Tecnologias de informação e comunicação e  
assistência social: inflexões no Serviço Social  
Information and communication technologies and social assistance:  
inflections in Social Work  
Vinícius Paulino Lopes da Silva*  
Resumo: O artigo em tela é produto de  
experiências vivenciadas em meio às diversas  
lutas dos usuários dos serviços da Política de  
Abstract: This article is the product of  
experiences lived amidst the various struggles  
of users of Social Welfare Policy (PAS) services  
and of studies developed in the academic space.  
The work aims to contribute to the critical  
debate on the intensification of the use of  
Information and communication technologies  
(ICTs) by the State in PAS, highlighting its  
implications in the scope of social rights and in  
the scope of professional work in Brazil today.  
In addition to starting from the idea of  
technology as originating from labor, this text  
privileges the critique of the appropriation of  
capital over collectively produced technology.  
The harmony between historical and dialectical  
materialism, bibliographical, and secondary  
data reveal that, tendentially, ICTs appear in  
everyday life as sophisticated mechanisms of  
expropriation of rights to the extent that capital  
has intensified abstract formal rationality, thus  
obscuring the legacy culture of the ethical-  
political project.  
Assistencial Social (PAS)  
e
de estudos  
realizados no espaço acadêmico. O trabalho  
objetiva contribuir no debate crítico sobre a  
intensificação do uso das tecnologias de  
informação e comunicação (TICs) pelo Estado  
na PAS, evidenciando suas implicações no  
âmbito dos direitos sociais e no âmbito  
profissional no Brasil atual. Além de partir da  
ideia de tecnologia enquanto originária do  
labour, o texto privilegia a crítica da apropriação  
do capital sobre a tecnologia coletivamente  
produzida. A sintonia entre o materialismo  
histórico e dialético, a pesquisa bibliográfica e  
os  
dados  
secundários  
revelam  
que,  
tendencialmente, as TICs aparecem no  
cotidiano enquanto mecanismos sofisticados de  
expropriação de direitos na medida em que o  
capital tem intensificado a racionalidade formal  
abstrata, ofuscando, portanto, a cultura legatária  
do projeto ético-político.  
Palavras-chaves: Intensificação; Tecnologias  
de informação e comunicação; Trabalho;  
Assistência social; Projeto ético-político.  
Keywords: Intensification; Information and  
communication technologies; Work; Social  
assistance; Ethical-political project.  
* Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: vinicius.profpaulino@gmail.com  
DOI: 10.34019/1980-8518.2025.v25.49655  
Esta obra está licenciada sob os termos  
Recebido em: 31/07/2025  
Aprovado em: 03/11/2025  
Tecnologias de informação e comunicação e assistência social: inflexões no Serviço Social  
Introdução  
O artigo em tela é fruto do acúmulo de experiências vivenciadas junto às lutas travadas  
pela população usuária dos serviços da Política de Assistência Social (PAS), de aproximações  
sucessivas com o estudo bibliográfico, de discussões e de reflexões desenvolvidas no âmbito  
acadêmico. O trabalho tem como objetivo contribuir para o debate crítico sobre a intensificação  
do uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) pelo Estado na PAS, evidenciando  
suas implicações no âmbito dos direitos sociais e do trabalho profissional de assistentes sociais  
no Brasil contemporâneo. O texto contará com a sustentação de três chaves de análises, para  
além dessa introdução, sem a pretensão de exaurir a temática aqui discutida.  
No primeiro ponto, faz-se um esforço de desmistificar a falácia ecoada pelas classes  
dominantes e pelo senso comum de que a tecnologia tem uma “autonomia própria”. Na rota  
inversa desse ideário, argumenta-se que os bens tecnológicos têm uma relação histórica com o  
trabalho, isto, é, a tecnologia expressa o alto grau de desenvolvimento coletivo das forças  
produtivas (Marx, 2013; Vieira Pinto, 2005).  
Privilegia-se o contexto da maquinaria e grande indústria enquanto mediação fulcral  
para a reprodução ampliada do capital ao tornar todas as dimensões da vida social em potenciais  
mercadorias (Marx, 2013). De acordo com Marx (2013), nos escritos do Livro I de O capital,  
intitulado “Processo de produção capitalista”, tal período foi marcado pela incorporação da  
tecnologia pelo capital no chão da fábricas, cuja exploração se dava através da força de trabalho  
de crianças, jovens, idosos, mulheres etc. no sentido de fazer crescer, por um lado e  
exponencialmente, a extração de mais valia, o trabalho morto em relação ao trabalho vivo e a  
valorização desenfreada do valor; e, por outro lado, a materialização da lei geral de acumulação  
capitalista, isto é, o desemprego estrutural e a precarização da vida social.  
759  
No segundo ponto, articulam-se as determinações do movimento mais geral e  
internacional da reestruturação produtiva neoliberal dos anos 1970 (Alves, 2011; Antunes,  
2009; Harvey, 2017) e pós-crise de 2008 (Tonelo, 2021), com o aparecimento das TICs, da  
inteligência artificial (IA) e das novas/velhas tendências no mundo do trabalho, tais como o  
cibertariado (Huws, 2017) e a uberização (Abílio, 2020). Nessa esteira, os ditames impostos  
pela crise capitalista recente têm forçado velhas/novas formas de exploração e subsunção via  
TICs no mundo do trabalho e impulsionado a contrarreforma, a mercadorização e a privação  
dos direitos e serviços sociais públicos no âmbito do Estado. Além disso, no âmbito ideológico,  
o fio condutor da “pós-modernidade” tem ecoado a falsa concepção de perca da centralidade  
do trabalho e da unidade de classe no chão das relações sociais e das metanarrativas e tem  
supervalorizado os signos, a performance individual, a informação e o jogos de linguagem.  
Vinícius Paulino Lopes da Silva  
No terceiro ponto, destaca-se a intensificação do uso das TICs pelo Estado na PAS e  
suas inflexões no âmbito dos direitos sociais e no âmbito do trabalho profissional de assistentes  
sociais na realidade brasileira contemporânea (Boschetti, 2018; Dal Rosso, 2008; Guerra,  
2023b; Iamamoto, 2015; Veloso 2006). Assim sendo, nos últimos tempos, o Estado brasileiro  
tem reforçado o seu caráter racista, machista e conservador frente à questão social ao combinar  
“modernização” e “atraso”.  
Por fim, sem a pretensão de esgotar o debate, tentaremos, nas breves considerações  
finais, apontar as inflexões do uso das TICs no âmbito dos direitos sociais e no âmbito das  
dimensões profissionais que atravessam, dialeticamente, a unidade do modo de ser e de existir  
do Serviço Social brasileiro na contemporaneidade.  
Trabalho, tecnologia e valor: uma relação histórica indivorciável  
Parte-se do pressuposto de que a tecnologia dispõe de uma relação indivorciável com o  
trabalho (Vieira Pinto, 2005), sendo este uma categoria histórica fundante do ser social e de  
todas as suas determinações que, por meio de “[...] sua própria ação, medeia, regula e controla  
seu metabolismo com a natureza” (Marx, 2013, p. 255). Assim sendo, a tecnologia é produto  
coletivo do alto grau de desenvolvimento das forças produtivas; em outras palavras, ela “[...]  
revela o modo de proceder do homem com a natureza, o processo imediato de produção da vida,  
e, assim, elucida as condições de sua vida social e as concepções mentais que delas decorrem”  
(Marx, 2004, p. 428).  
760  
O ser social na mediação com a natureza e com os instrumentos e técnicas laborais  
objetiva um fim determinado que o distingue e o faz superar as barreiras com o mundo natural.  
Por meio do controle de seu sistema cognitivo “autônomo”, da linguagem articulada com os  
demais indivíduos sociais (sociabilidade) e de sua estrutura corpórea, mulheres e homens que  
trabalham passam a vislumbrar um campo de possibilidades a partir de escolhas concretas (em  
situações concretas da existência). Assim sendo, a humanidade cria e atende dialeticamente às  
suas necessidades e condiciona novas necessidades e novas descobertas, passando a construir,  
coletivamente, uma nova história.  
