Exploração e jornada de trabalho em Marx:  
mais-valia como noção de mais-tempo  
Exploration and the working day in Marx:  
surplus value as a notion of surplus time  
Silvio Aparecido Redon*  
Eliane Christine Santos de Campos**  
Resumo: A estrutura exploradora do modo de  
produção capitalista é um elemento essencial  
para se pensar sobre a realidade social e, embora  
não seja restrita à essa sociabilidade, ela adquire  
traços particulares sob a direção do capital. Em  
busca de valorização, o capital altera a dinâmica  
da produtividade do trabalho social mediante a  
introdução da tecnologia na esfera da produção  
e ocasiona, de forma espetacular e inédita, a  
exponenciação da exploração a partir do  
controle do tempo. Este artigo, elaborado por  
meio de revisão de literatura essencialmente no  
universo marxiano, se propõe a entender a  
extração da mais-valia a partir da noção de  
mais-tempo e considerando o uso capitalista das  
inovações tecnológicas. O que se pode destacar  
é que a tecnologia é capaz de acelerar o tempo  
de rotação do capital, propiciar maior campo  
humano explorável e aprofundar a relação  
capital enquanto relação social de produção.  
Abstract: The exploitative structure of the  
capitalist mode of production is an essential  
element for thinking about social reality and,  
although it is not restricted to this sociability, it  
acquires particular traits under the direction of  
capital. In search of valorization, capital alters  
the dynamics of the productivity of social labor  
by introducing technology into the sphere of  
production and causes, in a spectacular and  
unprecedented way, the exponentiation of  
exploitation based on the control of time. This  
article, written through a literature review  
essentially in the Marxist universe, proposes to  
understand the extraction of surplus value based  
on the notion of surplus time and considering  
the capitalist use of technological innovations.  
What can be highlighted is that technology is  
capable of accelerating the time of capital  
turnover, providing a greater exploitable human  
field and deepening the relationship between  
capital as a social relation of production.  
Palavras-chaves:  
Capital;  
Tecnologia;  
Keywords: Capital; Technology; Exploration.  
Exploração.  
*
Doutor em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina. Assistente social da  
Prefeitura Municipal de Cambé. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6163-4846  
**  
Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Docente do  
departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-  
DOI: 10.34019/1980-8518.2024.v24.45899  
Esta obra está licenciada sob os termos  
Recebido em: 06/09/2024  
Aprovado em: 02/12/2024  
Silvio Aparecido Redon; Eliane Christine Santos de Campos  
Introdução  
Assegurada pela propriedade privada, a exploração do capital sobre o trabalho  
assalariado é um elemento que deita raízes profundas na sociedade capitalista, encoberta por  
uma relação juridicamente entre iguais: o trabalhador e o capitalista, vendedor e comprador da  
mercadoria força de trabalho. O trabalho, e as condições a que está submetido na sociedade  
capitalista é, sem dúvidas, um ponto essencial para refletirmos a “questão social”; afinal, a  
capacidade produtiva do trabalho comporta, desde há muito, as investidas do progresso técnico  
e organizacional. Em Marx, ele é duplamente abordado, basicamente sob as diferentes  
perspectivas de finalidade e resultado, considerando a estruturação das classes sociais e o poder  
decorrente dessa divisão, revestido de dominação e subjugação.  
Conjugada ao e dinamizada pelo aumento da capacidade produtiva do trabalho, a  
exploração é o fator que traz determinações históricas à realidade, impondo condições de vida  
que desafiam o cotidiano do proletariado em todo o mundo. Essa exploração exponenciada pela  
introdução da tecnologia no processo produtivo é a garantia da extração e acumulação da mais-  
valia, da permanente distância entre as classes sociais quanto ao acesso à riqueza produzida. E,  
dentre os autores do Serviço Social brasileiro, a chave explicativa para a “questão social”. Eis  
as justificativas para a busca de sua elucidação e difusão do debate.  
