Música e som nos curtas-metragens de Jean-Luc
Godard dos anos 1950
Luíza Beatriz Alvim[1]
Resumo: Jean-Luc Godard fez cinco curtas-metragens nos anos 1950: Operação concreto (Opération béton, 1954), Uma mulher
faceira (Une femme coquette, 1955), Charlotte
e Véronique:
todos os rapazes se chamam Patrick (Charlotte et Véronique:
tous les
garçons s´appellent
Patrick, 1957), Charlotte e seu namorado (Charlotte
et son
Jules, 1959), além de Uma história de água (Une
histoire
d´eau), filmado por Truffaut em 1958 e montado
por Godard posteriormente. Por meio da identificação das peças
musicais e de análise fílmica das relações da música com as imagens e com os
outros sons, objetivamos ressaltar aspectos formais da distribuição dos trechos musicais ao longo desses filmes, além de associações de significados. Observamos,
assim, várias
características importantes da obra posterior de
Godard já presentes nesses curtas: o uso de peças preexistentes do repertório clássico, como as de
Beethoven, compositor prevalente ao longo de toda a
obra do diretor; a repetição da mesma música num só filme e/ou o retorno das
mesmas peças musicais em filmes distintos, com o reaproveitamento constante de
materiais ao longo da obra; a fragmentação da música em pontos não usuais,
causando estranhamento no espectador; a presença de um comentário over verborrágico.
Palavras-chave: Jean-Luc Godard; Curta-Metragem; Música; Som; Análise Fílmica.
Music and sound in the short films by Jean-Luc
Godard of the 1950’s
Luíza Beatriz Alvim[2]
Abstract: Jean-Luc Godard made five short
films in the fifties: Operation concrete (Opération béton, 1954),
A Coquettish Woman (Une femme coquette, 1955), Charlotte and Véronique, or: All the Boys are Named Patrick (Charlotte et Véronique: tous les garçonss´appellent Patrick, 1957), Charlotte and Her Boyfriend (Charlotte et son Jules, 1959), besides A Story of Water (Une histoire d´eau), filmed by Truffaut in 1958 and edited by Godard later on. Through the identification of the musical pieces and film
analysis of the relations of music with images and
other sounds, we aim to emphasize
formal aspects of the distribution of musical pieces throughout these films, as
well as associations of meanings. Many important characteristics present in Godard’s later filmography can already be seen in those shorts: the use of preexisting pieces of classical repertoire, as
those of Beethoven, a prevalent composer in Godard’s filmography; the
repetition of the same music in a movie and/or the return of the same musical
pieces in different films, with the constant reuse of
materials; the fragmentation of one music piece in unusual points, which may
cause defamiliarization in the spectator; the presence of a voice
over marked by a verbiage.
Keywords: Jean-Luc Godard; Short Film;
Music; Sound; Film Analysis.
Introdução
Cineasta essencial do movimento que ficou conhecido como Nouvelle Vague francesa, Jean-Luc
Godard fez quatro curtas-metragens nos anos 50, antes do primeiro longa Acossado (À bout de souffle, 1960): Operação concreto (Opération béton, 1954[1]), Uma mulher faceira (Une femme coquette, 1955), Charlotte e Véronique: todos os rapazes
se chamam Patrick (Charlotte et Véronique: tous les garçons s´appellent Patrick, 1957) e Charlotte e seu
namorado (Charlotte et son Jules, 1959). Além disso, o curta Uma história de água (Une histoire d´eau 1958), filmado por François Truffaut, foi
montado por Godard (que, por isso, recebeu também o crédito de diretor).
Nesses
cinco curtas-metragens, encontramos características presentes em filmes
posteriores do diretor, como o uso de música preexistente do repertório
clássico (há obras de Bach, Händel, Beethoven e
Mozart) e a repetição das mesmas peças musicais em filmes diferentes ou dos
mesmos trechos ao longo de uma película.
Claudia
Gorbman (2007) considera que o emprego de música
preexistente é uma maneira como se manifesta o que chama de “música de autor”. Gorbman incluiu Godard numa lista de “diretores melômanos”,
que vêem na escolha da trilha musical um modo
importante de controle sobre esse aspecto do filme, normalmente sob a
responsabilidade de um compositor.
Ainda
que Gorbman, em seu estudo, se restrinja ao período
contemporâneo, o procedimento de utilizar músicas preexistentes foi bastante
característico dos anos 1960 (com exemplos já nos anos 1950), em obras de
diretores como Robert Bresson, Luchino Visconti, Ingmar Bergman e Stanley
Kubrick, entre outros. A grande especificidade de Godard é o modo fragmentado
como ele emprega tais peças, cortando a música “em qualquer lugar”, o que, por
vezes, funciona junto ao espectador como um efeito de estranhamento e chama a
atenção para a música em si.
