Consumo, Violência e a constituição de identidades na
modernidade tardia
Marcia Perencin
Tondato[1]
Resumo:
O objetivo é discutir a constituição
de identidades, do ponto de vista da cultura do consumo, pensada no contexto da
sociedade midiatizada em que a violência é matéria-prima essencial tanto para
os conteúdos jornalísticos como nas relações estabelecidas no mundo virtual. São problematizadas as imbricações entre a cultura
do consumo e uma cultura da violência entendendo que esta intersecção se dá por
meio do simbólico, em especial no contexto midiático, como estratégia de
mobilização dos indivíduos em prol da manutenção das perspectivas hegemônicas.
A discussão desenvolve-se a partir do entendimento do consumo como referente fundamental para
conformação de narrativas sobre si e sobre o outro, compondo universos
simbólicos repletos de significações. A reflexão se dá com base em um
levantamento bibliográfico com foco em consumo, violência e identidade,
salientando o cultural do consumo, abarcando a violência simbólica e como isso
impacta a constituição de identidades na modernidade tardia. A violência é
pensada entendendo cultura do consumo e da violência como esferas refletoras de
significados ideológicos, que alimentam e são realimentadas pela mídia como
fonte e modeladora de informação e experiências sobre as mais diversas
questões.
Palavras-chave:
Comunicação; Consumo; Identidade;
Violência.
Consumption,
Violence and the constitution of identities in late modernity
Marcia Perencin Tondato[2]
Abstract:
The objective is to discuss identities constitution from the point of
view of consumer culture thought in the context of a mediatized society in
which violence is an essential material both for journalistic content and in
the relationship established in the virtual world. The imbrications between consumption culture and a violence culture are
problematized understanding that such intersection occurs by the symbolic,
especially on the media context, as a strategy for mobilizing individuals in
favor of maintaining hegemonic perspectives. The discussion is developed
from the understanding of consumption as a fundamental reference for shaping
narratives about oneself and about the other, composing symbolic universes full
of meanings. The discussion is based on a bibliographic survey focusing on
consumption, violence and identity, highlighting the cultural aspects of
consumption, encompassing symbolic violence and how it impacts the constitution
of identities in the late modernity. The violence is thought of as
understanding consumer culture and violence as reflecting spheres of
ideological meanings that feed and are re-fed by media as source and frame of
information and experiences on the most diverse issues.
Keywords: Communication; Consumption; Identity; Violence.
Introdução
A
base da discussão aqui apresentada é um cenário caracterizado pelo uso dos bens
de consumo na especificação das relações sociais, entendido o consumo como uma atividade cultural, a partir do qual significados são
atribuídos em um movimento de reflexão e refração entre funcionalidade e
simbolismo. Um consumo que não é apenas de sobrevivência, característico das sociedades
pré-industriais, ou de distinção, da elite e da burguesia do início da
modernidade. Esta reflexão problematiza as imbricações culturais entre uma
sociedade do consumo e contextos de expressão de violência simbólica, tomando
como pano de fundo a mídia como “textura geral da experiência”, implicando que
tudo faz sentido, tudo tem uma consequência comunicacional, especialmente no
cenário contemporâneo transpassado pelos mais diversos meios de comunicação,
institucionais ou interpessoais (SILVERSTONE, 2005).
Com base em um levantamento
bibliográfico de cunho “vertical”, ou seja, aprofundando as noções a partir de
autores selecionados conforme a hipótese implícita sobre a constituição de
identidades — como problematizada por Hall (2006), Woodward (2009), Bauman
(2008) e Giddens (2002) —, pretende-se responder a seguinte pergunta: quais são
as possíveis intersecções conceituais para se pensar o processo de constituição
das identidades do indivíduo inserido na cultura do consumo, assujeitado a uma
violência simbólica, naturalizada na sociedade e alentada pela mídia? A
discussão se dá segundo o entendimento de que vivemos em uma cultura do
consumo, em uma sociedade midiatizada, em que a vida cotidiana transcorre sob
uma cultura da violência, vivida nas ruas (e instituições), aprimorada pelos
espetáculos (DEBORD, 1997), atribuída à exclusão (BAUDRILLARD, 2007), carregada
de estereótipos e preconceitos (BAUMAN, 2008).
