A atuação do assistente social na saúde frente à  
disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
The practice of the social worker in health care amidst the dispute for  
hegemony: a gramscian analysis  
Joseane Barbosa de Lima*  
Resumo:  
O
artigo analisa  
o
exercício  
Abstract: This article analyzes the professional  
practice of social workers in public health in  
light of Gramsci’s thought and the foundations  
of the Ethical-Political Project of Social Work.  
Through the critical appropriation of categories  
such as hegemony, counter-hegemony, and  
organic intellectuals, Social Work is discussed  
as a counter-hegemonic praxis committed to the  
interests of the working class. The analysis is  
situated within societal disputes over the  
Brazilian Unified Health System (SUS),  
marked by neoliberal and neoconservative  
offensives, and emphasizes the ethical-political  
dimension of professional practice as a  
mediation between structure and subjects. It  
concludes that critical intervention in the health  
field enhances the construction of a new  
hegemony, by articulating everyday resistance,  
social participation, and the unwavering  
defense of rights.  
profissional do assistente social na saúde  
pública à luz do pensamento de Gramsci e dos  
fundamentos do Projeto Ético-Político do  
Serviço Social. Apartir da apropriação crítica de  
categorias como hegemonia, contra-hegemonia  
e intelectual orgânico, discute-se a atuação do  
Serviço Social como prática contra-  
hegemônica, comprometida com os interesses  
da classe trabalhadora. A análise situa-se no  
contexto das disputas societárias em torno do  
SUS, marcado por ofensivas neoliberais e  
neoconservadoras, e enfatiza a dimensão ético-  
política do trabalho profissional como mediação  
entre estrutura e sujeitos. Conclui-se que a  
intervenção crítica no campo da saúde  
potencializa a construção de uma nova  
hegemonia, articulando resistência cotidiana,  
participação social e defesa intransigente dos  
direitos.  
Palavras-chaves: Hegemonia; Projeto Ético-  
Keywords  
Hegemony;  
Ethical-Political  
Político; Serviço Social; Saúde.  
Project; Social Work; Health.  
Introdução  
Este artigo tem como objetivo analisar o exercício profissional do assistente social no  
campo da saúde pública, à luz do pensamento de Antônio Gramsci e dos fundamentos do  
Projeto Ético-Político do Serviço Social. Parte-se da concepção gramsciana de hegemonia  
como direção política, moral e cultural das classes dominantes, construída no âmbito da  
* Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: joseane.lima@ufjf.br  
DOI: 10.34019/1980-8518.2025.v25.49631  
Esta obra está licenciada sob os termos  
Recebido em: 29/07/2025  
Aprovado em: 02/12/2025  
A atuação do assistente social na saúde frente à disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
sociedade civil por meio do consenso e da articulação de alianças. Em contrapartida, sustenta-  
se que as classes subalternas são capazes de elaborar um projeto societário alternativo,  
fundamentado em práticas contra-hegemônicas enraizadas nas condições concretas da vida  
social.  
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza teórico-reflexiva, fundamentada em  
revisão bibliográfica. Foram mobilizados autores clássicos e contemporâneos do Serviço Social  
e da tradição marxista, com ênfase no referencial gramsciano, com o objetivo de contribuir para  
o debate crítico sobre os desafios e potencialidades do trabalho profissional na saúde como  
mediação estratégica na luta por uma sociabilidade emancipada.  
A apropriação crítica da obra de Gramsci especialmente das categorias de  
hegemonia, intelectual orgânico e filosofia da práxis foi determinante para o processo de  
renovação do Serviço Social brasileiro a partir da década de 1980. Nesse contexto, a profissão  
redefine sua direção social, assumindo um compromisso ético-político com a emancipação  
humana e com a construção de uma ordem social pautada na justiça, na equidade e na  
universalização dos direitos. Ao articular teoria e prática, ética e política, o projeto profissional  
adquire um caráter pedagógico, com potencial transformador, afirmando-se como crítica à  
ordem vigente e como força promotora de novas formas de organização e consciência coletiva.  
Com base nesse referencial teórico-crítico, o artigo analisa os fundamentos ético-  
políticos que sustentam o projeto profissional do Serviço Social e examina a atuação do  
assistente social na saúde como espaço permeado por contradições, disputas de projetos  
societários, resistência e afirmação de práticas contra-hegemônicas. Essa análise se insere no  
contexto das ofensivas neoliberais e ultraconservadoras que vêm incidindo sobre o Sistema  
Único de Saúde (SUS) e os direitos sociais, tensionando o trabalho profissional e os princípios  
que o orientam.  
807  
Diante do avanço do conservadorismo, da intensificação das desigualdades e do  
recrudescimento dos ataques aos direitos sociais e às liberdades democráticas, reafirma-se a  
centralidade do Projeto Ético-Político do Serviço Social como instrumento de resistência e  
defesa intransigente da democracia, dos direitos historicamente conquistados. Ao fazê-lo, o  
artigo busca fortalecer o posicionamento crítico dos/das assistentes sociais frente às disputas  
ideológicas contemporâneas, reafirmando o compromisso da profissão com as lutas da classe  
trabalhadora pela transformação social.  
Joseane Barbosa de Lima  
Hegemonia e contra-hegemonia1 em Gramsci: a disputa de projetos societários  
A hegemonia, no pensamento de Antônio Gramsci, constitui um conceito-chave para a  
compreensão das formas de dominação e das possibilidades de transformação na sociedade  
capitalista. Diferentemente de uma concepção reducionista baseada apenas na coerção estatal,  
Gramsci entende hegemonia como a capacidade de uma classe dirigir as demais por meio do  
consenso ativo, construído na sociedade civil, mediante a difusão de uma concepção de mundo  
que se torna dominante (Gramsci, 2002).  
Trata-se de uma forma de direção político-ideológica que articula coerção e  
convencimento, sendo exercida não apenas no campo institucional, mas, sobretudo na cultura,  
na moral, na linguagem e nas práticas cotidianas (Neves, 2017). Assim, a hegemonia não é  
sinônimo de dominação, mas um processo de liderança ética e intelectual, sustentado na  
construção de consenso e na interiorização de valores que legitimam a ordem vigente.  
Segundo Dias (2005), é no terreno da totalidade social — compreendida como o  
conjunto articulado de práticas, representações, relações sociais e estruturas de poder — que se  
travam os embates entre distintos projetos hegemônicos. A teoria política gramsciana, portanto,  
recusa a separação entre economia, cultura e política, entendendo-as como dimensões  
interligadas da realidade. Como enfatiza o autor, “a teoria política seria um discurso vazio se  
examinada como exterioridade em relação à totalidade social ou como mero epifenômeno do  
‘econômico’” (Dias, 2005, p. 21). Assim, faz-se necessário articular o real a partir da reflexão  
sobre as práticas e os discursos dos dominados, bem como das ideologias dominantes, visando  
à superação destas e à construção do campo hegemônico das primeiras.  
