A Copa nas capas:
futebol, acontecimento e romantismo na Copa FIFA 2018
André Melo Mendes1 e Raquel Dornelas2
Resumo
Este artigo analisa como o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo FIFA 2018 foi enquadrado pelas capas dos três jornais de maior circulação do país à época —de acordo com o Instituto Verificador de Comunicação: Super Notícia, O Globo e Folha de S. Paulo. O objetivo deste trabalho é investigar os discursos e os valores veiculados nos jornais diários a respeito desse campeonato. Apesar da constante queda de interesse do público brasileiro pelo jornalismo impresso, esse tipo de comunicação ainda é bastante relevante na sociedade brasileira, especialmente porque os textos dos periódicos também circulam em publicações na internet, pautando discussões em outras ambiências, incluindo os perfis oficiais dos próprios veículos de informação. Na reflexão aqui apresentada, recorremos a um método de base semiótica em que realizamos a análise das capas em dois momentos: um analítico e outro interpretativo. As noções de Acontecimento, Discurso, Enquadramento e o conceito de Romantismo foram utilizadas como as principais chaves conceituais para a discussão. Ao final das análises, percebeu-se que um ideal romântico sobrevive nos discursos sobre a Copa, apesar de o esporte estar passando por mudanças globais, especialmente na relação entre torcedores e suas seleções nacionais.
Palavras-chave
Copa do Mundo; Seleção Brasileira; Futebol; Romantismo; Acontecimento.
1 Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor Associado do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E-mail: andremelomendes@ufmg.br.
2 Doutora em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E-mail: raqueldornelas@gmail.com.
The Cup on the covers:
football, event and romanticism in the 2018 FIFA Cup
André Melo Mendes1 and Raquel Dornelas2
Abstract
This paper analyzes how the performance of the Brazilian football team was framed by the covers of the three most widely circulated newspapers in the Brazil at the 2018 FIFA World Cup — Super Notícias, O Globo and Folha de São Paulo. The intention of this work, therefore, was to investigate the speeches and values found in the daily newspapers about the championship. Despite the constant drop in the interest of the Brazilian public in print journalism, this type of communication is still very relevant in Brazilian society, especially since the texts of the journals also circulate in publications on the Internet, guiding discussions in other environments, including the official profiles of their own information vehicles. In the reflection presented here, we used a semiotic-based method in which we performed the analysis of the covers in two moments: an analytical and an interpretative one. The notions of Event, Discourse, Frame and the concept of Romanticism were used as the main conceptual keys for the discussion. At the end of the analysis, it was noticed that a romantic ideal survives in the speeches about the World Cup, even though the sport is undergoing global changes, especially in the relationship between fans and their national teams.
Keywords
World Cup; Brazilian Team; Soccer; Romanticism; Event.
1 Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor Associado do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E-mail: andremelomendes@ufmg.br.
2 Doutora em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E-mail: raqueldornelas@gmail.com.
Introdução
A Copa do Mundo FIFA é um dos acontecimentos esportivos mais importantes do planeta. Mobiliza milhões de telespectadores, movimentando um grande volume de dinheiro e negócios e exacerba as paixões nacionais. Mesmo quando a nossa seleção [1] não inspira a confiança da imprensa e do público, é no período da Copa que as pessoas se encontram para torcer pelo time canarinho. Ainda que tenham ocorrido mudanças substanciais na forma pela qual os torcedores se relacionam com os clubes de futebol nacionais, seus ídolos e até mesmo com a seleção (KOCHI, 2015), é difícil encontrar na economia, na cultura, na política ou mesmo em outros esportes, alguma prática que desperte o orgulho que sentimos quando nosso time joga bem e, principalmente, quando ele é campeão.
Às vésperas da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, diferentemente dos torneios anteriores, havia motivos para acreditar que seríamos novamente vencedores. A chegada de Tite ao comando da seleção, no início de 2016, mudou radicalmente a expectativa sobre nossas chances. O técnico estreou com vitória e, em pouco tempo, o Brasil assumiu a liderança da etapa eliminatória, mantendo essa posição até a final e jogando um estilo que, há muito tempo, não era praticado pelo time — algo mais próximo ao futebol criativo e ofensivo associado à “essência” do futebol nacional. Uma semana antes da Copa, depois de vencer um amistoso contra a forte equipe da Croácia, todos os canais esportivos consideravam o Brasil favoritíssimo ao título e Tite era aclamado como “o grande maestro” [2]. Durante o torneio, entretanto, o time não apresentou bom desempenho, sendo eliminado nas quartas de final, o que frustrou boa parte dos torcedores e da imprensa.