O objetivo é avançar nas discussões
acerca da constituição de um consumidor, sujeito da pós-modernidade,
caracterizado pelo individualismo, mas também por
valores mais reflexivos: a
solidariedade (consumos e campanhas de apoio a organizações não
governamentais), o novo pacto familiar (famílias flexíveis e assimétricas), os
consumos verdes, o discurso do sustentável e defensável, o multiculturalismo,
os produtos balanceados, a aceitação da diferença sexual, e um grande etecetera
que nos colocaria diante de uma espécie de novo consumidor cidadão[1] (ALONSO, 2006, p. 84).
No âmbito da violência, um
aspecto a ser levantado é o “poder” como
expressão
máxima de dominação, caracterizando relações sociais ou
estabelecendo as relações de consumo,
fortemente constituídas pelo simbólico. Desse contexto, e de seu
imbricamento na trama cultural contemporânea, a mídia é parte essencial como
agenciadora e disseminadora de uma complexa dinâmica de trocas negociadas. E é
responsável por otimizar a tolerância da base hegemônica, com os indivíduos só
aceitando o que reconhecem a partir de seus cotidianos. Woodward
(2009, p. 14) diz que “a marcação simbólica é o meio pelo qual damos sentido a práticas e a relações
sociais, definindo, por exemplo, marcando quem é incluído ou excluído”,
de um determinado grupo, de uma determinada identidade e os símbolos em questão passam pela mídia.
Quando falamos em mídia,
destacamos as relações culturais das representações em trânsito, viabilizando a
circulação de significados, dando “sentido à nossa experiência e àquilo que
somos” (WOODWARD, 2009, p. 17). Dessa forma, se estabelece uma esfera
relacional que potencializa as referências de poder da situação hegemônica
primária, perpassadas pelo consumo, constituintes da identidade do
sujeito-indivíduo urbano. O poder na esfera nesse processo de formação de
identidades diz respeito à eleição arbitrária, de “uma
identidade específica como parâmetro em relação ao qual as outras identidades
são avaliadas e hierarquizadas” (SILVA, 2009, p. 83).
A
violência é tratada aqui como um dos elementos de intersecção na constituição
das identidades dos sujeitos urbanos a partir do destaque dado aos seus efeitos
como causas, e não consequências, de uma sociedade cujo cotidiano reflete e
refrata uma complexidade originária de uma dinâmica social caracterizada tanto
pela legitimação como pela resistência (CASTELLS, 2008). Sobre identidade,
Silva (2009, p. 81) compreende ser essa, tal como a diferença, “uma relação
social, o que significa que sua definição está sujeita a vetores de força,
relações de poder”, portanto imposta e constituindo-se objeto de disputa, e não
simplesmente definida.
O indivíduo do qual
trato, embora sujeito de suas escolhas, está à mercê de relações de poder cada
vez mais volatilizadas nas mais diversas esferas da sobrevivência comum. Um indivíduo que não mais está restrito aos
círculos familiares e comunitários, mas é parte de um ambiente
sociocultural-econômico-político midiatizado, que exige sua participação — ou morte, porque
também os excluídos são parte funcional da complexidade, ao servirem de
matéria-prima para as estatísticas sociais que alimentam a mídia (TONDATO, 2007).
Penso
também a violência para além de definições elaboradas em momentos históricos
específicos, mas adentrando o campo da cultura, utilizando significados ali
construídos para contestar condições hegemônicas, pois não fazer isso é
continuar a trabalhar dentro de uma racionalidade que vê apenas a ordem da
natureza. Nos anos mais recentes, mobilizações promovidas em favor de uma
diversidade de grupos e causas nos fazem crer que há um consenso sobre a
necessidade de tolerância e o respeito à diversidade. Porém, as informações que
nos chegam, por diversos canais, em diversos formatos, nos entregam uma
sociedade violenta ao difundir acontecimentos que revelam a consolidação de uma
condição hegemônica que se perpetua em novas formas de violência, em
manifestações imagéticas e discursivas. A percepção é que estamos mais
informados, ou até mesmo que nossa compreensão dos acontecimentos tenha sido
ampliada, o que não significa que estejamos mais reflexivos no âmbito coletivo.