808  
A luta por hegemonia envolve, portanto, a construção de um projeto societário  
alternativo, fundado nas experiências históricas das classes subalternas e na elaboração de uma  
concepção de mundo própria. Para Gramsci (2002), esse processo se inicia antes mesmo da  
tomada do poder estatal, por meio da atuação nos espaços da sociedade civil, da persuasão  
contínua e da disputa cultural. A hegemonia é, nesse sentido, um processo pedagógico de  
construção de consciência coletiva, que visa formar sujeitos históricos capazes de romper com  
a ordem vigente.  
Nessa direção, a conquista da hegemonia, segundo Gramsci (2002), exige uma reforma  
intelectual e moral, ou seja, uma transformação profunda nas formas de pensar e agir que  
1 Embora amplamente empregado na tradição marxista contemporânea, o termo “contra-hegemonia” não aparece  
de forma literal no vocabulário político-conceitual formulado por Antonio Gramsci. Seu uso, contudo, não se  
distancia dos fundamentos teórico-políticos gramscianos que subsidiam a compreensão das disputas de hegemonia  
e dos processos de direção moral, política e intelectual na sociedade.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 806-826, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
A atuação do assistente social na saúde frente à disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
permita superar interesses corporativos e particulares, rumo à constituição de um projeto  
universalizante, característico de uma classe que se pretende dirigente no sentido histórico. Essa  
reforma não se limita a mudanças individuais ou culturais isoladas, mas envolve a conformação  
de um novo sujeito histórico, alinhado a um projeto coletivo de transformação da ordem social  
vigente.  
No âmbito desta análise, destaca-se a centralidade da filosofia da práxis. Como aponta  
Souza (2018), ao revisitar a obra de Gramsci (1975), essa filosofia representa uma concepção  
de mundo que orienta o processo de reforma intelectual e moral, articulando teoria e prática  
como dimensões indissociáveis da luta social. Parte do reconhecimento de que toda concepção  
de mundo emerge de condições históricas concretas e somente adquire força transformadora  
quando é capaz de responder aos desafios de sua época, convertendo-se em prática viva,  
incorporada ao cotidiano das massas.  
Para Gramsci, uma concepção só se revela verdadeiramente transformadora quando se  
enraíza na experiência coletiva, influenciando valores, atitudes e ações. Isso significa que a  
reforma intelectual e moral deve expressar-se em mudanças efetivas na cultura e na organização  
das classes subalternas, possibilitando a construção de uma nova hegemonia a partir de baixo  
(Souza, 2018).  
Dessa forma, a proposta gramsciana de reforma intelectual e moral articula  
transformação cultural, política e ideológica, reconhecendo o papel estratégico da formação da  
consciência crítica e da organização coletiva das classes subalternas na disputa pela direção  
moral e política da sociedade.  
809  
Com base nessa compreensão de hegemonia como construção ativa de um novo  
consenso social, Gramsci aprofunda sua crítica à ordem burguesa, especialmente ao refletir  
sobre a estrutura do poder na sociedade capitalista. A partir disso, desenvolve uma leitura  
inovadora do Estado, que ultrapassa sua dimensão institucional e coercitiva, considerando-o  
como um terreno ampliado de disputas sociais e ideológicas  
Para além da crítica ao liberalismo como ideologia legitimadora da burguesia, Gramsci  
compreende o Estado como uma totalidade ampliada, que abrange tanto a sociedade política —  
vinculada aos mecanismos de coerção — quanto a sociedade civil — relacionada à produção  
do consenso. Nessa formulação, o Estado é um espaço de disputas e contradições, onde  
diferentes projetos societários se enfrentam (Dias, 2005).  
Nesse contexto, a hegemonia opera em duas frentes fundamentais: de um lado, como  
crítica teórico-prática às formas de dominação; de outro, como condição de possibilidade para  
a transformação social (Dias, 2005). Tal formulação permite compreender a hegemonia não  
Joseane Barbosa de Lima  
apenas como uma forma de legitimação da ordem vigente, mas também como um campo de  
disputa no qual se constroem alternativas históricas.  
A teoria liberal, segundo análise de Dias (2005), cumpre um papel essencial na  
manutenção da ordem capitalista ao apresentar a cidadania como um campo homogêneo e  
consensual. Com isso, oculta os antagonismos de classe e inviabiliza a formulação de uma visão  
de mundo autônoma por parte das classes subalternas, contribuindo para a fragmentação das  
lutas sociais e a individualização das contradições.  
A superação dessa lógica exige a constituição de um novo bloco histórico, sustentado  
por intelectuais orgânicos sujeitos coletivos que emergem das próprias classes trabalhadoras  
e expressam seus interesses históricos. A ausência desses intelectuais compromete a autonomia  
política das classes subalternas, favorecendo sua adesão passiva à lógica hegemônica (Dias,  
2005).  
Portanto, é necessário que essas classes rompam com os discursos e práticas  
dominantes, apresentando-se como forças revolucionárias capazes de construir sua identidade  
e de se colocarem, nas palavras de Dias (2005, p. 30), “como sujeito fundador da possibilidade  
de um novo bloco histórico”. Essa ruptura está diretamente ligada à constituição de seus  
próprios intelectuais que, tendo por norte a filosofia da práxis, sejam capazes de enfrentar a  
hegemonia dominante.  
810  
Os intelectuais exercem funções organizativas e articuladoras essenciais na constituição  
e na manutenção da hegemonia do grupo social ao qual estão organicamente vinculados. De  
acordo com Gramsci (1975 apud Souza, 2018), esses sujeitos atuam como “funcionários” do  
grupo dirigente, sendo responsáveis por funções subalternas tanto no âmbito da hegemonia  
social quanto no exercício do governo político.  
Essa atuação se desdobra em dois eixos centrais. O primeiro diz respeito à produção de  
um consenso aparentemente “espontâneo” por parte das amplas massas populares em relação à  
direção política e moral exercida pelo grupo hegemônico. Tal consenso é historicamente  
construído com base no prestígio e na confiança atribuídos a esse grupo, em função de sua  
posição estratégica no processo de produção e de sua capacidade dirigente.  
O segundo eixo refere-se à mediação exercida pelo aparato estatal de coerção, cuja  
função é garantir a disciplina dos setores que não aderem ao consenso, seja de forma ativa ou  
passiva. Essa coerção é operacionalizada juridicamente por meio da legalidade, estruturando-  
se de modo a atuar preventivamente em toda a sociedade especialmente em contextos de  
crise de direção, quando o consenso espontâneo tende a se enfraquecer (Gramsci, 1975 apud  
Souza, 2018).  
