Lembrar dos Mortos:

 uma análise do espaço cemiterial à luz do conceito de memória coletiva em Maurice Halbwachs

 

 

Julyana Cabral Araújo[1], Otávio Oliveira Silva[2], Flávio Luiz de Castro Freitas[3], Dimas dos Reis Ribeiro[4]

 

 

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar a representação da morte entre indivíduos e o espaço cemiterial na baixada maranhense, com base no capítulo IV, A memória coletiva e o espaço, da obra A Memória Coletiva de Maurice Halbwachs (1990). Diante disso, nos questionamos: como o pensamento de Halbwachs nos possibilita pensar a relação da memória dos indivíduos sobre a morte no espaço cemiterial da Baixada Maranhense? Para alcançar o objetivo proposto e responder a esta questão, adotamos o seguinte percurso metodológico: realizamos análises de diários de campos e imagens produzidas como fontes históricas pelo pesquisador; fizemos a analogia com as relações vivenciadas no espaço cemiterial. Por fim, concluiu-se que a ligação entre teoria e prática dos estudos de Halbwachs sobre memória coletiva contribuem com a interpretação social das significações do espaço atribuídas pelos grupos aos seus lugares de vivência. No espaço cemiterial da Baixada Maranhense, pensar a memória da morte dentro da complexa rede de relações coletivas significa perceber que nenhuma lembrança dos mortos pode vir a existir senão por meios dos objetos criados pelo homem. As formas de sepultamentos e os locais destinados aos mortos, além de estarem dentro de um contexto histórico próprio, possuem suas particularidades delineadas através dos objetos materiais, sobretudo, os cofos e as velas.

 

Palavras-chave: Halbwachs; Memória; Espaço; Cemitério; Morte.

 

 

Remember the Dead:

an analysis of the cemetery space in the light of the concept of collective memory in Maurice Halbwachs

 

 Julyana Cabral Araújo[5], Otávio Oliveira Silva[6], Flávio Luiz de Castro Freitas[7], Dimas dos Reis Ribeiro[8]

 

 

Abstract: The present work aims to analyze the representation of death between individuals and the cemiterial space in the Baixada Maranhense, based on chapter IV, The collective memory and the space of the On Collective Memory by Maurice Halbwachs (1990). In view of this, we ask ourselves: how does Halbwachs' thought enable us to think about the relationship between individuals' memory about death in the cemiterial space of the Baixada Maranhense? To achieve the proposed objective and answer this question, we adopted the following methodological path: we performed analyses of field diaries and images produced as historical sources by the researcher; and we made the analogy with the relationships experienced in the cemiterial space. Finally, it was concluded that the connection between theory and practice of Halbwachs' studies on collective memory contribute to the social interpretation of the meanings of space attributed by the groups to their places of experience. In the cemiterial space of the Baixada Maranhense, thinking about the memory of death within the complex network of collective relationships means realizing that no memory of the dead can come into existence but by means of objects created by man. The forms of burials and places destined for the dead, besides being within their own historical context, have their particularities delineated through material objects, especially cofos and candles.

Keywords: Halbwachs; Memory; Space; Cemetery; Death.

 

Introdução

 

A abordagem acerca da temática da memória, antes do século XX, consistia em uma interpretação individual e psicológica. Os estudos estavam centrados nos campos da Filosofia, da Neurociência Cognitiva e da Psicologia. No entanto, é com Maurice Halbwachs, sociólogo francês, que os estudos de memória se tornam referência numa perspectiva social (CORDEIRO, 2015). Influenciado por Durkheim e Bergson, Maurice Halbwachs torna-se o principal protagonista nos estudos de fundação acerca da memória nas Ciências Sociais resultando numa explosão de estudos interdisciplinares da pesquisa baseados no conceito de memória (RIOS, 2013).

Maurice Halbwachs (1887-1945) foi um notável pensador francês, cujas ideias se destacam no campo da Psicologia e das Ciências Sociais. Sua obra A Memória Coletiva, objeto de nosso estudo e apoio para fundamentar nossa investigação acerca da significação da morte no espaço cemiterial, é obra póstuma do autor, composta de quatro capítulos: Memória Individual e Memória Coletiva; Memória Coletiva e Memória Histórica; A memória Coletiva e o Tempo; e, por fim, A Memória Coletiva e o Espaço [1].

Tendo em vista isso, o objetivo deste artigo é analisar as relações de representação da morte entre indivíduos e o espaço cemiterial a partir da pesquisa de campo em cemitérios da Baixada Maranhense, com base na obra Memória Coletiva de Maurice Halbwachs (1990), sobretudo, da relação espaço-memória, constituinte do capítulo IV (A Memória Coletiva e o Espaço) da referida obra. Diante disso nos perguntamos: como o pensamento de Halbwachs nos possibilita pensar a relação da memória dos indivíduos com o espaço cemiterial? Para responder esta pergunta, usaremos a relação entre teoria e prática a partir do conceito espaço-memória em Halbwachs (1990) e a análise da vivência da pesquisa de campo no espaço cemiterial da Baixada Maranhense[2].