Morin (1990, p. 120) diz que a racionalização pode nos levar a uma
compreensão parcial da realidade, e hoje a mediação tecnológica das relações
sociais materializa esta racionalização. Do juízo de valor fundado em
tradições, estereótipos e preconceitos, passamos à valoração segundo as
“curtidas de seguidores”. Da subjetividade histórico-ideológica passamos à
objetividade-tecnológica. A insegurança e o medo são protagonistas dos
cotidianos. Hoje nos amedronta ter um vizinho “estrangeiro”, imigrante, com o
qual não nos relacionamos, embora publiquemos nossos segredos e desejos mais
íntimos para o mundo. Contraditório, mas uma realidade na virtualidade que se
tornou o mundo social. Trazer para
o início dos anos 2020 esta discussão que me acompanha há quase duas décadas,
com foco na relação sociedade-violência-mídia, faz sentido na medida em que insiro o consumo nessa tríade como elemento cultural do
processo de atribuição de sentidos.
Quando a cultura é um centro desfocado
Se o consumo “serve para pensar”,
se é “a própria arena em que a cultura é objeto de lutas que lhe conferem
forma” (DOUGLAS; ISHERWOOD, 2004, p. 102-103), “consumir significa intercambiar
significados culturais e sociais”, motivo pelo qual deve primeiro constituir-se
como “um sistema de comunicação amplamente compreensível” (TONDATO, 2010).
A relação que constitui
identidades-consumo-comunicação-violência aqui desenvolvida toma a cultura como
referente, em um sentido mais amplo, “ao caráter simbólico da vida social, aos
padrões de significado incorporados às formas simbólicas compartilhadas na
interação social” (THOMPSON, 1999, p. 22). Concepção que pode ser complementada
com Eagleton (2011, p. 42), para quem “a cultura chega intelectualmente a uma
posição de destaque quando passa a ser uma força politicamente relevante”.
Dessa perspectiva, então, entendo a cultura como uma produção
histórico-política, lembrando ser um conceito majoritariamente considerado com
base em uma história da humanidade centralizada no Ocidente, sem consideração
aos feitos, fatos e desenvolvimentos ocorridos no Oriente.
Histórico, político e, portanto,
ideológico. Para discorrer sobre o ideológico, recorro à Hannah Arendt (apud
SOUKI, 1998, p. 57) que diz que a dominação depende não só de um núcleo, mas
também de um composto de elementos, que vão desde questões físicas, “de
proximidade”, até uma dinâmica estrutural. A ideologia, então, permitiria o
ocultamento da realidade ao filtrar tais elementos, originados em um centro,
que chegam ao “mundo periférico” recriados pelas formas simbólicas, nem sempre
refletindo suas origens.
Da mesma forma que a
compreensão do que seja cultura foi sendo modificada conforme transformações
sociais (com consequências na conceituação de Homem), o termo mídia, após ser
apropriado de seu cognato inglês, media,
denomina tudo o que abrange comunicação tecnologicamente mediada com caráter de
acesso público. Nesse sentido, à mídia é outorgada de uma autonomia que otimiza
as relações assimétricas de poder,
condições da vida social, por acesso diferenciado a recursos e
oportunidades, e por mecanismos institucionalizados de produção, transmissão e
recepção de formas simbólicas. O engendramento da mídia no tecido social,
obviamente, atinge os mecanismos de atribuições de sentidos e compreensão das
realidades.
Nesse sentido, as culturas do
consumo e da violência seriam esferas refletoras de significados ideológicos,
que alimentam e são realimentadas pela mídia que age como fonte e é modeladora
de informação e experiências sobre as mais diversas questões, conforme conceito
de midiatização elaborado por Hjarvard (2012).
Segundo o autor, o desenvolvimento lógico das tecnologias e estratégias
industriais dos meios de comunicação de massa — a partir de uma situação
histórica específica, a saber, a trajetória institucional mundial da
modernidade à pós-modernidade — resultou em uma “condição institucional social
autônoma”, daquilo que hoje, genericamente e popularmente, denomina-se mídia
(HJARVARD, 2012, p. 60-61).