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A atuação do assistente social na saúde frente à disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
Dias (2005) analisa que um dos principais elementos de subordinação das classes  
subalternas reside na dificuldade de elaborarem sua identidade própria, já que:  
O seu saber/pensamento é construído errática e fragmentariamente a partir de  
sua inserção subordinada na estrutura social. As classes subalternas têm que,  
em um processo permanente de luta contra essa dominação/saber, dar  
respostas concretas. É, normalmente, no interior, no próprio cerne destas  
práticas, e discursos (...) que as respostas das classes subalternas se  
configuram como não-saberes” (Dias, 2005, p. 31).  
Romper com a ideologia dominante significa, nesse contexto, superar as condições  
materiais e simbólicas que sustentam a opressão de classe. No pensamento de Gramsci, essa  
superação exige uma crítica contundente à separação entre sociedade civil e sociedade política,  
uma vez que tais esferas são compreendidas como dimensões interdependentes da totalidade  
social. Como observa Dias (2005, p. 32), “pensar a sociedade civil separada da sociedade  
política significa desconhecer as condições reais das lutas de classes”.  
Gramsci (2002) argumenta que, enquanto a sociedade política se manifesta por meio  
dos aparatos coercitivos do Estado, a sociedade civil representa o terreno do consenso,  
englobando instituições privadas, práticas culturais e mecanismos de reprodução da hegemonia.  
É nesse espaço que se desenvolve a chamada "guerra de posição", característica das sociedades  
capitalistas avançadas, em contraste com a "guerra de movimento", típica de contextos de  
revolução. Nessa perspectiva, a transformação social não se dá por meio de rupturas abruptas,  
mas por meio de uma disputa prolongada e estratégica nos campos da educação, cultura, religião  
e comunicação, exigindo das classes subalternas uma atuação planejada e persistente (Neves,  
2017).  
811  
Por outro lado, a perspectiva liberal tende a estabelecer uma dicotomia artificial entre  
essas duas esferas. Nessa concepção, a sociedade política é reduzida ao Estado, cuja função  
seria garantir a ordem, a propriedade privada e os contratos; enquanto a sociedade civil é  
idealizada como um espaço neutro de cidadania e consenso. Tal visão, no entanto, desconsidera  
os antagonismos de classe que perpassam a vida social, obscurecendo as desigualdades  
estruturais próprias do modo de produção capitalista. Ao adotar essa noção de cidadania  
homogênea, corre-se o risco de suprimir os conflitos sociais e, consequentemente, desmobilizar  
a crítica à ordem vigente. Como adverte Dias (2005, p. 33), esse processo implica “eliminar os  
antagonismos, construir os caminhos da derrota e da incorporação à ordem capitalista”.  
Dessa forma, a cidadania, sob a ótica das classes subalternas, não deve ser concebida  
como um ideal abstrato ou um campo neutro, mas como um espaço historicamente atravessado  
por contradições, onde se travam lutas por direitos e por transformações sociais efetivas. Ignorar  
Joseane Barbosa de Lima  
tais contradições significa reforçar a aparência de igualdade formal, contribuindo para a  
manutenção da exclusão e da desigualdade sob a fachada da cidadania universal.  
A hegemonia deve ser compreendida, simultaneamente, como direção política e  
processo pedagógico. Trata-se da construção de uma nova concepção de mundo, enraizada nas  
experiências e necessidades históricas das classes subalternas, orientada à constituição de uma  
cultura contra-hegemônica (Neves, 2017). Como observa Dias (2005, p. 64), esse processo  
exige a estruturação de um campo de lutas, alianças e estratégias que componham o “horizonte  
ideológico e simbólico” da classe trabalhadora, permitindo-lhe disputar a direção da sociedade  
em sua totalidade.  
É nesse complexo terreno de disputas por projetos societários, travadas no interior da  
sociedade civil, que o Serviço Social brasileiro também atua, sobretudo a partir da consolidação  
de seu Projeto Ético-Político. A apropriação crítica do pensamento gramsciano, especialmente  
a partir da década de 1980, foi decisiva para a reconceituação da intervenção profissional como  
práxis — compreendida como mediação entre as determinações estruturais da sociabilidade  
capitalista e a ação concreta dos sujeitos sociais (Neves, 2017). Nessa perspectiva, a profissão  
passa a reconhecer seu papel ativo nas lutas sociais, assumindo uma direção ético-política  
orientada à construção de alternativas emancipatórias no interior das contradições do Estado e  
da sociedade.  
812  
Os fundamentos ético-políticos do Serviço Social como projeto contra-hegemônico  
A compreensão da hegemonia como síntese entre direção cultural e transformação  
material tem sido central nas aproximações entre o pensamento gramsciano e o Serviço Social.  
Segundo Simionatto (1995), ao pensar a hegemonia como fenômeno político-cultural e  
econômico, Gramsci oferece subsídios teóricos para compreender a profissão como um espaço  
de disputa por um novo projeto de sociedade. A partir dessa chave analítica, o Serviço Social  
crítico se constitui como uma práxis contra-hegemônica, vinculada aos interesses históricos das  
classes trabalhadoras e comprometida com a construção de uma nova direção ético-política no  
interior da ordem social vigente (Neves, 2017).  
No entanto, é importante destacar que essa perspectiva crítica não está presente na  
origem da profissão no Brasil. A institucionalização do Serviço Social nos anos 1930 deu-se em  
um contexto de modernização conservadora do Estado, marcado pelo autoritarismo e pela  
consolidação da hegemonia burguesa no período do Estado Novo. Nessa conjuntura, a profissão  
assumiu feições técnico-burocráticas, fortemente influenciada pela doutrina social da Igreja,  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 806-826, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
A atuação do assistente social na saúde frente à disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
atuando como mediadora da questão social, mas sem questionar suas determinações estruturais  
(Iamamoto; Carvalho, 2008).  
A crítica a esse modelo ganha força a partir dos anos 1960, impulsionada pelas lutas  
populares na América Latina e, sobretudo, pela incorporação das contribuições do marxismo.  
No Brasil, esse movimento se intensifica na década de 1980, com o processo conhecido como  
“intenção de ruptura” (Netto, 2011), que marca o esforço coletivo de revisão dos fundamentos  
teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos da profissão. Nesse contexto, o  
pensamento gramsciano passa a ocupar lugar de destaque, contribuindo com categorias centrais,  
como bloco histórico, intelectual orgânico, sociedade civil e filosofia da práxis, orientando a  
construção de um novo projeto profissional vinculado à emancipação humana.  