No estudo que se segue, parece evidente que no espaço cemiterial da Baixada Maranhense, a memória da morte parece se materializar sobre determinados objetos, sobretudo, os cofos e as velas.

 

Imagem  1 – Mapa da Baixada Maranhense.

https://bit.ly/3Ds72Wf

Fonte: Mendes et al. (2015, p.359).

 

 

Esta pesquisa é fruto de estudos no âmbito da disciplina Identidade, Espaço e Memória pelo Programa de pós-graduação em Cultura e Sociedade (PPGCULT) da Universidade Federal do Maranhão sobre a obra Memória Coletiva de Maurice Halbwachs. E, o presente trabalho, consiste numa construção empírica de experiências e práticas de pesquisa em cemitérios da Baixada Maranhense[3]. Assim, pensamos na possível aliança entre a teoria e a prática utilizando a ideia de espaço-memória de Halbwachs. Para tanto, além da pesquisa bibliográfica, fez-se necessário a análise de diários de campo, sobretudo, as imagens registradas em cemitérios da região da Baixada Maranhense.

Durante a pesquisa foram produzidas imagens fontes de conhecimento ilustrativo da relação das pessoas com o espaço. Esta é uma metodologia proposta pelo campo da História da Arte em inter-relação de saberes com outras áreas das Ciências Humanas e Sociais.  Como aponta Menezes (2003), as imagens fazem parte da interação social e produzem sentidos capazes de mobilizar sentimentos no tempo, no espaço, nos lugares e nas circunstâncias sociais onde os agentes as utilizam. É necessário tomar as imagens como um enunciado, dotada de História e memória.  Daí também a importância de retraçar a biografia e a trajetória das imagens como objetos de estudo. 

A isso, alinha-se às posições teóricas halbwachianas acerca da memória.  As “imagens espaciais” percebidas pelos indivíduos estão correlacionadas com a memória coletiva pertencente ao seu grupo social. A imagem de um objeto ou de um lugar torna possível a retomada ao passado sendo, o espaço, uma realidade durável no tempo, no meio material e no pensamento. As relações de significação constituída pela forma como os indivíduos moldam seus comportamentos afetivos com os objetos, lugares e pessoas pode ser considerada parte da memória coletiva de um grupo (HALBWACHS, 1990)[4].

O espaço Cemiterial pode ser pensado como um quadro social da memória, onde repousam múltiplas memórias destinadas ao silêncio dos mortos. Porém, o cemitério é mais vivo do que parece no sentido de que é o espaço onde as pessoas se socializam, convergindo sentimentos e, portanto, suas subjetividades em torno da finitude humana, ou seja, compartilham o pensamento da dimensão trágica da morte. Dito de outro modo, os mortos nunca estão sós. Assim, nossa discussão envolve uma análise de vivos e de mortos num eterno confronto entre nossa capacidade de lembrar individual e a memória como um fenômeno social.

Neste sentido, o trabalho discute a ideia de memória coletiva e espaço em Halbwachs (1990) especificamente no capítulo IV. Analisamos os diários de campos e as imagens produzidas como fontes históricas pelo pesquisador e, por fim, fazer a analogia com as relações vivenciadas no espaço cemiterial.

Da memória em Halbwachs: sobre os lugares, objetos e as significações do espaço.

 O conceito de memória halbwachiano parte do pressuposto de que a memória pode ser compreendida como fenômeno social, na medida em que: “[...] as memórias individuais se formam a partir da relação com o outro” (RIOS, 2013, p.04). Nesse caso, como observa Halbwachs no capítulo I, Memória Coletiva e Memória Individual, que: “[...] em realidade, nunca estamos sós” (1990, p. 26), no sentido de que a evocação das lembranças individuais se remete a um quadro social que é compartilhado coletivamente no interior de um grupo definido, pois: “a lembrança é sempre fruto de um processo coletivo e está sempre inserida num quadro social preciso” (SCHMIDT; MAHFOUD, 1993, p. 288).

Para Magalhães (2016) a afirmação da memória como um fenômeno social é desenvolvida a partir da obra “Quadros Sociais da Memória” (1925). Segundo a autora, essa noção é desenvolvida com base na influência durkheimiana da objetividade dos fatos sociais. Com isso, afirma a autora:

 

a   memória   se   ancora   em   quadros   sociais (lugares, conceitos, ideias, imagens, instituições) e que há memórias coletivas (de vários grupos) em ação, exercendo papel ativo   sobre   a   realidade.   Uma  memória   coletiva   que   é   construída   por   grupos de pertencimentos, marcados por lugares, espaços, valores, instituições que, por sua vez, é moldada por uma dada sociedade, em uma dada época e não, necessariamente, por sua posição nas relações de produção (MAGALHÃES, 2016, p.168).