Stenzl (2010) considerou o período
inicial da carreira de Godard como aquele em que, caracteristicamente, o
diretor trabalhou ao lado de compositores. Mesmo assim, verificamos que, de 29
filmes realizados por ele entre 1954 e 1968, em 15 deles há um uso
significativo de música preexistente do repertório clássico (ALVIM, 2017a).
Nos cinco curtas-metragens dos anos
1950, além do uso predominante do elemento musical, há uma grande presença
do comentário over
(de autoria do próprio Godard), características comuns a esse tipo de produção do mesmo período, especialmente documentários. Para citar só
diretores que também foram agrupados na Nouvelle Vague (considerados como a sua “Margem Esquerda”), temos os exemplos de Alain
Resnais, Agnès Varda e Chris Marker. Isso acontecia muito em função dos
incipientes aparelhos de captação de som direto (embora Godard tenha usado a
pesada aparelhagem da época em Operação concreto[2]), por contenção de custos, mas também por causa da
estética apreciada nesses documentários dos
anos 50[3].
Esses
primeiros cinco curtas de Godard são pouco estudados e Uma mulher faceira chegou a ser
considerado como perdido ou inacessível (VISHNEVETSKY, 2014). O próprio cineasta, assim como seus colegas do grupo da revista Cahiers du Cinéma, naquela época,
consideravam o formato apenas como um
passo inicial para o longa. Não chegaram, por exemplo, a assinar o manifesto do
“Grupo dos 30”[4], em 1953, a favor da valorização do curta-metragem. Tal fato não deve ser tomado
como um critério para se desconsiderar essa produção de Godard. Seus
curtas não se resumem apenas como uma fase antes dos longas-metragens e características comuns do
uso da música estão presentes em obras audiovisuais
tão intrigantes do diretor quanto nas
séries de vídeos curtíssimos de 20 a 30 segundos, [Closed] (1987/1988), encomendadas pelos
estilistas Marithé
e François Girbaud[5].
Propomos, então, uma análise fílmica dos
primeiros curtas-metragens de Godard, em que
ressaltamos aspectos formais da
distribuição dos trechos musicais ao longo do filme[6]. Isso é importante para observarmos suas
eventuais relações com as formas das peças musicais de onde os segmentos foram
retirados (por exemplo, rondó, abertura francesa,
etc), tal como fizemos em trabalhos anteriores (ALVIM, 2017b). Em nosso método,
as associações extra-fílmicas vindas do contexto inicial das peças musicais
preexistentes são por vezes evocadas com mais ênfase, pois acreditamos que traços delas são transmitidos ao
filme. Dentro da análise da relação
sonora e imagética, destacamos semelhanças entre
os andamentos/caráter da música e conteúdos das imagens, baseando-nos em clichês atuantes como convenções culturais do emprego
musical desde o início do cinema e mesmo os já vindos
do campo próprio da música. Também observamos a
relação da música com os outros elementos sonoros. Esses aspectos são relacionados a práticas efetuadas na produção posterior de
Godard.
Operação concreto (1954)
Operação concreto foi realizado
quando Godard estava trabalhando como telefonista na barragem da Grande Dixence
na Suíça, sua terra natal. Aproveitou, então, para realizar um documentário
sobre a cimentação da barragem, financiando-o com seu salário e vendendo-o à própria companhia da
Grande Dixence (BAECQUE, 2010).
É um curta-metragem amador, embora tenha sido
filmado em 35mm e contado com a pesada aparelhagem de som direto da época
(THOMAS, 2005b; BAECQUE,
2010). Apesar do uso desse aporte técnico sonoro, notamos a presença da voz
over do próprio diretor
e da música como elementos sonoros essenciais na banda sonora do filme. Por
outro lado, Baecque (2010) relata que, tendo se responsabilizado ele mesmo pelo
som, Godard queria gravar cada ruído no seu próprio
local original, num verdadeiro fanatismo por uma, assim considerada,
“fidelidade sonora”.
As peças musicais do filme são todas preexistentes. Mesmo
que isso se deva, talvez, mais a questões práticas e econômicas no caso
específico desse primeiro filme, é uma característica
prevalente na obra de Godard como um todo. As peças são: o primeiro movimento (Allegro) do Concerto n.3 de Brandenburgo BWV1048 em
Sol Maior, de J.
S. Bach, e vários movimentos do Concerto Grosso op.6 n.5 HWV323 em Ré
Maior, de Georg Friedrich Händel. Este último, embora tenha a mesma
peça reempregada no filme seguinte de Godard, não foi, diferentemente de Bach,
um compositor comum nas realizações cinematográficas do diretor.
Em quase todo tempo de duração do curta, Godard deixa a música ao fundo, mesmo quando submersa em meio aos
ruídos das máquinas e à voz over. Apesar de fascinado pelo som direto, o
diretor talvez ainda não se sentisse seguro para alçá-lo a elemento sonoro
principal. Na tabela 1, colocamos reticências nos momentos
em que a música está quase inaudível e somente entre 13 minutos e 14 minutos e
22 segundos de filme parece-nos que efetivamente ela não está presente.