Sobre a distinção entre o ser social e a natureza, Marx (1985, p. 149-150) nos esclarece:  
Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha  
envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas  
colmeias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha  
é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo na cera. No fim  
do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste já existiu  
na imaginação do trabalhador e, portanto, idealmente (Marx, 1985, p. 149-  
150).  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 758-781, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
Tecnologias de informação e comunicação e assistência social: inflexões no Serviço Social  
Na esteira desse processo, o acúmulo de conhecimentos, capacidades e habilidades  
próprias da relação fundamental estabelecida entre o trabalho “humano-genérico” e a tecnologia  
tornam-se dimensões constituintes e constitutivas da dinâmica (re)produtiva das relações  
sociais em sua totalidade. A relação em questão é objetivada na medida em que, quanto mais o  
ser social conhece a esfera natural, melhor se aproxima desta, concretiza situações mais  
complexas até então nunca antes experienciadas, e, portanto, qualitativamente, a domina,  
resultando num valor de uso1 (Marx, 2013).  
Sob o lastro da sociabilidade burguesa madura, a tendência geral e internacional das  
relações sociais é caminhar numa outra direção: tornar todas as dimensões objetivas e  
espirituais da vida social em potenciais mercadorias (valor de troca) (Marx, 2013), incluindo o  
trabalho, a ciência e a tecnologia (Vieira Pinto, 2005). Tais dimensões são apropriadas pelo  
capital em relações que se deitam sobre o estranhamento; ou seja, os aparatos tecnológicos  
produzidos coletivamente pelos sujeitos tornam-se cada vez mais alheios a quem os produz. A  
partir disso, objetivam-se processos de alienação entre o produtor e o produto do seu trabalho.  
Dessa maneira, potencializa-se o projeto de dominação capitalista ancorado na relação  
antagônica de exploração entre capital2 e trabalho3, relação esta que busca preservar a sua  
(re)produção ampliada, extrair a mais-valia (D’), e, consequentemente, supervalorizar o valor  
a partir de suas leis tendenciais. Trata-se de leis objetivas que são readaptadas a cada momento  
histórico-conjuntural e são determinadas pelo movimento contraditório da luta de classes por  
hegemonia.  
761  
É no livro O capital, particularmente, nos escritos da Seção IV, Capítulo 13, intitulado  
“Maquinaria e grande indústria”, que Marx (2013) se debruça e identifica, à luz do materialismo  
histórico e dialético, os momentos originários da apropriação capitalista pela tecnologia no  
contexto da Revolução Industrial Inglesa do século XVIII.  
Segundo o autor, o intuito geral da máquina é “[...] baratear mercadorias e a encurtar a  
parte da jornada de trabalho que o trabalhador precisa para si mesmo” (Marx, 2013, p. 7). De  
1
Independentemente do modo de produção e sua forma histórica, mulheres e homens que objetivam o trabalho  
buscam satisfazer as suas necessidades humanas seja de forma direta (meio de subsistência) ou indireta (meio de  
produção). Assim, “[...] os valores de uso constituem o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a forma  
social desta” (Marx, 2013, p. 46).  
2
Expressa a classe burguesa enquanto detentora da propriedade privada e dos meios sociais de produção. Foi  
histórica a consolidação da Revolução Francesa (1789) na medida em que se gestaram as bases para a burguesia  
revolucionar a forma de produção, superando a antiga relação feudal entre suserania (senhor feudal) e vassalagem  
(servos da gleba), como também conservar a reprodução social do capital, imprimindo um novo modo de pensar,  
ser e agir estritamente egoísta.  
3
Diz respeito à classe social formada por um conjunto multifacetado de sujeitos explorados pela classe  
capitalista/burguesa. São despossuídos da propriedade privada, dos meios sociais de produção, e, cotidianamente,  
vendem a sua força de trabalho em troca de um salário (fruto da mais-valia) para manter sua reprodução social.  
Vinícius Paulino Lopes da Silva  
acordo com Harvey (2018, p. 111), Marx buscou analisar “[...] algumas das consequências da  
transformação tecnológica para o lucro e a renda [...]. O seu foco em O capital é o papel da  
tecnologia e da ciência em relação à valorização do capital e à produção de mercadorias”.  
Nesse interim, tal apropriação se deu não para aliviar a classe-que-vive-do-trabalho  
(Antunes, 2009) das exaustivas jornadas laborais nas minas de carvão e nas indústrias; pelo  
contrário: os objetivos do capital, desde o referido período sócio-histórico, já eram explícitos:  
intensificar, via maquinário, a exploração e as jornadas de trabalho em nome dos lucros  
privados; aumentar o trabalho morto; e reduzir significativamente o trabalho vivo (mas não o  
findando):  
A máquina, da qual parte a Revolução Industrial, substitui o trabalhador, que  
maneja uma única ferramenta, por um mecanismo, que opera com uma massa  
de ferramentas iguais ou semelhantes de uma só vez, e que é movimentada  
por uma única força motriz, qualquer que seja sua força. Aí temos a máquina,  
mas apenas como elemento simples da produção mecanizada (Marx, 2013, p.  
11).  
Diante dessas questões, o filósofo alemão percebera metamorfoses operadas nos  
processos de trabalho. Os aspectos mais rudimentares da manufatura (trabalho individual,  
manual, agrícola) já não eram mais suficientes para atender as novas necessidades humanas.  
Com a implementação da maquinaria pelo capital, “[...] o meio de trabalho é metamorfoseado  
de ferramenta em máquina ou em que a máquina difere do instrumento manual” (Marx, 2013,  
p. 7), fazendo aumentar exponencialmente a quantidade de mercadorias produzidas em menos  
tempo possível. Por isso, com base na crítica da economia política, o que passa a determinar o  
preço da mercadoria é o tempo de trabalho socialmente necessário ao capital (Marx, 2013).  
Através da inserção do maquinário nas indústrias, objetivou-se um salto qualitativo na  
sociabilidade burguesa até então. Esse salto fez com que Marx (2013) chegasse à seguinte  
constatação: inevitavelmente, a ferramenta ativa no processo de trabalho seriam mulheres e  
homens compostos por uma força motriz. Já a maquinaria seria uma força complementar a  
exemplo das forças animal, hidráulica, eólica etc. que diverge da força vital da humanidade.  
Nesse sentido, para Marx (2004), a mediação do trabalho (força motriz) com a  
maquinaria (força complementar) resultou no aumento da intensidade e produtividade do  
trabalho por dois motivos: 1) porque o maquinário muda substancialmente a interação e a  
velocidade com que o trabalhador produz as mercadorias a serem vendidas; e 2) porque a  
maquinaria cooptada pelo capital foi responsável pela divisão social do trabalho, que  
reorganizou a produção no chão das fábricas e nos demais espaços laborais existentes na  
sociedade com o fim de explorar, fragmentar e despolitizar as lutas políticas e coletivas de  
trabalhadores.  
762  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 758-781, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
Tecnologias de informação e comunicação e assistência social: inflexões no Serviço Social  
Divergindo de Adam Smith, que atribuiu o conceito de valor ao trabalho realizado nas  
indústrias, e de David Ricardo, que relacionou a teoria do valor ao tempo médio de produção  
(pautados numa perspectiva conservadora), Marx (2004, p. 375) ressalta que “[...] o trabalho  
que se objetiva em valor é trabalho de qualidade social média, exteriorização de força de  
trabalho média”, o que garante que múltiplas mercadorias sejam trocadas. É o trabalho que  
transfere valor aos meios de produção. O primeiro modifica/transforma o segundo; os meios de  
produção estacionados não produzem mais-valia, tampouco são “autônomos” (Marx, 2004).  
Revela-se, assim, o potencial da tecnologia na seara do capitalismo. Marx (2013) supera  
os dois primeiros e preocupa-se em apreender como a maquinaria tendencialmente alongava o  
processo de extração de mais-valia pelos capitalistas. Ao mesmo tempo, o autor reafirmava  
socialmente o seu compromisso humanístico e vislumbrava, a partir das condições concretas  
vivenciadas, a superação estrutural do capital, ancorada na emancipação humana da classe  
trabalhadora em sua diversidade. Sendo assim, é a partir dessa direção teórica e política que nos  
é permitido apreender o real significado da tecnologia fincada no solo árido dessa sociabilidade.  
