As jornalistas sob ataque:

um estudo sobre agressões às profissionais de imprensa em uma sociedade polarizada

Simone Antoniaci Tuzzo1 e Ana Carolina Rocha Pessôa Temer2

 

1 Doutora e Pós-Doutora em Comunicação pela UFRJ. Pesquisadora do CITEI – Centro de Investigação em Tecnologias e Estudos Intermédia – ISMAI-PT; CiCO – Comunicação, Consumo e Identidades Socioculturais – ESPM-BR; Bases epistemológicas para uma leitura crítica da mídia – UFG/CNPq. E-mail: simonetuzzo01@gmail.com  .

2 Pós-Doutora em Comunicação pela UFRJ. Doutora e Mestre em Comunicação pela UMESP. Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás (UFG). Pesquisadora do Grupo de pesquisa Bases epistemológicas para uma leitura crítica da mídia – UFG/CNPq. E-mail: anacarolina.temer@gmail.com.

 

Resumo

 

Este estudo faz uma análise do material jornalístico que enfoca a agressão às mulheres jornalistas e, em particular, aquelas que atuam no telejornalismo brasileiro e que foram, de alguma forma, vítimas da ação de militantes bolsonaristas ou do próprio presidente Jair Bolsonaro desde a sua posse. O estudo envolve uma contextualização sobre o bolsonarismo, a radicalização política e os seus reflexos nas ações contra a pandemia da Covid-19. Considerando o contexto em que ocorrem as ações hostis, questiona-se se, ao informar sobre as agressões contra as jornalistas, as próprias empresas nas quais essas mulheres trabalham têm adotado estratégias para valorizar o esforço destas profissionais. Também busca-se saber se as empresas enfrentam a postura machista que caracteriza esses ataques ou se até mesmo tenham adotado estratégias de valorização do próprio jornalismo e de seus compromissos com a sociedade. O artigo também nos mostra que a repetição das agressões — que não morre nos fatos e prossegue com comentários dos grupos bolsonaristas nas redes sociais — é fruto de uma sociedade polarizada, demonstrando que a relação entre a política e o jornalismo no Brasil está se tornando mais tensa, e que isso pode alavancar a dramaticidade das coberturas e conquistar leitores e audiências, mas também afeta o status das empresas jornalísticas.

 

Palavras-chave

 

Mulheres Jornalistas, Jornalismo; Covid-19; Bolsonarismo; Agressão.

 

 

Women journalists under attack:

a study of aggression against media professionals in a polarized society

Simone Antoniaci Tuzzo1 e Ana Carolina Rocha Pessôa Temer2

 

 

1 Doutora e Pós-Doutora em Comunicação pela UFRJ. Pesquisadora do CITEI – Centro de Investigação em Tecnologias e Estudos Intermédia – ISMAI-PT; CiCO – Comunicação, Consumo e Identidades Socioculturais – ESPM-BR; Bases epistemológicas para uma leitura crítica da mídia – UFG/CNPq. E-mail: simonetuzzo01@gmail.com  .

2 Pós-Doutora em Comunicação pela UFRJ. Doutora e Mestre em Comunicação pela UMESP. Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás (UFG). Pesquisadora do Grupo de pesquisa Bases epistemológicas para uma leitura crítica da mídia – UFG/CNPq. E-mail: anacarolina.temer@gmail.com.

 

Abstract

 

This study analyzes the journalistic material that focuses on the aggression against women journalists and, in particular, those journalists who work in Brazilian television journalism, and who were, in some way, victims of the action of Bolsonaro supporters or of president Jair Bolsonaro himself since its possession. The study involves a contextualization of Bolsonarism, political radicalization and its consequences on actions against the Covid-19 pandemic. Considering the context in which hostile actions occur, it is questioned whether, when reporting on aggressions against women journalists, the very companies in which these women work have adopted strategies to value the efforts of these professionals. It also seeks to know if companies confronting the macho posture that characterizes these aggressions, or even adopting strategies to value journalism itself and its commitments to society. The article also shows us that the repetition of these aggressions — which does not end with the facts and continues with comments by Bolsonaro supporters on social networks — is the result of a polarized society, demonstrating that the relationship between politics and journalism in Brazil it is becoming more tense, which can leverage the drama of coverage and win readers and audiences, but also affects the status of journalism companies.

 

Keywords

 

Women Journalists; Journalism; Covid-19; Bolsonarism; Aggression.

 

 

Nem a terra nem as mulheres são território de conquistas (Livre tradução de Grafite produzido pelo Grupo Mulheres Creando, na Bolívia).