Tabela 1 - Trechos musicais em Operação concreto
Tempo |
Peça musical,
movimento |
No filme |
0´- 6´16´´: 0´- 1´29´´ 1´30´´ - 3´49´´? 3´50´?´- 6´18´´ |
Concerto grosso
op.6 n.5
de Händel: Abertura (Larghetto e staccato) I |
Título, tomada
aérea das montanhas, da barragem, letreiro explicativo. Plano mais próximo. |
Allegro II [...] |
Continuação.
Trator e começo da voz over. Escavadeira, caminhões,
preparo do cimento. Tomada aérea. |
|
[...] Allegro V |
Tomada aérea.
Esteira com cimento. Operários trabalhando e planos próximos dos rostos.
Máquinas. Planos gerais do teleférico de transporte de material. |
|
6´19´´- 13´ |
Concerto de
Brandenburgo n.3 de Bach, I (Allegro) |
Esteira. Homens
controlam painel. Tomada aérea do exterior. Teleférico de transporte. Homens
trabalham. Planos gerais da barragem. Homens se comunicam por telefone. |
14´22´´- 16´34´´ |
Concerto grosso
op.6 n.5 de Händel: [...] Minuetto VI |
Homens se
comunicam. A concretagem. Planos gerais da barragem. Créditos finais sobre
imagem da montanha. |
Fonte: ALVIM (2021)
Um dos momentos do filme em que a música ganha ênfase é o
seu início, quando, ao som da Abertura (Larghetto e staccato) do Concerto grosso de Händel, vemos imagens das montanhas
nevadas e da barragem em tomadas aéreas, sendo os letreiros explicativos os
únicos elementos que podem distrair o espectador em sua escuta. A música é no
estilo das aberturas das óperas barrocas francesas de
Lulli, cuja primeira parte, de andamento lento e um caráter majestoso,
conferido em parte pelos ritmos pontuados, combina com a imensidão das
montanhas em plano geral[7]. Por outro lado, há como novidade, na
abertura de Händel utilizada por Godard, o fato de
ser precedida pelo violino solista em dois compassos, como que chamando a
atenção para o que vai acontecer, algo que também transmite um efeito
interessante ao filme.
O Allegro II é de escuta
bastante comprometida pela concomitância do comentário over de Godard e dos
ruídos das máquinas, assim como a passagem do Allegro II para o Allegro V. Junto com a maior
rapidez dos andamentos, sentimos a urgência da cimentação
da barragem, além de um maior destaque dado aos trabalhadores,
vistos em planos próximos.
Então, no plano da esteira com o cimento concreto,
começamos a ouvir o primeiro movimento do famoso Concerto de Brandenburgo n.3 em Sol
Maior de Bach. O
final do movimento fica quase inaudível por causa das vozes dos trabalhadores em comunicação por telefonia: elas se tornam,
nesse momento, o grande atrativo sonoro do documentário.
Finalmente, temos o Minueto, sexto movimento do Concerto grosso op.6 n.5 de Händel (no início, também quase
inaudível). A maior lentidão da música (caráter
indicado como Un poco larghetto) em relação aos trechos Allegro anteriores, além de marcar o final do
filme, faz com que a estrutura dele como um todo seja também semelhante à da já
evocada abertura francesa, a saber, lento-rápido-lento.
O curta termina junto com a
cadência final em Ré Maior, tonalidade considerada segundo a tabela da Energia
dos modos do compositor barroco Marc-Antoine Charpentier como “alegre e
guerreira”[8]. Durante o filme, essa tonalidade é
predominante e podemos fazer uma aproximação do
caráter atribuído por Charpentier ao conteúdo geral do filme, que mostra uma
energia alegre e contumaz empregada na construção da barragem.
Uma mulher faceira (1955)
Com o dinheiro obtido com o primeiro curta-metragem, Godard
realizou, também na Suíça, Uma mulher faceira. Primeiro filme de ficção do diretor,
contém vários temas que serão frequentes em sua filmografia, como a
prostituição[9] e a marivaudage (palavra originada do nome do autor
teatral Marivaux, do século XVIII, cujas comédias continham comumente galanteios e quiprocós amorosos). É um filme amador, realizado em 16
mm, cujos atores eram do círculo de amizades de Godard. A história é baseada no
conto de Guy de Maupassant, Le signe (“O sinal”), em que uma mulher da alta sociedade observa os sorrisos e gestos de uma prostituta à janela
para os eventuais clientes e, fascinada, resolve fazer o mesmo.