Com base no legado marxiano, Vieira Pinto (2005) considera que se propagam distintos  
significados ao conceito de tecnologia. Vejamos: 1) “[...] a tecnologia aparece com o valor  
fundamental e exato do lógos da técnica’” (Vieira Pinto, 2005, p. 219). Ou seja, a etimologia  
da palavra “tecnologia” desponta como a teoria e/ou o estudo limitado à técnica, incluindo as  
profissões; 2) a tecnologia, no vocabulário popular e do senso comum, corresponde à pura  
técnica. Há uma generalização da expressão de origem americana know how para privilegiar o  
aspecto do meramente “saber fazer” em todas as dimensões da vida societária; 3) a tecnologia  
é interpretada como o conjunto de todas as técnicas existentes em qualquer fase de  
desenvolvimento da história humana em que se objetiva desde os grupos sociais mais pretéritos  
até os grupos sociais que estabelecem suas relações no bojo da sociedade moderna. Tais grupos,  
nos termos do autor, apresentam um grau potencializado das forças produtivas sob um caráter  
“genérico” e “global”; e 4) considera-se a tecnologia enquanto “ideologização da técnica”, que  
necessita de maior atenção e crítica. Nessa dimensão, é possível encontrar as mediações  
concretas para desmistificar a sua suposta “neutralidade”.  
763  
Em referência à técnica, o autor aprofunda:  
[...] ao conceitua-lo como a característica de uma ação, e a isso se resume todo  
o conteúdo do termo “técne”, o homem quer exprimir que o ato realiza  
enquanto mediação, o fim intencional do agente. Revela-se-nos, com isso, a  
essência da técnica. É a mediação na obtenção de uma finalidade humana  
consciente. Embora esta se origine e se conserve no pensamento do agente, a  
mediação que a deve concretizar tem de ser realizada no plano objetivo, no  
mundo material, pela transformação dos objetos, pela criação de novas  
Vinícius Paulino Lopes da Silva  
substâncias e coisas, o que só pode acontecer com o emprego dos próprios  
corpos e das energias dos fenômenos naturais de que o agente previamente se  
apossou, ao ter formado o universo de representações que os refletem  
veridicamente (Vieira Pinto, 2005, p. 175-176).  
À vista disso, pode-se afirmar que a técnica não é ingênua; ela tem intencionalidade.  
Logo, está carregada de ideologias. Para pensar o projeto tecnológico, se faz necessário articulá-  
lo às dimensões concretas e ideológicas que atravessam os projetos societários e projetos  
profissionais nas arenas de disputa. Nessa seara, por exemplo, é muito banalizado pelo senso  
comum a difusão do termo “explosão tecnológica”. O referido termo foi criado pela burguesia  
e suas frações para ser compreendido e discutido nas relações sociais enquanto algo apartado  
das conexões históricas anteriores, ou seja, uma visão de mundo que está limitada ao campo  
imediato/singular da aparência, distante das macro determinações que a contém.  
Ademais, o foco é direcionado para a superioridade do estágio tecnológico atual como  
se as máquinas e a técnica delas oriundas adquirissem “vida própria”, sem a interação  
indivorciável com o trabalho humano. Evoca-se somente o que está presente no aqui e no agora  
(o presentismo), bastando a tecnologia “em si mesma” para resolver as problemáticas existentes  
no cotidiano. Com isso, objetivam-se duas faces contraditórias: por um lado, é inegável que  
esta representa multiplicidades de conhecimentos/saberes produzidos e acumulados  
coletivamente pela humanidade no seu desenvolvimento sócio-histórico; por outro, a  
(re)produção particular da consciência dominante faz com que as classes subalternas  
incorporem o pensamento de que as tecnologias do tempo presente são determinantes para o  
futuro das próximas gerações.  
764  
Segundo Vieira Pinto (2005), enraíza-se o falso discurso de que virão outras “explosões  
tecnológicas” que serão “inovadoras”, “positivas” e que flertam com o “progresso” e com o  
“desenvolvimento”. Entretanto, o fio condutor de tal consciência é reproduzir o projeto de  
classe que se movimenta concretamente numa constante entre “modernização” e “atraso” para  
a conservação do modo de ser e existir capitalista.  
Ao mesmo tempo em que há, na essência desse sociabilidade, a necessidade de mais  
trabalho para alavancar a produção desenfreada de riquezas, há, também, a preocupação em  
reforçar o desenvolvimento desigual e combinado das cadeias produtivas ditadas pelos países  
imperialistas (Fontes, 2010). Nas últimas décadas, essa ofensiva tem se espraiado  
incansavelmente para todos os países do mundo, assegurando a hegemonia do capital e  
refletindo, de forma mais intensa, nos países periféricos e dependentes, a exemplo de alguns  
países da América Latina (Argentina, Brasil, Costa Rica, Equador, Honduras, Peru, Nicarágua,  
etc.), da África e do Caribe.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 758-781, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
Tecnologias de informação e comunicação e assistência social: inflexões no Serviço Social  
Esses países são historicamente marcados pela superexploração da força de trabalho,  
pelo racismo estrutural, pelas jornadas de trabalho aviltantes, pelos empregos informais, pela  
desvalorização dos salários, pelo precário sistema de proteção social e pela condição de simples  
exportadores de matérias primas (Marini, 1977). Tais tendências resultam em drásticas  
condições de subsistência desses trabalhadores e suas famílias na medida em que agudiza-se as  
múltiplas expressões da “questão social” (desemprego estrutural, fome, miséria etc.).  
Sob essa lógica, “[...] aos países subdesenvolvidos só resta o recurso de se incorporarem  
à era tecnológica na qualidade de séquito passivo em marcha lenta, consumidores das produções  
que lhe vem do alto, imitadores e no máximo fabricantes do já sabido” (Vieira Pinto, 2005, p.  
44). Por isso:  
Temos de denunciar o lado secreto, maligno do endeusamento da tecnologia,  
aquele que visa unicamente a fortalecer ideologicamente os interesses dos  
criadores do saber atual, a fim de conservá-lo no papel de instrumento de  
domínio e espoliação econômica da maior parte da humanidade, levada a  
trabalhar para as camadas mais altas dos povos senhoriais sob a falsa e  
emoliente impressão de estar participando na única forma em que lhe é  
possível, da promoção do progresso em nosso tempo (Vieira Pinto, 2005, p.  
44).  
Crise do capital, mundo do trabalho e TICs  
Partilha-se das reflexões teóricas e políticas de que a crise capitalista é expressão  
fenomênica de seu “sistema socio-metabólico”. Em outras palavras, ela não se reproduz sem  
momentos de crescimentos e instabilidades, atravessando a base material da existência humana,  
a ideologia, as artes, a cultura, o movimento entre as classes sociais, suas frações e a relação  
dessas com o Estado burguês, afetando a totalidade da sociabilidade (Mészáros, 2011).  
Articulando produção e reprodução social, o referido autor afirma que a crise iniciada nos anos  
1970 é essencialmente estrutural porque: 1) tem um intrínseco caráter universalizante que  
compromete todas as esferas produtivas; 2) sua expansão é cada vez mais global, perpassando  
os diversos países existentes; 3) apresenta uma escala de tempo extensa, continua e permanente  
que diverge das crises cíclicas anteriores; e 4) é marcada por inúmeros colapsos, convulsões,  
abundâncias e escassez no futuro (Mészáros, 2011).  
765  
Nessa ótica, a raiz da crise estava na rigidez fordista4. O fordismo criou “[...] uma nova  
política de controle e gerência do trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia, em suma  
um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada, modernista, populista” (Harvey, 2017,  
4
No termo gramsciano, o americanismo fordismo surgiu em 1914, cujo principal representante foi Henry Ford,  
quando criou a linha de montagem automobilística nos Estados Unidos da América (EUA). O fordismo tinha como  
base a produção de caráter rígida em massa, o consumo exacerbado, a capacidade do trabalhador em conhecer a  
totalidade do processo produtivo, as atividades laborais repetitivas e a extensa esteira produtiva.  
Vinícius Paulino Lopes da Silva  
p. 125). Exemplo disso é o filme Tempos modernos, protagonizado por Charles Chaplin, que  
expressa a interação desumana entre o trabalhador e a linha de montagem a partir de  
movimentos repetitivos. Essa realidade é síntese histórica da relação universal de  
estranhamento objetivada entre capital e trabalho na sociedade.  