A proposta do artigo é compreender a exploração a partir da discussão do controle do  
tempo; defendemos ser este um fator essencial para o capital. Esse controle apenas se tornou  
possível com a introdução da maquinaria na produção, trazendo no seu rastro a superpopulação  
relativa, como uma lei populacional particular do modo de produção especificamente capitalista  
e expressa na lei geral da acumulação capitalista, formulada por K. Marx; dessa forma, também  
considera as alterações sofridas pelo capital global, as mudanças entre seus componentes  
constante e variável. Em meio à essa sociabilidade é que se ergue a luta de classes. Por meio de  
uma revisão de literatura de textos marxianos e marxistas, o texto está dividido em duas partes:  
na primeira parte, Exploração e o significado do tempo para a produção capitalista, é  
apresentado como a medição e controle do tempo se tornaram vitais para a produção capitalista,  
diferentemente de outras épocas, visto que tal elemento está vinculado à exploração do capital  
sobre o trabalho. Depois, em A transformação dos tempos da jornada de trabalho a partir da  
tecnologia: mais-valia absoluta e mais-valia relativa, é exposta a luta do capital sobre esse  
tempo, em que a aplicação e o uso da tecnologia se torna imprescindível, aprofundando a  
relação social de produção e possibilitando a extração da mais-valia relativa a partir da  
transformação dos tempos contidos na jornada de trabalho.  
692  
Libertas, Juiz de Fora, v. 24, n. 2, p. 691-708, jul./dez. 2024. ISSN 1980-8518  
Exploração e jornada de trabalho em Marx: mais-valia como noção de mais-tempo  
Exploração e o significado do tempo para a produção capitalista  
Não basta que as condições de trabalho apareçam num polo como capital e no  
outro polo, pessoas que nada tem para vender a não ser sua força de trabalho.  
Não basta também forçarem-nas a se venderem voluntariamente. Na evolução  
da produção capitalista, desenvolve-se uma classe de trabalhadores que, por  
educação, tradição, costume, reconhece as exigências daquele modo de  
produção como leis naturais evidentes (Marx, 1984, p. 277, grifo nosso).  
Para o estabelecimento dessa nova forma de trabalho, o trabalho assalariado como venda  
da capacidade de trabalho, é insuficiente a pura imposição violenta e coercitiva na busca de  
aceitação e obediência conformadas. É preciso mais que somente isso; é importante as formas  
de introjeção e conformação à nova realidade, em que a reprodução social dos sujeitos passa a  
seguir o ritmo da reprodução do capital. Dessa forma, se coloca imprescindível o papel de  
instituições, como a escola e a igreja, que trazem componentes morais e religiosos que passam  
a moldar a vida em sociedade, estabelecendo condições e comportamentos necessários à  
realidade burguesa. Em um momento em que a força de trabalho passa a circular e ser negociada  
como mercadoria, queremos salientar, sem descartar outros aspectos, o controle econômico do  
tempo nessa nova forma social.  
É o historiador britânico Thompson (1998) quem instiga uma discussão sobre a questão  
do tempo na sociedade capitalista em seu notável ensaio Tempo, disciplina de trabalho e  
capitalismo industrial. Seu eixo de investigação é detectar, como e até que ponto, a alteração  
na noção do tempo afetou a disciplina do trabalho e incidiu sobre a percepção dos trabalhadores:  
considerando a maturação da sociedade industrial, que impõe uma outra lógica para o trabalho,  
como isso está relacionado com a alteração na notação do tempo? Defendemos que essa questão  
do tempo, sua medição e controle, é algo essencial na sociedade burguesa, o qual o capital luta  
de forma incessante para ter total domínio por estar atrelado diretamente à exploração  
capitalista.  
693  
Entre os povos primitivos, ou em certas regiões e em determinadas épocas, como o Chile  
do século XVII ou regiões rurais da Grã-Bretanha de hoje – de forma geral, em sociedades que  
as estruturas de mercado e administrativas são mínimas – a marcação do tempo ocorre orientada  
pelas tarefas diárias, em que o trabalhador e o camponês independentes parecem cuidar do que  
é uma necessidade, além de não haver uma distinção muito clara entre as relações sociais e o  
trabalho, em que a atividade desempenhada não segue um ritmo de urgência. Conforme Mandel  
(1975), o trabalho não era tido como algo imposto do exterior, de forma exaustiva e desgastante  
como se configura hoje, visto que seus ritmos eram traçados pela natureza e pelo organismo do  
homem. Nessa mesma lógica, Thompson (1998) diz que a regularidade dessas atividades era  
determinada através de formas naturais, como a altura do sol no céu ou o sentido do vento, além  
Silvio Aparecido Redon; Eliane Christine Santos de Campos  
de não serem organizadas e ordenadas pelo princípio e vigilância capitalista da intensa  
produtividade; havia outro sentido no trabalho. Mas com o emprego de mão-de-obra  
assalariada, esse critério de medição do tempo adquire certa complexidade: “[...] o tempo está  
começando a se transformar em dinheiro, o dinheiro do empregador” (Thompson, 1998, p. 272).  