Segundo Simionatto (2021, p. 11),  
A presença de Gramsci no Serviço Social se amplia na década de 1980, com  
conquistas importantes na discussão teórico-metodológica, com a implantação  
do currículo de 1982, na direção social da formação e da prática profissionais,  
afirmadas na disputa da hegemonia com o conservadorismo e o pragmatismo,  
mas também na atuação e na organização política da categoria. A inovadora  
contribuição de Gramsci ao marxismo, através da filosofia da práxis,  
impulsionou o aprofundamento dos estudos sobre o método crítico dialético,  
a imprescindível unidade entre teoria e prática, entre pensamento e ação  
(Abreu; Cardoso, 1989). Defendida por Gramsci como instrumento de  
combate ao positivismo e suas incrustações no marxismo, a filosofia da práxis  
configura-se como uma teoria da ação-político cultural necessária para  
apreender e, ao mesmo tempo, reorganizar o mundo em busca da sua  
transformação.  
813  
Nessa perspectiva, os confrontos políticos mais significativos entre os setores  
conservadores da profissão e aqueles alinhados à perspectiva crítica se intensificam nos  
processos de reformulação do Código de Ética Profissional, especialmente nos anos de 1986 e  
1993. Conforme Barroco (2009), nesse período, tanto a práxis política quanto a produção  
teórica passaram a desempenhar um papel decisivo na consolidação de um novo ethos  
profissional, de caráter crítico e democrático, orientado para a superação do irracionalismo, do  
conservadorismo e do tradicionalismo que historicamente marcaram o Serviço Social.  
O Código de Ética de 1986 constitui um marco nesse processo, ao compreender a ética  
profissional, pela primeira vez, como elemento constitutivo de um projeto coletivo. Essa  
concepção rompe com a perspectiva anterior, que restringia a ética ao plano da moral individual.  
Ainda que os fundamentos éticos não tenham sido plenamente explicitados, o documento já  
expressava uma importante inflexão: a política, antes subordinada à moral, passa a ser  
compreendida como subordinada à ética política. Isso indicava o surgimento de uma nova  
Joseane Barbosa de Lima  
práxis política, marcada por um distanciamento da lógica individualista e moralizante até então  
predominante (Barroco, 2009).  
O ano de 1986, portanto, inaugura um novo ciclo, que será aprofundado na década de  
1990. Nos debates que culminaram na formulação do Código de Ética de 1993, essa articulação  
entre ética e política se aprofunda, com o aporte de novos fundamentos teóricos e filosóficos,  
inspirados em autores da filosofia política, em referências marxistas contemporâneas e nas  
fontes originais do pensamento marxiano.  
As entidades representativas da categoria passaram a desenvolver ações voltadas à  
capacitação, à reflexão crítica e ao debate sobre ética, sempre em diálogo com a política,  
reafirmando a indissociabilidade entre essas duas dimensões no interior do projeto profissional.  
Com isso, consolida-se, a partir de 1993, a formulação do chamado Projeto Ético-Político, que  
expressa, de forma mais orgânica, essa articulação entre ética e política como fundamento para  
a atuação crítica do Serviço Social (Barroco, 2009).  
Nas palavras de Netto (1999) o significado sócio histórico e ideo-político do referido  
projeto,  
Tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor ético central –  
a liberdade concebida historicamente, como possibilidade de escolher entre  
alternativas concretas; daí um compromisso com a autonomia, a emancipação  
e a plena expansão dos indivíduos sociais. Consequentemente, o projeto  
profissional vincula-se a um projeto societário que propõe a construção de  
uma nova ordem social, sem dominação e/ou exploração de classe, etnia e  
gênero. A partir destas escolhas que o fundam, tal projeto afirma a defesa  
intransigente dos direitos humanos e a recusa do arbítrio e dos preconceitos,  
contemplando positivamente o pluralismo – tanto na sociedade como no  
exercício profissional (Netto, 1999, p. 104-105).  
814  
Assim, o projeto ético-político do Serviço Social constitui-se como um projeto contra-  
hegemônico. Ao se orientar pela defesa dos direitos sociais, pela radicalização democrática e  
pela emancipação humana, ultrapassa os limites de uma atuação técnico-administrativa e  
assume uma dimensão política fundamental. O/a assistente social, inserido/a nas trincheiras da  
sociedade civil e política, atua como um/a intelectual orgânico/a das classes subalternas,  
contribuindo para a construção de novos consensos alinhados aos interesses da classe  
trabalhadora (Simionatto, 1995).  
Essa prática, contudo, se dá em meio a contradições. Como observa Jacinto (2017), a  
atuação profissional ocorre em instituições que operam majoritariamente para a reprodução das  
relações capitalistas. Portanto, mesmo orientado por um horizonte emancipador, o projeto ético-  
político enfrenta limites impostos pela hegemonia burguesa que se atualiza nas formas  
institucionais. Esse tensionamento é intensificado no contexto contemporâneo, marcado pelo  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 806-826, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
A atuação do assistente social na saúde frente à disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
avanço do conservadorismo, pelo esvaziamento dos movimentos populares e pela fragmentação  
das lutas sociais.  
Nesse cenário, o desafio do/a assistente social é construir práticas que articulem o ético  
ao político, o imediato ao histórico, e a mediação às finalidades últimas do projeto profissional.  
Como destaca Neves (2017), trata-se de disputar os sentidos da intervenção profissional no  
interior das instituições e da sociedade civil, atuando estrategicamente na "guerra de posição"  
gramsciana. A prática profissional, assim, adquire uma dimensão pedagógica, ideológica e  
política, mediando demandas concretas com os projetos coletivos de transformação social.  
Não se trata, no entanto, de uma atuação previamente roteirizada. Gramsci (2000)  
adverte que o papel do intelectual orgânico exige uma constante dialética entre saber e sentir  
— uma unidade entre teoria, emoção e ação histórica, só possível mediante o enraizamento nas  
experiências vividas pelos sujeitos populares. A ausência desse vínculo abre espaço para a  
burocratização da prática e o distanciamento entre profissionais e os sujeitos históricos da  
transformação.  
Nesse sentido, o intelectual cumpre uma função estratégica na construção e na  
manutenção da hegemonia. Gramsci (2007) destaca que os intelectuais exercem um papel  
organizativo fundamental, articulando o consenso social e o domínio político do grupo  
dirigente. Segundo o autor:  
815  
Os intelectuais têm uma função na ‘hegemonia’ que o grupo dominante  
exercita em toda a sociedade e no ‘domínio’ sobre ela que se encarna no  
Estado, e esta função é precisamente ‘organizativa’ ou conectiva: os  
intelectuais têm a função de organizar a hegemonia social de um grupo e o seu  
domínio estatal, isto é, o consenso dado pelo prestígio da função no mundo  
produtivo e o aparato de coerção para aqueles grupos que não ‘consentem’  
nem ativamente nem passivamente ou para aqueles momentos de crise de  
comando e de direção em que o consentimento espontâneo passa por uma  
crise. Desta análise resulta uma extensão muito grande do conceito de  
intelectuais, mas apenas assim me parece possível chegar a uma aproximação  
concreta da realidade (Gramsci, 2007, p. 476).  
