — nas quais afloraram xingamentos ou bordões críticos sobre
empresas jornalísticas[3] e gritos em defesa do presidente e do bolsonarismo.
Destaca-se que desde a
primeira ação deste tipo, as agressões a jornalistas tiveram repercussões em
veículos de imprensa e provocaram reações de entidades ligadas ao jornalismo,
como a Associação de Jornalismo Investigativo, Associação Nacional de Jornais e
a Associação Nacional de Imprensa, eventualmente citando estes ataques como uma
reação desproporcional e uma ameaça para a liberdade de imprensa. Mesmo assim,
prosseguiram com novos episódios, não raro bizarros e incoerentes.
No caso específico deste
estudo, foram selecionados três diferentes episódios, cujo aspecto em comum é
serem perpetrados contra mulheres jornalistas, ainda que elas trabalhem em
veículos diferentes. Questiona-se se os ataques, quando cometidos pelos
bolsonaristas ou pelo próprio presidente, refletem misoginia e intolerância com
mulheres em geral ou com as jornalistas em particular; questiona-se também os
elementos utilizados nas agressões e, particularmente, se envolvem
questionamentos a elementos caros ao jornalismo, como o compromisso com a
verdade, a credibilidade dos órgãos de imprensa, a neutralidade, a objetividade
e outras dinâmicas que caracterizam a cobertura jornalística.
Sobre o jornalismo e
seus compromissos
O jornalismo tem uma
relação simbiótica com a democracia (TRAQUINA, 2005) uma vez que ambos
partilham a noção de liberdade como valor central. Consequentemente, a
democracia é, em si mesma, uma precondição para existência de um jornalismo
efetivamente livre e capaz de agir no sentido de acompanhar de forma crítica as
ações do Estado e dos representantes do poder público. Para Traquina (2005, p.
22), “a democracia não pode ser imaginada como sendo um sistema de governo sem
liberdade e o papel central do jornalismo, na teoria democrática, é de informar
o público sem censura”. No entanto, a imprensa em si não é neutra.
Particularmente nos países capitalistas periféricos, como é o caso do Brasil, o
controle da imprensa está ligado às grandes empresas midiáticas, o que se
insere de forma mais direta nas relações de poder.
Assim, a produção do
conteúdo jornalístico é tensionada por vários aspectos, como a necessidade de
destacar os apelos sensacionais da informação, a dependência das fontes
oficiais e o uso de recursos estéticos que ancoram a busca constante por
cativar os receptores, elemento fundamental para a sua sobrevivência. O
resultado são relações que envolvem a exposição seletiva de conteúdos ou o
controle do que será publicizado, como também processos de permanente
adaptações com o contexto social e os processos políticos que a imprensa não
apenas relata, mas, ao dar visibilidade, também interfere e afeta.
Importante destacar que
uma vez que o jornalismo se justifica pelo vínculo com o relato verdadeiro, consequentemente,
a credibilidade, qualidade e/ou característica de quem ou do que é crível, de
quem possui confiabilidade e confiança, é um elemento fundamental do
jornalismo. A credibilidade, portanto, é o “capital simbólico do jornalismo”
(SODRÉ, 2009, p. 42). Dessa forma, as empresas jornalísticas trabalham no
sentido de ampliar esse capital, o que na prática representa manter e ampliar
as condições materiais para sua existência.
A análise de um modelo
ampliado do jornalismo contemporâneo no Brasil aponta que os conceitos de
neutralidade e objetividade atuam como um reforço ou uma validação da verdade
e, portanto, reforçam a credibilidade. Destaca-se ainda que neutralidade e
objetividade são elementos que remetem ao positivismo e, em termos práticos,
refletem uma tentativa de aproximação do jornalismo com o pensamento racional e
o rigor científico. No entanto, a neutralidade e a objetividade não são, em si
mesmas, elementos concretos e funcionam como um ritual estratégico (TUCHMAN,
1999) que ancora as justificativas dos profissionais e organizações
jornalísticas na produção de conteúdos e na implantação de rotinas de produção
que buscam invalidar antecipadamente as críticas.
