Do chão à tela: dimensões da proteção social de  
jovens na pandemia de covid-19  
From ground to screen: dimensions of protection for young people during  
the covid-19 pandemic  
Bruna Carolina Silva dos Reis*  
Sônia Regina Nozabielli**  
Júlia Bezerra Nunes do Amaral***  
Patrícia Leme de Oliveira Borba****  
Resumo: A pandemia de covid-19 impôs novas  
formas de vivenciar a escola que repercutiram  
no público juvenil, em suas trajetórias escolares  
e na composição de apoios sociais. Esse texto é  
resultado de uma pesquisa dedicada a apreender  
as dimensões da proteção social de jovens de  
ensino médio neste período. Foram  
entrevistados seis jovens de duas escolas da rede  
pública de Santos-SP, que indicam processos  
simultâneos e contraditórios de proteção e  
desproteção social, evidenciados nos desiguais  
acessos à educação, mesmo no interior da escola  
pública. Para além da escola, família, trabalho,  
assistência social, território, coletivos juvenis e  
religião aparecem como dimensões de apoio  
significativo para atravessar esse período,  
embora distantes de uma proposta política de  
garantia de proteção social com acesso  
universalizado. Ressalta-se a importância de  
estratégias intersetoriais e em diálogo com as  
juventudes, em que as diferentes políticas  
Abstract: The covid-19 pandemic imposed new  
ways of experiencing school that impacted  
young people, their educational trajectories, and  
the composition of social support systems. This  
text is the result of research aimed at  
understanding the dimensions of social  
protection for high school students during this  
period. Six young individuals from two public  
schools in Santos-SP were interviewed,  
revealing simultaneous and contradictory  
processes  
of  
social  
protection  
and  
disempowerment, highlighted by unequal  
access to education, even within the public  
school system. Beyond school, family, work,  
social assistance, community, youth collectives,  
and religion emerged as significant sources of  
support to navigate this period, although they  
fall short of a political proposal to ensure  
universal social protection. The importance of  
intersectoral strategies and dialogue with young  
people is emphasized, where different social  
policies address their life needs.  
sociais se dediquem  
necessidades de vida.  
a
responder suas  
Palavras-chaves: Juventudes; Proteção Keywords: Youth; Social protection; Covid-19  
Pandemic; School.  
social; Pandemia de Covid-19; Escola.  
* Universidade Federal de São Carlos. E-mail: bruna.reis@estudante.ufscar.br  
** Universidade Federal de São Paulo. E-mail: snozabielli@unifesp.br  
*** Universidade Paulista. E-mail: julia.nunes03@outlook.com  
**** Universidade Federal de São Paulo. E-mail: patricia.borba@unifesp.br  
DOI: 10.34019/1980-8518.2025.v25.46395  
Esta obra está licenciada sob os termos  
Recebido em: 05/11/2024  
Aprovado em: 28/03/2025  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
Introdução  
Em março de 2020, o Brasil anunciava sua primeira morte por covid-19, neste mesmo  
mês o país entrou em quarentena em face da iminência da transmissão comunitária e vimo-nos  
diante do fechamento de diferentes instituições, em especial das escolas e das universidades. A  
Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEDUC) suspendeu as aulas presenciais no  
estado em 18/03/2020 a partir do decreto n. 64.864. Assim, a fim de possibilitar a manutenção  
do contato com os estudantes e continuidade do processo educativo, o Conselho Nacional de  
Educação publicou o parecer CNE/SP nº 5/2020 que permitia “atividades não presenciais para  
fins de cumprimento da carga horária mínima anual” (Brasil, 2020).  
Estabeleceram-se, portanto, novas formas de realização de atividades escolares em  
formato não presencial. Publicado pela SEDUC (2020), o “Documento orientador de atividades  
escolares não presenciais” apresentava aos municípios a possibilidade de adotar como  
estratégias a utilização das plataformas online para transmissão de videoaulas e divulgação de  
materiais digitais a partir das redes sociais, bem como, a transmissão de aulas a partir de  
televisão e rádio e, também, o envio e/ou entrega de material didático impresso. Não obstante,  
destaca-se um atraso para introduzir os programas de educação a distância nos estados e  
municípios (Barberia et al., 2020). No estado de São Paulo, por exemplo, ao final de 2020, 500  
mil estudantes não entregaram nenhuma atividade durante aquele ano letivo (Macedo, 2021).  
A partir das recomendações do referido Documento, as escolas iniciaram as atividades  
não presenciais. Ainda que não estivessem amplamente democratizados (Almeida; Dalben,  
2020), os meios digitais de comunicação celulares, tablets e computadores compõe o  
cotidiano de parcela da população. Entretanto, as atividades escolares não presenciais  
impuseram uma mudança no uso dos dispositivos. Para as juventudes, o ciberespaço anterior  
ao período pandêmico caracterizava-se enquanto meio, prioritário, de sociabilidade,  
ludicidade e comunicação. Assim, a pandemia impôs uma nova forma de vivencia-lo trazendo  
a escola para a tela dos dispositivos e exigindo o seu uso com a finalidade educacional.  
Além da questão da mudança subjetiva no sentido atribuído para o uso do ciberespaço,  
outra questão que se colocou foi de ordem objetiva: a ausência/precariedade dos dispositivos  
para o acesso dos jovens à escola. A pandemia, dessa forma, realçou a desigualdade já existente  
no processo de escolarização das juventudes, que incide fortemente nas juventudes pobres das  
escolas públicas, já que é onde se concentram as dificuldades de acesso aos dispositivos  
eletrônicos de qualidade, em especial, acesso a computadores, uma vez que a grande maioria  
dos estudantes acessava o conteúdo via celular e sinal de internet de baixa qualidade. Soma-se  
a isso outras séries de fatores que avolumaram os obstáculos ao processo de escolarização de  
481  
Bruna C. S. dos Reis; Sônia R. Nozabielli; Júlia B. N. do Amaral; Patrícia L. de Oliveira Borba  
jovens durante a pandemia, tais como: fragilidade/inadequação do acompanhamento das  
famílias às atividades escolares; precarização e má remuneração do trabalho de professores;  
insegurança alimentar; maior inserção de jovens estudantes no mercado de trabalho para  
contribuir com a renda familiar; dentre outras dimensões (UNICEF, 2021).  
Diante dessa realidade da pandemia, questionava-se, portanto: Com que(m) os jovens  
puderam contar diante da pandemia de covid-19? O que a ausência da escola presencial  
produziu aos jovens de ensino médio da rede pública? Ao migrarmos do chão da escola para a  
tela dos meios digitais de comunicação, de que forma se deu o processo de proteção social dos  
jovens?1  
Assim, o objetivo desta pesquisa foi apreender as dimensões da proteção social na  
realidade de jovens de ensino médio de escolas públicas no contexto da pandemia de covid-19.  
Além de analisar os impactos da pandemia de covid-19 na realidade das juventudes, com ênfase  
na ausência física da escola e entender o papel da escola pública na trajetória de proteção desses  
jovens.  
Na primeira parte do texto, apresentamos o conceito de juventudes, discutindo a  
construção histórica e sociológica da categoria. Em seguida, discorremos teoricamente sobre a  
perspectiva da proteção social na sociabilidade capitalista, com foco na Escola enquanto  
dimensão central para as juventudes no cenário pandêmico. O percurso metodológico e os  
desafios em meio à pandemia são abordados para posterior exposição e discussão dos  
resultados, a partir de narrativas dos jovens que colaboraram com a pesquisa. As narrativas  
explicitam a trajetória dos sujeitos no ensino médio e suas vivências durante o contexto  
pandêmico, com ênfase nas dimensões da proteção social.  
482  
Sobre a tessitura da categoria juventudes  
O perfil da juventude brasileira, segundo os dados mais recentes do Censo Demográfico  
(IBGE, 2022), indicam uma população de mais de 45 milhões de jovens entre 15 e 29 anos no  
país, ou seja, pouco mais de 22% da população. Em relação aos gêneros, na faixa etária entre  
15 e 24 anos há predominância do gênero masculino, já entre 25 e 29 anos predomina o gênero  
feminino. No que diz respeito à raça/cor, os jovens do Brasil se autodeclaram negros em sua  
1
Esse texto apresenta parte dos resultados da dissertação de mestrado intitulada “Do chão à tela: dimensões da  
(des)proteção social de jovens de ensino médio em tempos de pandemia de COVID-19”, defendida no início do  
ano de 2022 no interior do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Políticas Sociais da Universidade  
Federal de São Paulo. Todos os procedimentos vigentes éticos para pesquisas envolvendo seres humanos foram  
cumpridos. A pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo sob Certificado  
de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) nº37025820.0.0000.5505.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. 480-504, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
maioria (59,5%). Já para classe social, o Atlas da Juventude de 2021 indica que há 10% a mais  
de chances de encontrarmos jovens na metade mais pobre da população brasileira.  