Nesse marco, é possível compreender o/a assistente social como um intelectual orgânico  
vinculado às classes subalternas, cuja prática profissional se insere nas disputas pela direção  
moral e política da sociedade. A apropriação do pensamento gramsciano pelo Serviço Social,  
portanto, não se reduz ao uso instrumental de categorias analíticas, mas constitui uma  
orientação ética e política. Ao afirmar os fundamentos do seu projeto ético-político, o Serviço  
Social se posiciona contra a lógica mercantil da vida e reafirma seu compromisso com a  
dignidade humana, a justiça social e a construção de uma nova hegemonia.  
Esse compromisso se concretiza nas mediações cotidianas do trabalho profissional.  
Desde o atendimento direto até a elaboração de pareceres, passando pela articulação com redes  
Joseane Barbosa de Lima  
e equipes e pela formulação de políticas públicas, cada ato profissional carrega escolhas ético-  
políticas. Como sublinha Simionatto (2021, p. 14), a atuação do/a assistente social tem função  
pedagógica e política fundamental, promovendo o acesso a direitos e contribuindo para a  
organização da cultura e da consciência social elementos centrais na luta pela hegemonia. À  
luz da perspectiva gramsciana, esse profissional não se limita a uma atuação neutra ou  
tecnicista, mas se insere de maneira ativa nas disputas ideológicas, culturais e políticas do seu  
tempo histórico. Seu trabalho implica participar da produção de sentidos sociais e na construção  
de hegemonias vinculadas aos interesses da classe trabalhadora.  
Como afirmam Santos e Mancini (2021, p. 130), trata-se de um exercício profissional  
atento à totalidade social, o que exige a apreensão crítica da “lógica do capitalismo  
contemporâneo, o papel do Estado, as dinâmicas da gestão pública e a luta de classes”. Tal  
compreensão é indispensável para que a intervenção profissional supere respostas imediatistas  
ou meramente adaptativas, assumindo uma postura ético-política propositiva e comprometida  
com a emancipação social.  
No contexto atual, caracterizado pela intensificação das expressões da questão social,  
pelo avanço de forças conservadoras e pelo desmonte das políticas públicas em prol da  
financeirização do capital, essa atuação crítica torna-se ainda mais necessária. Como analisa  
Silva (2022), observa-se a produção de uma imagem distorcida da realidade, acompanhada por  
um discurso de mudança que, sob a lógica do ultraneoliberalismo, apresenta falsas soluções  
para a crise estrutural do capitalismo. A esse discurso se soma a retórica moralizante de cunho  
fundamentalista religioso, promovida por setores das igrejas neopentecostais, que constroem a  
figura do comunismo como inimigo interno e ameaça à “família tradicional” e seus valores  
morais.  
816  
Essa articulação ideológica atua sobre o senso comum, consolidando visões de mundo  
simplificadas que moldam as condutas e as formas de pensar das massas. Silva (2022, p. 17)  
aponta que tais argumentos “aderem e sedimentam-se no senso comum, modelando convicções  
e operando sobre a vida prática”. Essa perspectiva encontra eco em Gramsci, para quem “nas  
massas como tais, a filosofia não pode não ser vivida como uma fé” (Gramsci, 2007, p. 1390).  
Ou seja, as ideias difundidas por determinados intelectuais se tornam forças materiais quando  
vivenciadas como crenças, orientando práticas e consolidando projetos societários. Por isso, o  
senso comum é um campo de disputa central na construção da hegemonia, sendo moldado tanto  
por intelectuais comprometidos com a transformação social quanto por aqueles que contribuem  
para a sua estagnação.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 806-826, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
A atuação do assistente social na saúde frente à disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
Nesse último caso, destacam-se os chamados “intelectuais medíocres”, cuja atuação  
obscurece os elementos estruturais da realidade, reforçando respostas reacionárias diante das  
crises. Conforme analisa Schlesener (2017, p. 156), “os intelectuais medíocres [...] conseguem  
obscurecer em vez de esclarecer os movimentos de massa, ou porque não dominam a teoria ou  
porque não entendem sua posição na luta de classes ou, ainda, porque partem de saída de uma  
posição de elite (são medíocres e arrogantes)”. Tais sujeitos operam como difusores de um senso  
comum conservador, impedindo a elevação da consciência crítica dos setores subalternizados.  
No caso brasileiro, como destacado por Silva (2022), a desorganização da cultura  
nacional foi um dos fatores que possibilitou o surgimento de um movimento de massas  
reacionário, viabilizando a ascensão do bolsonarismo. Ainda que a atual conjuntura não possa  
ser explicada exclusivamente pela ação desses intelectuais, seu papel na conformação do bloco  
histórico dominante é decisivo. O crescimento do discurso da “ditadura cultural marxista”, os  
ataques sistemáticos à ciência, à educação, à democracia e à soberania nacional são expressões  
do avanço de formas intelectuais que Gramsci criticou duramente. Referindo-se a esse tipo de  
atuação ideológica, afirmou: “os grupos intelectuais que exprimiam questões lorianas2, na  
realidade, desprezavam, não só a lógica, mas a vida nacional, política e tudo mais” (Gramsci,  
2007, p. 2335).  
Diante desse cenário, o/a assistente social, enquanto intelectual orgânico da classe  
trabalhadora é desafiado a disputar sentidos no cotidiano profissional, contribuindo para  
desnaturalizar a ordem vigente e fomentar a construção de uma nova hegemonia, pautada nos  
valores da justiça social, da emancipação humana e da radicalização da democracia.  
Dessa forma, o Serviço Social é chamado a atualizar permanentemente seu  
compromisso com as classes subalternas. Reler Gramsci, como alerta Neves (2017), não  
significa repetir fórmulas, mas recriar sua teoria à luz das contradições do presente. É por meio  
dessa práxis viva e historicamente situada que a profissão se afirma como força ativa na  
construção de um novo projeto societário. A disputa entre projetos antagônicos segue presente  
— tanto na sociedade quanto na profissão — e exige que o Serviço Social se posicione de forma  
clara, crítica e coerente com os fundamentos que sustentam sua identidade.  
817  
Nesse horizonte, compreender o projeto ético-político do Serviço Social como  
expressão de uma racionalidade contra-hegemônica implica reconhecer a prática profissional  
como espaço de mediações históricas, políticas e ideológicas. Essa concepção torna-se ainda  
2 Gramsci utiliza o termo lorianismo para criticar intelectuais que carecem de rigor teórico, metodológico e ético,  
buscando prestígio por meio do diletantismo e da distorção dos fatos. Refere-se especialmente a Loria, mas  
também a autores como Einaudi, Ferri, Lombroso e Orano (Schlesener, 2017)  
Joseane Barbosa de Lima  
mais relevante quando analisamos o exercício profissional em áreas estratégicas, como a saúde.  