 

Os quadros sociais dão sentido à existência dos indivíduos inseridos em seus grupos, pois referenciam os contextos das lembranças a que pertencem, conservando, como refletiram Monteiro dos Santos et al. (2020, p. 2018): “[...] informações psíquicas que são capazes de atualizar os fatos passados, identificando representações sociais e inserindo sentido à vida individual e coletiva”. Neste sentido, essa noção de quadro social é sempre pensada sobre uma base material, onde indivíduo e sociedade vivem as experiências coletivas de suas memórias. Por exemplo, os espaços religiosos como uma igreja, evocam lembranças baseadas em experiências com o sagrado; uma família evoca lembranças do quadro social de sua casa, da disposição dos objetos com os quais lembra as conversas com familiares, conforme exemplifica e explica Halbwachs no exemplo da significação da casa:

 

Por que nos apegamos aos objetos? [...] nosso entorno material leva ao mesmo tempo nossa marca e a dos outros. Nossa casa, nossos móveis e a maneira segundo a qual estão dispostos, o arranjo dos cômodos onde vivemos, lembra-nos nossa família e os amigos que víamos geralmente nesse quadro (1990, p. 131).

De acordo com essa ideia podemos pensar em outros espaços, como: um terreiro de matriz africana, um cemitério, uma sinagoga judaica ou uma mesquita islâmica. Pois, segundo Schmidt e Mahfoud (1993, p. 288), retomando a visão o sociólogo francês: “para Halbwachs, o indivíduo que lembra é sempre um indivíduo inserido e habitado por grupos de referência: a memória é sempre construída em grupo, mas é também sempre, um trabalho do sujeito”; ainda, como refletiram Monteiro dos Santos et al. (2020, p. 2016) quando relacionaram a Memória Coletiva em Halbwachs com a noção de Espaço na Geografia Humanista Cultural, vários grupos étnicos persistem com suas culturas e identidades mesmo que distantes de seus espaços originários e patrimônios materiais porque suas memórias sobrevivem através do fortalecimento de seus grupos e das vias de transmissão, onde:

[...] É o grupo que, juntos, promovem as formas de lembrar dos grupos, incluindo o espaço e as relações como pontos de apoio da identidade do grupo, e ainda, de grupos que mesmo sem seus lugares físicos ou fora de seu campo de relações étnicas, podem produzir visibilidade e distinção para ancorar sua identidade étnica, apoiando-se nas memórias coletivas do grupo, reconstituindo quadros e marcos, como demonstra Halbwachs ao propor que, por mais que o espaço mude, o grupos se mantém, já que suas memórias sobrevivem através do fortalecimento de seus grupos e das vias de transmissão, passando por um processo de recordação, sempre negociadas a partir do presente, [...] geralmente, são conflitos políticos ou territoriais que estão ligados à uma assunção da condição de cidadãos com acesso a direitos constitucionais básicos. Ou seja, as pedras e os materiais podem até não resistir, mas os grupos sim, como considerado por Halbwachs (MONTEIRO DOS SANTOS et. al., 2020, p. 2016).

A memória evoca experiências coletivas e modos de vida, através dos quais os grupos se vinculam a um quadro social em razão do meio material presente no espaço, justamente porque Halbwachs concebe o espaço como um quadro social da memória.  Como meio material, entende-se aqui como as construções, os objetos, ou seja, os produtos culturais ou simbólicos inventados num quadro social da memória. Segundo Halbwachs (1990, p. 143): “[...] não há memória que não se desenvolva num quadro espacial”. Assim, os grupos vinculam-se aos lugares, como no caso dos grupos religiosos judaico-cristãos que têm no “solo” de Jerusalém sua referência simbólica, pois, “toda a história evangélica está escrita sobre o solo” (HALBWACHS, 1990, p.158).

Para os grupos religiosos, a disposição material dos objetos no espaço diferencia o profano do sagrado, uma vez que, “[...] as imagens habituais do mundo exterior são inseparáveis do nosso eu” (HALBWACHS, 1990, p. 131). As imagens sagradas evocam experiências místicas, comuns aos fiéis. Contudo, podem perder significados na medida em que outros setores da vida social aumentam sua influência. Por isso, os grupos religiosos, ao longo da História asseguram sua existência pela conservação dos objetos no espaço. Os objetos são centrais, os ritos, as preces, os elementos dos dogmas existentes, porque descortinam modos de ser comum,

[...] todos os pensamentos do grupo tomam a forma dos objetos sobre os quais eles se concentram. [...] A religião se expressa, portanto, sobre formas simbólicas que se desenrolam e se aproximam no espaço: é sob essa condição somente que asseguramos que ela sobreviva (HALBWACHS, 1990, p.157).