Em 2020, o Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE) realizou pesquisa com o  
objetivo de conhecer os efeitos da pandemia na vida de jovens no Brasil, aplicando questionário  
junto a pessoas de 15 a 29 anos de todos os estados do país. Segundo dados da pesquisa  
Juventude e Pandemia (CONJUVE, 2020), 33% dos jovens que participaram desse estudo  
tiveram os rendimentos reduzidos, 27% tiveram que parar de trabalhar e 8% perderam  
totalmente a renda. Além disso, 6 em cada 10 jovens tiveram alguma alteração na sua carga de  
trabalho desde o início da pandemia.  
No que concerne a educação, campo de interesse do presente estudo, em 2020 mais de  
5 milhões de crianças e adolescentes estavam fora da escola ou sem atividades escolares  
(UNICEF, 2021). Já em relação ao ano de 2022, marcado pelo retorno ao ensino presencial,  
segundo os dados da Síntese dos Indicadores Sociais, 9,8 milhões de jovens entre 15 e 29 anos  
abandonaram a escola sem concluir a educação básica: 462 mil na faixa etária de 15 a 17 anos;  
4,7 milhões de 18 a 24 anos; e 4,6 milhões, de 25 a 29 anos. A maioria, 65,7%, não frequentou  
o Ensino Médio (IBGE, 2023).  
Esses dados confirmam nosso entendimento de um lugar plural e heterogêneo das  
diferentes vivências juvenis, assumindo, com isso, a denominação de juventudes. Corrobora-  
se, para tanto, com os estudos de Margullis e Urresti (1996) e Sposito e colaboradoras (2018)  
sobre a impossibilidade de assumir conceito unívoco sobre o que é ser jovem diante dos  
diversos sentidos atribuídos às experiências juvenis. Como também, na necessidade, apontada  
por Scherer (2015), em compreender a pluralidade que compõe a essência do fenômeno das  
juventudes, em seu caráter múltiplo e diverso. Portanto, ao adotar o termo juventudes, exige-se  
pensar em uma diversidade, ainda que compreendendo suas singularidades (Dayrell, 2003).  
O jovem, além disso, é apreendido como sujeito social que interpreta o mundo,  
empregando-lhe sentido e entendendo a posição que ocupa nele, bem como suas relações com  
outros sujeitos, sua história e singularidade (Dayrell, 2003). Essa apreensão parte da  
contraposição à perspectiva apontada por Abramo (1997) como prevalecente nas políticas  
públicas, noticiários e produções acadêmicas do jovem como “problema social”, na perspectiva  
da “desvantagem social” ou do “risco”, sobre o qual é necessário intervir, buscando uma  
salvação ou reintegração à ordem social.  
483  
As estruturas etárias são, dessa maneira, apreendidas enquanto construções sociais de  
base ontológica, sendo a construção da juventude fruto das alterações das forças produtivas  
ocorridas no século XX, ou seja, de transformações societárias (Scherer, 2020). Essas  
Bruna C. S. dos Reis; Sônia R. Nozabielli; Júlia B. N. do Amaral; Patrícia L. de Oliveira Borba  
construções sociais acerca das juventudes se constituem, pois, de aparências fetichizadas e  
fetichizantes. Constrói-se, no ideário liberal, uma imagem atrelada a um status de poder, já que  
esses sujeitos estariam em melhores condições para a competição e, portanto, seriam a  
representação das plenas forças de trabalho disponíveis a venda no mercado capitalista. Com  
isso, são percebidos enquanto sujeitos consumidores (Scherer, 2015). A juventude, bem como  
a infância, integra as relações mercantilizadas do modo de produção capitalista: com a venda  
de sua força de trabalho e como conteúdo ideológico, uma vez qualificadas como “futuro da  
nação” (Melo, 2024).  
Essa imagem do jovem enquanto signo de beleza e poder convive ao mesmo tempo e  
em campo de disputas com o estereótipo da juventude enquanto segmento perigoso,  
relacionada às classes perigosas. Entretanto, a juventude relacionada à ideia de desordem e  
problemas sociais é uma juventude específica: a pobre. É diante dessa perspectiva do jovem  
enquanto problema social que se impõe a ideia da juventude como grupo que precisa ser  
controlado e tutelado. Em uma lógica adultocêntrica, nega-se a voz das juventudes a partir da  
justificativa de que estes sujeitos não teriam capacidade de coordenar sua trajetória, desejos e  
manifestações (Scherer, 2015).  
Com isso, sob uma concepção dialética, busca-se analisar os nexos e relações no estudo  
das juventudes, reconhecendo que as múltiplas diversidades presentes na vivência juvenil não  
fragmentam o fenômeno e, dessa forma, não negam a luta de classes que os jovens experienciam  
(Groppo, 2004; Groppo; Silveira, 2020; Scherer, 2020). Pelo contrário, “compreender as  
juventudes na tessitura entre o uno e o múltiplo é fundamental para perceber as características  
que compõe essa categoria, e ao mesmo tempo negar perspectivas que pasteurizam e ressaltam  
concepções prévias deste segmento” (Scherer, 2015, p. 82).  
484  
A proteção social e a centralidade da escola para as juventudes sob os impactos da  
covid-19  
A proteção social estaria, no capitalismo, contida em um “jogo” ambivalente e  
intrínseco que permite, por vezes, certa garantia de interesses econômicos para as classes  
dominadas, porém que sejam compatíveis com os interesses políticos das classes dominantes  
(Pereira, 2016). Implica, assim, uma relação dialética que, conforme apontado por Scherer  
(2015), pode ser apresentada enquanto (des)proteção, reconhecendo sua ambivalência. Segundo  
o autor, o modo de produção capitalista gera um contexto de (des)proteção que tem se ampliado  
em uma conjuntura de retrocessos no campo das políticas sociais. O prefixo (des) aponta, pois,  
que proteção-desproteção, no capitalismo, são “processos simultâneos que dialeticamente se  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. 480-504, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
ocultam e se revelam no real” (Scherer, 2015, p. 17). Essa perspectiva dialoga com a ideia de  
Pereira (2016, p. 24) de que, no contexto capitalista “o termo proteção encerra em si um ardil  
ideológico, a ser teoricamente desmontado, visto que ele falseia a realidade por se expressar  
semanticamente como sendo sempre positivo”, além de que “sempre foi alvo de interesses  
discordantes entre os seus estudiosos, executores e destinatários” (Pereira, 2016, p. 24).  
Ao longo da história da humanidade a ideia de proteção social não se mostrou unívoca  
e assumiu diferentes características e diversos significados. Nesse sentido, Pereira (2016)  
afirma que a proteção social, a depender das mudanças estruturais e correlações de forças  
políticas em vigência, pode ser focalizada ou universal, priorizar uma abordagem de direitos de  
cidadania ou méritos exigidos pela competitividade econômica, responder às necessidades  
humanas ou do capitalismo, proteger ou punir. Com isso, faz-se sempre necessário adjetivá-la  
para que se possa caracterizar a que proteção social se refere. Além disso, o processo não segue  
um fluxo linear e progressivo; é maleável em relação à cobertura, compromisso e finalidade e,  
principalmente, não é inocente ou desprezível. Na sociedade capitalista, assume papel  
estratégico na correlação de forças, expressando as contradições do modo de produção  
capitalista (Pereira, 2016).  
Com a chegada da pandemia de covid-19 no Brasil, em março de 2020, o cenário de  
desigualdade de atenções e acessos é agudizado no país. Pinto e Cerqueira (2020) analisam que  
a intervenção do Estado brasileiro nesse contexto buscou, apenas:  
485  
desonerar os custos do e para o capital e encontrar formas legais, alternativas  
e ideológicas de assegurar o equilíbrio da relação custo/benefício para ação do  
capitalismo, apoiado na maior exploração da força de trabalho e na liberação  
integral para o uso do que é público para benefício privado, com especial  
atenção a estabelecer negócios onde o Estado atua com políticas e programas  
sociais (Pinto; Cerqueira, 2020, p. 44).  