É nesse campo, marcado por disputas em torno da concepção de direitos, do papel do Estado e  
da forma de organização das políticas públicas, que se materializam muitas das contradições  
enfrentadas pelo Serviço Social. Assim, no próximo item, analisaremos o trabalho do assistente  
social na saúde como uma mediação crítica e um espaço de resistência, à luz dos fundamentos  
discutidos até aqui.  
O exercício profissional do Assistente Social na Saúde: Resistência e Construção de  
Hegemonia no SUS  
O campo da saúde pública brasileira, estruturado pelos princípios do Sistema Único de  
Saúde (SUS) — universalidade, integralidade e equidade — configura uma conquista histórica  
dos movimentos sociais e sanitaristas, expressando a materialização de disputas por hegemonia  
no interior do Estado brasileiro.  
À luz do pensamento gramsciano, a criação do SUS pode ser compreendida como  
resultado de um processo de disputa hegemônica na sociedade civil, no qual distintos grupos  
buscaram afirmar projetos antagônicos para a saúde pública no país. Nesse contexto, a Reforma  
Sanitária emergiu como um projeto contra-hegemônico, empenhado em construir uma nova  
direção moral e intelectual ao afirmar a saúde como direito universal e dimensão da cidadania.  
Assim, as lutas sociais em torno da concepção de saúde  
818  
[...] Buscam construir uma contra-hegemonia, [...] pauta um projeto  
emancipador para a humanidade e evidência a necessidade de enfrentamento  
dos desafios postos por uma realidade permeada de contradições e interesses  
destrutivos do capital, as quais determinam socialmente a situação de saúde  
da coletividade em uma dada sociedade (Carvalho, 2019, p. 14).  
Forjado nesse processo, o SUS rompe com modelos biomédicos, assistencialistas e  
mercantilistas, instituindo a saúde como direito social e dever do Estado. Entretanto, desde sua  
institucionalização, o sistema permanece atravessado por contradições estruturais, enfrentando  
permanentes investidas do capital, expressas na mercantilização da atenção, no  
subfinanciamento/desfinanciamento crônico, na precarização das condições de trabalho e na  
adoção de modelos gerenciais alinhados à lógica da acumulação capitalista.  
Segundo Bravo (2020), o SUS é tensionado por três projetos distintos: o projeto da  
Reforma Sanitária, que propõe um sistema público, estatal, universal e com controle social por  
meio da participação popular; o projeto privatista, que busca subordinar a saúde ao mercado; e  
o projeto da Reforma Sanitária flexibilizada, que tenta conciliar os princípios do SUS com as  
exigências do neoliberalismo.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 806-826, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
A atuação do assistente social na saúde frente à disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
Esses três projetos materializam, em termos gramscianos, distintas estratégias de  
hegemonia no interior do Estado ampliado. Enquanto o projeto da Reforma Sanitária busca  
expandir a direção democrática da classe trabalhadora, o projeto privatista expressa a tentativa  
de restauração da hegemonia neoliberal. Já o projeto da Reforma Sanitária flexibilizada  
evidencia a convivência contraditória entre projetos antagônicos, revelando a complexidade da  
disputa hegemônica na área da saúde.  
A inserção do Serviço Social na saúde se intensifica com a criação do SUS, momento  
em que essas disputas passam a moldar sua institucionalização. Esse processo repercute na  
profissão ao evidenciar a tensão entre o Projeto Ético-Político do Serviço Social, suas bases  
vinculadas à Reforma Sanitária Brasileira e as demandas cotidianas de trabalho ainda  
fortemente condicionadas pelo modelo hospitalocêntrico e curativista (Carvalho, 2019).  
Nesse cenário permeado por conflitos e disputas ideológicas, o trabalho do/a assistente  
social se insere como possibilidade de mediação crítica, articulando as determinações  
estruturais do capitalismo, os limites impostos pelas políticas públicas e as demandas concretas  
dos sujeitos sociais.  
Ao incorporar uma compreensão ampliada das determinações sociais do processo  
saúde-doença, o/a assistente social passa a tensionar os debates acerca da questão social que  
atravessa as condições de vida dos/as usuários/as do SUS, promovendo um diálogo essencial  
com a equipe multiprofissional de saúde. Nessa direção, sua atuação contribui para o  
enfrentamento das perspectivas conservadoras no campo da saúde, articulando a defesa dos  
direitos sociais à necessária politização da prática profissional. Desse modo, o trabalho do/a  
assistente social pode se configurar como uma prática contra-hegemônica, fortalecendo a  
construção de uma nova hegemonia, nos termos gramscianos, que afirme a integralidade do  
cuidado, a equidade e a transformação social.  
819  
Considerando essa inserção crítica, torna-se evidente que o/a assistente social ocupa um  
lugar estratégico no interior da política de saúde, dada a complexidade das demandas que  
chegam ao serviço e a necessidade de apreensão ampliada das necessidades sociais e de saúde.  
De acordo com Carvalho (2019), o contato permanente com situações multifacetadas e com a  
dinâmica cotidiana do SUS, confere à profissão um acúmulo técnico, ético e político singular.  
Quando esses elementos são elaborados de forma crítica, à luz dos fundamentos ético-políticos  
e dos referenciais teórico-metodológicos que orientam o projeto profissional, convertem-se em  
base para práticas que disputam projetos no interior do próprio SUS.  
Nesse contexto, o/a assistente social pode se configurar, em termos gramscianos, como  
um intelectual orgânico da classe trabalhadora, na medida em que produz, organiza e difunde  
Joseane Barbosa de Lima  
concepções críticas sobre a realidade social e o processo saúde-doença. Essa condição se  
expressa na capacidade de articular elaboração teórica, direção política e prática educativa,  
intervindo de modo qualificado nas contradições presentes nos serviços de saúde.  
A contribuição da categoria na composição de um movimento contra  
hegemônico na saúde, que tem a perspectiva da determinação social da saúde  
como eixo norteador, é um forte indicativo da nossa capacidade teórica e  
política de questionar movimentos ideológicos que pretensamente busquem  
direcionar pressupostos, métodos e práticas sociais em função de interesses  
que diferem da direção social do nosso Projeto Ético Político hegemônico,  
contribuindo inclusive com o revigoramento da direção social crítica que  
fundamentou a saúde coletiva, face aos desafios enfrentados pelo movimento  
sanitário na atualidade (Carvalho, 2019, p. 79).  
Assumir uma prática profissional que se contraponha à lógica dominante nos serviços  
de saúde requer, portanto, construir mediações capazes de negar a subordinação do trabalho  
do/a assistente social aos projetos societários que se fortalecem no contexto neoliberal. Esse  
compromisso ético-político implica enfrentar não apenas a racionalidade gerencialista e  
produtivista que atravessa o SUS, mas também as expressões do conservadorismo, dos  
preconceitos e das práticas discriminatórias que se reproduzem nos serviços — seja na forma  
de moralização das demandas dos/as usuários/as, na patologização das desigualdades sociais  
ou na naturalização das violências que afetam, sobretudo, populações negras, pobres, mulheres,  
pessoas LGBTQIA+ e pessoas com deficiência. Nesse sentido, como destaca Vasconcelos  
(2015), a práxis profissional requer apreender criticamente as determinações sociais que  
conformam essas expressões e produzir respostas que afirmem a centralidade do ser social na  
construção do cuidado.  