Para Halbwachs (1990), o espaço é uma realidade durável no tempo, no meio material e no pensamento. Essa percepção social do espaço é constituída pela forma como os indivíduos moldam seu comportamento afetivo com os objetos, lugares e as pessoas que circulam no interior de um grupo, já que, “[...] somente por meio da referência, há um conjunto de símbolos, socialmente elaborados, os indivíduos podem dotar suas experiências de significados” (RIOS, 2013, p. 6).

Nesse processo, conforme os grupos atribuem significações ao espaço, as lembranças ou recordações permaneceriam vivas na memória correspondente a eventos que aconteceram em algum momento específico do passado. Para Bertoni e Oliveira: “o ato de recordar, para Halbwachs, reporta sempre a um esforço de recompor e recuperar uma experiência passada, que uma vez lembrada se perpetua no presente por meio dos grupos sociais dos quais os indivíduos fazem parte” (2019, p. 252). Para Halbwachs (1990) no decorrer da história, todos os indivíduos pertencentes a um dado grupo tende a naturalizar a sua existência no espaço a partir do solo. Nesse sentido, comenta Rios:

por meio da memória, o grupo lança suas raízes no passado, assentando suas origens num momento distante e, muitas vezes, mítico. Essas memórias são objetivadas no espaço, conferindo materialidade e estabilidade ao modo de vida do grupo (RIOS, 2013, p. 7).

 

Dado o modo de significação do espaço, sua apropriação é conflituosa, pelo qual a cidade sempre será o principal ambiente em mudança, suas ruas, praças, casas, apartamentos, edifícios, quarteirões, os espaços religiosos, econômicos e jurídicos, o que justifica que a memória não é apenas a transmissão de um legado estático, mas sempre sujeita a dinâmica das transformações. Se o homem muda a forma de se relacionar com o espaço, consequentemente, a sua maneira de se relacionar com as coisas mudam no decorrer da história. “A memória é este trabalho de reconhecimento e reconstrução que atualiza os quadros sociais, nos quais as lembranças podem permanecer, e, então, articular-se entre si” (SCHMIDT; MAHFOUD, 1993, p. 289).

Para Halbwachs (1990), os lugares não são estáveis, porque estão sujeitos a transformações, principalmente, a estrutura espacial da cidade, seu centro pode ser deslocado como uma invasão militar, ou uma guerra, assim, os lugares permanecem em fluxo de acordo com as mudanças que ocorrem no interior dos grupos. Reportando a essa questão, vale mencionar que: “quando um grupo está inserido numa parte do espaço, ele a transforma à sua imagem, ao mesmo tempo a que se sujeita e se adapta às coisas materiais que a ele resistem’’ (HALBWACHS, 1990, p. 133).

Para Magalhães (2019), em consonância com a visão de Halbwachs (1990), argumenta que a memória social se configura como um sustentáculo de um grupo, principalmente em tempos de crise. No contexto de perseguição e guerra, a memória é o alicerce promotor da solidariedade vivida por uma comunidade. A memória é construída e reconstruída sobre os valores e costumes. Pois, através dessas construções simbólicas moldamos nossa forma de conviver em sociedade. 

A correlação de significação dos grupos com o espaço passa também pela percepção dos seus objetos. Para Halbwachs (1990) retirar forçosamente um grupo de seu espaço significa tentar romper seus vínculos com as tradições produzidas em seus lugares. Os vínculos afetivos são estabelecidos através da tradição e da relação com o lugar e isso pode ser percebido, por exemplo, nas cidades pequenas, onde os hábitos e as tradições locais são mais estáveis. Distanciar-se dos lugares é perder o amparo de uma tradição, pois, a imagem da tradição vem dos objetos exteriores. “[...] A memória coletiva vive, sobretudo, na tradição, que é o quadro mais amplo onde seus conteúdos se atualizam e se atualiza entre si” (SCHMIDT; MAHFOUD, 1993, p. 293).

Ao pensar os lugares em relação com os indivíduos, é possível dizer que de acordo com cada grupo há uma representação coletiva do espaço, cujo modo de disposição dos objetos nos lembra de costumes e distinções sociais de outros indivíduos, conforme explica Halbwachs (1990):

[...] quando Balzac descreve uma pensão familiar, a casa de um avarento, e Dickens, um escritório de um tabelião, esses quadros já nos permitem pressentir a que espécie ou categoria social pertencem os homens que vivem dentro de um tal quadro. [...] cada objeto, encontrado, e o lugar que ocupa, no conjunto, lembra-nos uma maneira de ser, comum a muitos homens, [...] é como se dissecássemos um pensamento onde se confundem, as relações de uma certa quantidade de grupo (HALBWACHS, 1990, p.132).