Embasado por histórica institucionalização dos programas de incentivo ao voluntariado  
no Brasil, a principal estratégia de proteção social do governo de Jair Bolsonaro, presidente do  
país durante o período pandêmico, foi o Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado  
(Pátria Voluntária), orientado pela privatização da assistência social e moralização do trabalho  
e da pobreza. O programa não se tratava de uma política exclusiva para a juventude, mas incluía  
esse público tanto como destinatário da ação, como executor das práticas voluntárias. Diante  
do ideário neoliberal, a valorização do voluntariado contribui para o desmantelamento dos  
direitos sociais, uma vez que não se constitui enquanto ação paralela às políticas sociais, mas  
como forte concorrente e ameaça (Imperatori et al., 2022).  
Assim, “ações concretas que visam a proteção podem também impactar na desproteção  
enquanto ações fragmentadas, pontuais, precarizadas e que visam unicamente ao fortalecimento  
Bruna C. S. dos Reis; Sônia R. Nozabielli; Júlia B. N. do Amaral; Patrícia L. de Oliveira Borba  
da lógica do capital” (Scherer; Gershenson, 2016). Para as juventudes, esse contexto, segundo  
Scherer (2015), vem se aprofundando nos últimos anos já que as políticas sociais - organizadas  
e geridas pelo Estado burguês - destinadas aos jovens têm respondido as suas necessidades  
sociais de forma distante de uma perspectiva de universalidade de direitos.  
O Estado e as políticas sociais que são implementadas por ele ampliam condições de  
proteção social de seus cidadãos, e, em consonância com a concepção de Sposati (2014), a  
proteção social pode ser lida como “ter certeza de” e “contar com”. No primeiro ano de  
pandemia, segundo os dados coletados na pesquisa Juventude e Pandemia (CONJUVE, 2020),  
34% dos jovens estavam pessimistas ou muito pessimistas sobre o futuro, o que pode estar  
relacionado com a incerteza gerada pelo contexto em relação a diversos aspectos da vida. Além  
disso, houve significativa piora em diversos aspectos que demonstram diferentes dimensões da  
vida dos sujeitos: 73% nas atividades de lazer e cultura, 70% no estado emocional, 65% no  
condicionamento físico, 58% na disponibilidade de recursos financeiros, 55% na qualidade do  
sono e 42% na alimentação.  
No que diz respeito à vida escolar (CONJUVE, 2020), 65% dos jovens relataram ter  
aprendido menos com o ensino remoto, 50% acreditam que os estudos futuros serão adiados e  
9% apontam o pensamento de que poderão fracassar em relação aos estudos. Além disso, nos  
dados levantados pela pesquisa em 2020, 3 em cada 10 jovens consideravam largar os estudos;  
já em 2021 (CONJUVE, 2021), o número aumentou para 4 em cada 10 jovens.  
486  
A escola está no bojo da disputa entre projetos societários antagônicos: vinculado a  
política social, visando atender os interesses das classes dominantes e a (re)produção do status  
quo, mas, concomitante e potencialmente, tensionada pela classe trabalhadora a forjar a  
consciência das condições de exploração e dominação (Oliveira; Tejadas, 2024). Como também  
onde as juventudes “criam e estabelecem sentidos para a presença nessa instituição, onde  
vivenciam experiências importantes e necessárias para uma construção de significados em  
longo e em curto prazo” (Pereira; Lopes, 2016, p. 212).  
É na escola que se manifestam diferentes vivências experienciadas no âmbito das  
relações escolares, familiares e do acesso a direitos e políticas sociais de modo desigual pelos  
jovens. O “chão da escola” (Pereira, 2007) é eleito, portanto, enquanto espaço privilegiado para  
acessar as juventudes e apreender suas vivências e trajetórias de proteção social.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. 480-504, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
O percurso metodológico: no meio do caminho tinha uma pandemia, tinha uma  
pandemia no meio do caminho2.  
Essa investigação desenvolve-se no “reflexo de escolhas teóricas, processos  
metodológicos, projetos societários, projetos profissionais e trajetória de quem escreve.”  
(Scherer, 2015, p. 15). Dessa forma, o movimento dialético de apreensão dos processos de  
existência e visão de mundo desses jovens se dá a partir de um caminho metodológico fundado  
no materialismo histórico-dialético, que apreende o mundo enquanto um processo de  
complexos (Marx; Engels, 1963) em que a realidade concreta é síntese de uma multiplicidade  
de relações traduzidas na totalidade (Kosik, 1978).  
Realizamos entrevistas em profundidade (Minayo; Costa, 2018) com seis jovens3 de 15  
a 18 anos de duas escolas públicas da cidade de Santos-SP, sendo uma de ensino regular e outra  
de ensino médio integrado ao técnico. As entrevistas aconteceram no formato remoto - a partir  
de encontros na plataforma digital @Google Meet - respeitando o distanciamento físico  
enquanto medida de prevenção à transmissão da covid-19.  
Os sujeitos da pesquisa foram identificados dentre aqueles que participavam do Projeto  
de Extensão Juventudes e Funk na Baixada Santista: territórios, redes, saúde e educação4, a  
partir de bolsa de Iniciação Científica do Ensino Médio (IC-EM)5 vinculada à pesquisa temática  
multicêntrica6. Optamos por realizar as entrevistas em profundidade com os jovens bolsistas  
levando em consideração o vínculo já estabelecido entre a pesquisadora e os estudantes o que,  
no contexto das atividades remotas em decorrência da pandemia de covid-19, contribuiu para a  
construção do campo e efetivação da pesquisa empírica.  
487  
A construção do percurso metodológico, nesse sentido, se deu de forma conjunta, com  
2
Adaptação livre do poema de Carlos Drummond de Andrade: “No meio do caminho”, publicado em 1928, na  
Revista de Antropofagia.  
3 O campo empírico foi atravessado pela pandemia de covid-19 e teve que ser readequado em razão do contexto  
de restrições para a realização das entrevistas no “chão da escola”. Assim, delimitamos a amostragem aos jovens  
que participaram do Programa de IC-EM diante do vínculo já firmado e, portanto, possibilidade de contato para  
efetivação da pesquisa.  
4
Projeto de extensão da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) que atuou entre os anos de 2014 e 2023  
junto a escolas da rede pública estadual de ensino da Baixada Santista, desenvolvendo ações voltadas  
prioritariamente para jovens escolares, compreendidos em sua pluralidade e enquanto sujeitos sociais e de direitos.  
Foi coordenado pelas Profa. Dra. Cristiane Gonçalves da Silva e Profa. Dra. Patrícia Leme de Oliveira Borba,  
compondo as ações do Laboratório Interdisciplinar Ciências Humanas, Sociais e Saúde (LICHSS/UNIFESP) e do  
Núcleo UNIFESP da Rede Metuia – Terapia Ocupacional Social.  
5
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Ensino Médio (PIBIC-EM) da UNIFESP, que tem como  
objetivo incentivar estudantes de ensino médio da rede pública e privada de ensino à aproximação da ciência.  
Estudantes são inseridos em atividades de pesquisa e orientadas por pesquisadoras da instituição.  
6
Pesquisa multicêntrica (2018-2024) com sede no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP),  
com participação da UNIFESP, campus Baixada Santista e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus  
Sorocaba. Teve como objetivo avaliar metodologias que garantam a eficácia e sustentabilidade de programas sobre  
sexualidade e prevenção junto aos jovens e a avaliação dos processos por meio dos quais isso ocorre.  
Bruna C. S. dos Reis; Sônia R. Nozabielli; Júlia B. N. do Amaral; Patrícia L. de Oliveira Borba  
a colaboração desses jovens. Assim, a pesquisa empírica contou com a contribuição direta de  
uma das jovens bolsista de IC-EM que, após a finalização de sua bolsa junto ao Projeto  
“Juventudes e Funk”, executou nova pesquisa de IC-EM vinculada a investigação do mestrado  
que dá origem a este artigo, além de ser uma das entrevistadas. Ela contribuiu para a  
construção do roteiro que orientou as entrevistas em profundidade; participou ativamente  
dessas entrevistas; colaborou com a transcrição dos materiais gravados e participou do  
processo de análise e discussão das entrevistas.  