Nessa relação, as empresas
jornalísticas tentam imputar aos profissionais da imprensa as qualidades
genéricas atribuídas ao jornalismo, de forma que se tornam fiadores da sua
fidelidade dos fatos. Além de dominarem as estratégias narrativas da atividade,
os jornalistas agregam valor à sua atuação, colocando-se estrategicamente como
“testemunhas oculares da historia”[4], pois vão ou estão onde o fato acontece.
Da mesma forma, os
jornalistas procuram demonstrar que têm acesso privilegiado às fontes de
informação e constroem seus próprios relatos a partir do uso estratégico dessas
fontes. Geralmente ocorre através da apuração das informações com as pessoas
que estavam presentes no momento do fato ou pelo uso de fontes oficiais —
indivíduos de diversos níveis ligados ao Estado e às instituições diversas ou
ainda especialistas em áreas específicas (médicos, engenheiros, técnicos
diversos) que explicam situações e acontecimentos. E, é claro, um amplo
conjunto de famosos e quase famosos envolvidos ou não em situações limites.
Justamente por dominarem
essas relações, os jornalistas tendem a ser vistos como personificações da
própria imprensa, em um contexto de que são “profissionais da informação”
imbuídos dos valores éticos que guiam as atividades jornalísticas. Ameaças
contra aqueles que realizam a função de informar representam, portanto, ameaças
à credibilidade dos veículos jornalísticos e, ainda que de forma indireta, ao
jornalismo enquanto atividade profissional. A escolha de retratar, na capa de
lançamento, a filha da maior autoridade política do estado, sinalizava
deferência[24] ao interventor e indicava o direcionamento político da
publicação, em convergência com o Estado Novo (BARROS, 2018). Na época, a
imprensa era controlada e fiscalizada pelo Departamento de Imprensa e
Propaganda, órgão instituído pelo governo Vargas. Contudo, houve também “o
alinhamento dos dirigentes das principais publicações com o regime” (BARBOSA,
2007, p. 104). Quanto ao jornal, a “homenagem” reforçava a figura pública do
interventor.
Mulheres jornalistas
Jornalista é, em
princípio, uma palavra neutra, mas o cotidiano de trabalho aponta que a
diferenciação por gênero é uma realidade na atividade profissional. Como mostra
o levantamento do Coletivo Feminista do Sindicato dos Jornalistas do Distrito
Federal (2017) a discriminação sofrida pelas mulheres jornalistas envolve
diferentes aspectos. “Mulheres constituem hoje uma presença majoritária nos
cursos de graduação da área” (INEP MEC, 2021), o que tem se refletido em uma
presença igualmente majoritária no mercado. No entanto, apesar de haver aumento
do número de mulheres jornalistas na América Latina (GLOBAL MEDIA..., 2015),
como a maior parte de todas trabalhadoras, as jornalistas são vítimas de
disparidades salariais e tem mais dificuldade de ascender profissionalmente do
que os colegas do sexo masculino.
Essa relação, “em si mesmo
perturbadora em uma profissão cuja defesa da cidadania e da democracia é
condição essencial para o próprio trabalho” (TEMER; TUZZO, 2017, p. 2) é
agravada pelos dados que apontam que as jornalistas sofrem assédio moral e
sexual, tanto por parte de chefes, colegas, quanto de entrevistados. Segundo
dados do Relatório de Estudos de Gêneros do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Distrito Federal, os casos de assédio são recorrentes na
categoria. Isso é também comprovado por citações de Temer e Morais (2018) sobre
o uso de apelidos e outras formas de intimidação de mulheres que atuam no
telejornalismo, bem como insinuações e situações intimidadoras feitas por
entrevistados.
No entanto, a
discriminação sofrida pelas mulheres jornalistas também envolve aspectos
éticos, uma vez que o/a jornalista “se equilibra entre os riscos e os
privilégios da profissão” (TEMER; TUZZO, 2018, p. 29) o que envolve o convívio
— mesmo que pontual — com indivíduos em situações limites, em conflito com a
lei, atletas sob pressão em grandes disputas, indivíduos investidos de algum
tipo de poder e políticos sob pressão ou cobrança dos eleitores, dentre outros.