Contudo, vale destacar que no interior do grupo há resistência. Os grupos resistem à modificação espacial dos lugares, o que explicaria o apego dos homens muito mais ao aspecto material da cidade, ou seja, às pedras, do que qualquer tipo de acontecimento político, econômico e religioso dentro das fronteiras de um país, por isso, há de se convir que, “não é tão fácil modificar as relações que são estabelecidas entre as pedras e os homens” (HALBWACHS, 1990, p. 136). Assim, os grupos resistem se adaptando à nova realidade, apropriando-se do espaço a partir de conflitos de poder, que ocorrem na sociedade a partir das significações do espaço atribuídas por determinados grupos aos seus lugares de vivência no transcorrer da história.

O espaço é objeto de culto, preservação e disputa, porque recordar os lugares é existir no espaço, tornando viva a memória no momento presente. Esse fenômeno social é atemporal vivido na dinâmica do passado-presente. Daí, a necessidade de reforçarmos o entendimento dos espaços que nos rodeiam na sua complexidade. Por isso, através da significação dos espaços dos mortos também podemos buscar o conjunto de tradições e imagens capazes de fazer lembrar daqueles que só permanecem vivos na memória.

Lembrar dos mortos: Objetos e o espaço cemiterial

“[...] cada sociedade recorta o espaço a seu modo, [...], mas seguindo sempre as mesmas linhas, de modo a constituir um quadro fixo onde encerra e localiza suas lembranças...” (HALBWACHS, 1990, p. 160).

 

De acordo com a citação acima, pertencente ao capítulo IV, A Memória Coletiva e o Espaço, podemos inferir do pensamento de Halbwachs (1990) que a noção de espaço corresponde a uma representação relativa para cada sociedade, que constrói um quadro social, onde as lembranças são compartilhadas no interior coletivo daquele grupo. Com isso, no que diz respeito à relação memória, morte e sociedade parece coerente e evidente pensar o ato de recordar dos indivíduos no espaço cemiterial. Nesse caso, o da Baixada Maranhense reflete um quadro peculiar, específico e simbólico da memória coletiva de uma comunidade do município de Pinheiro (MA).

O espaço dos mortos, ou seja, no caso investigado nesta pesquisa, os cemitérios, são sempre visitados em todas as datas festivas, a exemplo, do Dia de Finados[5], dois de novembro. Uma data em que todas as pessoas preparam artefatos florais, velas e percorrem longas distâncias até chegarem ao espaço dos mortos, para visitá-los. O que move cada pessoa a prestar homenagens aos mortos é o sentimento subjetivo de respeito compartilhado pela tradição do grupo social. A data simbólica do calendário cristão movimenta esses espaços e os tornam vivos. Com isso, o solo cemiterial pode ser pensando como um quadro social da memória, na medida em que reflete na mente dos indivíduos as lembranças e a concepção coletiva da morte no Dia de Finados.

Nessa ocasião, todo e qualquer objeto levado para os mortos representam um conjunto de homenagens aos mesmos, cuja motivação é fruto das lembranças que cada pessoa tem do falecido. Segundo Halbwachs (1990), os objetos materiais trazem ao mesmo tempo a nossa marca e a dos outros, nossa cultura e nossos gestos aparentes, a partir da escolha e disposição nos lugares da nossa vivência, conforme pode ser observado na figura 1, coletada na pesquisa de campo.       

Imagem  2 – Cemitério São José e objetos materiais.

https://bit.ly/38o2yl6

Fonte: Acervo pessoal – Julyana Cabral Araújo (2018).

 

 

A imagem acima mostra o cemitério São José, localizado na zona rural do município de Pinheiro, na Baixada Maranhense.  O lugar nos chama atenção pela simplicidade e, ao mesmo tempo, pela complexidade da disposição dos túmulos. A escolha do lugar geralmente está atribuída aos laços afetivos e às relações de parentesco. Outra característica é a falta de inscrição nos túmulos. E isso, no Dia de Finados, não é um problema, pois, todos os visitantes passam a conhecer após sucessivas visitas o lugar onde foi enterrada cada pessoa e na maioria trata-se de parentes e amigos.

Lembrando a visão de Halbwachs (1990) sobre o ato de recordar, observam Bertoni e Oliveira (2019) que na interpretação halbwachiana sobre a memória, o lugar que habitamos é atravessado por nossas percepções e sentimentos. Pois, ao habitar o espaço, todo e qualquer indivíduo estabelece na sua consciência hábitos afetivos com o entorno do ambiente material:

 

o espaço em que habitamos, orquestrado com nossas experiências, sentimentos e percepções, e com o qual estabelecemos uma sólida relação de afetividade, se evidencia ainda mais, na medida em que esse laço de afeto cristalizado se transparece, operacionalizando-se em nossos hábitos e no ambiente material que nos circunda (OLIVEIRA; BERTONI, 2019, p. 250). 