Aponta-se, portanto, a experiência metodológica da pesquisa participante como  
possibilidade de vivência efetiva de compreensão do jovem enquanto sujeito social (Dayrell,  
2003), partindo do pressuposto de que são eles quem narram sua história nas entrevistas  
através daquilo que realmente lhes é caro, permitindo relembrar e refletir acerca de sua  
trajetória e construir análises conjuntas, advindas de saberes diversos.  
A partir das entrevistas foi possível construir seis narrativas de vida - dos jovens Julia,  
Mariana, Lucca, Letícia, Juan e Giovanni7 - que compõem os resultados dessa investigação  
articulados aos pressupostos teóricos que alicerçaram a pesquisa, com destaque para os  
estudos vinculados ao serviço social, à sociologia da juventude, à terapia ocupacional social  
e à educação. Dessa maneira, as narrativas foram compostas de modo a explicitar a trajetória  
dos jovens no ensino médio e suas vivências em meio a pandemia de covid-19, com ênfase  
nas dimensões de proteção social. Assim, parte-se da trajetória singular dos jovens para que,  
a partir dos fragmentos da realidade, seja possível apreender a totalidade que abarca a  
pluralidade das juventudes e seus processos de proteção social, inscritos na particular  
experiência de ser jovem no Brasil. As três primeiras narrativas se referem a jovens que  
estudavam em uma escola de ensino médio integrado ao técnico, já as três últimas a jovens  
que estudavam em uma escola de ensino regular.  
488  
Narrativas de proteção de jovens de ensino médio na pandemia de covid-19  
Júlia é uma jovem mulher que se identifica como parda, tinha 17 anos quando  
realizamos a entrevista e estava cursando o 3º ano no Ensino Médio. Desde sua primeira  
aproximação com o projeto de extensão, sempre foi muito comunicativa e deixou seus  
7
O nome dos jovens será utilizado sem pseudônimos ou abreviaturas, já que partimos do pressuposto de que  
evidenciar a identidade em uma narrativa de suas trajetórias de vida carrega a importância de compreendê-los  
como atores em suas vivências e experiências, detentores de suas histórias, sujeitos sociais. Essa decisão está em  
concordância com o artigo 9º da Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde que determina as diretrizes  
éticas  
específicas  
para  
as  
ciências  
humanas  
e
sociais  
(Disponível  
em:  
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf. Acesso em: 20 fev. 2022). Além disso, parte-se,  
também, da vinculação construída com os jovens e, assim, de seu assentimento.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. 480-504, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
posicionamentos muito bem estabelecidos. Além de participar das entrevistas, ela também  
desenvolveu duas pesquisas de IC-EM: uma relacionada ao projeto de extensão como todos  
os jovens entrevistados e outra em colaboração com a investigação em tela.  
Sua família é composta pela mãe, pai e uma irmã mais nova. Tendo em vista a apreensão  
adotada nesta pesquisa acerca da proteção social a partir das ideias de “ter certeza de” e “contar  
com” (Sposati, 2014), bem como a concepção de que os sistemas de proteção social podem  
assumir formas mais ou menos institucionalizadas (Giovanni, 1998), a família é uma dimensão  
da proteção social muito importante na vida da jovem.  
Entretanto, se tem concordância com Paiva, Carraro e Rocha (2014) de que reconhecê-  
la como dimensão “não é pretexto para sua supervalorização, ou entificação, ou seja, sua  
pseudoafirmação como sujeito, uma vez que efetivamente isso é uma impossibilidade” (Paiva  
et al., 2014, p. 41). Julia apontou esse aspecto da responsabilização muito presente na trajetória  
de sua mãe:  
Como minha mãe era obrigada a se sustentar sozinha desde que tinha 10 anos,  
ela sempre falou que quando tivesse filhos não os faria trabalhar tão cedo  
assim. Eu me cobro sobre isso. Já vou fazer 18 anos, preciso arrumar um  
trabalho. Mas ela fala que se eu quiser ficar estudando, posso. Mas eu não me  
sinto mais confortável com isso (Entrevista com Julia, 2020)8.  
No que diz respeito ao trabalho, quando a entrevista foi realizada, ele ainda não era uma  
prioridade para a jovem, mas já era um desejo. Sposito, Souza e Silva (2018) chamaram atenção  
para esse cenário ao analisar os dados de um estudo realizado pelo Instituto Insper, que aponta  
aumento, entre os jovens de 15 a 17 anos, que apenas estudam e não trabalham. Esse aumento  
estaria relacionado às mudanças que ocorreram no plano econômico brasileiro durante as duas  
primeiras décadas dos anos 2000, assim, criaram-se melhores condições para que as famílias  
mais pobres pudessem adiar a entrada dos jovens no mundo do trabalho.  
489  
A pandemia impactou seus planos para o futuro, que incluíam cursar uma universidade  
e começar a trabalhar:  
Eu queria entrar na faculdade assim que saísse do ensino médio. Não sabia o  
curso, mas queria entrar na faculdade, trabalhar durante o tempo do curso.  
Mas aí eu vi que não é exatamente assim, dependendo do curso você não  
consegue trabalhar, não consegue conciliar. Agora eu não tenho muita fé que  
eu vá passar no ENEM esse ano, mas vou fazer (Entrevista com Julia, 2020).  
A escola, para ela, tem um lugar central no que diz respeito aos apoios e possibilidades  
de acesso a direitos e bens sociais, tanto em relação ao acolhimento dos sujeitos que a compõe,  
como também das possibilidades que podem ser construídas a partir dela:  
A ETEC é meio que um abraço de urso. A tia da limpeza te ajuda quando você  
8 Respeitaremos a forma de expressão dos jovens nas transcrições citadas ao longo do texto.  
Bruna C. S. dos Reis; Sônia R. Nozabielli; Júlia B. N. do Amaral; Patrícia L. de Oliveira Borba  
precisa, tem professores incríveis e eles realmente querem estar lá e só de eles  
estarem falando e olhando em seu olho quando falam já é muito bom. Hoje  
em dia, eu tenho certeza que na ETEC eu vivo um momento de debates de  
opinião que eu não teria em um colégio particular. Muitos momentos  
reflexivos, muita troca que eu não teria em um colégio particular. (Entrevista  
com Julia, 2020).  
Além disso, a jovem reconhece a escola pública enquanto um espaço de garantia de  
acesso a direitos sociais por meio do Estado. Durante a entrevista, quando questionei se sua  
família era beneficiária de algum programa social a jovem respondeu que:  
[...] o máximo que posso colocar foi o fato de eu ter entrado na ETEC, que é  
um colégio público, aí minha mãe não precisou pagar mais meu colégio,  
porque o ensino médio é bem mais caro, quase o preço de uma faculdade, às  
vezes até mais. E isso pesaria para caramba. Então eu ter entrado na ETEC foi  
o maior auxílio que poderia ter vindo de algo maior (Entrevista com Julia,  
2020).  
Mariana é uma jovem mulher, se identifica como branca, cursava o 2º ano do ensino  
médio e tinha 16 anos quando a entrevista aconteceu. Ela morava com a mãe e o pai em Santos  
desde que nasceu, na região conhecida como Orla, por se localizar nos entornos da orla da praia  
da cidade. A partir dos anos de 1980, o Centro Histórico da cidade, até então símbolo de  
nobreza, força econômica e de comércio diante da economia cafeeira, sofre um processo de  
desvalorização e decadência com a transferência da Bolsa do Café para a cidade de São Paulo.  
Com isso, a região da Orla vive um processo de valorização e enriquecimento a partir da  
especulação imobiliária e do deslocamento dos interesses econômicos para essa região. Dessa  
forma, atualmente, é ocupada por prédios e casas da classe média de Santos.  