820  
Ao mesmo tempo, o exercício profissional do/a assistente social, longe de ser  
homogêneo, apresenta elementos tanto de reprodução das relações sociais conservadoras  
quanto de possibilidades para a construção de práticas críticas e emancipadoras. Como destaca  
Netto (2006), embora o conservadorismo tenha perdido o monopólio na direção do Serviço  
Social, suas expressões permanecem presentes, convivendo e confrontando-se com projetos  
profissionais críticos, em razão da heterogeneidade da categoria e do contexto democrático.  
Dessa forma, o exercício profissional crítico se desenvolve sob a constante ameaça da  
despolitização, da moralização das intervenções e da adaptação às lógicas neoliberais. Barroco  
(2011) alerta para o avanço de uma racionalidade tecnocrática e gerencial nas instituições,  
inclusive na área da saúde, que privilegia a produtividade, a competitividade e a lucratividade.  
Sob essa lógica, o trabalho do/a assistente social tende a ser reduzido a tarefas burocráticas e  
repetitivas, dificultando a construção de uma práxis crítica.  
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A atuação do assistente social na saúde frente à disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
Desse modo, o corpo profissional também está submetido às contradições do capital,  
sofrendo com a precarização do trabalho, o adoecimento, a intensificação das exigências  
produtivas e a instabilidade dos vínculos laborais. A fragilidade da formação política, somada  
à busca por soluções imediatistas e à ausência de mediações coletivas, favorece o fortalecimento  
do conservadorismo e compromete a construção de projetos profissionais emancipatórios  
(Barroco, 2011, p. 212).  
Essa racionalidade gerencial pode ser compreendida, à luz de uma leitura gramsciana,  
como um dos mecanismos de manutenção da hegemonia neoliberal, ao produzir consensos  
institucionais que naturalizam práticas tecnicistas e fragmentam capacidades coletivas de  
resistência. Ao reduzir a complexidade do trabalho profissional a rotinas operacionais e  
mensuráveis, busca-se neutralizar sua dimensão política e restringir sua potência contra-  
hegemônica.  
É nesse sentido que a formulação de Gramsci sobre o exercício da hegemonia —  
entendida como articulação entre coerção e consenso torna-se elucidativa para compreender  
a adesão institucional a tais racionalidades. Como afirma o autor, a hegemonia consiste em  
“uma combinação da força e do consenso que se equilibram, sem que a força suplante em muito  
o consenso; ao contrário, [a força] aparece apoiada pelo consenso da maioria, expresso pelos  
assim ditos órgãos da opinião pública” (Gramsci, 1975 apud Aliaga; Silva, 2017, p. 24).  
Nessa perspectiva, o gerencialismo não opera apenas como exigência administrativa,  
mas como produção ativa de consenso que legitima formas de organização do trabalho  
alinhadas à racionalidade neoliberal, dificultando a construção de práticas profissionais críticas  
e emancipadoras.  
821  
Entretanto, é justamente na capacidade de reconhecer e tensionar essas contradições que  
se inscreve a potencialidade contra-hegemônica da prática profissional do/a assistente social. A  
construção de alianças com sujeitos coletivos e a disputa de sentidos das políticas públicas  
constituem estratégias fundamentais na afirmação da defesa da vida, dos direitos sociais e da  
emancipação humana.  
Diante do atual cenário de ofensiva conservadora, aprofundamento das desigualdades e  
precarização das políticas sociais, torna-se imperativo que a atuação profissional do/a assistente  
social na saúde esteja alicerçada em uma perspectiva crítica e totalizante, capaz de apreender  
as expressões da questão social e intervir de forma articulada. Disputar a hegemonia na área da  
saúde exige mais do que resistências pontuais: requer organização coletiva, fortalecimento do  
projeto ético-político profissional e articulação entre os espaços institucionais e os movimentos  
Joseane Barbosa de Lima  
sociais. O trabalho profissional deve se afirmar como instrumento na luta por um projeto  
societário fundado na equidade, na justiça social e na universalização dos direitos.  
O enfrentamento ao conservadorismo exige, assim, uma dupla estratégia: por um lado,  
o fortalecimento da organização política da categoria, por meio de ações junto às entidades  
representativas, unidades formadoras, profissionais e estudantes; por outro, a articulação com  
movimentos sociais, sindicatos e partidos comprometidos com os interesses da classe  
trabalhadora (Barroco, 2011). Essa mobilização coletiva é fundamental para resistir às  
tendências conservadoras e gerencialistas que, associadas à intensificação das desigualdades,  
expressam um projeto de sociedade excludente e autoritário.  
Essas tendências conservadoras e gerencialistas não se limitam a conjunturas isoladas,  
mas têm se aprofundado nas últimas décadas, especialmente em contextos de crises  
econômicas, políticas e sociais que afetam diretamente a organização e o financiamento das  
políticas públicas. Momentos de inflexão histórica, como a pandemia de Covid-19,  
evidenciaram de forma contundente as contradições do sistema capitalista e os limites do  
modelo de saúde vigente.  
A crise sanitária global escancarou as desigualdades sociais e destacou, de maneira  
incontornável, tanto a centralidade do Sistema Único de Saúde (SUS) na proteção da vida  
quanto o papel estratégico do/a assistente social no enfrentamento às múltiplas expressões da  
questão social. Como destaca Matos (2021, p. 144):  
822  
O cotidiano profissional do assistente social, durante a pandemia, explicitou a  
centralidade da questão social no campo da saúde e escancarou as  
desigualdades sociais que atravessam a população usuária. O trabalho  
profissional teve que lidar com demandas urgentes, com o sofrimento social  
intensificado, mas também se constituiu como espaço de denúncia, resistência  
e articulação com os movimentos sociais e usuários na defesa do SUS.  
Do ponto de vista gramsciano, crises dessa magnitude tendem a abalar o bloco histórico3  
dominante e podem abrir brechas para a reconfiguração hegemônica, tornando ainda mais  
evidente a importância de práticas profissionais capazes de disputar sentidos e afirmar projetos  
societários comprometidos com a vida e com os direitos sociais.  