Preteridas pelas chefias,
que em muitos casos desconfiam da capacidade das mulheres jornalistas
enfrentarem pautas especiais ou mais complexas, ou mesmo situações que envolvam
qualquer conflito potencial, estas profissionais são igualmente assediadas fora
das redações. No contexto da sociedade brasileira, que ainda convive com ecos
do paternalismo e do machismo (faces de uma mesma moeda), muitos entrevistados
e espectadores eventuais do processo de captação da mensagem, reagem com mais
agressividade quando são confrontados por jornalistas mulheres. Somado às
características específicas do bolsonarismo, os casos selecionados para este
estudo trazem aspectos específicos que apontam a radicalização destas ações.
Três momentos de uma
agressão recorrente
a) Episódio 1
No dia 17 de maio de 2020,
a repórter de televisão Clarissa Oliveira, da BandNews, foi agredida com uma bandeirada
na cabeça, em Brasília, por Ângela Telma Alves Berger, uma das apoiadoras do
presidente Jair Bolsonaro, que integrava um grupo de manifestantes aglomerados
em frente ao Palácio do Planalto. A agressão é apresentada como parte da
cobertura sobre a manifestação, em um stand-up em um local afastado, mas
ainda na área do palácio, na qual a repórter dá detalhes do ato, comentando a
presença do presidente e de seus filhos. Somente depois da exposição dos dados
da manifestação, a própria repórter fala sobre a sua agressão, com a exibição
das imagens do fato.
É bastante evidente que o
ataque somente se incorpora à matéria porque o cinegrafista capturou o momento
em que a bandeira atinge a repórter, mas a própria vítima afirma que agressões
à imprensa são recorrentes nas coberturas dos atos pró-Bolsonaro e até cita
situações anteriores. As imagens, no entanto, deixam claro que a manifestante —
na melhor das hipóteses — brandia a bandeira de forma perigosa próxima à
repórter e não se afasta da filmagem após a agressão, continuando a girar a
bandeira e, segundo a narrativa da própria repórter, tendo em seguida se
desculpado rindo. Após a agressão a jornalista diz ter tido a solidariedade de
outros manifestantes e seguiu trabalhando normalmente, mas as imagens mostram
que alguns participantes que estavam próximos sequer se mexeram, a não ser para
esboçar um sorriso.
Após a apresentação do
vídeo o stand-up — bastante generoso em termos de tempo, considerando os
limites do telejornalismo — a repórter volta a falar da manifestação que,
segundo ela, foi um protesto pacífico, e recebe comentários solidários, mas
pouco expressivo, dos noticiaristas que apontam que “ainda bem que não se
machucou”.
Imagem
1 -
Agressão à jornalista da BandNews durante
manifestação pró-Bolsonaro.
Fonte:
Reprodução/BandNews (2020).
A agressão teve
repercussões em outros veículos e incluiu declarações da agressora que disse
que a bandeirada na jornalista foi um acidente. Também ouvida, Clarissa
Oliveira relata críticas sistemáticas aos profissionais de imprensa e
referências a esta classe trabalhadora como “lixo”, além de desculpas em meio
aos risos durante o ato[5] (BOLSONARISTA..., 2020). O ataque gerou
manifestações de solidariedade do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),
Alexandre de Moraes, que cita, no seu Twitter (2020), “a importância da
imprensa livre, um dos sustentáculos da Democracia”(RONAN, 2020).
A análise da matéria no
telejornalismo da emissora aponta um registro factual, com um formato
informativo, mas sem destacar a agressão em si e mesmo as impressões da própria
jornalista sobre o fato. O episódio também reflete a postura editorial da
BandNews — e por extensão do próprio grupo Bandeirantes — que inclui uma
intenção de neutralidade da narrativa. No conjunto da cobertura evidencia-se
que ao colocar a agressão como algo corriqueiro são reforçados dois aspectos
importantes: que o perigo é parte da atividade profissional; e que a/o repórter
não é mais importante do que o fato.
b) Episódio 2
Durante coletiva de
imprensa realizada em 21 de junho de 2021, em Guaratinguetá, o presidente Jair
Bolsonaro se irritou com Laurene Santos, repórter da TV Vanguarda, afiliada da
Rede Globo no interior de São Paulo. A jornalista questionou o presidente sobre
ele não usar máscara durante a “motociata” na cidade de São Paulo. O presidente
mandou a jornalista “calar a boca” e xingou o trabalho feito pela emissora.