490  
Ela sempre estudou em escolas da rede pública de ensino da cidade de Santos e o  
interesse pela ETEC se deu diante da qualidade do ensino e também da possibilidade de se  
aproximar da área de informática. No que diz respeito à escolha de Mariana pelo curso técnico  
em desenvolvimento de sistemas integrado ao médio, ele foi motivado pelo interesse da jovem  
em seguir essa área na universidade também, cursando Ciências da Computação. Abramo e  
colaboradores (2020) destacam que o acesso a uma escola pública de qualidade é um recurso  
explorado pelos jovens já que:  
As Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e os Institutos Federais de Educação,  
Ciência e Tecnologia (Ifes) aparecem como grandes recursos nesse sentido,  
seja pelo oferecimento de uma alternativa de qualificação profissional técnica,  
seja pela possibilidade de preparo para um melhor desempenho no ENEM,  
abrindo uma maior chance de acesso às universidades públicas (Abramo et  
al., 2020, p. 534).  
A escola aparece enquanto espaço em que os jovens se sentem acolhidos e podem contar  
“mesmo se der tudo errado”:  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. 480-504, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
Ah, a escola eu acho que, hoje em dia, tem um papel muito importante e a  
ETEC supre todas essas necessidades. A gente recebe bastante apoio, tanto  
psicológico, quanto de várias coisas. A gente sempre tem uma pessoa que tá  
lá pra ajudar a gente, que tá lá pra conversar... A gente tem até uma salinha  
que falam que é a "Salinha Zen", que no dia que a gente tá meio nervoso a  
gente pode ficar lá e dar uma descansada. Então eu acho que, principalmente,  
todos os alunos... A gente sabe que é um lugar de fuga, um lugar que a gente  
possa fugir quando começar a dar tudo errado. Então, a gente sabe que mesmo  
se der tudo errado vai ter lá alguém pra ajudar a gente, então eu acho que isso  
é muito importante e ajuda muito porque a gente vive nesse negócio de curso,  
técnico, de ensino médio... Então, a gente tem uma pressão maior (Entrevista  
com Mariana, 2020).  
Na pandemia, a escola teve um papel muito importante em dar apoio, motivação e  
esperança para que os jovens não desistissem de seus sonhos e objetivos. Como afirmam Pereira  
e Lopes: “Apesar de todas as dificuldades que vivenciam nesse contexto, [os jovens] veem a  
escola como um instrumento importante para tornar realidade seus projetos, fazendo com que  
nela permaneçam” (Pereira; Lopes, 2016, p. 211).  
Lucca é um jovem homem, que se identifica como branco, tinha 17 anos e estudava no  
2º ano do ensino técnico integrado ao médio, na área de desenvolvimento de sistemas, quando  
a entrevista aconteceu. Ele morava em Santos, também na região da Orla, com a mãe, o pai e  
um irmão mais velho. A família não é natural de Santos e se mudou para a Baixada Santista  
antes de Lucca nascer. Como não tem outros familiares na cidade, são muito unidos. Ele destaca  
o lugar da família como dimensão da proteção social dos jovens e, dessa forma, o que marca a  
passagem para a vida adulta é o fato de não ter mais a família para “contar”:  
491  
Eu acho que de criança para adolescente não tem uma marca de passagem,  
mas eu acho que adolescente para adulto tem, que é você começar a pensar  
por si mesmo, porque querendo ou não você ainda tem seu pai com você, a  
família com você para você contar. Ela vai estar cuidando de você. E quando  
você muda de adolescente para adulto você tem que começar a pensar quando  
você tem que começar a se agilizar para ter dinheiro, para pagar contas,  
faculdade se você precisar, então acho que é para adulto e adolescente que  
tem, mas para criança/adolescente não tem tanto (Entrevista com Lucca,  
2020).  
Para Abramo e colaboradores (2020), há “um senso partilhado de que a obrigação dos  
pais é apoiar os estudos de seus filhos até o fim do Ensino Médio. A partir daí, porém, os cursos  
profissionalizantes, ou o Ensino Superior, devem ser conquistados (bancados) pelos próprios  
jovens, essa etapa tem de ser um projeto deles mesmos” (Abramo et al., 2020, p. 534).  
A escola também é sentida pelo jovem como um lugar de refúgio:  
[...] agora eu sinto muita saudade porque [a escola] era como um refúgio que  
eu tinha tipo “ah deixa pra fora” e eu começava a pensar só nas coisas da  
escola e meus amigos tudo mais. Só que antes eu pensava: “Meu Deus, eu  
tenho que acordar!” E é o que dizem: "você só dá valor quando perde”. É a  
mais pura verdade, porque antes eu ficava de saco cheio de ter que acordar  
Bruna C. S. dos Reis; Sônia R. Nozabielli; Júlia B. N. do Amaral; Patrícia L. de Oliveira Borba  
cedo, hoje eu tenho saudade. Eu nunca precisei ter auxílio psicológico na  
escola, mas eu sei que a escola tem porque amigos meus já precisaram, então  
eu sempre tive a escola como uma outra vida, um outro campo. Eu saio da  
escola, volto pra casa, relaxo, volto pra escola (Entrevista com Lucca, 2020).  
Aponta-se, nesse sentido, a centralidade da escola enquanto espaço onde os jovens  
podem vivenciar acolhimento e acesso a diferentes recursos frente às necessidades sociais. Bem  
como destacado por Julia como “abraço de urso” e por Mariana como “lugar de fuga, onde pode  
fugir quando começa a dar tudo errado”, Lucca chama a escola de “refúgio”. Em diálogo com  
a proposta de Sposati (2014) de apreender a proteção social a partir da ideia de “contar com” e  
“ter certeza de”, a ETEC aparece para os jovens como uma dimensão que pode responder aos  
riscos e necessidades sociais das juventudes.  
A pandemia produziu impactos em sua organização de vida:  
[...] eu não tenho esse escape que é ir pra escola de bicicleta e olhar o mar  
enquanto eu ando... Para só ficar no computador. E dá uma saudade, às vezes,  
porque agora eu fico estudando o dia inteiro e não tem essa divisão. Uma coisa  
que eu falo bastante é que a divisão que tinha antes de escola/casa era bem  
aplicada: na escola você estuda e se você tá em casa você faz o que tem que  
fazer em casa, ou você fica em casa fazendo nada. Agora com essa quarentena  
você pode tá indo com teu computador, aí você pode estar fazendo coisa de  
casa na escola, ai depois você está fazendo coisa de escola na casa, então não  
tem mais limite de separar as coisas. E isso aconteceu bastante durante essa  
pandemia (Entrevista com Lucca, 2020).  
492  
Assim como indicado por Pereira e Lopes (2016), para além da valorização da escola  
enquanto promessa futura, ela também atua como um espaço que produz sentido no cotidiano  
dos jovens.  
Letícia é uma jovem, mulher, negra que, quando a entrevista foi realizada, tinha 17 anos  
e estava no 3º do ensino médio. Ela mora com a mãe na Zona Noroeste de Santos, que se  
encontra na parte continental da cidade, abriga 16 bairros e é caracterizada pelo adensamento  
populacional de baixa renda. No ensino fundamental, participou do projeto Jovem Doutor9,  
parceria entre a prefeitura de Santos e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo  
(USP), o que possibilitou ir até São Paulo e conhecer a USP. A partir disso, seu sonho passou  
a ser ingressar em algum curso na universidade, no entanto, para ela, manter-se em uma  
universidade pública em outra cidade não seria possível diante da renda da família, por isso  
9
O Jovem Doutor é uma atividade multiprofissional e multidisciplinar que envolve professores e estudantes dos  
ensinos fundamental, médio e superior. Utilizando recursos de Telemedicina, educação a distância e do Projeto  
Homem Virtual com o propósito de incentivar os estudantes dos ensinos médio e superior a realizarem trabalhos  
cooperados que promovam a saúde e melhorem a qualidade de vida de comunidades necessitadas através de uma  
ação sustentada (Alunos [...], 2019).  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. 480-504, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
optou por trabalhar através do Programa Jovem Aprendiz desde o ensino médio para poder  
juntar dinheiro e realizar seu sonho:  
Então, depois disso, que eu fiz esses planos na minha cabeça, que eu quis  
muito começar a trabalhar pra juntar o meu dinheiro e começar a fazer  
faculdade, porque também, caso eu não consiga passar na USP, eu vou ter que  
pagar uma. E aí, de qualquer forma, eu não ia ter o dinheiro... Eu ia ter que  
esperar pra arrumar um emprego de novo, então é mais fácil eu fazer o menor  
aprendiz, juntar o dinheiro e depois eu vejo o que eu faço da minha vida  
(Entrevista com Letícia, 2020).  