Em consequência a isso, a mediação utilizada pelo capitalismo para responder à sua  
instabilidade foi a reestruturação produtiva de lógica flexível toyotista, cujo fio condutor é a  
redução de custos para a manutenção da valorização do valor. Essa lógica acarretou mudanças  
no campo da produção, do Estado e da ideologia: no âmbito do trabalho, por exemplo, aparecem  
relações intermitentes, polivalentes, precarizadas, informais e terceirizadas, em que se  
valorizou o trabalho morto em relação ao trabalho vivo com a inserção de novas tecnologias —  
círculos de controle de qualidade5 (CCQs), o Kanban e outras formas de controle e gestão.  
Segundo Antunes (2009), o sistema toyotista6 de produção apresenta as seguintes  
particularidades em relação ao fordismo: 1) o foco da produção passa a ser regulado por  
demanda do mercado individual na qual prioriza-se um estoque mínimo; 2) no modelo flexível,  
a produção de mercadorias são cada vez mais heterogêneas, sofisticadas e com força de trabalho  
diversa na qual o trabalhador torna-se um operador de máquinas para expandir  
desenfreadamente a produção, modificando as relações de trabalho; 3) a defesa do “trabalho  
em equipe”, integração entre os colaboradores e a multiplicidade de funções a realizar, cuja  
consequência é a fragmentação da produção (polivalência); 4) incentivo do sistema just-in-time,  
ou seja, a busca do melhor “aproveitamento” do trabalhador em sua jornada de trabalho (a  
realização de mais-trabalho em menos tempo possível, por demanda); e 5) a produção é  
horizontalizada, fragmentada, flexível e descentralizada e as empresas tornam-se “enxutas” e  
prestadoras de serviços, fomentando a terceirização, a privatização e a concorrência  
intercapitalista.  
766  
No âmbito do Estado, tem-se o revigoramento das “contrarreformas”, cujas políticas  
sociais assumem tendências focalizadas, paternalistas, gera “gastos” para a coisa pública e são  
mercantilizadas, pulverizadas e limitadas aos programas de transferência de renda, priorizando  
o fundo público para o pagamento da dívida externa. Esse cenário aprofunda a retirada de  
direitos sociais e a precarização das condições de vida da classe trabalhadora (Behring, 2003).  
5 Na utilização dos CCQs, criam-se grupos de trabalhadores que passam a ser regulados, controlados e avaliados  
pela sua capacidade individual de desempenho e qualidade dos serviços prestados no processo laboral (Antunes,  
2009).  
6
O que também demarca a lógica toyotista de produção é a captura da subjetividade do trabalhador. Criou-se o  
banco de horas, jornadas e dias extras de trabalho e as folgas reduzidas. Em síntese, é um espaço no qual se  
materializa a subsunção real do trabalhador ao capital, se expropria o seu saber e se intensifica a extração de mais-  
valor relativo via inserção de novas tecnologias na produção (Alves, 2011).  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 758-781, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
Tecnologias de informação e comunicação e assistência social: inflexões no Serviço Social  
No âmbito ideológico, por sua vez, o capital, em sua face neoliberal, tem incentivado a  
perspectiva “pós-moderna” (Lyotard, 2009), que se ancora na negação das metanarrativas e  
deslegitima a centralidade do trabalho, suas lutas nas relações sociais e o materialismo histórico  
e dialético. Nesse âmbito, o que vale são os signos, a comunicação, a informação, o micro e  
não o macro —, o presentismo e a falácia do “fimda história (Fukuyama, 1992). Tais valores  
têm revigorado a ofensiva decadente do projeto burguês, objetivando uma nova razão do mundo  
(Dardot; Laval, 2016).  
Por sua vez e de forma ampliada, Harvey (2017) utiliza o conceito de acumulação  
flexível para expressar a superação do regime fordista através de amplo processo de  
transformações nos diversos âmbitos da vida societária no bojo do capitalismo global a partir  
dos anos 1970. O autor sustenta ter havido um novo movimento de “compressão do espaço-  
tempo”, modificando as relações sociais com a abertura de novos mercados, a criação de novos  
estilos e modos de ser e o aparecimento do setor de serviços (imagens, a moda, as transações  
financeiras), cujo objetivo é a necessidade constante de flexibilizar os processos de trabalho e  
fragmentar os sindicatos, os movimentos sociais progressistas e a vida cotidiana.  
O conjunto dessas transformações societárias tem provocado o acirramento da luta de  
classes em escala global que atravessou os anos 1980, 1990, 2000, e, no contexto pós-crise de  
2008, essas transformações nos levam a refletir criticamente sobre a possibilidade de que “[...]  
vivemos uma nova fase de reestruturação do capital das condições de trabalho e produção,  
superando (dialeticamente) o fordismo, o toyotismo e alguns aspectos da acumulação flexível”  
(Tonelo, 2021, p. 158), mas não encerrando esta última. A também chamada crise dos  
subprimes7 foi notada: 1) pelos planos de austeridade fiscal entre os anos (2009-2010) para  
manter a reprodução ampliada do capital; 2) pela histórica questão da imigração; 3) pela função  
da guerra comercial, os conflitos ideológicos e geopolíticos, afetando a divisão internacional  
do trabalho; e 4) pela inserção de novas TICs, a robotização e a IA.  
767  
É nesse lastro histórico neoliberal que emerge na realidade a Indústria 4.08 (ou Quarta  
Revolução Industrial), marcada pelo capitalismo de plataforma (Srnicek, 2014)9, pela expansão  
7 Foram as hipotecas/empréstimos imobiliários concedidos, majoritariamente, pelo Banco Lehman Brothers e pelo  
Bank of América à classe trabalhadora nos Estados Unidos. O não pagamento desses empréstimos motivou o boom  
da crise capitalista, que, por sua vez, refletiu em todas as esferas da vida social em escala mundial (Tonelo, 2021).  
8
A indústria 4.0 teve a sua criação no ano de 2011 em Hannover, na Alemanha. O seu intuito inicialmente era  
pensar como revolucionar a organização, gestão e desenvolvimento das cadeias globais de valor a exemplo da  
criação das “fábricas inteligentes” e automatizadas, com produtos e serviços personalizados, além de criar novos  
modelos operacionais para diminuir custos (Schwab, 2018).  
9 Termo utilizado para expressar modalidades de trabalho e serviços mediadas pelo uso das TICs na atualidade e  
dinamizar os lucros capitalistas, a exemplo das empresas-aplicativos (Ifood, Happie, 99 Food, Uber, UberEats)  
produtos da reestruturação produtiva neoliberal no contexto pós-crise de 2008 (Antunes, 2022; Srnicek, 2014).  
Vinícius Paulino Lopes da Silva  
da gyg economy (economia de bico), pelo domínio de algoritmos, pelo ChatGPT, pelos carros  
elétricos e celulares cada vez mais arrojados com reconhecimento facial e vocal, pela internet  
das coisas, pelo 5G, pela uberização10 (Abílio, 2020) e pelas plataformas digitais Apple  
Music, Amazon, Canva, Deezer, Facebook, Google Play, Instagram, Netflix, Spotify, Tidal,  
Twitter, Youtube etc.  
Tais aspectos até então nunca foram vistos antes pela humanidade. Diante desse salto  
qualitativo, é importante destacar que “[...] o que torna a 4ª Revolução Industrial  
fundamentalmente diferente das anteriores é a fusão dessas tecnologias e a interação entre os  
domínios físicos, digitais e biológicos” (Schwab, 2018, p. 20-21). A tendência do capitalismo  
contemporâneo é “[...] a utilização de novas TICs com a emergência das ‘economias de  
plataforma’ como forma de debilitar decisivamente qualquer elemento de estabilidade laboral”  
(Tonelo, 2021, p. 154).  
Segundo Huws (2017), as relações de trabalho em tempos de crise atual contribuem para  
a formação de um cibertariado (trabalhadores que vendem a sua força de trabalho mediada pelo  
digital) num mundo real, permeado por relações concretas, espirituais e por conflitos de classes,  
que, por sua vez, avolumam “[...] uma oferta necessária de um proletariado livre como os  
pássaros” (Marx, 2013, p. 275). Por isso, reitera-se que, mesmo em tempos de plataformas,  
algoritmos e IA, o capital não sobrevive sem a interferência vital do trabalho humano. É o  
trabalho que produz a tecnologia, e não o oposto.  