 

O cemitério de São José é distante da zona urbana, além disso, não possui um trajeto por estradas muito acessível, dado que as estradas rurais são mal preservadas. Porém, esse fato não representa um impedimento quanto aos processos de sepultamentos e homenagens, uma vez que, até os dias de hoje recebem sepultamentos, tanto de pessoas dos povoados vizinhos como de cidades próximas, pelo fato de ter algum ente querido enterrado no local. E, o que podemos constatar disso numa leitura halbwachiana é que “os costumes locais resistem às forças que tendem a transformá-los e essa resistência permite entender melhor a que ponto nesse tipo de grupo a memória coletiva se apoia nas imagens espaciais” (HALBWACHS, 2003, p. 162).

Esse cemitério, por exemplo, guarda a tradição de colocação sob os túmulos de artefatos materiais feitos com a folha da palmeira do babaçu, os cofos[6]. Os cofos são produtos artesanais confeccionados no próprio local, ou confeccionados na própria casa das pessoas e levados para os cemitérios. Esses objetos são produzidos por pessoas de comunidades vizinhas ao cemitério.  Depois de confeccionados e levados ao local, esses objetos são colocados dispostos nos túmulos, onde são acompanhados de velas no espaço oco da peça, que possui sempre um formato circular, sendo a base maior que a parte superior e pode variar o tamanho, conforme visto na figura 3. As chamas das velas ainda acesas demonstram bem a finalidade do objeto.

 

Imagem 3cofos e velas

https://bit.ly/38tW6sJ

Fonte: Acervo pessoal – Julyana Cabral Araújo (2020).

 

O uso desses artefatos funerários no espaço cemiterial, a exemplo do cofo, parece demonstrar as relações de lembranças e associações de objetos e lugares pensados por Halbwachs (1990).  Os objetos circulam em cada túmulo até cumprirem o seu papel ritualístico, após a queima das velas esse mesmo cofo é repassado para outro túmulo ou colocado em um local onde outras pessoas podem reutilizá-lo.  Em alguns casos, esse objeto é vendido, em outros são emprestados para o “vizinho” de túmulo.

Esses objetos recebem uma função cultural significativamente específica: no interior do cofo são colocadas velas que servem metaforicamente de presente ao morto, sendo, não só capazes de representá-lo, mas de trazer aos vivos a lembrança de quem está recebendo as velas acendidas como forma de interação entre as pessoas, ao passo que celebram o Dia de Finados e a memória dos mortos.  Todo esse gesto simbólico representa uma imagem de satisfação, respeito e dever cumprido sobre a memória do parente falecido.

Na figura, representada abaixo, em um hábito cultural realizado desde criança, uma senhora conhecida como Dona Diló, de 87 anos, acende velas para parentes falecidos. Desde criança e acompanhada da mãe, essa senhora visitava o Cemitério São José, onde está enterrado boa parte dos seus parentes. Atualmente, até o processo de produção desta pesquisa, ela continua fazendo as visitações aos túmulos com os filhos e os netos. Na figura 4, é perceptível o ar devocional da senhora e a relação feita por ela entre os objetos dispostos em cada túmulo. A imagem apresenta tons harmônicos a partir das cores azul e branco das sepulturas em contraste com o céu e suas nuvens, um cenário para o semblante triste e contemplativo de Dona Diló esperando a queima das velas enquanto faz suas rezas.

 

Imagem  4 – Os túmulos azuis e seus cofos no Cemitério São José.

https://bit.ly/3ylVkbW

Fonte: Acervo pessoal de Julyana Cabral Araújo (2018).

 

O espaço cemiterial é um local simples, mas que é representativo de um quadro de contemplação do silêncio. O silêncio de cada pessoa é único diante do túmulo. É um contexto de homenagem bastante íntimo e introspectivo para quem ali se propõe a visitar. Os objetos usados nessas práticas fúnebres como cofos, velas e flores, além de serem efêmeros e utilizados nesse momento em particular, se reintegram na vida social a partir das narrativas do cotidiano, dos contextos sociais e simbólicos, das trocas mercantis e cerimoniais capazes de produzir efeitos na subjetividade individual e coletiva, sendo assim, o entendimento de quaisquer formas de vida social e cultural implica necessariamente na consideração de objetos materiais (GONÇALVES, 2007). 