O
diretor lança mão das mesmas peças
preexistentes que já havia empregado no curta anterior (tabela 2). Longe de ser
apenas uma razão prática e econômica, esse retorno
das mesmas composições em diversos filmes é característico da
filmografia de Godard, tal como demonstramos em artigo anterior (ALVIM, 2016),
numa reutilização de materiais, base do processo de found footage. Por causa da constante circulação de componentes de um filme para
outro, Leutrat (apud WITT, 2013)
definiu a cinematografia de Godard como “protoplasmática”.
Tabela 2 - Trechos musicais em Uma mulher faceira
Tempo |
Peça musical, movimento |
No filme |
0 - 2´09´´ |
Concerto grosso op.6 n.5 de Händel, Allegro II |
Créditos. Protagonista
escreve carta para amiga. Observa prostituta à janela. |
2´10´´- 8´39´´ |
Concerto de Brandenburgo n.3 de Bach, Allegro I |
Cliente (Godard).
Protagonista sorri para homem em parque. Ela foge, ele a persegue. |
8´40´´- 9´18´´ |
Concerto grosso op.6 n.5 de Händel, Minuetto VI |
O homem agarra a mão dela
para pegar a chave. Ela continua a história na carta. |
Fonte: ALVIM (2021)
A música está presente em todo o filme, junto apenas à voz over da protagonista
(vivida por Marie Lysandre na tela, mas a voz é de Anne Collette). O texto é
oriundo de uma carta para uma amiga, o que reforça as raízes literárias do filme.
O Allegro II de Händel, que havia ficado quase inaudível em muitos
momentos em Operação
concreto, aqui se torna bem mais evidente,
estando já nos créditos iniciais. Com o começo da narração over, sua escuta se torna mais difícil e
vemos, depois, a protagonista nas ruas de Genebra
observando a prostituta à janela, que sorri para os prováveis clientes.
No exato momento em que um deles aparece, interpretado pelo
próprio Godard (um fato marcante, assim como a troca para uma música bem
conhecida), passamos a ouvir o Allegro do Concerto de Brandemburgo n.3 de Bach, que ocupará quase todas as
peripécias do filme: a tentativa da protagonista de
atrair o primeiro homem encontrado, seu medo diante da conquista, sua fuga, a
perseguição e a chegada do homem à casa dela. Toda essa movimentação lembra-nos
a atividade das máquinas no
curta-metragem anterior. É um exemplo
do que defendemos: que vestígios de significados presentes em filmes anteriores
sejam transmitidos à reutilização da mesma música em obras seguintes.
Passamos a ouvir os compassos de abertura bem mais lentos
do Minueto de Händel quando o homem agarra a mão da protagonista e tenta tirar dela a chave do
apartamento. Voltamos, então, a ver a personagem escrevendo a carta à amiga e
contando o restante da história. O tom maior[10]e a tranquilidade do andamento do Minueto nos transmitem a ideia de que a aventura não terá maiores consequências.
Diferentemente de Operação concreto, a estrutura geral do filme não pode
ser associada à da abertura de ópera francesa, tendo Uma mulher faceira começado com o Allegro de Händel, um movimento rápido,
seguindo-se outro (o Allegro de Bach). Por outro lado, de maneira
semelhante à estrutura tripartite ABA’ de várias formas musicais (como as
aberturas), Händel está “emoldurando” a peça de Bach, assim como as imagens da
escrita da carta o fazem com as peripécias do filme. Esse
importante caráter estrutural da música na forma do filme também é recorrente
em outras obras de Godard, como em Uma mulher casada (Une femme mariée, 1964), em que o segundo movimento do Quarteto op.59 n.3 de Beethoven marca o início, o meio e o
final do filme, numa história que também tem o tema
da infidelidade feminina.
Todos os rapazes se chamam Patrick: Charlotte e Véronique (1957)
Esse terceiro curta-metragem de Godard é o
primeiro que pode ser considerado como profissional, além de marcar a volta do diretor à França e ao grupo dos Cahiers du Cinéma. Fazia parte de um
projeto conjunto com Éric Rohmer, que assina o roteiro (THOMAS, 2005b): as
personagens Charlotte e Véronique (quase sempre interpretadas pelas mesmas
atrizes Anne Colette e Nicole Berger) seriam as
protagonistas de uma série de contos morais, bem ao estilo de Rohmer, dos quais
apenas quatro foram filmados — além deste filme, temos Charlotte e seu
bife (Présentation ou Charlotte et son steak, de Rohmer,
filmado em 1951, mas finalizado só em 1960), Véronique e seu
aluno preguiçoso (Véronique et son cancre, Rohmer, 1958) e Charlotte e seu
namorado (Godard, 1959), que analisaremos ao final.
No filme de 1957, as amigas Charlotte e Véronique
dividem apartamento em Paris e são abordadas, uma a
cada vez, por Patrick (Jean-Claude Brialy) no Jardin du Luxembourg. As moças
marcam encontros com ele, mas descobrem, no dia seguinte, que o rapaz conhecido
por ambas se tratava do mesmo Patrick.