 

 

Introdução

 

No dia 27 de março de 2021, a Juíza da 19ª Vara Cível de São Paulo considerou o presidente da República do Brasil culpado por ofensas de cunho sexual contra a repórter da Folha de S. Paulo, Patrícia Campos Mello (BOLSONARO..., 2021). Pouco mais de dois meses depois, em 18 de junho de 2021, o nome do presidente se juntou à lista dos 37 chefes de Estado ou governo que reprimem maciçamente a liberdade de imprensa compilada pela organização de Repórteres Sem Fronteiras (REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS, 2021; BRITTO, 2021).

Evidentemente, os dois fatos estão interligados, uma vez que refletem a relação do atual chefe do governo brasileiro em relação à imprensa. Eleito em circunstâncias específicas, que envolvem o uso estratégico das redes sociais e a exploração política de um atentado inabitual nas campanhas presidenciais brasileiras, Jair Bolsonaro demonstrou a intenção de escrever um novo capítulo na história de conflitos entre a liberdade de expressão e os interesses dos representantes do Estado no Brasil.

Durante o seu governo, o jornalismo brasileiro tem sido objeto de críticas do presidente da República que, segundo relatório divulgado pela Human Rigth Watch (2021), fez 400 ataques a jornalistas em 2020.  Para além deste número, as edições do Jornal das 18 horas da Globo News, do Jornal da Band e do Jornal Nacional do dia 30 de março citaram dados do Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS) que imputam ao presidente Bolsonaro a autoria de 53 agressões a jornalistas.

Segundo o relatório do DoS, no governo Bolsonaro houve um aumento de 67% na violência contra jornalista no Brasil, situação que, segundo dados do parecer do Repórter Sem Fronteiras (também citado no relatório do DoS), levou o país a ocupar o 107º lugar do mundo na violência contra os jornalistas.

Diante destes dados, este estudo pretende fazer uma análise de matérias jornalísticas que envolvem agressões às mulheres jornalistas, veiculadas nas empresas e redes nas quais elas trabalham, e, particularmente, as profissionais que atuam no telejornalismo. Também pretende-se verificar como esses ataques se inserem em um contexto social no qual a dinâmica da pandemia — que inclui propostas de isolamento social e uma desaceleração da economia — reflete a radicalização na relação entre a imprensa e o governo de Bolsonaro.

O questionamento central envolve a análise de como e se a exposição desses momentos de conflito desvelam — e indiretamente fortalecem — o aspecto característico do bolsonarismo (como o conservadorismo, o machismo e a misoginia); e como isso interfere na comunicação das situações de ataques, eventualmente em detrimento da exposição de elementos caros ao jornalismo, como o compromisso com a informação verdadeira e de interesse público.

Em termos metodológicos, o ponto de partida são os estudos realizados pelo Laboratório de Leitura Crítica da Mídia da UFG desde janeiro de 2020 até julho de 2021, período no qual a relação do Estado com a imprensa assumiu novas proporções, em função da crise sanitária provocada pela Covid-19 e as consequentes propostas de confinamento/distanciamento social que se tornaram elementos centrais nos telejornais brasileiros. Trata-se, portanto, de um Estudo Longitudinal, método que analisa variações ao longo de um período de tempo, com características observacionais, em uma leitura crítica descolonizada[1] do material jornalístico que relata as agressões contra mulheres jornalistas, e o enquadramento e critérios utilizados para descrevê-los.

Em função desse aspecto foram destacadas neste trabalho, três matérias que relatam episódios de ataques a jornalistas mulheres, que atuam no telejornalismo, considerando que essa amostra é suficiente para exemplificar os modelos de conteúdos/coberturas adotados, mas também a permanência — e de certa forma a evolução — de como agressões a jornalistas ainda se mantêm na sociedade brasileira um ano após as primeiras análises.

 

Que país é esse? Uma contextualização necessária

A relação de Jair Messias Bolsonaro com a imprensa é conflituosa (FARIAS, 2020). Já durante a campanha eleitoral de 2018, ele estimulou a desconfiança sobre o jornalismo e optou por utilizar as redes sociais para produzir e divulgar informações, opção que manteve após assumir o cargo. Para parte da sociedade, essa atitude foi vista como algo inovador ou mesmo uma proposta que ampliava o contato direto com o eleitorado, sem passar pelos filtros das grandes empresas de comunicação. Para a imprensa, uma eleição e um governo que se apresentam de forma desafiadora no que diz respeito à transparência das ações e decisões.

Em algumas ocasiões, o atual presidente brasileiro manifestou que além de se comunicar por meio das redes sociais, ele também se informa por meio dos conteúdos divulgados nestas redes. Trata-se de um modelo de comportamento adotado por setores vulgarmente classificados como a “nova direita conservadora”, composta por grupos cujo discurso denuncia a sutil ameaça à democracia e veem de forma ameaçadora processos de internacionalização. A esse discurso se soma também atitudes moralizantes e a defesa canhestra dos valores familiares e da religião, além da ladainha contra a corrupção. É uma proposta que ganhou mais visibilidade com a eleição do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump mas, com poucas variáveis, encontra eco em diferentes países cujas lideranças condenam a imigração e as ações de defesa ao meio ambiente.