A partir do cenário descrito acima, o presente artigo analisa a participação do Brasil na Copa do Mundo FIFA, realizada na Rússia em 2018, investigando os discursos encontrados nas capas de três jornais impressos. Acreditamos que este conjunto de textualidades, desde a estreia até a eliminação, revela aspectos para além dos enunciados em si. Por isso mesmo, ao olharmos para tais materialidades, tentaremos compreender valores presentes, nossas formas de sociabilidade e o que exaltamos ou desprezamos enquanto definição de nação, tendo como eixo estruturante a relação de toda uma coletividade com o futebol. Como hipótese, a discussão caminha sobre a afirmação de que certo romantismo sobrevive na nossa cultura, atravessando as falas sociais sobre a seleção brasileira nas expectativas, nas queixas e nas propostas de caminhos apontadas.
A escolha pelo impresso se justifica porque, mesmo que as mídias digitais tenham conquistado um espaço considerável no mercado da informação, jornais em papel seguem influenciando na produção de saberes na sociedade, assim como afetam a produção dos consensos/dissensos e posicionamentos de inúmeros leitores. Não podemos nos esquecer que as capas e os textos dos periódicos também circulam em publicações na internet (GUIDOTTI, 2015), pautando discussões também em outras ambiências, incluindo nos perfis oficiais dos próprios veículos de informação. O corpus do trabalho é formado pelas capas dos jornais brasileiros com maior circulação à época: Folha de São Paulo, Super Notícias e O Globo [3]. Já o aporte conceitual aciona as noções de Acontecimento (QUÉRÉ, 2005; 2011; 2012), Enquadramento (GOFFMAN, 1996; 2002; 2012), Discurso (FOUCAULT, 2001; 2009), além dos estudos sobre Romantismo de Isaiah Berlin (2009; 2015).
Para o exercício reflexivo que propomos, vamos considerar as fotografias veiculadas nos jornais analisados como signos, ou seja, representações imperfeitas daquilo que denotam, sendo, portanto, capazes de portar discursos e valores. As fotografias seriam, então, um conjunto de signos com sentidos culturais predefinidos que podem variar sua significação no tempo e/ou de acordo com o contexto no qual estão inseridos (SEKULA, 2013).
Outro aspecto considerado na análise é a relevância dos textos para determinar o sentido de uma imagem, especialmente daquelas que possuem diversos textos relacionados a elas. A esse respeito, Roland Barthes chama a atenção para a importância da reflexão sobre os textos na definição do sentido das imagens. Segundo o ensaísta francês, as imagens são signos abertos que necessitam das palavras para ajudar a esclarecer e fixar seus sentidos, especialmente aquelas veiculadas em jornais e revistas (BARTHES, 1990).
A partir dessas ponderações, optamos por realizar a análise das capas dos jornais em dois momentos: um analítico e outro interpretativo. Na etapa analítica, foram investigadas as imagens e suas relações expressivas e retóricas com o texto, buscando determinar a ideia principal por eles expressa no contexto de cada jornal. Em virtude do limite de espaço de um artigo científico, foi necessário traduzir essa etapa analítica em uma tabela, como se vê abaixo (Tabela 1):
Tabela 1 - Estrutura da tabela utilizada para resumir a etapa analítica
Data dos jornais | Análise imagética | Análise textual | ||
Foto principal | Sentidos conotados | Título | Sentidos conotados | |
O Globo | ||||
Super | ||||
Folha |
Fonte: Elaborada pelos autores (2021)
A tabela é composta por três colunas. Na primeira coluna, a primeira linha terá a data de cada jornal analisado e nas linhas abaixo estarão os nomes dos veículos investigados. As colunas seguintes tratam da análise imagética e textual dos enunciados relacionados à seleção brasileira. A coluna de análise imagética se divide em duas, contendo a descrição da foto principal de cada capa e seus sentidos conotados. O mesmo ocorre com a coluna da análise textual — a diferença é que, dessa vez, o título na capa é analisado em vez da foto principal. Uma das vantagens da tabela é tornar mais evidente para o leitor os diferentes enquadramentos que foram utilizados em cada veículo para relatar o desempenho da seleção brasileira no dia após cada jogo.
Na etapa seguinte (a síntese interpretativa), a partir das tabelas, procuramos identificar as nuances discursivas acionadas para enquadrar o desempenho da seleção, buscando compreender como os signos estão articulados e tentando entender a diversidade ou regularidade de certos enunciados — bem como as possíveis interpretações que poderiam advir desse fluxo discursivo. Para tal exercício, nos ancoramos em alguns aportes conceituais que serão detalhados a seguir.