Apesar do roteiro ao estilo de Rohmer, há uma leveza na direção de atores
impressa por Godard e este é o primeiro filme em que o diretor utilizou uma peça de Beethoven
(compositor onipresente até hoje em sua filmografia), o Rondó Leichte Kaprice,
alla ingharese (“Capricho ligeiro,
à moda húngara”) op.129. Há também a presença de
canções populares e jazz (a música original é de Robert Monsigny), mas a
tabela 3 se restringe aos trechos de Beethoven. Nomeamos os trechos com letras,
como nas designações das formas musicais, sendo A o trecho que é constantemente
repetido, seja igual, com apenas uma de suas frases
ou com variações rítmicas (que
chamamos de A´, A´´ etc) ou harmônicas (em que
designamos a tonalidade).
Tabela 3 - Trechos do Leichte Kaprice de Beethoven em Todos os rapazes se chamam
Patrick
Trecho |
Tempo |
Compassos |
Descrição do
trecho musical |
Sequência no
filme |
1 |
0´- 37´´ |
1 – 56 |
A |
Créditos
iniciais. Charlotte e Véronique no apartamento. |
2 |
1´02´´- 1´15´´ |
272 - 291 |
A´+ B |
Música do rádio. |
3 |
1´19´´- 1´37´´ |
101 – 125 |
A´´+ C |
Charlotte no
Jardin du Luxembourg: abordagem de Patrick. |
4 |
3´13´´- 3´24´´ |
134 – 149 |
A´´´ |
Charlotte sem
responder a Patrick. Véronique entra no parque. |
5 |
4´34´´- 4´45´´ |
25 – 40 |
A2 |
Charlotte se
levanta e Patrick vai atrás dela. |
6 |
4´53´´- 5´09´´ |
1 – 24 |
A1 |
Charlotte
concorda em ir ao café com Patrick. Véronique se
aproxima do local do encontro com Charlotte. |
7 |
5´19´´ - 5´30´´ |
170 - 185 |
A em Lá b Maior +
D |
Véronique chega
ao local. Charlotte e Patrick no café. |
8 |
7´38´´- 8´25´´ |
204 – 267 |
transição +
variação de A em Si b Maior |
Patrick beija Charlotte, eles se despedem. Véronique desiste de
esperar. Patrick esbarra em Véronique e vai atrás dela. |
9 |
8´50´´- 9´13´´ |
79 - 96 + 154 – 169 |
A´´´´ + E + A em
Lá b Maior |
Charlotte entra
no metrô. Véronique vai ao café com Patrick. |
10 |
10´49´´- 10´55´´ |
1 – 8 |
A |
Patrick com
Véronique no café. |
11 |
17´51´´ - até o fim |
1 - 24 + 332 -438 |
A1 + F + A´´´´´´+
coda (sem alguns compassos) |
Charlotte e
Véronique vêem Patrick com outra garota. |
Fonte: ALVIM (2021)
A distribuição dos fragmentos do rondó de
Beethoven ao longo do filme cria quase outro rondó,
forma musical que consiste na repetição de um tema A (inteiro ou de uma de suas
frases, ou com variações rítmicas e/ou harmônicas), alternando com outras
seções (B, C). Porém, no curta de
Godard, as chamadas seções B, C, D, E e F são muito
fragmentadas, sendo, por vezes, um trecho mínimo e interrompido.Essa é uma uma
característica bastante comum em obras posteriores do diretor — por exemplo, na utilização dos quartetos de
Beethoven em O novo mundo (Le nouveau monde), de 1962, e em Carmen, de 1983. De todo
modo, chama bastante a atenção o constante retorno do tema A ou de suas
variações.
Figura 1- Primeira frase do tema A do Rondó Leichte Kaprice de Beethoven
Fonte: BEETHOVEN [1865]
Com exceção dos dois primeiros trechos musicais no filme, em que nos são apresentados tanto as
personagens Charlotte e Véronique quanto o tema musical do Rondó, e do último
trecho, em que se dá o
desenlace da história, em todos os
outros, Patrick aborda as protagonistas em momentos
alternados, leva-as para o café e lança mão de todo o seu
rol de estratégias de galanteios (como se vê na tabela 3). As variações rítmico-melódicas e
as diversas tonalidades em que o tema A é ouvido ao longo do filme (Lá bemol
Maior e Si bemol Maior) se associam às distintas
tentativas de Patrick de conseguir marcar um encontro amoroso com cada uma das
moças.
O Rondó de Beethoven é tão relacionado com
Patrick (quase que um leitmotiv dele) que, quando
Charlotte e Véronique se reencontram no apartamento, só ouvimos o jazz de Robert Monsigny
e canções. Daí haver tão pouco tempo
entre cada um dos trechos de 1 a 10 e um espaço tão grande entre os segmentos 10 e 11, quando, no dia
seguinte, as duas voltam às imediações do Jardin du Luxembourg e descobrem
Patrick em mais uma de suas conquistas, enquanto
ouvimos novamente o tema A variado.