No Brasil, especificamente, o chamado bolsonarismo[2] (movimento político/ideológico capitaneado pelo presidente sem partido, Jair Messias Bolsonaro) envolve condições específicas, como o crescimento das religiões fundamentalistas e a insatisfação de médios e pequenos produtores do agronegócio, que temem prejuízos advindos de pressões para conservação ambiental. No entanto, foi igualmente fundamental no desenvolvimento desta corrente, a desilusão de grande parte do eleitorado com os setores da esquerda acusados de corrupção pela mídia.

Com todos esses vínculos não é surpreendente que o bolsonarismo justifique suas ações com discursos patriarcais e que seus apoiadores glorifiquem o passado autoritário do Brasil. Mas o que aparenta ser uma visão retrógrada não esconde a aposta dessa nova direita no uso da informação como objeto de consolidação de poder. Publicado pela primeira vez em 1967 na revista New Yorker, o ensaio Verdade e Política de Hannah Arendt (1997) coloca a questão de que existe um conflito entre “a verdade” e a “política”. No caso da nova direita brasileira, é possível observar que não há pudor em divulgar versões de um fato ou mesmo mentiras que a beneficie.

Uma vez que o ethos que orienta a atividade profissional jornalística se apoia no respeito à verdade e na valorização da objetividade e da imparcialidade, as ações promovidas pela “nova direita”, evidentemente, aprofundam o tensionamento entre o Estado e a imprensa. Ainda que no Brasil, a relação entre a mídia e a política seja percorrida por propriedades e interesses cruzados, atritos entre os objetivos da imprensa e o Estado podem ser citados até mesmo durante situações de censura do governo militar (MATTOS, 2005).

A somatória dessas condições esboça um novo contexto no qual “a força da imprensa” tem sido questionada pela ampliação de informações não jornalísticas, incluindo o falseamento de dados e a difusão de mentiras que, em função do aumento da circulação, convencionou-se a chamar de fake news (BRANDINO, 2021). O uso deste material envolve políticos e chefes de Estado — como é o caso do presidente Bolsonaro — que se fortalecem tanto com a divulgação de informações falsas, quanto com o levantamento de suspeitas sobre a credibilidade (ou mesmo críticas diretas) dos veículos de imprensa, que mesmo ligadas ao capitalismo industrial e a grandes conglomerados econômicos, passam a ser descritas por alguns setores de política como “pouco confiável, esquerdista ou comunista [sic]”.

 

Elementos de uma cobertura jornalística em tempos de pandemia

No contexto da pandemia da Covid-19, o avanço epidêmico que colocou o Brasil na indesejável posição de um dos países mais afetados em número de contagiados e de mortes no mundo, potencializou o conflito entre as informações divulgadas pela imprensa — que assumiu a defesa dos cuidados propostos pela Organização Mundial da Saúde — e a posição assumida pelo presidente, que usou as redes sociais para minimizar a gravidade da doença, a qual chamou de gripezinha. Este posicionamento ganhou mais uma camada ao ser reforçado pelo negacionismo científico e pela aposta no uso da Cloroquina/Hidroxicloroquina — medicamento que a comunidade científica provou não ter eficácia no combate à doença — e na possibilidade da chamada “imunidade de rebanho”.

O discurso negacionista do presidente se capilarizou nas redes sociais, com Bolsonaro e sua equipe (cuja característica mais gritante é ter à frente os próprios filhos como apoiadores e divulgadores) repetindo a estratégia de utilizar as mídias digitais para criticar o isolamento social, apontado por eles como elemento danoso à economia. O resultado foi a cisão ou radicalização da sociedade, com grupos claramente definidos a favor e contra as medidas sanitárias.

Para além da polarização, o problema ganhou uma nova dimensão em ataques em espaços públicos contra jornalistas que, em coberturas específicas sobre situações da pandemia ou em manifestações contra e a favor das ideias do presidente, tornaram-se vítimas de tentativas que visam atrapalhar ou interromper a atividade em desenvolvimento, com a ocorrência de contestações verbais e agressões físicas — aparentemente espontâneas — nas quais afloraram xingamentos ou bordões críticos sobre empresas jornalísticas[3] e gritos em defesa do presidente e do bolsonarismo.

Destaca-se que desde a primeira ação deste tipo, as agressões a jornalistas tiveram repercussões em veículos de imprensa e provocaram reações de entidades ligadas ao jornalismo, como a Associação de Jornalismo Investigativo, Associação Nacional de Jornais e a Associação Nacional de Imprensa, eventualmente citando estes ataques como uma reação desproporcional e uma ameaça para a liberdade de imprensa. Mesmo assim, prosseguiram com novos episódios, não raro bizarros e incoerentes.