768  
Enquanto Tonelo (2021) e Huws (2017) trazem a discussão das TICs articulada ao  
mundo do trabalho e às plataformas digitais, Castells (2020, p. 87)11 caracteriza as TICs12 como  
“[...] um conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, computação (software e  
10 Tendência em curso de generalização das relações de trabalho que compõe diversos setores da economia, níveis  
de ocupações, qualificação e renda, que ganhou notoriedade social com a empresa Uber. O termo uberização  
refere-se às questões que não envolvem somente o nome da tal empresa. Em síntese, materializa-se uma nova  
forma de controle/subordinação, gerenciamento e organização das relações de trabalho, o que diz respeito à  
regulação do Estado na perspectiva de retirada de direitos trabalhistas, na “flexibilização” do trabalho para explorar  
de forma intensa as/os trabalhadoras/es e na banalização de transferência de custos e riscos do trabalho ao  
trabalhador. As empresas-aplicativos se autointitulam como mediadoras de serviços que detém os aparatos  
tecnológicos no sentido de burlar a legislação protetora do trabalho (gerenciamento algorítmico do trabalho),  
(re)produzindo um vasto número de trabalhadores disponíveis para a exploração e atendendo às demandas das  
plataformas (just-in-time) (Abílio, 2020).  
11 O autor preocupou-se em estudar as transformações da cultura na era da informação relacionada ao hipertexto,  
dando continuidade aos estudos que lhe antecederam, a exemplo dos estudos de Vannevar Bush, Ted Nelson,  
William Gibson.  
12 Pierre Lévy (2010), na sua obra intitulada As tecnologias da inteligência, foca a discussão no “fetichismo” das  
TICs a partir do conceito de hipertexto. Para Lévy (2010, p. 20), o hipertexto “[...] é um conjunto de nós ligados  
por conexões, [sendo que os] nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, sequências  
sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos”.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 758-781, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
Tecnologias de informação e comunicação e assistência social: inflexões no Serviço Social  
hardware), telecomunicações/radiodifusão [...], a engenharia genética e seu crescente conjunto  
de desenvolvimentos e aplicações”.  
Na perspectiva de Antônio Casili (2021), para apreender criticamente as plataformas  
digitais como mecanismos que alavancam a reprodução ampliada do capital, são necessários  
alguns conceitos centrais, a saber: o valor qualificação; o valor de monetização; e o valor de  
automação. O primeiro trata do funcionamento das plataformas por meio das quais operam os  
diversos algoritmos. Na empresa Uber, por exemplo, os algoritmos trabalham na mensuração  
dos valores das viagens e serviços nas rotas mais próximas entre motoristas e passageiros; já  
nas redes sociais, o algoritmo ad rank trabalha no acesso, classificação e bloqueio das  
informações no feed (imagens, mensagens, vídeos, propagandas, etc.).  
O segundo conceito diz respeito à quantidade gigantesca de dados que os seres humanos  
produzem, dados estes que são apropriados e transformados em “valor monetário”/“fluxo  
monetário” — nos termos do autor para o capital. O terceiro conceito, por sua vez, diz  
respeito ao modo com que as plataformas expandem a “inovação” e “direção para o futuro” via  
algoritmos ao criar e performar, por meio de IA, novas ferramentas para estimular a  
concorrência entre usuários (trabalhadores) e os grandes conglomerados tecnológicos  
(detentores do capital) (Casili, 2021).  
Diante do exposto, é nesse chão árido, desigual e de disputas entre distintos projetos  
societários e tecnológicos, de plataformização, informalidade, desemprego, precarização do  
trabalho e da vida social que a classe trabalhadora vem, por meio de articulações, lutas coletivas  
e movimentos sociais, pautando melhores condições de subsistência, exigindo publicamente o  
reconhecimento e respostas do Estado frente às expressões da “questão social”. Portanto, o  
Serviço Social enquanto profissão e área de conhecimento inserida na divisão sociotécnica,  
étnico/racial, sexual e geracional do trabalho está no bojo do movimento da realidade,  
vivenciando, na contemporaneidade, as inflexões das TICs nas políticas sociais e nos direitos  
sociais em que atua conforme trataremos no ponto a seguir.  
769  
A intensificação do uso das TICs na PAS: implicações nos direitos sociais e no  
trabalho de assistentes sociais no Brasil contemporâneo  
Na particularidade da realidade brasileira, o Estado, sobre os preceitos neoliberais e de  
acumulação flexível (conforme discutiu-se na seção anterior), começou a implementar as TICs  
tardiamente a partir dos anos 1990. Assim, essas tecnologias são injetadas na burocracia dos  
serviços públicos (e também privados) através da Empresa de Processamento de Dados da  
Previdência Social (Dataprev), criada nos anos 1970. Em seguida, o mesmo ocorreu na política  
Vinícius Paulino Lopes da Silva  
de saúde via Departamento de Informática do SUS (DataSUS). Na Assistência Social, as TICs  
foram implantadas no Sistema Único de Assistência Social (Suas), vinculado à base de dados  
do Sistema do Cadastro Único (CadÚnico), do Sistema de Gestão do Programa Bolsa Família  
(SIGPBF) dentre outros, atravessando os anos 200013 (Santos, 2019).  
No contexto de crise pandêmica da covid-19, o país foi orquestrado por um  
(des)governo, entreguista, ultraconservador, ultraneoliberal, de extrema-direita, machista,  
racista e xenofóbico que negou a ciência e atrasou a compra de vacinas. A partir das frases  
como “é só uma gripezinha!” e “e daí, eu não sou coveiro!”, verbalizadas pelo ex-presidente  
Jair Messias Bolsonaro, além da frase “passar a boiada!” dita pelo ex-ministro do meio  
ambiente Ricardo Salles, sintetizou-se o passado recente de nossa formação social em que o  
poder da burguesia mescla “modernização” e “atraso”, exalando seu ódio de classe contra os  
pobres e tomando decisões “pelo alto” de forma autoritária, travando qualquer participação  
democrática e popular (Fernandes, 1975).  
Resultado da crise estrutural, o capitalismo pandêmico, nos termos de Antunes (2022),  
foi drástico: soou como uma espécie de laboratório para intensificar os processos de exploração  
contra a classe-que-vive-do-trabalho, e, por meio dele, presenciou-se a agudização das  
históricas expressões da “questão social” (o desemprego estrutural, a fome, a miséria, as  
violências, a precarização e a informalidade do trabalho etc.) e da concentração de renda, além  
das milhares de vidas politicamente ceifadas14.  
770  
Nesse contexto, a PAS, por um lado, foi reconhecida pelo Estado e pela sociedade civil  
enquanto um serviço essencial; porém, por outro lado, as condições necessárias para o seu  
qualitativo funcionamento não foram realizadas. O auxílio emergencial no valor de R$ 600,00,  
por exemplo, foi visto pelo governo como uma “benesse” de ajuda aos pobres e necessitados e  
13 Nos últimos anos, as TICs vem sendo legitimadas pelo Estado a partir de uma série de leis e decretos, a saber:  
Lei nº 12. 682, de 9 de julho de 2012, que dispõe sobre a elaboração e o arquivamento de documentos em meios  
eletromagnéticos; o Decreto nº 9.319, de 21 de março de 2018, que institui o Sistema Nacional para a  
Transformação Digital e estabelece a estrutura de governança para a implantação da Estratégia Brasileira para a  
Transformação Digital; o Decreto nº 9.756, de 11 de abril de 2019, que institui o portal único “gov.br” e dispõe  
sobre as regras de unificação dos canais digitais do Governo federal; o Decreto nº 9.854, de 25 de junho de 2019,  
que institui o Plano Nacional de Internet das Coisas e dispõe sobre a Câmara de Gestão e Acompanhamento do  
Desenvolvimento de Sistemas de Comunicação Máquina a Máquina e Internet das Coisas; a Lei Federal nº 14.129,  
de 29 de março de 2021; e mais recentemente, os aplicativos Meu INSS, SouGov, Bolsa Família, dentre outros  
sistemas digitais (Governo [...], 2024).  