Na mesma direção e, de certa
forma, indo além de seu próprio conceito de “mediação” e aproximando-se da
“midiatização” de Hjarvard, Martín-Barbero aponta que o lugar de cultura na
sociedade muda quando a mediação tecnológica da comunicação deixa de ser
meramente instrumental convertendo-se em estrutural. Segundo o autor, “a
tecnologia remete hoje não à novidade de uns aparatos, mas sim a novos modos de
percepção e de linguagem, a novas sensibilidades e escrituras” (MARTIN-BARBERO,
2014, p. 79). Vivemos, portanto, em uma sociedade midiatizada, com muitos de
seus valores emergentes do consumo, esse entendido, repito, como cultura
segundo Slater, para quem
o conceito de cultura diz respeito a valores que
surgem do modo de vida de um povo, que dão a este povo solidariedade e
identidade e que julgam com autoridade o que é bom ou mau, real ou falso, não
só na arte, mas também na vida cotidiana. [...] Ser um membro de uma cultura ou de um “modo
de vida”, em contraposição a simplesmente “manter-se vivo”, implica o
conhecimento dos códigos locais de necessidades e coisas (SLATER, 2002, p. 69 e 131).
Pensar a mídia como uma
instituição que se estabelece também como fios de uma teia impacta nossa
compreensão acerca das práticas cotidianas e das relações sociais, pois, nessa
reflexão estabelece-se no consumo entendido como uma atividade social central
da contemporaneidade. Isso “não apenas porque a ele dedicamos grande parte de
nossos recursos econômicos, temporais e emocionais, mas também porque é nele
que se criam e estruturam grande parte de nossas identidades” (ALONSO, 2006, p.
30).
Individualidade
e Segurança: entre a cultura da violência e a do consumo
Avançando nas relações entre a
cultura do consumo e da violência no âmbito da constituição das identidades,
reviso algumas noções-chave constituintes da reflexão em curso.
Reveladas como produtos de uma evolução
tecno-científico-comunicacional, as mudanças culturais identificadas
hegemonicamente como progresso e desenvolvimento, desde o século XIX,
resultaram na constituição de uma sociedade de consumo, disseminada como global.
Com isso, as percepções de realidades cada vez mais são orientadas por
interesses que se compactuam em alianças baseadas nas dinâmicas de uma economia
mundial agregadora de ideologias que alimentam a exploração e a dominação.
É a partir da cultura que o mundo
adquire sentido, que significados são atribuídos. Uma das bases da organização
das sociedades é o consenso sobre “como classificar as coisas” e é “pela
construção de sistemas classificatórios que podemos dar sentido ao mundo social
e construir significados” (WOODWARD, 2009, p. 41). Nesse aspecto, a sociedade
de consumo se estabelece no ambiente do liberalismo, o que coloca a
escolha individual no centro da teoria social, com os indivíduos fazendo suas
escolhas “exclusivamente como parte da busca da satisfação de suas agendas”. Assim,
consolidam uma cultura (do consumo), na qual o que consumimos é muito maior do
que a mercadoria em si, constituindo-se um símbolo daquilo que queremos
transmitir como parte de nossa identidade, mesmo que não intencionalmente.
O consumo, por sua vez, implica
na destruição da essência de algo, que, decorrente dessa “destruição”, torna-se
um signo. Esse poderá ser classificado de várias formas como: de distinção,
exclusão, pertencimento, resistência, sujeição. Mas, de todo modo, de
identidade. Identidade que na sociedade pós-industrial, tecnologizada e
midiatizada se caracteriza cada vez mais pelo individualismo descentrado das
tradições de nacionalidade e direcionado às demandas de busca pelo controle do
que possa significar ganho nas relações sociais.
A importância da
mídia nesse contexto se estabelece no sentido de que seus “conteúdos alimentam
e permeiam o tecido das representações sociais, integrando as orientações
valorativas e o quadro de referências que são o núcleo mesmo da cultura,
direcionando as transformações que aí ocorrem” (MENDONÇA, 2006, p. 35).
Apoiando isso, trago ainda Slater (2002) para quem, hoje, estudar os processos
comunicacionais implica falar de um consumo que é dominante e que, de certa
forma, estrutura as atividades cotidianas, dando-lhes sentido e identidade.
Se
a mídia estabelece parâmetros para as práticas sociais, se o consumo influencia
identidades, é porque refletem o que já constitui estas práticas e identidades,
num processo de elaboração das necessidades e desejos por meio do
simbólico. Daí participar da sociedade
midiática e ser consumidor de bens e serviços transformam-se em atividades
culturais, naturalizando demandas hegemônicas, inserindo o indivíduo-sujeito em
uma dinâmica de virtualidades e realidades simbólicas que podem, eventualmente,
turvar o estabelecimento de pertencimentos sociais e
políticos (TONDATO, 2010, p. 6).