Durante a agressão, Bolsonaro tirou sua máscara e qualificou a Rede Globo como
“uma porcaria de imprensa”, generalizando (não fica claro se aos jornalistas
todos ou somente àqueles que trabalham para a referida empresa) que “vocês são
uns canalhas. Vocês fazem um jornalismo canalha, canalha, que não ajuda em
nada” (JAIR..., 2021). A repórter tentou contra-argumentar que o uso de máscara
é obrigatório no estado de São Paulo, mas o presidente reverteu a temática
afirmando que é a “prova viva” do tratamento precoce contra a Covid-19.
A cobertura veiculada no Bom
Dia Brasil, o primeiro telejornal da Rede Globo no dia seguinte ao fato, e
que determina o tom da cobertura nos demais telejornais da emissora, começa
destacando que o presidente falou no dia anterior sobre as quinhentas mil
mortes causadas pela Covid-19 e que defendeu o uso de remédios sem eficácia
comprovada. Em seguida, o assunto é sobre a reação agressiva do presidente ao
ser questionado pela repórter sobre o uso da máscara. A narrativa liga
intencionalmente os dois fatos, mas o ponto mais destacado é a falta de
controle do presidente.
Embora o texto anuncie que
a Globo e a TV Vanguarda repudiam a agressão, a repórter não é ouvida e aparece
em cena como elemento secundário, o que mais uma vez reforça que o perigo de
ser vítima de violência é inerente à profissão. A percepção é de que, ao xingar
a repórter, na verdade, o presidente ameaça a imprensa. Isso fica evidente na
nota de repúdio da emissora, durante o telejornal, que afirmou
Não será com gritos nem intolerância que o
presidente impedirá ou inibirá o trabalho da imprensa no Brasil. Essa, ao
contrário dele, seguirá cumprindo seu papel com serenidade. À Laurene Santos, a irrestrita solidariedade da Rede Globo e
da TV Vanguarda (JAIR..., 2021).
Em seguida, são citados
documentos de solidariedade das associações de imprensa, reforçando que estas
veem nas ações do presidente um desrespeito à democracia. De fato, a gravidade
da agressão teve reflexos na quantidade das repercussões: nas redes sociais, a
TV Vanguarda se pronunciou em apoio à jornalista e repúdio à atitude do
presidente. A agressão foi citada no Jornal Nacional (Rede Globo) e
repercutiu também em outros veículos, mas em particular na GloboNews, na qual
foi tema de diversos comentaristas, que destacaram a valentia da profissional
e, sobretudo, o desequilíbrio emocional do presidente.
No entanto, a forma de
citação foi diferenciada: enquanto nas redes sociais, entidades e colegas
apoiavam a jornalista, nos telejornais de maior repercussão, a agressão foi
citada de forma mais impessoal, em uma tentativa de mostrar objetividade e
imparcialidade.
Um elemento importante,
que permaneceu em segundo plano na cobertura, é a afirmação do presidente de
que está acima da lei e o incitamento ao seu descumprimento: “Eu chego como eu
quiser, onde eu quiser, está certo, eu cuido da minha vida. Se você não quiser
usar máscara, você não usa” (JAIR..., 2021), mas também evidencia que uma das
atribuições da imprensa é cobrar de todos — inclusive do presidente — o
respeito à lei, não importando as consequências.
Em uma análise
distanciada, no entanto, fica claro que o destempero presidencial foi oportuno
para a cobertura política das empresas Globo, que tem se destacado pelas
críticas ácidas ao governo. Embora a matéria jornalística coloque o fato (o
lamento pelas mortes) antes da agressão, os termos do repúdio ocupam o maior
tempo do material jornalístico — e ganham também uma maior repercussão. A
repórter, a quem a emissora é solidária, não tem voz e quase não tem rosto, é
como se desta profissional não se esperasse outra coisa a não ser cumprir seu
trabalho (que, conforme está implícito, inclui ser receptáculo da ira de
eventuais entrevistados).
c) Episódio 3
O terceiro episódio tem um
aspecto diferencial uma vez que a agressão incluiu vários profissionais e teve
início com a jornalista Victória Abelm que trabalha na rádio CBN, o que em
princípio justifica uma cobertura diferenciada. O episódio ocorreu no dia 25 de
junho de 2021, antes do evento de inauguração do Centro de Tecnologia 4.0, em
Sorocaba, no interior de São Paulo. O presidente indignou-se após ser
questionado sobre as tratativas para aquisição da vacina indiana Covaxin.