Com isso, parece evidente que todo lugar habitado pelo homem consiste em um agregado simbólico de significados. Por sua vez, os significados atribuídos ao lugar só são possíveis porque nos apegamos aos objetos que construímos. Por meio dos objetos damos sentidos as nossas experiências (HALBWACHS, 1990). A experiência da memória é fundamental para que o passado não seja esquecido. Os objetos, portanto, são referência simbólica para a construção das lembranças coletivas compartilhadas no interior de um grupo.

Nesse sentido, os cofos de cemitério utilizados na maioria dos túmulos ganham um significado de circularidade, ou seja, todos os anos é realizada a reposição dessas peças que têm uma vida útil efêmera, pois se expostos ao relento, perdem logo sua cor natural, mas, por outro lado, a “autenticidade do ofício da produção artesanal que traz consigo marcas da tradição local” (BENJAMIN, 2012, p. 182), não é perdida com o tempo. 

O ato de tecer o cofo é uma prática cultural apreendida simbolicamente por meio do conhecimento repassado de geração em geração. O saber da produção de cofos com palhas de palmeiras, envolve todo um trabalho coletivo e ancestral. Ele constitui importância no seio familiar e comunitário, como pode ser visto na figura 5. É uma prática apreendida no seio familiar como no caso de dois parentes e artesãos que juntos compartilham o momento de tessitura de um cofo. Ambos estão sentados sob as sepulturas aparentemente abandonadas por não terem recebido nesse ano a pintura que antecede o Dia de Finados. E, nesse contexto cada um tece o seu cofo destinado ao túmulo de um ente querido que foram visita

 

 

 

Imagem  5 – Artesãos tecendo o cofo, Cemitério São José da Chapada.

https://bit.ly/3Bn38w6

Fonte: Acervo pessoal – Julyana Cabral Araújo (2020).

 

A tessitura dos cofos usados para homenagens dos mortos revela um rico simbolismo cultural da Baixada Maranhense em torno da finitude humana. A confecção dos cofos destinados especificamente para uso nos cemitérios, cria laços comunitários na medida em que evoca uma ligação com as experiências do sagrado. Os objetos materiais fazem a ligação com o espaço e com o ato de lembrar. Os mortos e os objetos depositados nos túmulos são carregados de sentidos sagrados, despertam tanta veneração quanto o homem poderia ter por qualquer outra divindade, os túmulos por sua vez, podem ser vistos como a morada desses seres divinos.

Nesse sentido, todas as lembranças do grupo religioso dependem do lugar e da disposição dos objetos no espaço. Disso decorre, “que as lembranças de um grupo religioso lhe sejam lembradas pela visão de certos lugares, localização e disposições dos objetos, não há o que se espantar” (HALBWACHS, 1990, p. 154-155).  Nesse sistema de ritos, os objetos utilizados adquirem um poder significativo: eles circulam, se desgastam e, neste fluxo, são reclassificados de acordo com seus significados. Dependendo dos seus deslocamentos carregam consigo elementos de contextos sociais e simbólicos diversos.

 

Considerações finais

 

A pesquisa acerca da memória constitui um referencial de compreensão da sociedade, e é na figura de Halbwachs (1990) que essa perspectiva se delineia. A memória está para além da perspectiva individual das lembranças, ou seja, está imersa na coletividade. É por meio do envolvimento coletivo dos indivíduos entre si, que é possível construir sentidos para a existência dos grupos sociais. Assim, não importa quantos grupos existam, todo grupo vai referenciar o lugar como um espaço de sua própria memória. Do mesmo modo, o lugar é mais do que um objeto material em que se organiza a existência, ele também é o fim que concorre para a felicidade do grupo. Se essa vinculação afetiva sofre ruptura, o grupo procura resistir de alguma forma.

Nenhuma significação do espaço pode vir a existir senão por meios dos objetos criados pelo homem. Nesse sentido, pensar os espaços da morte dentro da complexa rede de relações coletivas, que é a sociedade da Baixada Maranhense, é também perceber que as formas de sepultamentos e os locais destinados aos mortos, além de estarem dentro de um contexto histórico próprio, possuem suas particularidades delineadas através dos objetos materiais.

  A memória do espaço cemiterial representa a relação dos vivos com o simbolismo da morte. O simbolismo da morte se faz por meio dos artefatos materiais e imagens produzidas para concretizar sentimentos em torno dela. Esse simbolismo tende a variar de acordo com a dinâmica do tempo, das condições econômicas e culturais do local.  O lugar dos objetos, feitos com a finalidade fúnebre, ganham significados nos espaços dos mortos e essa significação só é possível devido as interações entre indivíduos e o solo onde convivem com os mortos.