Romantismo: idealização e paixão
Quando falamos de um tom romântico, ou um traço romântico nos enunciados midiáticos, não estamos nos referindo especificamente ao movimento artístico ocorrido no segundo terço do século XVIII, mas a um conjunto de associações a esse conceito, como a idealização da realidade e a valorização da paixão sobre a razão. Assim, neste artigo, quando nos referimos às qualidades românticas, estamos acionando uma mentalidade, um estado de espírito, que pode se manifestar de diferentes formas, mas possui a característica da ocorrência de uma minimização do domínio da razão e da objetividade como chaves para traduzir e compreender o mundo.
Como bem destacou Isaiah Berlin (2015), o romantismo é um movimento complexo que inclui diversas ideias, algumas, inclusive, contraditórias. Entretanto, dentre os predicados que têm sido chamados de românticos pelos escritores e críticos ao longo dos anos, estamos interessados em certas características que acreditamos fazerem parte do imaginário da sociedade brasileira, mais especificamente, de boa parte da imprensa de referência (EMEDIATO, 1996) e de um grupo ainda relevante de torcedores: o culto ao gênio, o idealismo e o emocionalismo.
No mundo ocidental, tais predicados românticos podem ser percebidos em vários discursos, incluindo o jornalístico, com mais evidência no jornalismo esportivo. Ao falar da presença de traços românticos na dimensão da imprensa, Lago (2003) nomeia esse “tom” como ethos romântico, entendendo ethos como um conjunto de disposições, traços e modos de comportamento, percepções e valorações a respeito de determinado tema. A autora entende a presença deste ethos, primeiramente, por pretender oferecer resistência a um sistema extremamente racionalizado e fazer uma denúncia de aspectos relacionados à alienação do trabalho. O ethos romântico seria colocado em contraposição ao objetivismo, valorizando a subjetividade e as qualidades individuais do repórter.
Apesar de entendermos que essa objetividade não passa de um simples ideal e que todo discurso é subjetivo, é importante perceber como a subjetividade do jornalista aparece com mais ênfase em algumas editorias, como a de esportes. Cabo e Helal (2011) argumentam que existe uma maior dificuldade do noticiário esportivo em manter certo distanciamento durante o trabalho de cobertura. Quando a temática “futebol” entra na pauta, o ideal de escrever uma narrativa o mais objetiva possível se torna uma tarefa difícil de ser cumprida — dificuldade até mesmo legitimada (HELAL; SOARES, 2003).
No jornalismo esportivo, a opinião e o julgamento se confundem com a própria notícia [...]. Para o jornalista esportivo, a dimensão do gosto e do amor por essa atividade ainda parece ser requisito fundamental para o exercício deste tipo de especialidade [...]. (CABO; HELAL, 2011, p. 100)
Ainda segundo os autores, tal característica é exacerbada na cobertura das Copas do Mundo — momentos dramáticos e de entrega emocional, também por parte dos repórteres, editores e profissionais do ramo. Enunciados criados pelas emissoras para marcar coberturas de grandes torneios também expressam esse sentimento. Como exemplo, podemos citar o slogan “Aqui é paixão, aqui é emoção”, elaborado em 2017 pela Rede Globo, e o clássico bordão “Haja coração!”, de Galvão Bueno, principal narrador da emissora.
É importante frisar que o discurso romântico não se refere apenas às manifestações de apoio, expectativa e amor pelo futebol. É algo que também emerge em críticas, discussões e reivindicações. Quando os comentaristas esportivos querem enfatizar um aspecto negativo da equipe, dizem que “jogam um futebol burocrático, sem criatividade”. O estilo que visa meros resultados é sempre mal-visto. Foi o que ocorreu com o time de Dunga (que assumiu após a derrota de 2014 e foi demitido em junho de 2016): a equipe tinha 80% de aproveitamento, mas não era bem quista nem pela imprensa nem pela maioria da torcida.
No jornalismo esportivo brasileiro, é inegável a idealização do futebol verde e amarelo, rotineiramente aclamado como o melhor do mundo e aquele que mais produz jogadores “criativos”. Não é incomum o saudosismo do time tricampeão da Copa de 1970 (de Pelé e Garrincha) ou o louvor ao time de 1982 (com Zico, Falcão e Sócrates), que não venceu, mas apresentou um estilo tão marcante que é lembrado até hoje tanto nas falas da imprensa quanto na conversação cotidiana.
Partidas e craques geniais não são mais tão frequentes, muito menos no futebol praticado atualmente pela seleção brasileira. O contato com o real, portanto, não é agradável ao grande público e frustra não apenas narradores que vivenciam as Copas com os torcedores, mas toda uma coletividade, especialmente as gerações mais antigas, que assistiram ao “verdadeiro” futebol de 1970 ou 1982. Nessa “reação romântica” (HELAL; SOARES, 2003), o real se torna algo frustrante ou mesmo insuportável de lidar. Idealizações aparecem como matriz saudosista para conformarmos nossas sociabilidades do hoje ancoradas no passado.