Começa-se, então a medição das tarefas por horário marcado.  
Essa medição incorpora uma relação simples. Aqueles que são contratados  
experenciam uma distinção entre o tempo do empregador e o seu “próprio”  
tempo. E o empregador deve usar o tempo de sua mão de obra e cuidar para  
que não seja desperdiçado: o que predomina não é a tarefa, mas o valor do  
tempo quando reduzido a dinheiro. O tempo é agora moeda: ninguém passa  
o tempo, e sim o gasta (Thompson, 1998, p. 272, grifo nosso).  
Segundo Mandel (1975), esse reordenamento da medição e da regularidade do trabalho  
é consequência do aparecimento e da intensificação da produção de mercadorias: “quanto mais  
a produção de mercadorias se generaliza tanto mais o trabalho se regulariza, e mais a sociedade  
se organiza em torno de uma contabilidade fundamentada no trabalho” (Mandel, 1975, p. 12).  
Essa noção de tempo revelada pelo autor é a margeada pelo discurso capitalista de tempo é  
dinheiro, que contou com a decisiva introdução na vida social de um elemento extremamente  
comum nos dias atuais: o relógio. Não se sabe ao certo a precisão da hora marcada pelo relógio  
nesse período, mas a sua proliferação aconteceu no momento em que a Revolução Industrial  
exigia maior controle e ajuste do trabalho. Segundo Thompson (1998, p. 279), “O pequeno  
instrumento que regulava os novos ritmos da vida industrial era ao mesmo tempo uma das mais  
urgentes dentre as novas necessidades que o capitalismo industrial exigia para impulsionar seu  
avanço”. Além da associação da marcação do tempo e da tecnologia, é interesse do autor  
também “a medição do tempo como meio de exploração da mão-de-obra” (Thompson, 1998,  
p. 289), o que não ocorreu sem conflito. Essa tensão, está claro, se deve mesmo à imposição de  
um ritmo de trabalho totalmente diferente do que a população estava então acostumada. A  
entrada e saída dos trabalhadores nas fábricas eram devidamente registradas, não honestamente,  
e os relógios eram alterados para garantir vantagem ao capital, além de terem seu uso proibido1.  
E vantagem não somente em relação ao ganho de tempo, mas também quanto a aplicação de  
multas como método dos capitalistas aumentarem seus lucros: os operários que encontravam  
os portões das fábricas fechados, porque o relógio estava adiantado, tinham seus nomes  
694  
1 Thompson (1998, p. 294) traz o depoimento anônimo de uma testemunha que trabalhava em uma fábrica: “[...]  
na realidade não havia horas regulares: os mestres e os gerentes faziam conosco o que desejavam. Os relógios nas  
fábricas eram frequentemente adiantados de manhã e atrasados à noite; em vez de serem instrumentos para medir  
o tempo, eram usados como disfarces para encobrir o engano e a opressão. Embora isso fosse do conhecimento  
dos trabalhadores, todos tinham medo de falar, e o trabalhador tinha medo de usar relógio, pois não era incomum  
despedirem aqueles que ousarem saber demais sobre a ciência das horas” (Anônimo, Chapters in the life of a  
Dundee factory boy – Dundee, 1887, p. 10 apud Thompson, 1998, p. 294).  