A esse respeito, para Abramo e colaboradores (2020), os modelos de transição linear  
têm se tornado cada vez mais inapropriados para o país, dessa forma, destacam que essa  
multiplicidade de modos de transição está condicionada pelas desigualdades brasileiras, sejam  
elas de renda, gênero, étnico-racial e de situação familiar. Com isso, para além de uma  
categoria, os estudantes trabalhadores vivenciam uma situação, já que ela não é uma etapa  
intermediária da vida e pode voltar a acontecer mais de uma vez ao longo das trajetórias, bem  
como é uma situação simultânea e não segue um padrão linear.  
Outra dimensão importante da trajetória de Letícia é seu envolvimento junto a um  
projeto social desenvolvido entre jovens do/no território. E é a partir da rede de jovens que  
Letícia cria processos de identificação com outros jovens e também com seu território, o que  
pode ser evidenciado quando, durante a entrevista, ela foi questionada sobre “com que ou com  
quem pode contar” diante das necessidades sociais:  
493  
Então, atualmente eu já sei que eu poderia contar com alguém do meu bairro,  
porque antes de abril eu não sabia... antes de conhecer a J.B. Ela faz um  
trabalho muito legal ali na comunidade, porque ela se juntou com o CRAS...  
Ou é CREAS? Eu sempre confundo com essas siglas, mas eu acho que é o  
CRAS. E eles dão cestas básicas e outros auxílios, então eu poderia me  
inscrever ali e ai eu poderia esperar por uma cesta ou outra coisa, caso eu  
estivesse precisando. Então eu poderia super contar com ela, porque ela ajuda  
muito, muito, muito (Entrevista com Letícia, 2020).  
Corrochano e Laczynski (2021), ao estudar coletivos juvenis nas periferias da cidade de  
São Paulo, compreendem que muitas dessas ações dos jovens começam no bairro porque ele  
representa uma dimensão mais familiar, em que os problemas vividos por eles são conhecidos  
e compartilhados.  
Além disso, o cenário pandêmico intensificou o desgaste de Letícia com a rotina cheia  
de compromissos: escola, trabalho, projetos sociais, música, lazer e relações. Para ela, as  
desigualdades da rede pública de educação, aprofundadas pela pandemia de covid-19, e o  
ensino a distância, geram desânimo e sensação de não estar apreendendo os conteúdos,  
agravadas, também, pela necessidade de mudar seus estudos para o período noturno:  
Não tem muito professor. Então eu sinto que não tô aprendendo nada. Também  
Bruna C. S. dos Reis; Sônia R. Nozabielli; Júlia B. N. do Amaral; Patrícia L. de Oliveira Borba  
pode ser essa questão do ensino a distância, que dificulta bastante. Mas eu  
sinto que o meu desempenho escolar, ele abaixou demais (Entrevista com  
Letícia, 2020).  
Ainda assim, mesmo diante da precarização apontado pela jovem em relação à escola,  
destaca-se que foi a partir dela que a Letícia se inseriu em projetos que representam importantes  
dimensões de sua vida: Jovem Doutor, IC-EM e projeto social. É a através de uma rede de  
proteção produzida pela escola pública que a jovem criou processos de identificação, acesso ao  
território e projeções de futuro.  
Juan é um jovem homem, branco, de 18 anos e, quando realizamos a entrevista, estava  
no 3º ano do ensino médio. Morava, desde que nasceu, na Zona Noroeste com a família: pai,  
mãe e um irmão mais novo.  
A família aparece como dimensão importante da proteção social para o jovem, mas o  
desejo de encontrar trabalho para alcançar independência aparece em seu discurso:  
Meu irmão mais novo ainda não trabalha, tem 13 anos, mas ele quer. Eu  
procurei trabalhar porque não gosto de depender dos outros, acho que ele  
também não. E ele tem mais vontade de ajudar que eu, entende? Mas acho que  
para contar seria meu pai e minha mãe (Entrevista com Juan, 2020).  
Há, nesse sentido, um destaque para a dimensão da responsabilização e sobrecarga da  
família (Horst; Mioto, 2017), quando Juan indica que o irmão, aos 13 anos, já tem o desejo de  
trabalhar para poder “ajudar em casa”. Também, como Letícia, participou do Programa Jovem  
Aprendiz, no entanto, quando realizamos a entrevista já havia encerrado seu tempo na  
aprendizagem. Nesse sentido, o jovem destacou as dificuldades em conciliar o ensino médio e  
o trabalho, principalmente, durante o período da pandemia de covid-19. A sobrecarga com  
trabalho e escola, muitas vezes, não deixou espaço para outras atividades, o que causou  
desânimo e, por vezes, vontade de desistir da escola, desejo que, segundo ele, foi compartilhado  
com outros colegas:  
494  
Eu vi, senti, ouvi e tentei conversar com pessoas, mas não foram muitos que  
vi desistindo, mas vi muita gente falando, e eu fui uma dessas pessoas, que  
estava ocupando minha cabeça demais, não tinha tempo para relaxar, tempo  
para mim, vou fazer o que der. E fiz isso. [...] Vi colegas que no fundamental  
era aluno destaque e no ano passado falar: não consigo mais e desistir  
(Entrevista com Juan, 2020).  
O caráter de proteção do trabalho para as juventudes fica evidente nos relatos do jovem,  
partindo da concepção de Scherer de que proteção e desproteção são “processos simultâneos  
que dialeticamente se ocultam e se revelam no real” (Scherer, 2015, p. 17), dessa maneira, o  
trabalho produz proteção no sentido de construir possibilidades de (sobre)vivência para o  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. 480-504, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
jovem: ajudar em casa e projetar o futuro; mas também produz desproteção ao dificultar o  
acesso à escola e ao lazer.  
Além disso, Juan também destacou o prejuízo para o aprendizado dos conteúdos durante  
a pandemia: “Pra mim, escola é lugar pra aprender e, ano passado, se aprendi duas ou três coisas  
foi muito” (Entrevista com Juan, 2020). Os jovens ouvidos pela Pesquisa Juventude e Pandemia  
também destacaram esse aspecto: 65% relataram ter aprendido menos com o ensino remoto  
(CONJUVE, 2020).  
As diferenças entre a realidade das duas escolas públicas que se apresentam como  
campo empírico da presente investigação ficam explícitas no relato dos jovens, demonstrando  
o impacto da desigualdade: “as consequências do afastamento social não afetam a todos da  
mesma forma, pois têm recorte de classe, étnico-racial e de gênero.” (Coutinho et al., 2021, p.  
239).  
Giovanni é um jovem homem, negro, tinha 16 anos e era estudante do 2º ano do ensino  
médio quando a entrevista aconteceu. Ele morava na Zona Noroeste com o pai e um irmão. Em  
relação ao território onde vive, o jovem acredita que não recebe a mesma atenção da gestão  
municipal que outros lugares da cidade, como a Orla da Praia. Por isso, a conexão com o seu  
bairro é limitada, já que há poucas opções de lazer, cultura e esporte:  
A Prefeitura quer privilegiar mais a parte rica que a pobre, então, na maioria  
das vezes, você vai na praia, na orla e está tudo perfeito. Só que aí você vai  
pro lado da Zona Noroeste e está tudo ao contrário né? Você vai para o lado  
bom da cidade, o lado rico e não tem nenhum problema e do outro lado está  
cheio de problemas. Por exemplo, como citei o lazer aqui no bairro, tem só  
uma quadra pública, mas está toda acabada e abandonada e se eles reformam,  
o povo não coopera também. Ou seja, tem-se as áreas de importância, se  
importam mais com alguns e os outros não” (Entrevista com Giovanni, 2020).  
495  
Desde o ensino fundamental, Giovanni é muito envolvido com representação estudantil.  
Foi presidente do grêmio estudantil de sua escola por três anos e, a partir dessa experiência,  
também participou como jovem vereador no Projeto Câmara Jovem da cidade de Santos10:  
Os projetos acrescentaram muito. Por exemplo, essa liberdade que falei, foram  
esses projetos que me auxiliaram nisso, pra não ter timidez, facilidade de  
conversar, dialogar e outras coisas também. No caso da Câmara Jovem,  
aprendi muito sobre legislativo, sobre as leis. E no Grêmio também. Aprendi  
muito sobre a importância do coletivo, entre aluno, escola, professor, diretoria  
e bairro (Entrevista com Giovanni, 2020).  