A Copa acontece: enquadramentos e discursos
A Copa do Mundo transforma o cotidiano em vários países, o Brasil inclusive, e impacta milhões de sujeitos, se qualificando como um “acontecimento”, nos moldes propostos por Louis Quéré (2005), ou seja, aquilo que rompe com o estado de normalidade — mesmo sendo minuciosamente planejada. As Copas do Mundo FIFA afetam toda uma coletividade, sendo pauta para o jornalismo para muito além da transmissão das partidas. Se pensarmos nas outras esferas midiáticas, o campeonato é uma oportunidade para inúmeras iniciativas, que vão desde “[...] lançamento de projectos de audiovisual, dos jogos de computador às televisões de clubes” (CARDOSO; CARDOSO; XAVIER, 2007, p. 140).
Segundo Quéré (2012), um acontecimento teria uma “vida dupla”. A “primeira vida” está relacionada ao momento em que o fato se dá na experiência, quando ele nos impacta. A “segunda vida” ocorre quando o evento de caráter acontecimental é transformado em discurso, é simbolizado. Este artigo leva em conta o segundo momento, quando investigaremos o discurso ou aquilo que Quéré chamou de acontecimento-objeto: o fato é tornado inteligível, recebe um enquadramento realizado, inclusive, pelos meios de comunicação. Interessam-nos as formações discursivas acionadas pela imprensa para relatar a participação da seleção brasileira na Copa de 2018.
No âmbito jornalístico, a transformação do acontecimento em si em sua forma discursiva se dá por meio de um complexo processo de escolhas que marca o fazer da imprensa, dando a ver não apenas os enunciados veiculados, mas também valores que os sustentam. Ainda segundo Quéré (2011), para tornar o acontecimento compreensível, é necessário individualizá-lo, marcar sua ipseidade, transformá-lo em um relato de fácil intelecção, enquadrá-lo segundo determinados parâmetros. Com esse objetivo, os enunciados, incluindo os dos jornais, realizam uma simplificação do ocorrido, geralmente, segundo interesses próprios (daqueles que fazem a seleção e síntese), para que a narrativa proposta faça sentido.
Ao afirmarmos que o acontecimento é enquadrado, recorremos à discussão do sociólogo estadunidense Erving Goffman (2012). A matriz goffmaniana, originalmente, operacionaliza o conceito para microanálises das relações interpessoais. Porém, ao longo dos anos, o termo se difundiu nos estudos de comunicação, com uma abordagem direcionada ao conteúdo também no campo do jornalismo (FRANÇA; SILVA; VAZ, 2014). Neste artigo, utilizamos essa aplicação do conceito, ao analisarmos os quadros de sentidos mobilizados para formar o mosaico discursivo veiculado nos jornais.
Os quadros de sentido construídos pelos veículos de informação originam uma teia de enunciados que, assim como outras falas sociais, pode ser compreendida sob o conceito de “discurso” (FOUCAULT, 2001). Na abordagem foucaultiana, o discurso é uma formação, ou seja, uma rede que se modula ao longo do tempo, atravessada por múltiplas intencionalidades que orientam a definição do nosso mundo. Isso implica considerá-lo como sendo constituído por escolhas, ou seja, uma produção social, cuja análise pode ser utilizada para melhor compreender os sentidos e valores veiculados em configurações de determinados períodos (MARQUES, 2014).
Os meios de comunicação, assim como a Universidade, a Escola e a Igreja, entre outros atores, se constituem em grandes aparelhos sociais que veiculam discursos em detrimento de outros e, dessa forma, contribuem para a difusão de verdades. Eles não apenas têm a legitimidade de dizer quais discursos são verdadeiros como também utilizam procedimentos reguladores para determinar esse caráter verídico do discurso (FOUCAULT, 2001).
A “verdade” estaria, portanto, circularmente ligada a sistemas de poder (que a produzem e a apoiam por meio de procedimentos reguladores determinados pela ordem do discurso) e a efeitos de poder (que ela induz e que a reproduzem). Nesse contexto, não temos dúvidas de que o discurso jornalístico da chamada “imprensa de referência” ainda se constitui como uma das instâncias que pode contribuir para legitimar ou questionar verdades — alguns, evidentemente, com maior entrada e influência do que outros.