14 Um dos primeiros casos de morte causado pelo vírus da covid-19 no Brasil ocorreu na cidade do Rio de Janeiro,  
em 17 de março 2020. A vítima, uma trabalhadora doméstica, idosa, negra, periférica, foi contaminada pelos  
patrões brancos que moravam na Zona Sul da cidade. Tal realidade é produto da estrutura patriarcal-racista-  
capitalista que determina as condições de trabalho (divisão social, racial e sexual), de vida e morte da população  
negra em nosso país (Cisne; Santos, 2018). Até a manhã do dia 26 de fevereiro de 2020, em todo o mundo haviam  
sido confirmados 18.570.858 caso de covid-19. Em relação ao número de mortes, até a referida data, 156.839  
haviam sido confirmadas nos Estados Unidos e 95.819 no Brasil (Johns Hopkins University, 2020).  
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como uma medida de reforço à filantropia, por meio da qual se excluiu o antecessor Programa  
Bolsa Família (PBF).  
Numa perspectiva de totalidade histórica, o auxílio emergencial surgiu enquanto  
produto das lutas sociais, de movimentos sociais progressistas, do debate acadêmico, dos  
usuários da PAS e da correlação de forças entre os partidos políticos de oposição para fazer  
valer o projeto de renda básica no país. Essa medida foi instituída e implementada em caráter  
de urgência a partir da Lei nº 13.982/2020, de 2 de abril de 2020 (Brasil, 2020).  
A alternativa encontrada pelo Estado para o benefício foi a mediação do uso das TICs.  
Tal medida excluiu digitalmente do benefício uma parcela significativa dos usuários, tais como  
desempregados, desalentados, informais, pessoas sem acesso à renda e mães solo. Dizia o  
Artigo 5, Inciso 1º da referida lei, que “[...] a plataforma digital poderá ser utilizada para o  
acompanhamento da elegibilidade ao auxílio emergencial por todos os trabalhadores” (Brasil,  
2020, art. 5, inc. I).  
Essa concepção balizava as desigualdades e o uso das TICs era visto como uma forma  
de “superação da pobreza”. A partir disso, percebe-se o foco no mérito individual e acredita-se  
na tecnologia como responsável pelo bem-estar social e pelo avanço nacional, desarticulando  
as determinações e contradições dos projetos societários e tecnológicos em disputa.  
É importante salientar que não houve sequer prioridade do Ministério da cidadania para  
gerir as condições de vulnerabilidade social. O (des)governo deu aval exclusivo para as decisões  
autoritárias do Ministério da Economia, representado pelo ex-ministro Paulo Guedes (Chicago  
boy), seguindo o plano de cortes de gastos desde a PEC nº 95, aprovada no ano de 2016, que  
congelou por 20 anos o investimento nas políticas de seguridade social.  
771  
Na realidade, trabalhamos com a possibilidade de que o auxílio emergencial/Auxílio  
Brasil (e demais aplicativos utilizados nas políticas sociais), mediado pelo uso das TICs,  
apareceu na realidade enquanto mecanismos sofisticados de expropriações15contemporâneas de  
direitos sociais. Segundo Boschetti (2018), a partir dos escritos de Marx (2013), as  
expropriações contemporâneas são concebidas como o momento predominante em que o capital  
submete a classe trabalhadora à lei geral de acumulação, corroendo todas as condições de  
trabalho e existência humana. A autora também nos elucida questões para pensar na atualidade  
o projeto “competente” do Estado brasileiro para a inserção da Assistência Social no circuito  
15 Classicamente tratada por Marx (2013) em O capital, mais especificamente no capítulo 24 intitulado “A assim  
chamada acumulação primitiva”. Trata-se de um contexto histórico marcado pela violência, por cerceamentos, por  
saques dos bens da Igreja Católica e pela expulsão dos servos das terras feudais, transformando-os em  
trabalhadores assalariados e reféns da propriedade privada. Em síntese, nesse período, objetivou-se a separação  
entre trabalhadores e os meios de produção.  
Vinícius Paulino Lopes da Silva  
de reprodução ampliada da financeirização do capital, que impôs “goela abaixo” aos usuários  
a abertura de contas digitais via aplicativo Caixa Tem, desconsiderando as determinações  
sociais, econômicas, educacionais, sanitárias e culturais da população mais pauperizada  
(Boschetti, 2018).  
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) coletados pelo  
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no quarto trimestre de 2019 mostraram  
que, na conjuntura que a Sars-CoV-2 chegou ao Brasil, cerca de 12,6 milhões de domicílios não  
utilizavam a internet (IBGE, 2020). As motivações para o não uso eram duas: 26, 2% afirmavam  
que o acesso era caro e 25,7% disseram que nenhum morador sabia manusear o uso de internet  
e tecnologias (IBGE, 2020). Ainda segundo a PNAD, no último trimestre de 2019, somente  
40,6 % dos domicílios entrevistados tinham computador, 44,8% tinham tablet e mais de 90%  
tinham celular móvel (IBGE, 2020). A partir desses dados, as famílias que possuíam esses  
recursos tecnológicos tinham uma renda acima de R$1.000, 00 e as famílias que não tinham  
celular o rendimento foi de R$557,00 (IBGE, 2020). Ou seja, foram essas últimas famílias as  
mais pauperizadas as que sofreram os maiores impactos na pandemia, junto ao avanço  
predatório das expropriações atuais do capital.  
A Controladoria Geral da União (CGU) verificou inconsistências na análise dos  
cadastros para o requerimento do auxílio emergencial. Segundo a CGU (2022), a análise era  
realizada por robôs e comandadas por IA, que realizava o cruzamento do banco de dados do  
Governo Federal. A partir de estudos realizados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV),  
identificou-se que 23% das classes D e E, ou seja, as mais pauperizadas da classe trabalhadora,  
não conseguiram acessar o auxílio emergencial por questões limitadas de acesso à internet  
(FGV, 2021). Além disso, 28% desses sujeitos não acessaram o aplicativo (APP), 18% não  
sabia baixar o app, 22% apresentavam dificuldades de internet e 22% não tinha celular (FGV,  
2021).  
772  
A PAS, fruto das lutas e movimentos sociais pós-Constituição Federal de 1988,  
compondo o tripé da seguridade social ao lado da política de saúde e da Previdência Social, foi  
refém da ganância dos bancos. O Estado se eximiu para os bancos atuarem na criação, gestão e  
implementação da transferência de renda, e, com isso, objetivou-se a transição da esfera da  
política pública e dever do Estado (direito) para a esfera dos serviços via acesso restrito as  
plataformas digitais, os algoritmos e o mercado “[...] ao restringir o uso do fundo público para  
as políticas sociais e sistemas de seguridade social. O que determina estas formas de  
expropriação contemporânea é a reprodução ampliada do capital em larga escala” (Boschetti,  
2018, p. 159).  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 758-781, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
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No ano de 2023, o rendimento dos domicílios que tinham acesso a serviços de  
streaming16 de vídeo foi de R$ 2.731,00, valor que representa quase o dobro das famílias que  
recebem R$1.245,00 em relação a tal serviço. As famílias que têm acesso aos canais fechados  
de televisão via internet tinham o rendimento médio de R$ 3.603,00 (IBGE, 2024).  
Em relação à existência de microcomputador ou tablet nos domicílios, a pesquisa da  
PNAD evidenciou que, do ano de 2016 ao ano de 2023, houve uma pequena queda. No ano de  
2015, o percentual era de 45,9%. Anos mais tarde, em 2022, o percentual foi de 40,2% e 39,0%  
no ano posterior (IBGE, 2024). Segundo a referida pesquisa, o acesso ao tablet por essas  
famílias acaba sendo de maior facilidade em relação ao microcomputador pelo fato de este ser  
um equipamento mais caro e não acompanhar o orçamento familiar (IBGE, 2024). Além disso,  
a pesquisa trata das disparidades regionais no que diz respeito aos equipamentos tecnológicos  
entre o âmbito urbano e o âmbito rural (IBGE, 2024).  
Ainda no ano de 2023, a ausência de telefone fixo manteve-se elevada nas regiões  
Nordeste (5,25%) e Norte (3,8%), enquanto que, nas demais regiões do Brasil, o percentual não  
passou de 2% (IBGE, 2024). Já o acesso a telefone móvel celular tem apresentado aumento  
desde o ano de 2016 93,1% havendo estabilidade apenas nos anos de 2022 (96,6%) e  
2023 (96,7%). Nesse mesmo período, o percentual de acesso ao celular foi significativamente  
maior: 91,2% em 2022 e 97,5% em 2023; e o telefone fixo teve como percentuais 2,8% em  
2022 e 10,5% no ano de 2023 (IBGE, 2024).  