Também já se nota nesse curta-metragem o trabalho de
montagem musical que Godard costuma fazer de fragmentos distintos de música. Um
exemplo disso está em Viver a vida (1962), em que partes das frases musicais de Michel Legrand são
conectadas para formar uma única faixa (BROWN, 1994). Vemos esse tipo de junção
nos trechos 9 e 11 da tabela, constituídos por dois extratos diferentes da
música de Beethoven.
Além disso, as
repetições do que chamamos de A, mesmo quando este se
refere especificamente ao trecho inicial do Rondó de Beethoven, não correspondem
exatamente aos mesmos compassos, tal como vemos nos trechos 1, 6 e 10 da
tabela. Esse procedimento de variação do momento de corte do mesmo trecho musical foi depois utilizado de maneira mais
radical por Godard no uso de quartetos de Beethoven em O novo mundo (1962) e no do
concerto de Vivaldi em A chinesa (La chinoise, 1967).
Loesch (2009) elenca razões para o caráter humorístico do Rondó de Beethoven: o tom “baixo-cômico” (niedrigkomisch, segundo a
linguagem do século XVIII) em partes da peça; aspectos cômicos relacionados
com a própria forma rondó, como as numerosas surpresas e brincadeiras
com as expectativas do ouvinte; a mistura de baixa
cultura (o caráter banal do tema) e alta cultura (o trabalho meticuloso com o
tema e as partes) na peça de Beethoven.
O humor é também a tônica do
curta-metragem de Godard, que funciona como as comédias de Marivaux,
caracterizada por conquistas amorosas, desencontros e
quiprocós: lembremos que Charlotte está, inicialmente, esperando por Véronique no Jardin du Luxembourg.Quando ela resolve ir com Patrick ao
café, a amiga chega ao parque e
não a encontra mais. Depois Véronique desiste de esperar por Charlotte e assim esbarra em
Patrick, provocando o recomeç0 do movimento de conquista por parte do rapaz.
Uma história de água (1958)
Godard acabou se encarregando de toda a montagem
desse curta-metragem, filmado por Truffaut no início de 1958[11] com a intenção de
criar uma história ficcional no contexto real de uma grande enchente que
inundou a periferia sul parisiense em 1958: uma jovem (Caroline Dim) sai da
cidade periférica de Villeneuve Saint-Georges para ir a Paris em meio à inundação e pega carona com um rapaz (Jean-Claude Brialy).Os dois flertam no
caminho e, finalmente, chegam à Torre Eiffel. Como observa Baecque (2010), o
título do filme é também uma referência
ao livro erótico de
Pauline Réage lançado em 1954, Histoire d´O (em francês, a pronúncia de Históire d´eau é praticamente a
mesma), com o qual podemos relacionar o aspecto do flerte.
Godard montou o material dez meses depois de sua
filmagem, empregando principalmente a narração over verborrágica do comentário
escrito por ele e lido pela atriz Anne Colette, além
de pontuações de sua própria voz — esse procedimento de dueto de vozes se aproxima do que
acontece em filmes ensaísticos do diretor, como Histoire(s) du Cinéma (1988 -
1998). O texto contém diversas citações literárias, que se
associam às imagens e à narração com bastante
humor. Há músicas de
diversos gêneros tocadas por uma ampla gama de instrumentos, como uma peça de
Mozart preexistente, jazz, ragtime, canções entoadas por
Anne Colette, acordeón e solos de percussão[12]. Estes últimos pontuam todo o filme e geralmente precedem o concerto de
Mozart, conferindo, segundo convenções de música no cinema,
movimento à narrativa e uma expectativa de novos acontecimentos.
A obra de Mozart utilizada foi o Concerto para
flauta, harpa e orquestra KV 299/297c, em seu segundo (Andantino) e terceiro (Allegro) movimento.
Diferentemente do que fizera em Todos os rapazes se
chamam Patrick, o procedimento predominante de Godard em Uma história de água é empregar os
extratos, em geral muito curtos, de forma sequencial
(ainda que o único trecho do segundo movimento seja o de encerramento do filme,
como vemos na tabela 4) e sem a repetição de um refrão, embora alguns dos
fragmentos do Allegro sejam variações
(ou seja, há um caráter repetitivo de todo modo). O
uso sequencial é algo que Godard volta a fazer posteriormente,
como na ordem geral dada às partes de diversos movimentos dos quartetos de
cordas n.9, 10, 14, 15 e 16 (desta forma, seguindo a numeração em ordem
crescente) de Beethoven em Carmen (1983).