10  
Criado em 2014, diante do Decreto Municipal Legislativo nº 30/2014, o projeto elege 21 estudantes dos ensinos  
fundamental e médio da rede pública e privada de ensino de Santos. Tem como objetivo a formação política  
consciente das juventudes da cidade, como também a ampliação das vozes juvenis dentro do poder legislativo.  
Bruna C. S. dos Reis; Sônia R. Nozabielli; Júlia B. N. do Amaral; Patrícia L. de Oliveira Borba  
Destaca-se, nesse sentido, bem como na trajetória de Letícia, a centralidade da escola  
para produzir essas redes de proteção para as juventudes. A partir da escola ele construiu seus  
processos de identificação com a representação estudantil e, assim, com o coletivo do grêmio  
estudantil, o Projeto Câmara Jovem e a IC-EM.  
Giovanni não participa do Programa Jovem Aprendiz, mas era seu grande desejo que  
foi impossibilitado com o início da pandemia. Ele entende que o trabalho é uma oportunidade  
de autonomia, de contribuição com a renda da casa e de possibilidade de guardar dinheiro para  
a entrada na universidade. No entanto, para Giovanni, essa possibilidade foi impactada pela  
pandemia, assim, como indicado por Corseuil e Franca (2020) ao apontar distanciamento dos  
jovens do mercado de trabalho a partir do período de recessão econômica em decorrência da  
pandemia de covid-19.  
A pandemia impactou também a motivação para os estudos. Ele apontou, como motivos  
para isso, as dificuldades em lidar com as perdas de familiares por conta da covid-19, o acesso  
limitado aos dispositivos eletrônicos e à internet de qualidade, a desorganização da escola frente  
às formas de ofertar o conteúdo escolar e a perda da rotina dos jovens.  
Por fim, outra dimensão importante da vida de Giovanni é em relação à espiritualidade.  
Ele é um jovem evangélico muito envolvido com as ações sociais produzidas pelas igrejas no  
bairro:  
496  
Posso citar uma coisa, rapidinho? Por exemplo, quando tem ajuda da família...  
Como no meu caso... Porém meus amigos aqui em volta, no nosso bairro,  
como eu falei, tem uma assistência de ajuda às favelas, porém não alimenta  
todo mundo, tem muitas áreas que faltam. E, um lado muito do nosso bairro,  
é uma ajuda religiosa assim, nosso bairro tem muitas igrejas evangélicas que  
ajudam muito em questão de cesta básica, até assistência social das pessoas  
que necessitam... Eles procuram famílias que também estão precisando de, por  
exemplo, uma cesta, um alimento, até um gás (Entrevista com Giovanni,  
2020).  
A religião enquanto dimensão da proteção social das juventudes aparece apenas na  
trajetória de Giovanni, entretanto, ela se coloca muito presente nas vivências juvenis brasileiras  
(Santos; Mandarino, 2005). Vale, ainda, destacar a apreensão de Giovanni de que as ações da  
igreja conseguem acessar áreas que outras instituições não conseguem, sejam os coletivos do  
território ou os serviços socioassistenciais.  
Reflexões sobre o entrelaçar das narrativas  
A escola, campo empírico da presente investigação e, também, objeto de estudo por se  
apresentar enquanto dimensão da proteção social para as juventudes de ensino médio no  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. 480-504, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
contexto pandêmico, aparece na narrativa dos jovens entrevistados destacada por processos de  
proteção e desproteção, que se materializam de maneira dialética (Scherer, 2015).  
Assim, reitera-se que a proteção social no capitalismo não significa assegurar condições  
de igualdade, como também não está implicada em satisfazer apenas as necessidades sociais e  
traduzir-se em universalização de direitos. A proteção ocupa o lugar dos processos  
contraditórios e da disputa de interesses antagônicos (Pereira, 2016), o que fica evidente nas  
narrativas dos jovens colaboradores.  
As experiências relatadas pelos estudantes da ETEC nos apontam caminhos para uma  
escola que é sentida e apreendida pelos jovens como lugar em que se constroem processos de  
proteção social, mesmo em momentos de crise como vivenciados na pandemia de covid-19:  
para Julia ela é destacada como “abraço de urso”, para Mariana como “lugar de fuga, onde pode  
fugir quando começa a dar tudo errado” e para Lucca a escola é o “refúgio”.  
Ramos (2008) faz a defesa do ensino médio integrado ao técnico por razões ético-  
políticas e aponta-o como caminho possível para a escola única de Gramsci (2000), um espaço  
de acesso à cultura geral, humanista e formativa, equilibrando o aprendizado ao trabalho manual  
e intelectual, promovendo o desenvolvimento da “capacidade de pensar, de estudar, de dirigir  
ou de controlar quem dirige” (Gramsci, 2000, p. 49). Dessa maneira, propõe-se o rompimento  
com a dualidade educacional estrutural que fragmenta trabalho intelectual e trabalho manual  
em detrimento da defesa pela educação unitária que garanta o acesso a todos os  
conhecimentos socialmente construídos, sintetizando humanismo e tecnologia (Ramos, 2008).  
Ainda assim, cabe destacar as críticas apresentadas por Nosella e Gomes (2016), no que  
diz respeito à maneira como o ensino integrado se impõe no país. Os autores defendem que é  
no ensino médio regular que se encontra o caminho a ser percorrido à escola unitária, ao afirmar  
que o ensino integrado pulveriza o ensino médio, permitindo extrema multiformidade (Nosella;  
Gomes, 2016):  
497  
O Estado brasileiro mantém, nesse nível de ensino [médio], dois sistemas  
educacionais: o ensino médio regular e o ensino médio integrado. É a tensão  
entre um sistema minoritário de educação caracterizado por verbas  
específicas, estudantes previamente selecionados, boa estrutura física,  
frequentemente com cursos que podem chegar a quatro anos de duração, dois  
períodos diurnos de funcionamento, plano de carreira docente similar ao do  
magistério superior federal, atividades formativas no contraturno etc. e um  
segundo sistema de massa caracterizado por uma conceituação difusa e  
confusa sobre cidadania e trabalho, uma ilusória e complexa burocracia de  
Estado, escassez de recursos, estruturas físicas arcaicas e precárias, planos de  
carreiras frustrantes e metodologias inadequadas (Nosella; Gomes, 2016, p.  
18).  
Bruna C. S. dos Reis; Sônia R. Nozabielli; Júlia B. N. do Amaral; Patrícia L. de Oliveira Borba  
Dessa forma, ressalta-se o lugar privilegiado da ETEC no que diz respeito às  
experiências ofertadas aos estudantes, destacadas nas narrativas de Julia, Mariana e Lucca. Que  
bom seria se a realidade de todo o ensino médio público do país contasse com a estrutura desse  
sistema minoritário de educação, apontado por Nosella e Gomes (2016), reafirmado pelos  
jovens entrevistados.  
Já em relação aos pontos de conexão entre as duas escolas, pode-se afirmar que é na/pela  
escola que os jovens ampliam algumas de suas redes, uma vez que ela possibilita câmbios entre  
o território, os coletivos juvenis e a universidade pública. Assim, se tem concordância com  
Menezes, Arcoverde e Liberdi (2008) de que é na escola onde os jovens criam redes e teias de  
socialização, firmando sua identidade e demarcando território.  
Para além da escola, outras dimensões da proteção social são destacadas pelos jovens  
entrevistados: família, assistência social, trabalho, território, coletivos juvenis e religião. A  
família ganha centralidade nas narrativas de todos os jovens, reforçando um caráter de  
responsabilização da unidade familiar pelo bem-estar de seus membros (Esping-Andersen,  
1990), que desonera e desresponsabiliza o Estado. No que diz respeito às políticas sociais –  
com foco na assistência social, presente na narrativa de uma das jovens destaca-se o caráter  
focalizado em que se apresenta, traduzida nas cestas básicas distribuídas no CRAS do território.  
Em relação à dimensão do trabalho, a dialética proteção-desproteção está evidente em  
todas as narrativas. Destaca-se o desejo de que, a partir do trabalho, os jovens tenham acesso a  
recursos para satisfazer necessidades materiais, ao passo que também apresentam as  
dificuldades de conciliar trabalho e escola. Já a dimensão do território revela cartografias de  
desigualdades no espaço urbano evidenciadas pelos jovens da Zona Noroeste, que destacam as  
diferenças vivenciadas na região em detrimento da Orla da cidade de Santos.  