No caso específico deste estudo, foram selecionados três diferentes episódios, cujo aspecto em comum é serem perpetrados contra mulheres jornalistas, ainda que elas trabalhem em veículos diferentes. Questiona-se se os ataques, quando cometidos pelos bolsonaristas ou pelo próprio presidente, refletem misoginia e intolerância com mulheres em geral ou com as jornalistas em particular; questiona-se também os elementos utilizados nas agressões e, particularmente, se envolvem questionamentos a elementos caros ao jornalismo, como o compromisso com a verdade, a credibilidade dos órgãos de imprensa, a neutralidade, a objetividade e outras dinâmicas que caracterizam a cobertura jornalística.

 

Sobre o jornalismo e seus compromissos

O jornalismo tem uma relação simbiótica com a democracia (TRAQUINA, 2005) uma vez que ambos partilham a noção de liberdade como valor central. Consequentemente, a democracia é, em si mesma, uma precondição para existência de um jornalismo efetivamente livre e capaz de agir no sentido de acompanhar de forma crítica as ações do Estado e dos representantes do poder público. Para Traquina (2005, p. 22), “a democracia não pode ser imaginada como sendo um sistema de governo sem liberdade e o papel central do jornalismo, na teoria democrática, é de informar o público sem censura”. No entanto, a imprensa em si não é neutra. Particularmente nos países capitalistas periféricos, como é o caso do Brasil, o controle da imprensa está ligado às grandes empresas midiáticas, o que se insere de forma mais direta nas relações de poder.

Assim, a produção do conteúdo jornalístico é tensionada por vários aspectos, como a necessidade de destacar os apelos sensacionais da informação, a dependência das fontes oficiais e o uso de recursos estéticos que ancoram a busca constante por cativar os receptores, elemento fundamental para a sua sobrevivência. O resultado são relações que envolvem a exposição seletiva de conteúdos ou o controle do que será publicizado, como também processos de permanente adaptações com o contexto social e os processos políticos que a imprensa não apenas relata, mas, ao dar visibilidade, também interfere e afeta.

Importante destacar que uma vez que o jornalismo se justifica pelo vínculo com o relato verdadeiro, consequentemente, a credibilidade, qualidade e/ou característica de quem ou do que é crível, de quem possui confiabilidade e confiança, é um elemento fundamental do jornalismo. A credibilidade, portanto, é o “capital simbólico do jornalismo” (SODRÉ, 2009, p. 42). Dessa forma, as empresas jornalísticas trabalham no sentido de ampliar esse capital, o que na prática representa manter e ampliar as condições materiais para sua existência.

A análise de um modelo ampliado do jornalismo contemporâneo no Brasil aponta que os conceitos de neutralidade e objetividade atuam como um reforço ou uma validação da verdade e, portanto, reforçam a credibilidade. Destaca-se ainda que neutralidade e objetividade são elementos que remetem ao positivismo e, em termos práticos, refletem uma tentativa de aproximação do jornalismo com o pensamento racional e o rigor científico. No entanto, a neutralidade e a objetividade não são, em si mesmas, elementos concretos e funcionam como um ritual estratégico (TUCHMAN, 1999) que ancora as justificativas dos profissionais e organizações jornalísticas na produção de conteúdos e na implantação de rotinas de produção que buscam invalidar antecipadamente as críticas.

Nessa relação, as empresas jornalísticas tentam imputar aos profissionais da imprensa as qualidades genéricas atribuídas ao jornalismo, de forma que se tornam fiadores da sua fidelidade dos fatos. Além de dominarem as estratégias narrativas da atividade, os jornalistas agregam valor à sua atuação, colocando-se estrategicamente como “testemunhas oculares da historia”[4], pois vão ou estão onde o fato acontece.

Da mesma forma, os jornalistas procuram demonstrar que têm acesso privilegiado às fontes de informação e constroem seus próprios relatos a partir do uso estratégico dessas fontes. Geralmente ocorre através da apuração das informações com as pessoas que estavam presentes no momento do fato ou pelo uso de fontes oficiais — indivíduos de diversos níveis ligados ao Estado e às instituições diversas ou ainda especialistas em áreas específicas (médicos, engenheiros, técnicos diversos) que explicam situações e acontecimentos. E, é claro, um amplo conjunto de famosos e quase famosos envolvidos ou não em situações limites.