Tabela 4 - Trechos do Concerto para flauta, harpa e orquestra de Mozart em Uma história de água
Tempo |
Movimento,
compassos |
Sequência no
filme |
1´30´´ - 1´34´´ |
III, 181.2 - 183.2 |
Rapaz traz botas
para a protagonista calçar. |
1´39´´ - 1´53´´ |
III, 185.2 - 196.1.2 |
Ela anda nas
áreas inundadas. |
2´05´´ -
2´15´´ |
III, 207 - 214.1.2 |
Ela rema no barco |
4´11´´ - 4´19´´ |
III, 215 – 220 |
Ela está no carro
onde pegou carona. O carro dá meia volta. |
9´40´´- 10´13´´ |
III, 221 – 246 |
O casal se
levanta do bosque, procura um barco e navega. |
11´10´´ até o fim |
II, 211 - 218 (fim) |
Tendo chegado a
Paris, eles avistam a Torre Eiffel. Créditos finais falados pela voz over de Anne Colette. |
Fonte: ALVIM (2021)
Os segmentos do Allegro de Mozart
acompanham as peripécias da moça para chegar a Paris.
O fato de ser um concerto para flauta e harpa combina com as imagens das águas
e com a maneira serena como os personagens encaram a inundação, se levarmos em
conta os clichês adotados ao longo da História do Cinema. Segundo Litwin (1992), o uso da harpa nos filmes evoca os sons aquáticos,
enquanto a flauta, no registro agudo, é comumente utilizada em momentos alegres e leves. Já
Porcile (1969) observa o uso frequente do instrumento sobre imagens de cursos
de água.
O único trecho do Andantino, com seu andamento
mais calmo, serve para marcar a chegada ao destino final tão almejado, Paris,
ironicamente simbolizado pelo seu cartão postal mais conhecido, a Torre Eiffel.
É também a música que termina o filme.
Charlotte e seu namorado (1959)
Filme de ficção, parte
da série com as personagens Charlotte e Véronique, foi realizado em 35 mm em
1959 e pode ser considerado como um pré-Acossado: há a presença de Jean-Paul Belmondo; há também uma semelhança da
aparência da protagonista Anne Colette (Charlotte),
loira e de cabelos curtos, com a Patricia de Jean Seberg; e, principalmente, nos dois filmes, há um longo
diálogo num quarto entre dois amantes.
Porém, diferentemente do longa-metragem, aqui, há
uma verborragia do protagonista masculino. Jean-Paul
Belmondo teve que ser dublado por Godard, pois o ator se encontrava em serviço militar (BAECQUE, 2010). Não se vê nenhuma
preocupação maior com a sincronia labial, como se Godard tivesse consciência de
ser o curta uma preparação para a obra subsequente ou
já o encarasse como uma experimentação com elementos sonoros, algo comum em sua
obra. Além disso, tal
aspecto aumenta a comicidade do filme.
A música de Robert
Monsigny tem por si só um caráter cômico (lembra uma música circense), que combina
com o nonsense da conversa e das
atitudes dos personagens.
Considerações Finais
Observamos que, entre os curtas-metragens iniciais de
Jean-Luc Godard e o que se seguiu com Acossado em diante, há
semelhanças na maneira de pensar e de utilizar os elementos sonoros, não devendo essas produções serem desconsideradas na
avaliação como um todo da obra do diretor (que consideramos, tal qual Leutrat,
como “protoplasmática”), mesmo que, na
época de sua realização, ele talvez os visse como um treino para o longa.
Nos dois primeiros
curtas (Operação concreto e Uma mulher faceira), a fragmentação dos trechos
musicais ainda é empregada de maneira tímida, mas a reutilização de peças
preexistentes do repertório clássico (com
transmissão de vestígios de seus significados) é um elemento
prevalente na filmografia do diretor. Podemos observar isso sob
o aspecto da grande movimentação do primeiro curta, evocado pela repetição do
mesmo concerto de Bach no segundo filme.
Nesses
primeiros curtas e em Uma história de
água, é importante também a presença da voz over, mais poética em Operação
concreto, enquanto o humor predomina em Uma
história de água. Nesses dois filmes temos a voz over do próprio Godard, algo também muito presente em sua
filmografia, especialmente na última fase. Em Charlotte e seu namorado, a voz do protagonista não é dessa
categoria, mas a dublagem (propositadamente) descuidada por Godard praticamente
a transforma em voz over. Embora o
corpo do diretor apareça rapidamente em Uma
mulher faceira, sua presença como ator é pequena em relação a filmes
posteriores de sua carreira. Nos outros três curtas, é a sua voz que se
inscreve.