Consumo
e mídia estão imbricados, consistindo-se o primeiro em uma atividade diária,
essencial, com a qual nos envolvemos não apenas por necessidades materiais e
físicas, mas, principalmente, pelas simbólicas, elementos ativos dos conteúdos
midiáticos. A atividade de consumir é também “um comportamento cercado por
regras que demonstram que nem o comércio nem a força se aplicam a essa relação,
que é livre” (DOUGLAS; ISHERWOOD, 2004, p. 104). Partindo do pressuposto de que
os bens não são socialmente arbitrários, pois comunicam significados de acordo
com a cultura (DOUGLAS; ISHERWOOD, 2004; SLATER, 2008) considero que por meio
do consumo as pessoas dizem algo sobre si mesmas, sobre a sua família, sobre o
que as tornam singulares, semelhantes ou diferentes das outras. Para Slater
(2002, p. 149) as pessoas se integram e se reconhecem ao compartilharem
códigos, tangíveis e intangíveis, e participarem de rituais de consumo que
constitui dessa maneira “um mundo social inteligível”. Ressalte-se aqui a
importância do acesso aos códigos intangíveis no processo de compartilhamento.
Ao consumir,
não reproduzimos — jamais — apenas nossa existência física; também reproduzimos
(sustentamos, desenvolvemos, defendemos, contestamos, imaginamos, rejeitamos)
modos de vida específicos, culturalmente significativos. Ao consumirmos
rotineiramente, construímos identidades e relações sociais a partir de recursos
sociais com os quais nos envolvemos como agentes sociais qualificados (SLATER,
2002, p. 14).
Giddens
(2002, p. 79) ressalta que na modernidade tardia os sujeitos são confrontados
com uma complexa possibilidade de escolhas de modos de comportamento e de
consumo, resultando que as práticas eleitas pelos sujeitos, além de atenderem
às suas necessidades utilitárias, “dão forma material a uma narrativa
particular da autoidentidade”. Vivemos numa ordem pós-tradicional, o que
significa dizer que não mais nos orientamos por “sinais estabelecidos pela
tradição”, isso implica que as identidades fixas não são atribuídas nem
indicadas sem ambiguidades (GIDDENS, 2002, p. 81). Nesse sentido, o indivíduo
deve “negociar identidades múltiplas e contraditórias à medida que percorre diferentes
esferas públicas e privadas, cada qual com seus diferentes papéis, normas” (SLATER,
2002, p. 46).
As
soluções antes fixadas pelas autoridades — científica, religiosa, médica — são na modernidade tardia ofertadas conforme as
particularidades das situações. Também a prevalência da “experiência
transmitida pela mídia” (GIDDENS, 2002, p. 82) tem efeito nas escolhas. Embora
o contato real talvez nunca aconteça, por meio do marketing e da propaganda, a
pluralidade da vida moderna se traduz diretamente em opções de consumo.
Para
Giddens (2002), a autoidentidade abrange esse caráter reflexivo do sujeito em
buscar pela identidade que melhor traduza suas crenças e seus objetivos de
vida. Ainda que concorde com Giddens, insisto que essa liberdade de escolha não
acontece de forma totalmente independente, racional e objetiva como sugere o
autor uma vez que ocorre dentro de uma ordem sócio-cultural-econômica-histórica
específica. Vivemos sob a dinâmica de um mercado produtor-consumidor que é
acelerada e ininterrupta, cujas constantes mudanças devem ser acompanhadas por
meio do consumo, de forma que não percamos as posições conquistadas, graças à
abertura de uma mobilidade social, agora dependente da posse de bens tangíveis
ou intangíveis.
Ademais, tal mobilidade não
depende somente da condição financeira, como também decorre da validade da
identidade assumida, uma vez que mesmo com a diversidade de possibilidades
proporcionadas pela aquisição de bens, também é necessário que o indivíduo seja
reconhecido pelos outros como pertencente ou não a determinado grupo. A relação
entre os processos sociais de criação e manipulação de símbolos (a cultura da
sociedade) e a capacidade de produzir e
distribuir bens e serviços (as forças produtivas) têm significado preponderante no
estabelecimento das formas culturais em
jogo, podendo ser, por vezes, caracterizadas por uma violência simbólica, impondo como normal um conjunto de regras
não escritas nem ditas. Assim, é delineada pela primeira vez na história, uma situação em que a mente
humana é uma força direta de produção, não apenas um elemento decisivo no
sistema produtivo (BOURDIEU, 2001).