Nenhuma memória pode ser pensada tão somente como um fenômeno individual, porque em realidade nunca estamos a sós. Toda lembrança individual compartilha de uma relação com um quadro social, pois todo quadro social é fruto de uma construção coletiva socialmente definida no interior de um grupo. Já o espaço religioso, entendido como o espaço cemiterial abordado neste trabalho, pode ser tomado como um claro exemplo da experiência cultural humana com o sagrado, enquanto a disposição dos objetos no espaço cemiterial obedece a uma lógica simbólica objetivada no solo do cemitério.

Os artefatos materiais, ao mesmo tempo em que representam o reencontro e a homenagem com os mortos através de uma ligação simbólica intermediada por objetos de uma maneira própria interferem e influenciam o gosto estético dos visitantes dos cemitérios no dia dois de novembro, data em que o espaço dos mortos ganha um ritmo peculiar. Nenhuma significação do espaço é possível sem o uso desses artefatos, já que, os artefatos fazem parte da memória individual e coletiva das homenagens feita pelas pessoas. 

Portanto, parece evidentemente possível que nos cemitérios podemos reconhecer um complexo de símbolos, imagens e representações da relação do homem com o mundo, enquanto elementos capazes de realizar uma ligação espiritual com o sensível através da criação cultural de imagens e signos permitindo que o homem consiga materializar as suas experiências individuais em meios aos fenômenos partilhados coletivamente através de diferentes formas simbólicas dotadas da nossa capacidade de lembrar-se dos mortos.

 

 

Notas

[1] Não obstante, é importante pontuar que a citada obra somente foi organizada e publicada em 1950, após a morte do autor, tendo em vista o triste fato de que Halbwachs morreu precocemente assassinado nos campos de concentração nazista em 1945. Portanto, sua teoria sobre a memória coletiva, ainda que extremamente importante, figura como uma teoria incompleta, uma vez que, ele não conseguiu concluir sua teoria.

[2] A Baixada Maranhense atualmente é uma microrregião que compreende 21 municípios. O local é caracterizado pela biodiversidade da paisagem, capaz de produzir encantamentos e sensações diversas. De um lado, há a predominância de campos alagados e, de outro, regiões secas como as chapadas onde predominam as matas de cocais.

[3] O cemitério, objeto de estudo nesta pesquisa, tem o nome de Cemitério São José, localizado no interior da zona rural do município de Pinheiro-MA, na Baixada Maranhense.

[4] Para a construção deste texto usamos duas versões da obra de Maurice Halbwaschs, 1990, 2003.

[5] Em outras culturas como a mexicana, por exemplo, “a Festa dos Mortos comemorada no México teve suas origens bem antes da chegada dos europeus, o culto aos ancestrais é referente às culturas Maias, Astecas e de outros povos pré-colombianos que viveram na América Central [...]. A Festa dos Mortos estava também ligada ao calendário agrícola e às crenças politeístas” (ARAÚJO, 2021, p.221).

[6] O cofo é o nome dado, no Maranhão, à cestaria de natureza utilitária, confeccionada manualmente com as folhas de palmeiras nativas. No dia a dia é um instrumento tradicional e mesmo indispensável. Ainda que muitas vezes invisível para muitos, o cofo é empregado para variados fins [...]. Todos, porém, refletem o modo de vida do homem em sua interação com o meio ambiente natural e cultural (GONÇALVES, 2009, p.11).

 

Referências

 

 

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[1] Mestranda do Programa de Pós-graduação em História (PPGH-UFG). Bolsista pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA. E-mail: julyanacabral@ufg.br.

[2] Mestrando do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (PGCULT-UFMA). Bolsista pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA. E- mail: otavio.silva@discente.ufma.br.

[3] Professor efetivo adjunto no campus V (UFMA) e professor do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Cultura e Sociedade da Universidade Federal do Maranhão (PGCULT-UFMA). E-mail: f_lcf@hotmail.com.

[4] Professor efetivo adjunto no campus V (UFMA) e professor do Programa de Pós-Graduação - Mestrado Profissional em Formação Docente em Práticas Educativas (PPGFORPRED) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) - Campus Imperatriz. E-mail: dimas.ribeiro@ufma.br.

[5] Mestranda do Programa de Pós-graduação em História (PPGH-UFG). Bolsista pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA. E-mail: julyanacabral@ufg.br.

[6] Mestrando do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (PGCULT-UFMA). Bolsista pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA. E- mail: otavio.silva@discente.ufma.br.

[7] Professor efetivo adjunto no campus V (UFMA) e professor do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Cultura e Sociedade da Universidade Federal do Maranhão (PGCULT-UFMA). E-mail: f_lcf@hotmail.com.

[8] Professor efetivo adjunto no campus V (UFMA) e professor do Programa de Pós-Graduação - Mestrado Profissional em Formação Docente em Práticas Educativas (PPGFORPRED) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) - Campus Imperatriz. E-mail: dimas.ribeiro@ufma.br.