498  
A dimensão dos coletivos juvenis apresenta movimentos de resistência e rebeldia que  
se expressam nos territórios populares como forma de proteção social, por meio do engajamento  
e da organização política das juventudes. Por fim, a dimensão da religião aparece em uma única  
narrativa e, de modo contundente, explica como a ausência de proteção social pública é  
compensada pelo crescimento da ação solidária e filantrópica de base religiosa, em especial das  
igrejas evangélicas.  
Vale, ainda, mencionar que, mesmo diante de um processo dialético de proteção-  
desproteção social, os jovens colaboradores desta pesquisa tem “com quem contar” (Sposati,  
2014). Isso possibilitou, inclusive, que pudessem construir possibilidades de permanecer na  
escola em um cenário de crescimento contínuo da desistência escolar, em que, em novembro  
de 2020, mais de 5 milhões de crianças e jovens estavam fora da escola ou sem atividades  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. 480-504, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
escolares (UNICEF, 2021). A desistência escolar é aqui apreendida enquanto “um processo  
complexo, dinâmico e cumulativo de desengajamento do estudante da vida escolar. A saída do  
estudante da escola é apenas o estágio final desse processo” (Dore; Lüscher, 2011, p. 777).  
Assim, os jovens produzem e estabelecem sentidos para a permanência na escola (Pereira;  
Lopes, 2016), que se constroem também a partir dos suportes oferecidos por dimensões como  
a família, o território, a comunidade, os coletivos juvenis, o trabalho e por fim seus próprios  
sonhos.  
Nesse sentido, faz-se necessário colocar luz na importância das políticas públicas de  
educação, como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - Ensino Médio, do  
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científica e Tecnológica (CNPq) operacionalizado  
pelas Instituições de Ensino Superior. A entrada na universidade compõe os projetos de futuro  
de todos os jovens entrevistados, a partir de outras dimensões já mencionadas, mas, também,  
da aproximação com a universidade pública a partir da IC-EM. Além do PIBIC-EM, destaca-  
se a potência que pode ser vislumbrada nas trajetórias juvenis acompanhadas da sua  
participação nos projetos de extensão promovidos pelas Universidades Públicas, tais como: o  
Programa Jovem Doutor, da USP, e o Projeto de Extensão Juventudes e Funk na Baixada  
Santista, da UNIFESP. Parte-se do pressuposto de que as práticas de extensão proporcionam  
materiais para o desenvolvimento de tecnologias sociais e realização de pesquisas, bem como  
possibilitam apreensão da realidade concreta e de possibilidades de intervenção baseadas na  
convivência, respeitando a singularidade dos sujeitos (Lopes et al., 2010).  
499  
Dessa forma, as redes criadas entre a universidade pública e a escola pública, a partir  
das práticas de extensão, permitem aos jovens acessos que constroem as possibilidades de  
sonhos. Essa relação da universidade com as escolas de ensino médio, por meio das práticas de  
extensão, pesquisa e, especificamente, da IC-EM, é promissora para a formação na universidade  
e nas escolas: estudantes e docentes envolvidos aprendem, ensinam, constroem conhecimentos  
e expandem áreas de interesse a partir da aproximação com a realidade e diferentes leituras de  
mundo, no entanto, são ações de baixo alcance pelo número de jovens que são contemplados  
por esse projeto, com pouca valorização no âmbito acadêmico, e portanto, com parcos recursos  
(Oliveira; Bianchetti, 2018; Leite et al., 2022).  
Por fim, apreende-se a importância de produzir redes junto às juventudes em que, no  
âmbito universitário, ensino, pesquisa e extensão dialogam com os jovens, possibilitando  
acesso a repertórios que rompem com subalternidades (Silva; Borba, 2018) e com aparências  
fetichizadas e fetichizantes pelas quais os jovens têm constantemente sofrido processos de  
invisibilidade (Scherer, 2015).  
Bruna C. S. dos Reis; Sônia R. Nozabielli; Júlia B. N. do Amaral; Patrícia L. de Oliveira Borba  
Considerações finais  
As diferentes experiências vivenciadas pelos jovens na escola pública demonstram  
processos simultâneos e contraditórios de proteção e desproteção social: a escola é apontada  
como dimensão que integra redes e permite conexões entre o território, os coletivos juvenis e a  
universidade pública; ao passo que também evidencia os desiguais acessos à educação, mesmo  
no interior da educação pública, quando comparadas a escola técnica e a escola regular.  
Ainda assim, as experiências relatadas pelos estudantes da ETEC puderam sugerir  
caminhos para uma escola que é sentida e apreendida pelos jovens como lugar em que se  
constroem processos de proteção social, mesmo durante a pandemia de covid-19. Dessa  
maneira, podemos vislumbrar sementes da Escola Única, idealizada por Gramsci, na  
experiência da ETEC, como possibilidade de vivência efetiva do desenvolvimento de ações  
formativas integradoras que promovam autonomia intelectual e cultural, tendo em vista a  
ampliação dos horizontes dos sujeitos e o comprometimento com a perspectiva da emancipação  
humana.  
A escola das telas também reverberou na aprendizagem e na subjetividade dos jovens.  
No que diz respeito à aprendizagem, para os jovens da escola de ensino regular a sensação de  
não ter aprendido nada durante o período remoto e o desejo pela desistência presente nas  
entrevistas nos parecem consequências da precarização da estrutura escolar e dos atrasos e  
mudanças constantes para/na implementação de programas de ensino não presencial nas escolas  
estaduais de ensino regular do estado de São Paulo. Já os jovens estudantes da escola de ensino  
técnico não se referem às questões de aprendizagem nas entrevistas haja vista que a ETEC,  
como toda a rede que compõe o Centro Paula Souza, optou pelo uso de uma mesma plataforma  
desde o início do ensino remoto, além de mapeamento das condições de acesso à internet dos  
estudantes, doação e empréstimo de equipamentos e disponibilização dos laboratórios de  
informática da escola mas se referem, prioritariamente, às perdas de vivências juvenis, como  
as idas à escola de bicicleta contemplando o mar.  
500  
Para além da escola, os jovens também destacaram outras dimensões que compuseram  
proteções sociais em suas trajetórias: família, trabalho, território, coletivos juvenis, religião e  
assistência social. Entretanto, essas diferentes dimensões ainda estão distantes de uma proposta  
política de acesso universalizado para as juventudes.  
Outro aspecto relevante é que os jovens entrevistados integram um grupo de sujeitos  
que permaneceu na escola durante a pandemia de covid-19. Num cenário de alarmante aumento  
de jovens que desistiram da escola durante e após a pandemia, apreende-se que eles puderam  
Libertas, Juiz de Fora, v. 25, n. 1, p. 480-504, jan./jun. 2025. ISSN 1980-8518  
Do chão à tela: dimensões da proteção social de jovens na pandemia de covid-19  
construir possibilidades de permanecer na escola: a partir da própria escola, entrelaçada com  
suas famílias, trabalho, território, comunidade, coletivos juvenis e seus sonhos.  
Na construção de sonhos possíveis para essas juventudes, destaca-se a importância de  
iniciativas como a Iniciação Científica de Ensino Médio e a potencialidade das redes criadas  
entre escola pública e universidade pública, por meio dos projetos de extensão. Desenhar  
projetos de futuro junto aos jovens tornam possíveis os sonhos desses sujeitos, no horizonte de  
uma contra hegemonia que contribua para o defronte das expressões da questão social na  
realidade vivenciada pelas diversas formas de experienciar as juventudes.  
Mas ainda questionamos: qual o impacto na vida dos seis jovens colaboradores da  
pesquisa, em longo prazo, em acessar a Iniciação Científica de Ensino Médio para sua formação  
humana, intelectual e política? O que acarretará em seus projetos e escolhas de vida o acúmulo  
de experiências como essas? Como perseguir desenhos universais de políticas públicas que  
ampliem a proteção social desses meninos e meninas inspiradas nessas experiências?  
Dessa forma, espera-se que essa pesquisa forneça materiais que subsidiem políticas  
sociais de proteção em favor das juventudes, com projeções na universalização, integração e  
horizontalidade, em diálogo constante e intermitente com os jovens, em sua pluralidade.  
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