Identidade na contemporaneidade
Quando falamos em identidade estamos necessariamente falando
em diferença, resultado de um processo de produção simbólica, discursiva,
implicando no estabelecimento de uma relação de poder, pois temos opostos que
exigem demarcações sobre “incluir/excluir; demarcar fronteiras; classificar;
normalizar” (SILVA, 2009, p. 81).
A história do mundo moderno é uma
história de práticas violentas — descobrimento, exploração, escravismo,
colonialismo. A trajetória do homem ao longo dos últimos séculos, em especial no
século XX, criou um ambiente propício para que se considerasse a violência como
algo normal, aceitável, inerente à natureza humana, que “não é algo gratuito,
pois se insere na lógica da sociedade” (ORTIZ, 2002, p. 37). Giddens (2002)
defende que a modernidade pode ser entendida como a expansão de quatro formas
institucionais, articuladas e ordenadas: o capitalismo, o industrialismo, a
vigilância e o poder militar. A consequência disso é que na modernidade vivemos
uma sociedade de risco, o que “significa viver com uma atitude calculista em
relação às possibilidades de ação, positivas e negativas, com que somos continuamente
confrontados, como indivíduos e globalmente em nossa existência social
contemporânea” (GIDDENS, 2002, p.33).
Arendt (2001) afirma que a
violência e sua glorificação explicam-se pela severa frustração da faculdade de
agir no mundo contemporâneo, que tem suas raízes na burocratização da vida
pública, na vulnerabilidade dos grandes sistemas e na monopolização do poder,
que seca as autênticas fontes criativas. Arendt diz ainda que diante de um
revólver, eu entrego os meus bens; diante dos mecanismos simbólicos, eu aceito
o contrato hegemônico.
Nesse sentido, consumir promoveria uma
catarse, na medida em que ao consumidor é dada a oportunidade de extravasar uma
“emoção natural”, sem necessidade de expor-se ao perigo ou a críticas por
manifestar tal sentimento. Pelo
contrário, especialmente em uma sociedade de aparências, em que vale mais o que
você posta nas redes sociais do que aquilo que você expressa nas relações
sociais.
Outra grande característica da
vida social moderna, segundo Giddens, é a acentuada reflexividade das práticas
sociais que são “constantemente examinadas e reformuladas à luz de informação
renovada sobre estas próprias práticas, alterando assim constitutivamente seu
caráter” (GIDDENS, 1991, p.39). Mas antes das práticas, o próprio eu moderno é
resultado de um “projeto reflexivo, pelo qual o indivíduo é responsável”;
“construído com base no passado, mas visando o futuro”; de um futuro “pensado
como cheio de possibilidades, mas não aberto ao livre jogo das contingências”
(GIDDENS, 2002, p.74-79). Enfim, reflexivo porque “a realização de um eu
autêntico depende da integração das experiências da vida cotidiana com a
narrativa do autodesenvolvimento individual”.
Sobre esse aspecto, retomo
Arendt (2001) para avançar sobre essa necessidade de planejamento do próprio eu
quando a autora diz que com o poder de agir em conjunto diminuído, o homem
moderno necessita de implementos para aumentar seu vigor, uma característica
individual. E no cenário da presença das tecnologias digitais e consequentes
repercussões nos modos de ser e estar na sociedade, isso é algo que tem se
mostrado cada vez mais uma realidade se levarmos em consideração as
manifestações de ódio, as mobilizações coletivas em prol de atos de violência,
entre outras situações de cunho coletivo.