Justamente por dominarem essas relações, os jornalistas tendem a ser vistos como personificações da própria imprensa, em um contexto de que são “profissionais da informação” imbuídos dos valores éticos que guiam as atividades jornalísticas. Ameaças contra aqueles que realizam a função de informar representam, portanto, ameaças à credibilidade dos veículos jornalísticos e, ainda que de forma indireta, ao jornalismo enquanto atividade profissional. A escolha de retratar, na capa de lançamento, a filha da maior autoridade política do estado, sinalizava deferência[24] ao interventor e indicava o direcionamento político da publicação, em convergência com o Estado Novo (BARROS, 2018). Na época, a imprensa era controlada e fiscalizada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda, órgão instituído pelo governo Vargas. Contudo, houve também “o alinhamento dos dirigentes das principais publicações com o regime” (BARBOSA, 2007, p. 104). Quanto ao jornal, a “homenagem” reforçava a figura pública do interventor.

 

Mulheres jornalistas

Jornalista é, em princípio, uma palavra neutra, mas o cotidiano de trabalho aponta que a diferenciação por gênero é uma realidade na atividade profissional. Como mostra o levantamento do Coletivo Feminista do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (2017) a discriminação sofrida pelas mulheres jornalistas envolve diferentes aspectos. “Mulheres constituem hoje uma presença majoritária nos cursos de graduação da área” (INEP MEC, 2021), o que tem se refletido em uma presença igualmente majoritária no mercado. No entanto, apesar de haver aumento do número de mulheres jornalistas na América Latina (GLOBAL MEDIA..., 2015), como a maior parte de todas trabalhadoras, as jornalistas são vítimas de disparidades salariais e tem mais dificuldade de ascender profissionalmente do que os colegas do sexo masculino.

Essa relação, “em si mesmo perturbadora em uma profissão cuja defesa da cidadania e da democracia é condição essencial para o próprio trabalho” (TEMER; TUZZO, 2017, p. 2) é agravada pelos dados que apontam que as jornalistas sofrem assédio moral e sexual, tanto por parte de chefes, colegas, quanto de entrevistados. Segundo dados do Relatório de Estudos de Gêneros do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, os casos de assédio são recorrentes na categoria. Isso é também comprovado por citações de Temer e Morais (2018) sobre o uso de apelidos e outras formas de intimidação de mulheres que atuam no telejornalismo, bem como insinuações e situações intimidadoras feitas por entrevistados.

No entanto, a discriminação sofrida pelas mulheres jornalistas também envolve aspectos éticos, uma vez que o/a jornalista “se equilibra entre os riscos e os privilégios da profissão” (TEMER; TUZZO, 2018, p. 29) o que envolve o convívio — mesmo que pontual — com indivíduos em situações limites, em conflito com a lei, atletas sob pressão em grandes disputas, indivíduos investidos de algum tipo de poder e políticos sob pressão ou cobrança dos eleitores, dentre outros.

Preteridas pelas chefias, que em muitos casos desconfiam da capacidade das mulheres jornalistas enfrentarem pautas especiais ou mais complexas, ou mesmo situações que envolvam qualquer conflito potencial, estas profissionais são igualmente assediadas fora das redações. No contexto da sociedade brasileira, que ainda convive com ecos do paternalismo e do machismo (faces de uma mesma moeda), muitos entrevistados e espectadores eventuais do processo de captação da mensagem, reagem com mais agressividade quando são confrontados por jornalistas mulheres. Somado às características específicas do bolsonarismo, os casos selecionados para este estudo trazem aspectos específicos que apontam a radicalização destas ações.

 

Três momentos de uma agressão recorrente

a) Episódio 1

No dia 17 de maio de 2020, a repórter de televisão Clarissa Oliveira, da BandNews, foi agredida com uma bandeirada na cabeça, em Brasília, por Ângela Telma Alves Berger, uma das apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro, que integrava um grupo de manifestantes aglomerados em frente ao Palácio do Planalto. A agressão é apresentada como parte da cobertura sobre a manifestação, em um stand-up em um local afastado, mas ainda na área do palácio, na qual a repórter dá detalhes do ato, comentando a presença do presidente e de seus filhos. Somente depois da exposição dos dados da manifestação, a própria repórter fala sobre a sua agressão, com a exibição das imagens do fato.

É bastante evidente que o ataque somente se incorpora à matéria porque o cinegrafista capturou o momento em que a bandeira atinge a repórter, mas a própria vítima afirma que agressões à imprensa são recorrentes nas coberturas dos atos pró-Bolsonaro e até cita situações anteriores. As imagens, no entanto, deixam claro que a manifestante — na melhor das hipóteses — brandia a bandeira de forma perigosa próxima à repórter e não se afasta da filmagem após a agressão, continuando a girar a bandeira e, segundo a narrativa da própria repórter, tendo em seguida se desculpado rindo. Após a agressão a jornalista diz ter tido a solidariedade de outros manifestantes e seguiu trabalhando normalmente, mas as imagens mostram que alguns participantes que estavam próximos sequer se mexeram, a não ser para esboçar um sorriso. 