Diante dessa conjuntura, reafirmou-se o compromisso da categoria com os direitos  
humanos, a justiça social e a defesa intransigente do SUS como política pública universal. A  
pandemia também expôs como as desigualdades de classe, raça, território e gênero impactam  
de forma desigual a morbimortalidade da população, evidenciando a necessidade da defesa de  
3 Para Gramsci (2002), a crise orgânica emerge quando a classe dirigente fracassa em seu projeto de direção política  
ou quando as massas passam da passividade à ação, abrindo fissuras na hegemonia.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 2, p. 806-826, jul./dez. 2025. ISSN 1980-8518  
A atuação do assistente social na saúde frente à disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
uma concepção ampliada de saúde e de uma atuação profissional crítica, capaz de compreender  
o adoecimento como expressão das determinações sociais da vida.  
A intervenção profissional do assistente social na saúde, orientada pelos fundamentos  
do Projeto Ético-Político, encontra respaldo nos Parâmetros para Atuação de Assistentes  
Sociais na Saúde (CFESS, 2010), os quais reafirmam sua perspectiva política e crítica. Em  
especial, o eixo 3.2.2 Mobilização, Participação e Controle Social orienta a categoria a  
fomentar o protagonismo dos sujeitos coletivos, fortalecer os espaços de deliberação  
democrática e contribuir para a democratização da gestão das políticas públicas. Essa diretriz  
se concretiza por meio de práticas como a escuta qualificada, a mediação institucional, a  
produção de documentos críticos e a atuação efetiva em conselhos e conferências de saúde.  
Nesse contexto, a atuação interdisciplinar se apresenta como estratégia fundamental  
para disputar concepções políticas de cuidado, promover abordagens integrais e coletivas e  
enfrentar tanto o tecnicismo quanto a lógica fragmentada que ainda permeiam os modelos  
gerenciais no setor saúde. É nesse movimento que se insere a práxis do/a assistente social, como  
expressão de resistência e de construção de alternativas ético-políticas no interior das  
instituições. Como afirma Carvalho (2019): “Materializar uma práxis contra-hegemônica e  
emancipatória é desvelar as demandas do cotidiano, no sentido de problematizá-las na direção  
dos reais interesses da classe trabalhadora […]”.  
823  
A articulação político-teórico-prática que marca essa atuação se fortalece com a  
participação de assistentes sociais em coletivos e frentes de luta, como a Frente Nacional contra  
a Privatização da Saúde (FNCPS), que reúne movimentos sociais, universidades, sindicatos e  
entidades empenhadas na defesa de um SUS público, estatal e de qualidade (Bravo; Pelaez;  
Menezes, 2020). Nesse mesmo horizonte, as entidades representativas da categoria — CRESS,  
CFESS e ABEPSS — desempenham papel central ao produzirem diretrizes, defenderem  
direitos sociais e se articularem com movimentos sociais na afirmação de um projeto  
profissional crítico e transformador.  
Em síntese, o trabalho do/a assistente social na saúde configura um espaço estratégico  
de mediação crítica e disputa política. Ao posicionar-se de forma ética e comprometida com os  
interesses da classe trabalhadora, o/a profissional tensiona os limites institucionais e contribui,  
no interior das lutas sociais, para a construção de um projeto societário contra-hegemônico  
baseado na radicalização da democracia, na justiça social e na universalização dos direitos.  
No entanto, tal construção exige vigilância constante e organização coletiva diante das  
ofensivas conservadoras que buscam cooptar o Projeto Ético-Político do Serviço Social e  
restringir sua capacidade de afirmação crítica nas instituições. Embora o conservadorismo  
Joseane Barbosa de Lima  
avance em articulação com a lógica do capital em escala global, os sujeitos históricos seguem  
tensionando essa ordem por meio de práticas coletivas que, mesmo permeadas por contradições,  
apontam para possibilidades concretas de resistência e de reconfiguração da sociabilidade.  
Considerações finais  
O exercício profissional do/a assistente social na saúde pública brasileira desenvolve-se  
em um terreno permeado por profundas contradições estruturais. De um lado, o Sistema Único  
de Saúde (SUS) constitui uma conquista histórica das classes subalternas, fruto da luta coletiva  
por direitos sociais e por uma nova direção política para a sociedade. De outro, vivencia-se a  
intensificação de ataques à saúde pública por meio da lógica mercantil, da racionalidade  
gerencialista e da precarização do trabalho, expressões do avanço do neoliberalismo, sobretudo  
no contexto de fortalecimento do conservadorismo de extrema direita que se instalou no Brasil  
a partir do governo Bolsonaro e que ressoa em escala global, impondo retrocessos às políticas  
sociais e à democracia.  
Nesse cenário, o Serviço Social, ao se orientar por um projeto ético-político alinhado  
aos interesses da classe trabalhadora, reafirma sua posição como profissão comprometida com  
as lutas sociais, atuando no bojo das disputas por hegemonia no interior do Estado e da  
sociedade civil. Nessa perspectiva, a atuação profissional crítica pode ser compreendida, à luz  
de Gramsci, como uma prática contra-hegemônica, na medida em que enfrenta os valores  
dominantes do capital como o individualismo, a culpabilização da pobreza, a meritocracia e  
a medicalização da vida e afirma, cotidianamente, os princípios da universalidade, da  
equidade, da dignidade humana e da justiça social.  
824  
Ao assumir a dimensão política e pedagógica de sua prática, o/a assistente social se  
coloca como um intelectual orgânico da classe trabalhadora, conforme formulado por Gramsci  
nos Cadernos do Cárcere: aquele que, inserido nos processos sociais concretos, contribui para  
a elaboração de uma nova consciência coletiva, vinculando o saber à ação transformadora.  
Trata-se de um intelectual que não atua “do alto”, mas emerge das próprias contradições da  
vida social, articulando sujeitos, fomentando a crítica e disputando sentidos no cotidiano  
institucional.  
Apesar dos intensos limites institucionais e materiais que marcam a política de saúde —  
e que foram agravados pelas reformas ultraneoliberais, evidenciadas por cortes orçamentários  
e pelo desmonte do SUS , o trabalho do/a assistente social guarda um potencial  
emancipatório. Para que tal potencial se atualize, é necessário que a atuação profissional  
permaneça ancorada nos fundamentos teóricos, éticos e políticos da profissão, recusando  
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A atuação do assistente social na saúde frente à disputa de hegemonias: uma análise gramsciana  
adaptações funcionais às lógicas do capital e afirmando sua direção em defesa da transformação  
social.  
Portanto, reafirmar esse projeto profissional crítico e emancipador é mais do que uma  
tarefa técnica: é uma escolha política estratégica, que envolve a defesa da saúde como direito,  
o fortalecimento do SUS público e estatal e a aposta na construção de uma nova hegemonia  
social. Tal projeto exige, ainda, a ampliação e o fortalecimento dos movimentos sociais, da  
participação popular e das redes de resistência que, em meio às contradições do presente,  
apontem para a construção de uma outra sociabilidade possível fundada na solidariedade, na  
equidade e no direito universal à vida digna.  
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