Irritado, Bolsonaro chamou um dos profissionais de “ridículo” e mandou parar de
fazer perguntas ridículas. Em seguida foi ainda mais enfático com uma
jornalista Daniella Lima, da CNN, a quem aconselhou em tom de voz elevado
“voltar para a faculdade” e posteriormente reforçou: “Não, [volta] pro ensino
primário para o ensino primário” (SOARES, 2021). Finalmente destacou que no seu
governo nunca houve corrupção, que nada do tipo foi registrado e destacou: “Eu
sou incorruptível, além de ‘imbrochável’” (SOARES, 2021).
A CNN fez a cobertura da
visita do presidente à Sorocaba e no final da matéria acrescentou que o
governante foi desnecessariamente ríspido com a imprensa, a qual estava, de
novo, apenas fazendo seu trabalho. Inicialmente, o nome da profissional da casa
não foi citado, mas o material foi repercutido por noticiaristas e
principalmente pelos comentaristas da emissora, e até mesmo em entrevistas com
convidados ligados ao mundo da política partidária.
Apesar de um maior número
de agressões verbais, no material informativo a agressão foi tratada quase que
com naturalidade pela CNN e como nas demais coberturas, colocada em segundo
plano em relação aos fatos iniciais (a inauguração do Centro de Tecnologia e as
cobranças sobre a Covaxin). Novamente o enfoque aponta que o fato é maior do
que a agressão e que as ameaças a jornalistas devem ser entendidas como ameaças
à imprensa. Não há menções em defesa do sistema de ensino ou à qualidade das
perguntas, ou mesmo a qualidade da profissional de imprensa agredida. A defesa
da profissional é genérica: ela estava trabalhando e/ou cumprindo suas
obrigações.
Considerações Finais
Durante a pandemia não
controlada de Covid-19, o Brasil se viu diante de uma crise com muitas
ramificações, que foram amplificadas pela postura negacionista adotada pelo
presidente da República A pluralidade dessas manifestações, que em princípio
deveria ser bem-vinda para a democracia, não abriu espaço para um debate
saudável sobre políticas públicas. Ao contrário, a polarização gerou
desinformação e trouxe à tona preconceitos latentes, antes obliterados por
pretensas cordialidades e cavalheirismo bisonho. A agressão às jornalistas
aponta que entre os preconceitos está a resistência às mulheres que exercem
cargos com alguma margem de poder, mesmo que esse poder esteja restrito a fazer
questionamentos que incomodam ou mostrar os fatos sobre uma perspectiva que não
agrada os agressores.
O acompanhamento
sistemático das agressões aponta que o questionamento às mulheres jornalistas é
também um eco destes preconceitos. Na voz dos agressores, elas são importunas,
eventualmente oportunistas (quer dar o furo de qualquer maneira) e pouco
inteligentes. No olhar dos produtores do telejornalismo são quase invisíveis,
mero instrumentos da imprensa, que é o verdadeiro objeto deste ataque. De fato,
ao invisibilizar as jornalistas, as matérias reforçam a percepção de que é o
jornalismo (e não o jornalista) que é o objeto da violência — elemento que
inclusive é verbalmente destacado no material analisado.
Está oculto nesta relação
o sentimento de que elas, mulheres jornalistas, estão “no lugar errado”, de que
seriam mais adequadas nas páginas de culinárias e de decoração, ou “protegidas”
nas atividades domésticas. O contexto de misoginia e conservadorismo evidente
no bolsonarismo — mais perigoso para as mulheres jornalistas do que a agressão
em si, não é trazido à tona nas matérias.
Quando colocado como
objeto do ataque, as críticas diretas dizem respeito aos aspectos morais do
jornalismo (ou pelo menos, do jornalismo brasileiro) — “é canalha,
comprometido, não ajuda nada [sic] ou, em última instância, é inútil”.