Após a apresentação do vídeo o stand-up — bastante generoso em termos de tempo, considerando os limites do telejornalismo — a repórter volta a falar da manifestação que, segundo ela, foi um protesto pacífico, e recebe comentários solidários, mas pouco expressivo, dos noticiaristas que apontam que “ainda bem que não se machucou”.

 

Imagem 1 - Agressão à jornalista da BandNews durante manifestação pró-Bolsonaro.

https://bit.ly/3e4qrkF

https://bit.ly/30CtTQr

 

Fonte: Reprodução/BandNews (2020).

 

A agressão teve repercussões em outros veículos e incluiu declarações da agressora que disse que a bandeirada na jornalista foi um acidente. Também ouvida, Clarissa Oliveira relata críticas sistemáticas aos profissionais de imprensa e referências a esta classe trabalhadora como “lixo”, além de desculpas em meio aos risos durante o ato[5] (BOLSONARISTA..., 2020). O ataque gerou manifestações de solidariedade do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que cita, no seu Twitter (2020), “a importância da imprensa livre, um dos sustentáculos da Democracia”(RONAN, 2020).

A análise da matéria no telejornalismo da emissora aponta um registro factual, com um formato informativo, mas sem destacar a agressão em si e mesmo as impressões da própria jornalista sobre o fato. O episódio também reflete a postura editorial da BandNews — e por extensão do próprio grupo Bandeirantes — que inclui uma intenção de neutralidade da narrativa. No conjunto da cobertura evidencia-se que ao colocar a agressão como algo corriqueiro são reforçados dois aspectos importantes: que o perigo é parte da atividade profissional; e que a/o repórter não é mais importante do que o fato.

 

b) Episódio 2

Durante coletiva de imprensa realizada em 21 de junho de 2021, em Guaratinguetá, o presidente Jair Bolsonaro se irritou com Laurene Santos, repórter da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo no interior de São Paulo. A jornalista questionou o presidente sobre ele não usar máscara durante a “motociata” na cidade de São Paulo. O presidente mandou a jornalista “calar a boca” e xingou o trabalho feito pela emissora. Durante a agressão, Bolsonaro tirou sua máscara e qualificou a Rede Globo como “uma porcaria de imprensa”, generalizando (não fica claro se aos jornalistas todos ou somente àqueles que trabalham para a referida empresa) que “vocês são uns canalhas. Vocês fazem um jornalismo canalha, canalha, que não ajuda em nada” (JAIR..., 2021). A repórter tentou contra-argumentar que o uso de máscara é obrigatório no estado de São Paulo, mas o presidente reverteu a temática afirmando que é a “prova viva” do tratamento precoce contra a Covid-19.

A cobertura veiculada no Bom Dia Brasil, o primeiro telejornal da Rede Globo no dia seguinte ao fato, e que determina o tom da cobertura nos demais telejornais da emissora, começa destacando que o presidente falou no dia anterior sobre as quinhentas mil mortes causadas pela Covid-19 e que defendeu o uso de remédios sem eficácia comprovada. Em seguida, o assunto é sobre a reação agressiva do presidente ao ser questionado pela repórter sobre o uso da máscara. A narrativa liga intencionalmente os dois fatos, mas o ponto mais destacado é a falta de controle do presidente.

Embora o texto anuncie que a Globo e a TV Vanguarda repudiam a agressão, a repórter não é ouvida e aparece em cena como elemento secundário, o que mais uma vez reforça que o perigo de ser vítima de violência é inerente à profissão. A percepção é de que, ao xingar a repórter, na verdade, o presidente ameaça a imprensa. Isso fica evidente na nota de repúdio da emissora, durante o telejornal, que afirmou

Não será com gritos nem intolerância que o presidente impedirá ou inibirá o trabalho da imprensa no Brasil. Essa, ao contrário dele, seguirá cumprindo seu papel com serenidade. À Laurene Santos, a irrestrita solidariedade da Rede Globo e da TV Vanguarda (JAIR..., 2021).

 

Em seguida, são citados documentos de solidariedade das associações de imprensa, reforçando que estas veem nas ações do presidente um desrespeito à democracia. De fato, a gravidade da agressão teve reflexos na quantidade das repercussões: nas redes sociais, a TV Vanguarda se pronunciou em apoio à jornalista e repúdio à atitude do presidente. A agressão foi citada no Jornal Nacional (Rede Globo) e repercutiu também em outros veículos, mas em particular na GloboNews, na qual foi tema de diversos comentaristas, que destacaram a valentia da profissional e, sobretudo, o desequilíbrio emocional do presidente.

No entanto, a forma de citação foi diferenciada: enquanto nas redes sociais, entidades e colegas apoiavam a jornalista, nos telejornais de maior repercussão, a agressão foi citada de forma mais impessoal, em uma tentativa de mostrar objetividade e imparcialidade.