Com
base em estudo realizado no início dos anos 2000 sobre a relação entre
violência e mídia, tratando da atribuição de sentidos ao que, então, circulava
nos meios — em especial na programação jornalística de caráter sensacionalista
—, Tondato (2007) conclui que o fato de
vivermos uma cultura individualista colabora para a manutenção de uma
condição de dominação hegemônica, que é a base de uma programação televisiva
que se apropria de valores tais como diversidade, liberdade. A atitude
individualista da recepção emergiria, então, na manifestação do entendimento de
violência televisiva apenas como aquela expressa em atos individuais (deboche,
desrespeito), implicando o entendimento de que situações específicas de
violência — social, institucionalizada
(SILBERMAN, 1998), política (MICHAUD,
1989), revolucionária (SOREL, 1992),
ou seja, referências à dominação do coletivo não consistiriam elementos de uma
cultura de violência, como disposto por Michaud,
como
foi a dos pioneiros da fronteira do Oeste americano, e porque não também do
Oeste brasileiro, as bandeiras; ou como no caso da mestiça mexicana, onde a
violência está ligada à dureza das condições de vida e de sobrevivência, por
exemplo, dos meios populares. Nesta categoria incluem-se também as brigas de
gangues de rua ou das equipes esportivas (MICHAUD, 1989, p. 25).
Trazendo para o contexto da
discussão em curso, Slater (2002, p. 86) afirma que a sociedade contemporânea
passou a dominar o indivíduo tanto por meio dos objetos e interesses que se tornaram
essenciais para satisfazer necessidades como também para o indivíduo ser e
encontrar uma identidade. Nessa mesma linha, esse autor (2002, p. 32) explica que uma cultura “de” consumo
caracteriza uma sociedade em que não somente seus valores são organizados pelo
consumo, mas de certo modo, dele derivados. Aproximo a noção de uma cultura
“de” violência nos termos do uso feito do simbólico pela mídia, promovendo um
contexto de poder de “um contra todos”, “a forma extrema de violência” (ARENDT,
2001, p. 35), no caso, exercida nos interstícios das relações comunicacionais
mobilizadas no âmbito da midiatização da sociedade.
Considerações
Finais
Para
o filósofo francês Yves Michaud (1989, p. 16), é possível uma definição de que “a
violência contemporânea muda de fisionomia e de escala porque é o produto de
sociedades nas quais também mudaram a administração de todos os aspectos da
vida social, a tecnologia e os meios de comunicação de massa.” Explicitando
isso um pouco mais, tomo o pensamento de Stuart Hall (2006) para quem a
modernidade e as constantes transformações sociais fizeram emergir nos sujeitos
uma sensação de desorientação quanto ao estabelecimento das bases de suas
identidades. “Moto-contínuo”, apresenta-se a esse sujeito a cultura do consumo,
configurando-se como um espaço social onde poderá ancorar seu sentimento de
desorientação decorrente da emergência de uma percepção de liberdade em relação
às determinações identitárias estabelecidas pelo nascimento.
Na contemporaneidade, o consumo é referente
fundamental para conformação de narrativas sobre si e sobre o outro, compondo
universos simbólicos repletos de significações. Ao consumir, os sujeitos
constroem discursos frente à sociedade, discursos esses que dão coesão às suas
identidades. Para Slater (2002), através do consumo os sujeitos conectam o
campo social à natureza de suas identidades, ou seja, absorvem os sentidos
construídos coletivamente e os aplicam à sua esfera individual, por meio das
práticas cotidianas.
A busca pela consolidação de uma
identidade é caracterizada pela incerteza, não tanto pela dúvida sobre “como
obter as identidades de sua escolha e tê-las reconhecidas pelas pessoas à sua
volta” (BAUMAN, 2008, p. 187), mas pela decisão a respeito de que “identidade
escolher e como ficar alerta para que outra escolha possa ser feita em caso de
a identidade antes escolhida ser retirada do mercado ou despida de seu poder de
sedução” (BAUMAN, 2008, p. 187). Ou seja, não é que o indivíduo siga refém do
que recebe da mídia, mas sempre existe o risco de que o que foi escolhido como
identidade seja “retirado” do mercado, no sentido de deixar de fazer parte de
algo que tenha poder e faça sentido para os outros.
Respondendo sobre as
possibilidades para se pensar o processo de constituição das identidades do
indivíduo inserido na cultura do consumo, assujeitado a uma violência
simbólica, a exposição ao risco de vencimento de nossas escolhas torna-se, por
assim dizer, o cenário onde ocorre esse processo violento — visto que na
modernidade tardia não há identidades fixas e as práticas cotidianas devem ser
reflexivas. A violência simbólica é naturalizada na sociedade e alentada pela
mídia, refletida nas práticas de consumo, caracterizadas mais pela aparência do
que pela essência do exercício de liberdade.