Vale destacar que os meios de comunicação, apesar de se constituírem como atores relevantes para a definição de realidades, contribuindo significativamente para sua construção, não são os únicos nesse processo, estando em diálogo (e disputa) permanente com os demais atores sociais na definição do que entra ou fica de fora da ordem do discurso (BENETTI; FONSECA, 2010). Nesse sentido, entendemos as capas dos jornais como um dispositivo que recorta e/ou enquadra o acontecimento a partir de linhas de força diversas (MELLO VIANNA; SANTOS; VAZ, 2018) orientando, dessa forma, os sentidos produzidos socialmente sobre o acontecimento. A capa de um jornal pode ser considerada uma unidade de significação relevante para se pensar um fato; unidade esta que dialoga com outros textos e requer uma interpretação do leitor para significar (TRINDADE; VAZ, 2011).
As enunciações contidas neste dispositivo sugerem certa interpretação do acontecimento que, por sua vez conectada a outros “textos”, podem ultrapassar as delimitações da moldura do dispositivo, formando um discurso que se pretende enquanto verdadeiro. A moldura que o enquadramento produz, opera, ao mesmo tempo, um corte e uma focalização: um corte porque separa um campo e aquilo que o envolve; uma focalização porque, interditando a “hemorragia” do sentido para além da moldura, destaca certas relações entre os objetos e os indivíduos que estão compreendidos dentro do campo e os reverbera para um centro (MOUILLAUD, 2002 apud TRINDADE; VAZ, 2011).
A capa de um jornal impresso realiza, assim, um enquadramento do acontecimento, emoldurando os efeitos de sentido do fato, a partir da representação deste e dos atores que o protagonizam, por meio do encaixe com outros “textos” que fazem parte do “museu imaginário” do leitor. Por meio desse enquadramento, a capa do jornal prepara o interlocutor para a interpretação do fato que ele supõe ser relevante ao ponto de ocupar o lugar de maior destaque dessa mídia.
Seguindo essa trilha reflexiva, observamos o corpus com as lentes das noções de acontecimento, enquadramento, discurso e romantismo. Partiremos, agora, para a apresentação do que o trabalho de investigação nos mostrou.
Como as capas explicam a Copa?
A capa, como síntese máxima do conteúdo de uma edição, é um rico elemento para estudar discursos de um determinado jornal. Ao compararmos a primeira página dos três veículos elencados, criamos categorias de análise que aglutinam os mesmos acontecimentos contados pelos distintos periódicos. Assim, cada categoria se refere à capa com a cobertura de uma partida específica da seleção brasileira. Como o Brasil esteve em campo cinco vezes durante a Copa de 2018, cinco categorias foram elaboradas e classificadas sob uma rubrica que resume o sentido majoritariamente encontrado após o trabalho de interpretação dos elementos textuais e não textuais. É o que será apresentado a seguir, sinteticamente por meio de tabelas.
Brasil e Suíça (1x1): frustração
Imagem 1 - Capas dos jornais após a estreia do Brasil
Fonte: Acervo do portal Ver Capas (2018)
Tabela 2 - Síntese do enquadramento dos jornais após o primeiro jogo
Jornais de 18/06 | Análise imagética | Análise textual | ||
Foto principal | Sentidos conotados | Título | Sentidos conotados | |
O Globo | A imagem retrata a grande área da seleção brasileira, em plano geral, pouco antes do gol da Suíça. | Tensão. | Com gol polêmico da Suíça, Brasil só empata | Desconfiança. Frustração. |
Super | Neymar deitado com as costas na grama e com as pernas levantadas. | Fragilidade, preocupação, comicidade. | Que tombo foi esse? | Crítica. Surpresa. Ironia. |
Folha | Neymar deitado com as costas na grama e com as pernas levantadas. | Fragilidade, preocupação, comicidade. | Frustração. | Frustração. |
Fonte: Elaborada pelos autores (2021)
Brasil e Costa Rica (2x0): alívio, desconfiança e esperança
Imagem 2 - Capas dos jornais após o segundo jogo do Brasil
Fonte: Acervo do portal Ver Capas (2018)
Tabela 3 - Síntese do enquadramento dos jornais após o segundo jogo
Jornais de 23/06 | Análise imagética | Análise textual | ||
Foto principal | Sentidos conotados | Título | Sentidos conotados | |
O Globo | Coutinho vibra, enquanto o time corre em sua direção. | União, esperança. | “Sufoco, tensão e alívio só no final” | Sofrimento. Alegria. Desconfiança. |
Super | Neymar chorando sentado no gramado. | Frustração, derrota. | “Vitória chorada” | Alegria. Desconfiança. Desqualificação da vitória. |