Um elemento importante, que permaneceu em segundo plano na cobertura, é a afirmação do presidente de que está acima da lei e o incitamento ao seu descumprimento: “Eu chego como eu quiser, onde eu quiser, está certo, eu cuido da minha vida. Se você não quiser usar máscara, você não usa” (JAIR..., 2021), mas também evidencia que uma das atribuições da imprensa é cobrar de todos — inclusive do presidente — o respeito à lei, não importando as consequências.

Em uma análise distanciada, no entanto, fica claro que o destempero presidencial foi oportuno para a cobertura política das empresas Globo, que tem se destacado pelas críticas ácidas ao governo. Embora a matéria jornalística coloque o fato (o lamento pelas mortes) antes da agressão, os termos do repúdio ocupam o maior tempo do material jornalístico — e ganham também uma maior repercussão. A repórter, a quem a emissora é solidária, não tem voz e quase não tem rosto, é como se desta profissional não se esperasse outra coisa a não ser cumprir seu trabalho (que, conforme está implícito, inclui ser receptáculo da ira de eventuais entrevistados).

 

c) Episódio 3

O terceiro episódio tem um aspecto diferencial uma vez que a agressão incluiu vários profissionais e teve início com a jornalista Victória Abelm que trabalha na rádio CBN, o que em princípio justifica uma cobertura diferenciada. O episódio ocorreu no dia 25 de junho de 2021, antes do evento de inauguração do Centro de Tecnologia 4.0, em Sorocaba, no interior de São Paulo. O presidente indignou-se após ser questionado sobre as tratativas para aquisição da vacina indiana Covaxin. Irritado, Bolsonaro chamou um dos profissionais de “ridículo” e mandou parar de fazer perguntas ridículas. Em seguida foi ainda mais enfático com uma jornalista Daniella Lima, da CNN, a quem aconselhou em tom de voz elevado “voltar para a faculdade” e posteriormente reforçou: “Não, [volta] pro ensino primário para o ensino primário” (SOARES, 2021). Finalmente destacou que no seu governo nunca houve corrupção, que nada do tipo foi registrado e destacou: “Eu sou incorruptível, além de ‘imbrochável’” (SOARES, 2021).

A CNN fez a cobertura da visita do presidente à Sorocaba e no final da matéria acrescentou que o governante foi desnecessariamente ríspido com a imprensa, a qual estava, de novo, apenas fazendo seu trabalho. Inicialmente, o nome da profissional da casa não foi citado, mas o material foi repercutido por noticiaristas e principalmente pelos comentaristas da emissora, e até mesmo em entrevistas com convidados ligados ao mundo da política partidária.

Apesar de um maior número de agressões verbais, no material informativo a agressão foi tratada quase que com naturalidade pela CNN e como nas demais coberturas, colocada em segundo plano em relação aos fatos iniciais (a inauguração do Centro de Tecnologia e as cobranças sobre a Covaxin). Novamente o enfoque aponta que o fato é maior do que a agressão e que as ameaças a jornalistas devem ser entendidas como ameaças à imprensa. Não há menções em defesa do sistema de ensino ou à qualidade das perguntas, ou mesmo a qualidade da profissional de imprensa agredida. A defesa da profissional é genérica: ela estava trabalhando e/ou cumprindo suas obrigações.

 

Considerações Finais

Durante a pandemia não controlada de Covid-19, o Brasil se viu diante de uma crise com muitas ramificações, que foram amplificadas pela postura negacionista adotada pelo presidente da República A pluralidade dessas manifestações, que em princípio deveria ser bem-vinda para a democracia, não abriu espaço para um debate saudável sobre políticas públicas. Ao contrário, a polarização gerou desinformação e trouxe à tona preconceitos latentes, antes obliterados por pretensas cordialidades e cavalheirismo bisonho. A agressão às jornalistas aponta que entre os preconceitos está a resistência às mulheres que exercem cargos com alguma margem de poder, mesmo que esse poder esteja restrito a fazer questionamentos que incomodam ou mostrar os fatos sobre uma perspectiva que não agrada os agressores.

O acompanhamento sistemático das agressões aponta que o questionamento às mulheres jornalistas é também um eco destes preconceitos. Na voz dos agressores, elas são importunas, eventualmente oportunistas (quer dar o furo de qualquer maneira) e pouco inteligentes. No olhar dos produtores do telejornalismo são quase invisíveis, mero instrumentos da imprensa, que é o verdadeiro objeto deste ataque. De fato, ao invisibilizar as jornalistas, as matérias reforçam a percepção de que é o jornalismo (e não o jornalista) que é o objeto da violência — elemento que inclusive é verbalmente destacado no material analisado.