Libertas, Juiz de Fora, v. 24, n. 2, p. 691-708, jul./dez. 2024. ISSN 1980-8518  
Exploração e jornada de trabalho em Marx: mais-valia como noção de mais-tempo  
marcados em um caderno de multas. Certa vez, 95 trabalhadores de uma indústria em  
Manchester foram multados: “[...] eram operários de um fábrica cujo relógio, em relação aos  
relógios públicos da cidade, pela manhã estava adiantado e, à noite, atrasado em um quarto de  
hora” (Engels, 2010, p. 215, grifos no original). Apesar da resistência, os trabalhadores foram  
sugados pela força do capital e submetidos ao seu movimento, passando a lutar não mais contra  
o tempo, mas sobre o tempo, indo da redução da jornada de trabalho para o direito de receberem  
horas extras e porcentagens em dinheiro pelo tempo trabalhado fora do horário.  
A dominação do capital não conhece barreiras. Essa questão do tempo é importante pelo  
próprio entendimento dessa relação social. Talvez a definição mais conhecida usada por Marx  
para descrever o capital seja “[...] valor que se valoriza” (Marx, 1983, p. 130; Marx, 1984, p.  
153). Esse conceito deve ser entendido, também, enquanto um processo, um movimento em  
que o capital necessariamente precisa passar por metamorfoses e trocar suas formas para que  
se opere a valorização, desconsiderando possíveis percalços. Falamos aqui da circulação do  
capital, renovada a cada ciclo, como uma finalidade em si mesma, objetivando a valorização  
do valor, “[...] pois a valorização do valor só existe dentro desse movimento sempre renovado.  
Por isso o movimento do capital é insaciável” (Marx, 1983, p. 129). Essa descrição nos afasta  
do entendimento a-histórico e simplesmente material do capital, visto em si como um montante  
de dinheiro, uma forma equivocada, como nos alerta os autores Lowy, Duménil e Renault  
(2015). Segundo Gorender (1983, p. XXXVII), o capital no sentido marxiano também se afasta  
da definição de trabalho acumulado: “o capital não é uma coisa – ferramenta ou máquina”; estes  
se convertem em capital quando são destinados à valorização do capital, convertidos em  
“instrumento[s] de exploração do trabalho assalariado”.  
695  
Ao invés de coisa, o capital é relação social, relação de exploração dos  
operários pelos capitalistas. As coisas – instalações, máquinas, matérias-  
primas, etc. – constituem a encarnação física do trabalho acumulado para  
servir de capital, na relação do proprietário dessas coisas e os operários  
contratados para usá-las de maneira produtiva (Gorender, 1983, p. XXXVII).  
Harvey (2018) disseca esse conceito tal como definido por Marx. Primeiramente, traz a  
noção de valor: “é o trabalho social que realizamos para os outros tal como ele é organizado  
por meio de trocas de mercadorias em mercados competitivos, com seus mecanismos de  
determinação de preços” (Harvey, 2018 p. 18). Mas recordemos que esse trabalho tem um  
tempo necessário socialmente estabelecido, não sendo aleatório: o valor é definido em Marx  
(1983) como o tempo de trabalho socialmente necessário2. “O tempo que gasto fabricando bens  
2
“Tempo de trabalho socialmente necessário é aquele requerido para produzir um valor de uso qualquer, nas  
condições dadas de produção socialmente normais, e com grau médio de habilidade e de intensidade de trabalho”.  
É, portanto, apenas o quantum de trabalho socialmente necessário ou o tempo de trabalho socialmente necessário  
Silvio Aparecido Redon; Eliane Christine Santos de Campos  
para outros comprarem e usarem é uma relação social”, portanto, relação “imaterial”, mas que  
urge por uma expressão objetiva, satisfeita pela existência do dinheiro, que representa o valor.  
“O valor é a relação social, e todas as relações sociais escapam à investigação material direta.  
O dinheiro é a representação e a expressão dessa relação social” (Harvey, 2018, p. 18-19).  
Na esfera da produção, além de mercadorias materiais, é produzida também uma  
“relação social de exploração da força de trabalho” (Harvey, 2018, p. 23). Assim, “esse  
momento da circulação do capital abarca não apenas a produção de mercadorias, mas também  
a produção e reprodução da relação de classe entre capital e trabalho na forma de mais-valor  
[mais-valia]” (Harvey, 2018, p. 24). “O processo de consumo da força de trabalho é,  
simultaneamente, o processo de produção de mercadoria e de mais-valia”; é para onde Marx  
direciona nossa atenção: o “local oculto da produção” (Marx, 1983, p. 144). É aqui que ocorre  
o que Marx chama de valorização do capital, em que o tempo figura como um elemento  
essencial.  