Folha | Neymar sentado na grama e cinegrafistas registrando seu drama. | Frustração, derrota, pequenez do “grande astro” do time. | “Tenso, Brasil derrota Costa Rica e vence 1o jogo na Copa” | Sofrimento. Alegria. Desconfiança. |
Fonte: Elaborada pelos autores (2021)
Brasil e Sérvia (2x0): união e otimismo
Imagem 3 - Capas dos jornais após o terceiro jogo do Brasil
Fonte: Acervo do portal Ver Capas (2018)
Tabela 4 - Síntese do enquadramento dos jornais após o terceiro jogo
Jornais de 28/06 | Análise imagética | Análise textual | ||
Foto principal | Sentidos conotados | Título | Sentidos conotados | |
O Globo | Jogadores abraçados, com destaque para Thiago Silva. | União. | “Brasil mostra força do talento ao vencer a Sérvia” | Garra. Esperança. Exaltação. |
Super | Plano geral da torcida. Jogadores abraçados, com destaque para Thiago Silva. | União. Felicidade. | “Que venha o México!” | Esperança. Exaltação. |
Folha | Plano geral da torcida comemorando a vitória do Brasil. Torcida alemã lamentando a derrota do time. | Felicidade. União. | “Brasil ganha da Sérvia, se classifica e pega México nas oitavas” | Sobriedade: time apenas cumpriu mais uma etapa. |
Fonte: Elaborada pelos autores (2021)
Brasil e México (2x0): euforia
Imagem 4 - Capas dos jornais após a estreia do Brasil
Fonte: Acervo do portal Ver Capas (2018)
Tabela 5 - Síntese do enquadramento dos jornais após o quarto jogo
Jornais de 03/07 | Análise imagética | Análise textual | ||
Foto principal | Sentidos conotados | Título | Sentidos conotados | |
O Globo | Neymar, de braços abertos, é carregado nos ombros de Paulinho. | Imponência. Heroísmo. Glória. | “Decisivo, Neymar leva o Brasil às quartas” | Esperança (na seleção e no craque). Genialidade. |
Super | Neymar correndo batendo a mão no peito. | Virilidade. Orgulho. Imponência. Confiança. | “O Neymar que o Brasil quer” | Esperança (na seleção e no craque). Genialidade. |
Folha | Imagem dos jogadores comemorando com brincadeira no gramado. | Felicidade. Confiança. Coletividade. | “Pela 7ª Vez consecutiva, Brasil está nas quartas de uma Copa” | Esperança. Tradição. |
Fonte: Elaborada pelos autores (2021)
Brasil e Bélgica (2x0): (de volta à) decepção e realidade
Imagem 5 - Capas dos jornais após o quinto jogo do Brasil
Fonte: Acervo do portal Ver Capas (2018)
Tabela 6 - Síntese do enquadramento dos jornais após o quinto jogo
Jornais de 07/07 | Análise imagética | Análise textual | ||
Foto principal | Sentidos conotados | Título | Sentidos conotados | |
O Globo | Neymar ajoelhado em campo, sendo consolado por um jogador belga. | Derrota. Fracasso. Decepção. Solidariedade. | “Bélgica dá xeque-mate no Brasil” | Frustração. |
Super | Neymar leva as mãos à cabeça, ajoelhado em campo. Montagem com o “mascote” da Copa chorando. | Fracasso. Decepção, Tristeza. Humor. | “O canário era belga” | Ironia. Tristeza. |
Folha | Neymar agachado e apequenado no fundo da imagem. No primeiro plano, as pernas dos jogadores belgas, sugerindo que estão abraçados. | Pequenez do craque. Esvaziamento do lugar de ídolo. Decepção. | “Brasil perde nas quartas da Copa pela 3ª vez nesse século” | Frustração. Fraqueza. |
Fonte: Elaborada pelos autores (2021)
Síntese interpretativa
O acontecimento Copa do Mundo na Rússia gerou uma série de enquadramentos sobre os mais diversos temas, inclusive sobre a nossa seleção de futebol. Ao analisar as capas dos jornais nacionais, percebemos que a seleção canarinho ainda é capaz de despertar paixão e produzir laços de solidariedade entre os brasileiros.
Na estreia do Brasil, o empate com a Suíça foi narrado em tom de decepção pelos três veículos. Decepção por não termos apresentado ao mundo nossa força, por não termos realizado um jogo emocionante no qual nossos craques criariam belas jogadas nas quais a genialidade dos nossos jogadores ficasse evidente. Nosso principal atleta à época, Neymar Jr., teve uma participação discreta. Apesar disso, ao projetar os jogos seguintes, o discurso dos jornais tentou manter um tom otimista, trazendo a possibilidade de vitória para a ordem discursiva. Para O Globo, aquela “não era hora para mudanças drásticas” no elenco (VER CAPAS, 2018f). Segundo a Folha, foi “um tropeço que deve ser tratado como tal, sem drama nessa Copa” (VER CAPAS, 2018a). E, para o Super, coube a convocação da torcida: “Agora é torcer para a seleção pegar no tranco. E que venha a Costa Rica!” (VER CAPAS, 2018k).