Está oculto nesta relação o sentimento de que elas, mulheres jornalistas, estão “no lugar errado”, de que seriam mais adequadas nas páginas de culinárias e de decoração, ou “protegidas” nas atividades domésticas. O contexto de misoginia e conservadorismo evidente no bolsonarismo — mais perigoso para as mulheres jornalistas do que a agressão em si, não é trazido à tona nas matérias.

Quando colocado como objeto do ataque, as críticas diretas dizem respeito aos aspectos morais do jornalismo (ou pelo menos, do jornalismo brasileiro) — “é canalha, comprometido, não ajuda nada [sic] ou, em última instância, é inútil”. Não há questionamentos sobre aspectos práticos ou elementos que são atributos de qualidade da informação jornalística, como objetividade, e até mesmo os questionamentos sobre a veracidade das informações são enviesados. No entanto, assim como a crítica à imprensa parece desconhecer aspectos fundamentais sobre o seu funcionamento, também a defesa das jornalistas (e, portanto, do jornalismo) é comprometida pela falta de referências.

O aspecto mais valorizado nos questionamentos às agressões ao jornalismo é a importância do mesmo para a democracia, mas, as análises do porquê da atividade ser importante são inexistentes ou vagas, predominando a percepção de um argumento circular (é importante porque achamos que é importante), proclamado pelos próprios interessados (jornalistas e representantes de classe). A racionalidade da ciência, tão defendida na crítica ao governo, não é usada para defender o próprio jornalismo.

Em defesa às jornalistas, o principal argumento usado foi de que estavam trabalhando e cumprindo suas obrigações. Eventualmente são descritas como valentes —, mas, a ênfase neste atributo denota que ele seria raro (no jornalismo ou nas mulheres jornalistas?). De forma indireta o material compara à ideia de que o jornalista fez uma opção pelo risco, elemento destacado com repetidos lembretes de que a profissional foi agredida “na condição de jornalista”, em um apagamento (intencional?) da condição feminina. Critérios como ética profissional, conhecimento dos fatos e competência, são pouco citados nessa defesa, embora tenham sido identificados por aqueles que se manifestaram contra os ataques nas redes sociais[6].

No conjunto dos casos analisados, o aspecto mais evidente para a “comprovação do fato” — elemento de reforço da credibilidade — é o uso de imagens, mas, as jornalistas estão pouco presentes ou são figuras secundárias nas cenas. Destaca-se que as matérias informativas são pontuais e encerram o fato nele mesmo e, embora não tenha colaborado para o machismo misógino que caracteriza o bolsonarismo, manteve-se indiferente a ele.

Ressalta-se, por fim, que a repetição das agressões — que não morre nos fatos e prossegue com comentários dos grupos bolsonaristas nas redes sociais — mostra que a relação entre a política e o jornalismo no Brasil está se tornando mais tensa, o que pode alavancar a dramaticidade das coberturas e conquistar leitores e audiências, mas também afeta o status das empresas jornalísticas. Na análise da exposição desses momentos de conflito fica claro que eles apontam e denunciam aspectos característicos do bolsonarismo, especialmente o machismo e a misoginia —, mas, ao não destacarem os aspectos de agressão de gênero dos ataques, indiretamente naturalizam esses elementos, não abrindo espaço para combatê-los.

Cria-se, assim, uma armadilha: ao aparentemente valorizar os elementos que lhe são caros, como a neutralidade e a objetividade, o jornalismo desvaloriza seu aspecto humano, neste caso específico, representado pelas jornalistas agredidaas. Sobretudo, a análise aponta que o enfoque adotado pelo próprio jornalismo não traz ganhos efetivos ou profissionais para as mulheres jornalistas e, provavelmente, nem mesmo para o próprio campo de atuação.

 

Notas

 

[1] Reconhecer que aspectos históricos são determinantes no estabelecimento de padrões comportamentais e buscar formas de denunciar/transcender ao modelo de poder colonial.

[2] O vocábulo formado pelo sobrenome Bolsonaro associado ao sufixo -ismo, se popularizou nas eleições de 2018.

[3] Não estão inseridas na análise as matérias que estiveram ligadas aos chamados defensores do Crivella — funcionários da prefeitura do Rio de Janeiro, lotados estrategicamente em Hospitais Municipais, visando dificultar denúncias de problemas de atendimento — uma vez que o material não se enquadra na definição de manifestações espontâneas.

[4] Jargão utilizado no Brasil pelo Repórter Esso, primeiro telejornal a ter grande destaque na programação da televisão brasileira.

[5] Disponível em: <https://bit.ly/3BJUibq>. Acesso em: 20 mai. 2021.

[6] Esse levantamento não faz parte do estudo e sua percepção deve-se a eventuais acessos não sistematizados a estas redes pelas autoras.

 

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