Associando a desestabilização dos
sujeitos em relação à constituição de suas identidades decorrente, como dito,
das rupturas promovidas pelos descentramentos dos sujeitos (HALL, 2006) à
insegurança e receios contemporâneos, a mídia funciona como espelho da
sociedade, refletindo e refratando significados por meio de representações que
enfatizam comportamentos e padrões que estejam acordo com seus (da mídia)
interesses (mercadológicos, ideológicos, etc.). Com isso, optamos por seguir os
modelos que nos são oferecidos com fins de constituir uma identidade que se
adeque àquilo que desejamos e esteja em conformidade ao que a sociedade espera
de nós. Isso porque nos tornamos conscientes de que pertencer e se identificar
é algo líquido, que não é garantido para sempre, sendo bastante negociável. Além
disso, também nos conscientizamos de que as decisões e ações tomadas
diariamente são tão cruciais para pertencer quanto para formar a própria
identidade. (BAUMAN, 2005, p. 17).
Mesmo sendo a liberdade um estado
desejado, enxergar-se como autor de sua própria história, do seu lugar no
mundo, saber-se livre para estabelecer a sua posição como cidadão e sujeito da
sociedade em que vive, expõe o indivíduo a uma desestabilização que gera
ansiedade e medo devido à imprevisibilidade das consequências dessa
“liberdade”. Situação que se agrava em uma sociedade em que os meios de
comunicação de massa difundem a posse (de bens materiais ou simbólicos) como um
aspecto cada vez mais importante para a realização do ser humano que vive o
cotidiano do consumo (BAUMAN, 2008, p. 180).
“A identidade, então, costura
[...] o sujeito à estrutura” (HALL, 2006, p. 12), justificando que os colapsos
identitários surjam das mudanças tanto nos sujeitos quanto na estrutura. Crises
que podem ser provocadas pela “pluralização de modos de vida” (SLATER, 2002,
p.86) e, uma vez constituídas suas “identidades múltiplas e contraditórias”, o
indivíduo deve “vender” essas identidades aos diferentes “mercados sociais” com
vistas a conquistar relacionamentos tanto pessoais como também empregatícios ou
de carreira (SLATER, 2002, p. 87).
O
indivíduo-sujeito se constitui humano na medida em que se reconhece parte do
meio social e histórico em que atua, incorporando valores de autonomia,
liberdade e individualidade (ARENDT, 2010). Ainda que as identidades
individuais estejam “expostas” a interesses dominantes, a ambientes simbólicos,
surgem brechas nesse contexto
hegemônico que possibilitam que as identidades “explodam” a
partir da multiplicação de referentes (MARTIN-BARBERO, 2006, p. 60) “desde
aqueles com os quais o sujeito se identifica como tal, [...] mas também dos
indivíduos, que agora vivem uma integração parcial e precária das múltiplas
dimensões que os conformam”. São identidades que somente se completam na
relação social, com o outro, conquistando, por assim dizer, seus lugares
sociais, o que, na contemporaneidade, embora
não em um sentido rígido, ocorre a partir do consumo.
Da mesma forma que o consumo não
se constitui uma cultura pelo mercado, a violência não está na sociedade ou
essencialmente na mídia. Pelo contrário, os dois fazem parte de uma dinâmica
que perpetua exclusões e intolerância, animada pela luta por um poder
caracterizado pela supremacia de uma minoria sobre as maiorias. Dinâmica essa
que deve ser histórica de modo a ser parte constituinte da individuação para
que seja passível de naturalização e aceitação.
Notas
[1] Tradução
livre do original: “valores más reflexivos, recogiendo los tópicos sociales; la
solidaridad (consumo, campañas de apoyo a organizaciones no gubernamentales),
el nuevo pacto familiar (familias flexibles y asimétricas), los consumos
verdes, el discurso de lo sustentable y lo sostenible, el multiculturalismo,
los productos equilibrados, la aceptación de la diferencia sexual, y un largo
etcétera que nos pondría ante una especie de nuevo consumidor ciudadano”.
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[1] Docente do PPGCom da ESPM de São Paulo. E-mail: mtondato@espm.br
[2] Docente do PPGCom da ESPM de São Paulo. E-mail: mtondato@espm.br