Na segunda partida, a vitória contra a fraca seleção da Costa Rica foi descrita pelos três jornais como difícil, mas os gols ao final diminuíram a sensação de decepção e trouxeram alívio para os torcedores brasileiros. A Folha deu destaque à dificuldade do jogo (“Tenso, Brasil derrota Costa Rica e vence 1º Jogo na Copa”), o Super foi sintético e enfático (“Vitória chorada”), enquanto O Globo resumiu o sentimento do torcedor brasileiro (“Sufoco, tensão e alívio no final”). Os quadros de sentido acionados enfatizaram o choro do nosso maior craque ao final do jogo. Situação que não foi bem recebida pela mídia em geral: enquanto alguns desconfiaram da legitimidade daquela manifestação de Neymar, outros lembraram a Copa de 2014, quando a instabilidade emocional do time brasileiro foi apontada como a causa do vexame em casa. Tal enquadramento ressalta que a “fragilidade” e a “falta de equilíbrio” não são aspectos bem quistos na discursividade em torno de jogadores da seleção.
No terceiro jogo, a vitória contra a Sérvia também apresentou um enquadramento consensual entre os três jornais analisados, no qual a união da equipe foi decisiva para o placar favorável. No discurso predominante, Neymar deixou o centro das atenções e os outros jogadores ganharam espaço. Manifestações de empolgação, como na manchete do Super (“Que venha o México!”) apareceram de forma mais incisiva e as notícias sobre a eliminação precoce da Alemanha, nosso algoz na última Copa, dividiram o espaço da capa com a vitória do Brasil, aumentando a sensação de euforia e confiança para o leitor dos jornais.
No quarto jogo da seleção brasileira, o quadro evolutivo sugerido nas edições anteriores foi confirmado com a boa vitória contra a equipe do México. O Globo e o Super destacaram o fato de Neymar ter sido fundamental para a vitória. Além da sua imagem, seu nome apareceu pela primeira vez nas manchetes desses jornais. Após aquele jogo, o enquadramento sugeriu que a euforia tomou conta do país e o discurso do herói ganhou força. “Exemplar”, “fundamental”, “decisivo”, o “destaque da partida”, o “Neymar que o Brasil quer”, “o melhor em campo” — foram algumas das expressões utilizadas pelos veículos para enquadrar a atuação do atleta. Neymar foi discursivamente tratado sob um tom glorioso, quase divinal — o herói seguia seu caminho, conduzindo a equipe (e a todos nós, juntamente) em direção ao topo.
No entanto, a derrota para Bélgica acabou com o sonho dos brasileiros de mostrar ao mundo um belo futebol e de confirmar nossa hegemonia. Os jornais utilizaram imagens e textos que expressavam a frustração com o resultado e focaram novamente na imagem de Neymar para enquadrar a derrota. Ajoelhado (O Globo e Super) ou agachado (Folha), sua linguagem corporal comunicava derrota, fracasso e decepção. A trajetória da seleção, que vinha sendo enquadrada em um sentido ascendente, sinalizando para uma vitória épica, acabou terminando com um final melancólico.
Quando o time falhou em vencer seu desafio, impossibilitando-nos de vivenciar novamente um Brasil em comum, onde somos todos iguais no nosso orgulho pela nossa seleção, foi necessário achar uma explicação plausível para esse fracasso — uma verdade legítima que explicasse a realidade experienciada. Nesse momento, boa parte da crítica esportiva optou por discursos que se distanciaram de uma racionalidade lógica. Lógico seria se, por exemplo, fossem ressaltadas as mudanças ocorridas no futebol nos últimos anos, inclusive no Brasil, e como essas alterações têm impactado na nossa hegemonia já há um bom tempo.
Nesse sentido, é possível notar tanto nos títulos como nas imagens a presença de traços de valores românticos nos discursos veiculados pelas capas de jornais, como a valorização da liberdade e da criatividade que deveriam ter sido encarnadas pelos nossos melhores jogadores, especialmente Neymar — a materialização da figura do gênio, a idealização de um futebol que só existiu no passado remoto. Percebeu-se ainda a sobreposição da emoção sobre a razão nas manchetes e também nas imagens, especialmente aquelas em que a emoção dos jogadores é valorizada, como a de Neymar Jr. chorando após o jogo, do time unido durante a comemoração do gol contra Costa Rica ou nas imagens de vitória contra Sérvia e o México — momento em que essa emoção chegou ao pico. Podemos detectar, enfim, imagens intensas e apaixonantes.