773  
Diante da realidade apresentada, é perceptível que o acesso restrito à renda pela classe  
trabalhadora aparece no chão do cotidiano como uma das principais determinações do processo  
de reprodução de desigualdades, dada a pequena parcela de trabalhadores que tem as condições  
objetivas para o usufruto das plataformas e dos equipamentos tecnológicos cada vez mais  
socialmente produzidos. Aliado a isso, a mediação política e ideológica do Estado neoliberal  
influencia diretamente no processo de como a tecnologia, os serviços, os programas e benefícios  
sociais acoplados nessas plataformas digitais irão chegar (ou não) a viabilizar os direitos da  
população usuária das diversas políticas sociais.  
Dentre essas políticas, tem-se a PAS, que, majoritariamente, trabalha com menos  
orçamento público com a população usuária que é racializada e composta por mulheres de  
periferia que vivenciam o cotidiano da informalidade do trabalho, da fome e do analfabetismo,  
16 O streaming diz respeito à transmissão de dados (áudio, imagens, vídeos etc.) mediada pelo uso da internet sem  
necessariamente fazer o download do conteúdo. Em outras palavras, trata-se da reprodução on-line de um produto  
(filme, série, telenovela etc.) que é encaminhado em tempo real ao dispositivo que está sendo transmitido (celular,  
notebook, tablet, Ipad etc.) Netflix, Spotify, Prime Video, HBO Max, Apple TV e outras plataformas são exemplos  
dessas transmissões.  
Vinícius Paulino Lopes da Silva  
além de terem o universo tecnológico muito distante da vida social ou seja, a classe social  
historicamente expropriada de direitos, e, portanto, os mais pauperizados da sociedade. Assim,  
há, por um lado, a intencionalidade política de metabolizar sem pudores via tecnologia a  
expropriação de direitos e da vida social dos mais pobres; e, por outro, o anseio de fazer crescer  
a centralização e a concentração dos lucros das empresas detentoras dos meios tecnológicos de  
produção capitalista em nossos tempos.  
Em virtude disso, a relação TICs e expropriação contemporânea na PAS revela um  
novo/velho “[...] processo de subtração de condições históricas de reprodução da força de  
trabalho mediadas pelo Estado [...] por meio da reapropriação, pelo capital, de parte do fundo  
público” (Boschetti, 2018, p. 158). Essa reapropriação, vale ressaltar, é fruto do trabalho social  
da classe trabalhadora e passa a ser autoritariamente imposta pelo Estado brasileiro, destinado  
ao pagamento dos juros da dívida pública, em especial do capital imperialista norte-americano.  
Tais adaptações e disputas tecnológicas vem contraditoriamente afetando a totalidade  
das inúmeras profissões e dos seus processos de trabalho dentre essas, o Serviço Social, que  
atua no enfrentamento às expressões da “questão social” no chão das políticas sociais. Na PAS,  
as/os assistentes sociais historicamente “[...] são consideradas[os] agentes públicos [...] que  
concretizam atenções e cuidados para superar desproteções sociais e garantir direitos de  
cidadania” (Sposati, 2021, p. 251).  
774  
Desde o contexto pós-crise de 2008, e, em seguida, a crise pandêmica de covid-19, o  
capital financeiro reavivou, de forma intensa, a nova morfologia do trabalho no Serviço Social  
(Raichelis; Arregui, 2021), intensificando as nossas relações de trabalho e a vida social através  
do home office. O teletrabalho, inclusive, direcionou os custos do trabalho para os  
trabalhadores, a exemplo das compras de equipamentos tecnológicos, da internet wi-fi, pacotes  
de dados moveis, smartphones, fones de ouvido, webcam e ring light (luz do anel) para a  
realização de reuniões e atendimentos com os usuários via plataforma Google Meet, Zoom,  
Lives, dentre outras plataformas17. Intensificar o trabalho sempre fez parte do projeto de  
lucratividade burguês.  
A partir do conceito de intensidade, a relação capital, trabalho e TICs, o contexto de  
isolamento social impôs à categoria (e ao conjunto de trabalhadores inseridos na divisão social,  
técnica, étnico/racial, sexual, geracional e territorial do trabalho) tanto um esforço corporal  
quanto da “[...] acuidade de sua mente, a afetividade despendida ou os saberes adquiridos  
17 Destaca-se que o contexto pandêmico exacerbou as desigualdades estruturais e digitais. Nem todos os usuários  
tinha condições econômicas para acesso aos bens tecnológicos, tais como internet wi-fi, pacotes de dados moveis  
4G ou 5G, tampouco letramento digital para manusear celulares, computadores etc.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 758-781, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
Tecnologias de informação e comunicação e assistência social: inflexões no Serviço Social  
através do tempo ou transmitidos pelo processo de socialização” (Dal Rosso, 2008, p. 21). No  
âmago dessas tendências, a intensificação do uso das TICs está objetiva e subjetivamente  
contido nos valores e interesses de classe baseados na reificação e na reprodução da “razão  
formal abstrata”, que, tendencialmente, recai em respostas profissionais burocráticas, limitadas  
às rotinas institucional, pragmáticas e conservadoras que reiteram a ordem burguesa, controlam  
e intensificam o ritmo, as formas de contratação, a produtividade e o tempo do trabalho de  
assistentes sociais na contemporaneidade.  
Com isso, corroeu-se por dentro os legados da Política Nacional de Assistência Social  
(PNAS), dos conselhos e conferências municipais, estaduais e federais de Assistência Social —  
espaços de ricos debates públicos e fortalecimento dos serviços , dos programas e benefícios  
sociais (cestas básicas, auxilio funeral, auxilio enxoval etc.), do CadÚnico, do Serviço de  
Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), do Acessuas Trabalho, do Centro de  
Referência de Assistência Social (Cras) e do Centro de Referência Especializado em  
Assistência Social (Creas), sendo esses equipamentos essenciais para a socialização de  
informações e direitos sociais.  
Por um lado, percebe-se a coalisão entre a racionalidade mecanizada dos algoritmos, da  
indústria 4.0 e das plataformas digitais na atualidade, que busca, cotidianamente, quantificar  
dados e prometer respostas prontas, acabadas e esvaziadas de mediações. O processo em  
questão tem interferido nos fundamentos da relativa autonomia (Iamamoto, 2015) e no sigilo  
profissional, atingindo o núcleo das atribuições privativas e competências e aprofundando a  
subsunção do saber ao capital e do revigoramento de práticas punitivistas, acríticas e fatalistas.  
Desta maneira:  
775  
O que é certo é que as alterações substantivas nas requisições e uso de  
tecnologias e plataformas digitais, orientadas por algoritmos, estabelecem o  
controle e gerenciamento sobre as trabalhadoras assistentes sociais, extraindo-  
lhes sobretrabalho e conduzindo suas ações a determinados resultados  
antecipadamente programados a partir de cálculo racional. Chamamos a  
atenção sobre a racionalidade do algoritmo ou “a receita”, que através do  
passo a passo, produz uma determinada resposta ao problema apresentado,  
impondo uma tomada de decisão automatizada (Guerra, 2023b, p. 12).  
Por outro lado, tem-se o direcionamento social e estratégico contido nas reservas de  
forças legatária do projeto ético-político (desde a “virada” de 1979) que se articula entre as  
dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa, cuja finalidade é a  
materialização de respostas críticas, propositivas, qualificadas e teleologicamente orientadas  
típicas da instrumentalidade profissional.  
Vinícius Paulino Lopes da Silva  
Sobre a dimensão teórico-metodológica, a palavra “fundamento” origina-se do latim  
fundamentum, cujo o significado é “princípio sobre o qual se apoia e se desenvolve uma coisa”  
(Guerra, 2023a, p. 45), podendo ser sinônimo de “base”, “pilastra” e/ou “fundação”. Em outras  
palavras, “fundamento” diz respeito à forma de ser, à explicação de algo. A partir desse  
entendimento, tal dimensão se particulariza pelos fundamentos histórico-ontológicos que  
explicam o movimento de gênese e (re)produção da sociabilidade e da profissão na captura da  
totalidade, das contradições, das macrodeterminações para além da aparência reificadora da  
realidade.  