É em Todos os rapazes se
chamam Patrick que os aspectos da fragmentação e da repetição
de trechos musicais ao longo do filme estão mais salientes, além de ser a primeira vez em que Godard utiliza música de
Beethoven, prevalente em toda a sua cinematografia, quase como uma marca do
diretor[13]. Nesse filme, diferentemente de Uma história de água,
a ordem dos trechos de música não é simplesmente uma sequência
em que aparecem nas peças de onde são oriundos, mas emula a própria forma
musical do rondó. A
distribuição dos trechos musicais de Operação concreto
e Uma mulher faceira,
com peças de Händel
emoldurando o Concerto de Brandenburgo
de Bach evocam também formas musicais ABA’. Observamos tais relações da distribuição de segmentos da mesma peça
preexistente com formas musicais em filmes de Robert Bresson (ALVIM, 2017b), diretor bastante admirado por Godard.
Destacamos
também que o uso de música preexistente do repertório clássico, presente de maneira exclusiva
ou preponderante em quatro dos cinco curtas, é uma característica marcante na
filmografia de Godard, especialmente em sua última
fase (ALVIM, 2017a;
STENZL, 2010).
Notas
[1] O ano
de 1954 é o de produção do filme,
assim como são datas de produção as que utilizamos para os outros curtas, com
exceção de Charlotte e seu namorado,
em que usamos a data de exibição (1959).
[2] O Nagra 3, aparelho portátil para som direto, não foi
utilizado nesses curtas dos anos 50 e nem nos
primeiros longas-metragens. Segundo Michel Marie (2013), só em Viver a vida (Vivre sa vie, 1962) é que o som direto entrou definitivamente na obra
de Godard, tal como podemos perceber nas diversas sequências em locação em
bares.
[3] Sobre a voz over como signo de modernidade nos documentários dessa época, ver em Breschand (2004).
[4] O “30” se refere à duração da obra.
François Thomas (2005a) explica que, em 1940, o curta-metragem é definido na
França por uma duração menor de 47 minutos e 30 segundos, sendo a noção de
“média-metragem” inexistente institucionalmente.
[5] Por
exemplo, num dos spots, há
um trecho muito curto do terceiro movimento do Quarteto para cordas op.132
de Beethoven, obra utilizada por Godard no longa-metragem Carmen (1983) e no vídeo encomendado pela Expo Suisse, Liberté et Patrie
(2002).
[6] Tal preeminência da forma do filme está presente no “modo
de narração paramétrico”, definido por Bordwell (1985) como aquele centrado no
estilo. Embora Bordwell considere Godard como um
cineasta “à parte” e o “modo paramétrico” seja
exemplificado pelo teórico principalmente por repetições de
elementos imagéticos, em nosso caso, o foco vai para as repetições dos
trechos musicais no filme e nos elementos formais gerais da utilização da música. As tabelas contidas nas análises
têm o objetivo de proporcionar
uma melhor visualização desses aspectos.
[7] Associamos a
suntuosidade da música ao plano geral, um valor acrescentado (CHION, 2011) pela
música às imagens. A suntuosidade é ainda maior se
considerarmos o tipo de interpretação da gravação utilizada.
[8] A tabela de Charpentier (evocada em ALVIM, 2017b) é
originária do próprio período barroco de Händel e Bach. Ela atribui
significados a cada tom (algo sempre dependente da cultura e das convenções aceitas em cada época) e é curioso conseguirmos
associá-la aos resultados da nossa análise.
[9] Em palestra no Oi Futuro Flamengo, no Rio de Janeiro, em 7
de maio de 2013, Dominique Païni observou a evocação da prostituição mesmo na
exposição montada por Godard no Centro Georges
Pompidou, em Paris, em 2006.
[10] O tom maior é, por convenções já
cristalizadas na música ocidental, associado a momentos alegres.
[11]
Baecque
(2010) apresenta duas versões para essa colaboração entre Truffaut e Godard. Truffaut não teria ficado satisfeito com o
material filmado, mas Godard, após vê-lo, propôs montá-lo. Já segundo o
produtor Pierre Braumberger, a
colaboração foi prevista desde o início.
[12] Segundo o
catálogo da mostra Godard
(PUPPO; ARAÚJO, 2015), são peças musicais extraídas
de filmes produzidos por Pierre Braumberger,
responsável também pela produção do curta.
[13] Ouvimos mesmo no penúltimo filme do diretor exibido em circuito
comercial no Brasil, Adeus à linguagem (Adieu au langage, 2014), o Allegretto da
Sétima Sinfonia de Beethoven.
Referências
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Asociación Argentina de Estudios de Cine y Audiovisual, n.13, p. 1- 23, 2016. Disponível em: http://www.asaeca.org/imagofagia/index.php/imagofagia/article/view/1089/0. Acesso em: 16 mar. 2021
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Beatriz. A música clássica preexistente no cinema de diretores da Nouvelle Vague
– anos 50 e 60. 2017. 272 p. Tese
(Doutorado em Música) - Programa de
Pós-Graduação em Música, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, 2017a. Disponível em: http://www.repositorio-bc.unirio.br:8080/xmlui/handle/unirio/11583.
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