Considerações Finais
O artigo analisou as estratégias utilizadas pela mídia impressa, mais especificamente as capas dos jornais brasileiros com maior circulação em 2018 (Folha de São Paulo, Super Notícias e O Globo), para enquadrar a atuação do Brasil na Copa do Mundo FIFA. Nesse exercício, recorremos a um método de base semiótica e às noções de Acontecimento, Enquadramento, Discurso e Romantismo como apoio para a reflexão.
Em virtude da boa atuação dos jogadores brasileiros diante do comando de Tite, havia uma expectativa de que a seleção obtivesse um desempenho de campeões e que os jogadores se consagrassem como heróis. Assim, ao final do quinto jogo, a performance do time foi enquadrada pelas capas dos jornais como decepcionante. Não apenas porque não foi capaz de conquistar o título, de nos encher de orgulho por sermos brasileiros e de recuperar nossa hegemonia abalada desde a Copa de 2014, mas, principalmente, por não ter apresentado ao mundo a “essência” do nosso futebol, ou seja, um futebol dinâmico e criativo, cheio de jogadas desconcertantes, realizadas pelos nossos gênios da bola desde tempos imemoriais.
Essa decepção foi expressa por meio de tons românticos, entendendo as qualidades românticas como uma mentalidade que se afasta do racionalismo iluminista baseado em uma lógica aristotélica e se utiliza de outras chaves para compreender o mundo, especialmente a emoção, a nostalgia e o culto à genialidade.
Ao percorrer um caminho inicialmente ascendente de expectativas que culminou em um patamar de frustração, o acontecimento Copa do Mundo 2018 também lançou questões sobre alguns aspectos da relação da sociedade brasileira com o futebol. Ainda somos a nação canarinho? Orgulho, confiança, união, vitória continuam a se apresentar como gramáticas valorativas que sustentam nossa ligação com este esporte e, consequentemente, como toda uma coletividade de torcedores?
A partir das análises, nos parece que sim, tal configuração permanece, apesar de termos ciência de que a maneira como hoje se joga futebol e se torce para os times e seleções é bem diferente de vinte, trinta anos atrás. No entanto, a grande maioria dos torcedores brasileiros (entre eles, os narradores, os analistas profissionais e os jornalistas) ainda anseiam por um esquadrão nacional composto por jogadores geniais como aqueles da geração de 1970, que sejam comandados por um craque à altura de Pelé, ou com o talento de Zico (HELAL, 2001). Ou, pelo menos, que seja capaz de, com as suas vitórias, permitir o nosso retorno, ainda que temporário, a uma espécie de Arcádia verde amarela em que éramos os melhores e vivíamos felizes com essa realidade.
Por fim, é importante ressaltar que esse estudo é um exercício analítico que possui limitações e possibilidades de expansão. O método elencado exigiu dos autores o acionamento de um fazer interpretativo que, em nenhuma hipótese, pretende fornecer o sentido “real” dos discursos. Desse modo, nos aproximamos do pensamento de Ricoeur (1976) para quem mesmo o ato narrativo que se propõe a ser “real” não escapa de uma dose de fabulação. Nem por isso, ele deixa de ser verossímil, uma vez que este aspecto poético (e não meramente constatativo) é ancorado em uma realidade possível de ser imaginada, narrada e entendida.
Não podemos nos esquecer de que os jornais tentaram explicar os jogos não apenas para aqueles que não assistiram às partidas, mas também para os que as viram. Um possível desdobramento deste estudo seria a realização de uma comparação entre as narrativas dos jornais e uma amostra dos torcedores que acompanharam os jogos, no sentido de buscar consonâncias ou rupturas na rede semântica. Um ferramental, como um trabalho de recepção, seria um bom indicador para esta proposta investigativa.
Notas
[1] Neste estudo, tratamos a equipe simplesmente como “seleção” ou “seleção brasileira”, dispensando a nomenclatura oficial. Para saber mais sobre o time e as outras formações futebolísticas sob direção da CBF, como a equipe feminina, recomendamos a leitura de: <https://bit.ly/3zwsvOi>. Acesso em: 24 maio 2021.
[2] É importante lembrar que, nesse momento histórico, o Brasil passava por uma grande crise econômica e política. Após o impeachment de Dilma Rousseff (em 2016), o governo Michel Temer (PMDB) não entregou o crescimento econômico que prometera, havia um considerável desemprego, o ex-presidente Lula (PT) encontrava-se preso e presenciávamos um quadro de grande instabilidade política, no qual o deputado federal Jair Messias Bolsonaro (PSL) apresentava chances reais de ser eleito — o que de fato aconteceu. O clima no país era de forte tensão. A chegada da Copa da Rússia, com grandes chances de vitória, significou uma possibilidade de alívio para o brasileiro.
[3] Jornais de maior circulação à época da Copa do Mundo 2018, respectivamente, de acordo com o Instituto Verificador de Comunicação (IVC).
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