Trata-se da fundamentação adotada pela profissão e pela profissional que lhes  
permite apreender a realidade social e nela a profissão. Nessa concepção  
também se considera os fundamentos ideo-políticos — aos quais subjazem  
determinadas concepções de homem e mundo, priorizam determinados  
valores e afirmam determinado projeto de sociedade e de profissão (Guerra,  
2023a, p. 45).  
Os fundamentos teórico-metodológicos do Serviço Social são produtos de uma extensa  
luta histórica da categoria profissional e da classe trabalhadora no seio do Movimento de  
Reconceituação Latino-americano. Este, por sua vez, ultrapassa as perspectivas caritativas,  
positivistas e fenomenológicas típicas da reprodução da ordem capitalista e se coaduna com um  
determinada apreensão/forma político-crítica de ser na sociedade e no mundo, de concepção de  
Estado, de cultura, de política social, de ideologia e de valores que reafirmam um novo projeto  
de sociedade e de profissão.  
776  
A dimensão ético-política, por sua vez, é o campo em que se manifesta politicamente o  
direcionamento social e estratégico da profissão acumulados historicamente, que advoga contra  
a neutralidade, a reprodução de conservadorismos e expressões de dominação/opressão e  
exploração de raça/etnia, classe, gênero, território e geração, que por sua vez, extrapola os  
marcos jurídicos-legais, a exemplo, do Código de Ética de 1993 e da Lei de Regulamentação  
nº 8.662/1993. Trata de finalidade profissional — o “para que fazer”?  
Essa direção tem chão nos fundamentos ontológicos que possibilitam “[...] a elevação  
aos valores humano-genéricos, mas sua necessária abstração teórica não a isola da práxis”  
(Barroco, 2001, p. 55) contra concepções e ações moralistas e moralizantes da vida social. A  
concepção de liberdade é o nosso valor ético central.  
O conceito em questão se pauta na possibilidade de escolhas concretas entre condições  
concretas de existência e não a liberdade, fadada ao direito de manutenção da propriedade  
privada burguesa. Além disso, defende a bandeira da democracia articulada ao pluralismo de  
ideias e da emancipação humana. Em sintonia com tais princípios, o conjunto composto pelo  
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), pelos conselhos regionais de Serviço Social  
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Tecnologias de informação e comunicação e assistência social: inflexões no Serviço Social  
(Cress), pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss) e pela  
Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso) representa as entidades  
representativas da categoria profissional que se posicionam e são criticamente comprometidas  
com a formação e com o exercício profissional.  
Por fim, tem-se a dimensão técnico-operativa18, que é a forma com que a profissão  
aparece no campo singular da aparência em que se disputam as políticas sociais, o Estado e a  
população usuária dos serviços sociais públicos e privados existentes por direitos. É nessa seara  
que “[...] emana a imagem social da profissão e sua autoimagem” (Guerra, 2012, p. 40).  
A partir dessa concepção, materializa-se a síntese do exercício profissional para intervir  
no emaranhado do cotidiano marcado pelo fragmento, pela parcialidade, pela tentativa de  
“neutralidade”. Entretanto, visamos “[...] o nosso trabalho como resultado de uma totalidade  
que engloba diversos elementos” (Paula, 2023, p. 85) que atravessam as múltiplas  
determinações da vida em sociedade.  
Na perspectiva de Santos, Filho e Backx (2012, p. 19):  
[...] a dimensão técnico-operativa não pode ser reduzida à questão dos  
instrumentos e técnicas. Ela mobiliza as dimensões teórico-metodológicas —  
para analisar o real e investigar novas demandas — e ético-políticas —  
permitindo avaliar prioridades, as alternativas viáveis para a realização da  
ação, bem como projetar a ação em função dos valores e finalidade e avaliar  
as consequências da ação —, além das condições objetivas do trabalho e as  
condições subjetivas dos agentes profissionais (Santos; Filho; Backx, 2012, p.  
19).  
777  
Em outras palavras, a unidade no diverso que constituem e são constitutivas das  
dimensões profissionais até então apresentadas “[...] permite a passagem de análises  
macroscópicas, genéricas e de caráter universalista às singularidades da intervenção  
profissional, em contextos, conjunturas e espaços historicamente determinados” (Guerra, 2000,  
p. 23), reconstruindo cotidianamente o nosso objeto de intervenção, isto, é, a “questão social”  
e as suas múltiplas expressões que ganham terreno no bojo das políticas sociais, típicas da  
sociabilidade burguesa.  
De acordo com o Código de Ética Profissional de 1993, mais especificamente no  
Capítulo I, Art. 5, Alínea C, devemos, na rota inversa dos interesses do capital, “[...]  
democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis no espaço institucional,  
como um dos mecanismos indispensáveis à participação dos/as usuários/as” (CFESS, 2011, p.  
18 No contexto de crise capitalista, “[...] há na atualidade o predomínio de outro perfil de profissional, o do ‘técnico  
treinado para intervir num campo de ação determinado com a máxima eficácia operativa’, que historicamente tem  
sido priorizado na profissão e que se encontra perfeitamente adequado ao projeto educacional do neoliberalismo e  
à sua racionalidade instrumental” (Guerra, 2002, p. 17).  
Vinícius Paulino Lopes da Silva  
29). Por isso, reforçamos que o trabalho das/os assistentes sociais, mediado pelo uso da TICs,  
deve ser apreendido enquanto uma “[...] possibilidade de constituir-se com um dos recursos que  
podem ser utilizados para o aprofundamento e a consolidação deste projeto profissional”  
(Veloso, 2011, p. 121), estimulando a articulação com movimentos sociais progressistas,  
objetivando o conjunto de valores ético-políticos estimulados desde a formação profissional e  
vislumbrando uma nova ordem societária para além das opressões e dominações de gênero,  
classe, raça/etnia e geracional, ecoadas pela generalização do capitalismo decadente.  
Considerações finais  
Com base no exposto, defendeu-se que a tecnologia expressa o alto grau de  
desenvolvimento das forças produtivas, isto é, da relação fundamental entre o trabalho,  
teleologicamente realizado entre homens e mulheres, com a natureza. No âmago da  
sociabilidade burguesa, o trabalho alienado, a ciência e a tecnologia passaram a ser dimensões  
de valorização do valor, especificamente em tempos de plataformas digitais, da uberização, da  
indústria 4.0, da IA e do domínio de algoritmos.  
Essas transformações societárias têm afetado as relações de trabalho e as políticas  
sociais onde em que as/os assistentes sociais, sobretudo na PAS. A articulação entre o  
materialismo histórico e dialético, a pesquisa bibliográfica e qualitativa e os dados secundários  
demonstraram que a apropriação das TICs pelo Estado neoliberal reforça, por um lado, a  
expropriação contemporânea de direitos sociais, e, por outro, a valorização do valor para as  
grandes empresas detentoras de tecnologias em escala global.  
778  
Na esfera do trabalho profissional, o cotidiano, marcado pela burocratização,  
focalização, precarização, sucateamento, mercadorização e virtualização dos serviços sociais  
públicos, tem colidido com o legado da instrumentalidade que baliza historicamente o projeto  
ético político profissional. Com isso, reiteramos que: 1) embora as tecnologias sob o crivo do  
capital financeiro tenham reforçado o consenso de que elas prometem performar a  
automatização das respostas profissionais e facilitar os processos de trabalho, de forma alguma  
essas tecnologias substituem a necessidade da unidade das dimensões teórico-metodológica,  
ético-política e técnico-operativa, político-pedagógica e interventiva; 2) a formação continuada  
é fundamental para que as intervenções profissionais via TICs sejam críticas, criativas e  
propositivas sob o norte da qualidade dos serviços prestados à população usuária, propiciando,  
assim, materialidade à dimensão investigativa/produção de conhecimento; e 3) tratar a relação  
entre as TICs e a unidade das dimensões profissionais é pensar na ligação entre essas  
tecnologias e os interesses da classe trabalhadora, levando em consideração a socialização de  
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informações e o acesso aos direitos e buscando reafirmar, no miúdo do cotidiano, os valores  
contidos historicamente no nosso PEP crítico (dimensão político-pedagógica).  
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vulnerabilidade social para fins de elegibilidade ao benefício de prestação continuada (BPC),  
e estabelece medidas excepcionais de proteção social a serem adotadas durante o período de  
enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do  
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