Não há questionamentos sobre aspectos práticos ou elementos que são atributos
de qualidade da informação jornalística, como objetividade, e até mesmo os
questionamentos sobre a veracidade das informações são enviesados. No entanto,
assim como a crítica à imprensa parece desconhecer aspectos fundamentais sobre
o seu funcionamento, também a defesa das jornalistas (e, portanto, do
jornalismo) é comprometida pela falta de referências.
O aspecto mais valorizado
nos questionamentos às agressões ao jornalismo é a importância do mesmo para a
democracia, mas, as análises do porquê da atividade ser importante são
inexistentes ou vagas, predominando a percepção de um argumento circular (é
importante porque achamos que é importante), proclamado pelos próprios
interessados (jornalistas e representantes de classe). A racionalidade da
ciência, tão defendida na crítica ao governo, não é usada para defender o
próprio jornalismo.
Em defesa às jornalistas,
o principal argumento usado foi de que estavam trabalhando e cumprindo suas
obrigações. Eventualmente são descritas como valentes —, mas, a ênfase neste
atributo denota que ele seria raro (no jornalismo ou nas mulheres
jornalistas?). De forma indireta o material compara à ideia de que o jornalista
fez uma opção pelo risco, elemento destacado com repetidos lembretes de que a
profissional foi agredida “na condição de jornalista”, em um apagamento
(intencional?) da condição feminina. Critérios como ética profissional,
conhecimento dos fatos e competência, são pouco citados nessa defesa, embora tenham
sido identificados por aqueles que se manifestaram contra os ataques nas redes
sociais[6].
No conjunto dos casos
analisados, o aspecto mais evidente para a “comprovação do fato” — elemento de
reforço da credibilidade — é o uso de imagens, mas, as jornalistas estão pouco
presentes ou são figuras secundárias nas cenas. Destaca-se que as matérias
informativas são pontuais e encerram o fato nele mesmo e, embora não tenha
colaborado para o machismo misógino que caracteriza o bolsonarismo, manteve-se
indiferente a ele.
Ressalta-se, por fim, que
a repetição das agressões — que não morre nos fatos e prossegue com comentários
dos grupos bolsonaristas nas redes sociais — mostra que a relação entre a
política e o jornalismo no Brasil está se tornando mais tensa, o que pode
alavancar a dramaticidade das coberturas e conquistar leitores e audiências,
mas também afeta o status das empresas jornalísticas. Na análise da exposição
desses momentos de conflito fica claro que eles apontam e denunciam aspectos
característicos do bolsonarismo, especialmente o machismo e a misoginia —, mas,
ao não destacarem os aspectos de agressão de gênero dos ataques, indiretamente
naturalizam esses elementos, não abrindo espaço para combatê-los.
Cria-se, assim, uma
armadilha: ao aparentemente valorizar os elementos que lhe são caros, como a
neutralidade e a objetividade, o jornalismo desvaloriza seu aspecto humano,
neste caso específico, representado pelas jornalistas agredidaas. Sobretudo, a
análise aponta que o enfoque adotado pelo próprio jornalismo não traz ganhos
efetivos ou profissionais para as mulheres jornalistas e, provavelmente, nem
mesmo para o próprio campo de atuação.
Notas
[1] Reconhecer que aspectos históricos são
determinantes no estabelecimento de padrões comportamentais e buscar formas de
denunciar/transcender ao modelo de poder colonial.
[2] O vocábulo formado pelo sobrenome Bolsonaro
associado ao sufixo -ismo, se popularizou nas eleições de 2018.
[3] Não estão inseridas na análise as matérias
que estiveram ligadas aos chamados defensores do Crivella — funcionários da
prefeitura do Rio de Janeiro, lotados estrategicamente em Hospitais Municipais,
visando dificultar denúncias de problemas de atendimento — uma vez que o
material não se enquadra na definição de manifestações espontâneas.
[4] Jargão utilizado no Brasil pelo Repórter
Esso, primeiro telejornal a ter grande destaque na programação da televisão
brasileira.
[5] Disponível em:
<https://bit.ly/3BJUibq>. Acesso em: 20 mai. 2021.
[6] Esse levantamento não faz parte do estudo e
sua percepção deve-se a eventuais acessos não sistematizados a estas redes
pelas autoras.
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