Realidade Brasileira e Serviço Social
agrária, urbana e ambiental, sob enfoques variados, como o texto de Letícia Soares Nunes e
Paula Algeri Roithmann, “A questão ambiental e destrutividade capitalista: o desastre
ambiental no Rio Grande do Sul”, que traz uma reflexão sobre os desastres ambientais no
estado do Rio Grande do Sul, ocorridos em 2024, indicando que tais acontecimentos se dão
pelas características próprias da sociedade capitalista, agravando a desigualdade social e a
destrutividade ambiental. Já Gizele Cristina Carvalho dos Santos e Hisakhana Pahoona
Corbin, no artigo “Reassentamento involuntário e desenvolvimento urbano em Belém - Pará”,
discutem o reassentamento involuntário em decorrência de Programas de Desenvolvimento
Urbano, tendo como enfoque a experiência do Programa de Saneamento da Bacia da Estrada
Nova I, em Belém. Naquele contexto, o reassentamento de 92 famílias gerou a ruptura de
vínculos com o território de origem e o encarecimento do custo de vida no novo território,
situação que reforça a importância das ações de geração de emprego e renda, visando evitar o
empobrecimento de famílias reassentadas.
No campo de debate dos direitos humanos no Brasil, temos o artigo “Desigualdade no
acesso ao saneamento básico no Brasil: questão social e a dimensão de gênero”, de autoria de
Isabel Jardin do Nascimento Andrade, que estende a compreensão de direitos humanos ao
acesso à água e ao saneamento básico. Em contrapartida, a ausência desse direito é debatida
como uma expressão da questão social. O tema amplia-se ao trazer para o debate a dimensão
de gênero e de pessoas LGBTQIAPN+.
XII
Para fechar o dossiê temático nada mais justo que um artigo centrado em um dos maiores
intérpretes da realidade brasileira: Florestan Fernandes. No artigo “Atualidade do pensamento
educacional de Florestan Fernandes”, Raí Vieira Soares trata do pensamento educacional
deste intelectual-militante, problematizando os desafios da educação pública na
contemporaneidade e as múltiplas possibilidades de diálogo com sua obra.
Continuamos recebendo artigos em fluxo contínuo e este número traz, na seção Tema
Livre, importantes contribuições que fazem parte do escopo da revista. Das quais, discussões
teóricas como as trazidas no artigo “A recepção do direito à centralização de capital no contexto
da produção do espaço urbano”, Murilo Amadio Cipollone, que sustenta a reflexão teórica na
crítica da forma jurídica estruturada por Evgeni Pachukanis, com a modalidade procedimental
que lhe atribui Edelman. O autor investiga o processo de recepção do direito à centralização de
capital no contexto da produção do espaço. “Cuida-se, assim, da crítica do modo pelo qual a
forma jurídica reproduz e torna eficaz a infraestrutura econômica pós-fordista, no sentido de
expandir as taxas de exploração da classe trabalhadora”. Outra contribuição teórica é
apresentada por Luiz Carlos de Souza Junior no artigo intitulado “Educação e trabalho:
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. VIII-XIV, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518