Se compararmos o processo de formação de valor com o processo de  
valorização, vemos que o processo de valorização não é nada mais que um  
processo de formação de valor prolongado além de certo ponto. Se este apenas  
dura até o ponto em que o valor da força de trabalho pago pelo capital é  
substituído por um novo equivalente, então é um processo simples de  
formação de valor. Se ultrapassa esse ponto, torna-se processo de valorização  
(Marx, 1983, p. 161, grifo nosso).  
696  
Conforme a citação, o processo de trabalho é, também, processo de valorização. Esse  
tempo de trabalho que excede ao valor da força de trabalho, valor este sumariado nos meios de  
subsistência necessários à vida do trabalhador, é trabalho não pago, portanto, trabalho  
explorado. O mecanismo da exploração, que é a essência do trabalho no modo de produção  
capitalista, está elucidado; a força de trabalho pode operar além do tempo determinado para sua  
reprodução: “seus custos diários e seu dispêndio diário, são duas grandezas inteiramente  
diferentes”. Quando comprou a força de trabalho no mercado, o capitalista sabia que, embora  
apenas meia jornada de trabalho fosse suficiente para manter o trabalhador vivo, não havia  
impedimentos para ele trabalhar uma jornada inteira. Pagou por ela por um dia de sua utilização;  
protege e vigia zelosamente seu investimento para que consiga extrair o máximo disso, quase  
como a inquietante teletela da distopia de George Orwell (2021). Assim, “O valor da força de  
trabalho e sua valorização no processo de trabalho são, portanto, duas grandezas distintas”. Para  
o capitalista, “[...] o decisivo foi o valor de uso dessa mercadoria ser fonte de valor, e de mais  
valor do que ela mesma tem”. Mas a força de trabalho cria esse mais valor, que extrapola o seu  
para a produção do valor de isso o que determina a grandeza de seu valor” (Marx, 1983, p. 48).  
Libertas, Juiz de Fora, v. 24, n. 2, p. 691-708, jul./dez. 2024. ISSN 1980-8518  
Exploração e jornada de trabalho em Marx: mais-valia como noção de mais-tempo  
próprio valor, apenas e a partir da extensão do tempo da jornada de trabalho necessário: dessa  
forma, o seu valor de uso ultrapassa o seu valor de troca.  
A circunstância de que a manutenção diária da força de trabalho só custa meia  
jornada de trabalho, apesar de a força de trabalho poder operar, trabalhar um  
dia inteiro, e por isso, o valor que sua utilização cria durante o dia é o dobro  
de seu próprio valor de um dia, é grande sorte para o comprador, mas, de  
modo algum, uma injustiça contra o vendedor (Marx, 1983, p. 160, grifo  
nosso).  
A valorização decorre do tempo que excede o tempo socialmente necessário à  
manutenção e reprodução da mercadoria força de trabalho, tempo empregado na produção:  
“[...] processo de valorização, que ocorre na esfera da produção” (Marx, 1983, p. 160). O  
processo de trabalho que compreende o trabalho necessário é o processo simples de formação  
de valor3; aqui não está compreendido a formação da mais-valia, apenas o que o capitalista paga  
em salário ao trabalhador. É impossível concebermos o modo de produção capitalista  
unicamente pelo processo de formação simples de valor – este deve ser analisado como parte  
de um processo maior, não existindo de modo isolado, pois se se interrompe a produção nesse  
momento, não há valorização do capital, não há excedente. O tempo prolongado da jornada de  
trabalho para além de determinado ponto é o que garante a valorização do capital, estando na  
sua dependência direta. Se em determinadas condições esse tempo prolongado oscila, também  
oscila a capacidade de valorização do capital, para mais ou para menos, pois oscila a  
produção da mais-valia4. Portanto, a mais valia está cristalizada não no montante absoluto de  
mercadorias produzidas em uma jornada inteira de trabalho, mas apenas naquele em que são  
produzidas no tempo da jornada de trabalho que engloba o trabalho excedente. De modo geral,  
“[...] a mais-valia resulta somente de um excesso quantitativo de trabalho, da duração  
prolongada do mesmo processo de trabalho [...]” (Marx, 1983, p. 162, grifo nosso), agora  
particularizado como processo de produção capitalista de mercadoria5, síntese agregada do  
valor e da mais-valia.  
697  
3 “Trata-se aqui apenas do tempo que o trabalho precisa para sua operação ou da duração na qual a força de trabalho  
é despendida de forma útil” (Marx, 1983, p. 161).  
4 A história nos mostrou que a tendência é o aumento desse tempo pelo imperativo do capital se assentar em uma  
prospecção de reprodução ampliada. Além de que a mais-valia pode oscilar em decorrência do aumento do valor  
da força de trabalho, se expressando no fato de que o trabalho pode ter mais acesso à riqueza produzida  
socialmente, mas isso tem diferentes repercussões: ou realmente o trabalhador percebe esse aumento, por exemplo  
em decorrência da luta de classe e a pressão de seu poder de barganha; ou sobe os meios de subsistência e, na  
mesma proporção, sobe os salários.  
5 “Como unidade do processo de trabalho e processo de formação de valor, o processo de produção é processo de  
produção de mercadorias; como unidade do processo de trabalho e processo de valorização, é ele processo de  
produção capitalista, foram capitalistas da produção de mercadoria” (Marx, 1983, p. 162).  
Silvio Aparecido Redon; Eliane Christine Santos de Campos  
Ainda nessa análise sobre o processo de valorização do capital, é importante nos atermos  
a certos processos e conceitos marxianos. O valor do produto é resultado das diferentes formas  
em que os fatores do processo de trabalho o constituem, como fatores objetivos e fatores  
subjetivos. Constitui valor do produto os valores dos meios de produção consumidos que, de  
fato, são conservados pela transferência6 e, também, o novo valor que o trabalhador acrescenta  
através de determinada quantidade de trabalho7. Mas esses dois resultados são alcançados pelo  
trabalhador ao mesmo tempo, pelo mesmo processo de trabalho e não através de processos  
isolados, com objetivos próprios; essa dualidade de resultado é explicada pela dualidade de seu  
próprio trabalho: “No mesmo instante, o trabalho, em uma condição, tem de gerar valor e em  
outra condição deve conservar ou transferir valor” (Marx, 1983, p. 165). O trabalhador agrega  
tempo de trabalho e, portanto, valor, sob a forma peculiar de seu trabalho produtivo, pela sua  
própria atividade como trabalho em geral, ao passo que também o valor dos meios de produção  
se torna elemento constituinte do produto, de um novo valor de uso. Esse trabalho que agrega  
valor é trabalho abstrato, trabalho social geral, e agrega certa grandeza de valor não por ser  
trabalho particular, útil, mas porque dura um tempo determinado; por sua característica abstrata,  
como dispêndio de força de trabalho humano, agrega novo valor. Distinto disso é a transferência  
de valor ao produto, que ocorre através do trabalho concreto, útil; apenas um trabalho específico  
é capaz de manejar certos meios de produção e, assim, transferir seus valores aos novos  
produtos. A força de trabalho, ao ser acionada em um processo de trabalho, cria novo valor e  
transfere valor, formando o valor de um novo produto, e de forma simultânea.  
698  
Essa caracterização dos fatores do processo de trabalho nada mais é que as funções dos  
diferentes elementos que compõem o capital em seu próprio processo de valorização8: os meios  
de produção e a força de trabalho são “as diferentes formas de existência que o valor do capital  
originário assumiu ao desfazer-se de sua forma dinheiro e ao transformar-se nos fatores do  
processo de trabalho”. Marx (1983) denominou de capital constante a parte do capital  
convertida em meios de produção, cuja grandeza de valor não se altera no processo de produção  
e, de capital variável, a parte do capital convertida em força de trabalho, cujo valor se altera no  
6
“Se considerarmos todo o período em que tal meio de trabalho presta serviço, desde o dia de sua entrada na  
oficina até o dia de seu banimento ao despejo, veremos que, durante esse período, seu valor de uso foi inteiramente  
consumido pelo trabalho e seu valor de troca transferiu-se, por isso, totalmente ao produto” (Marx, 1983, p. 168)  
7 “É diferente o que acontece com o fator subjetivo do processo de trabalho, a força de trabalho em ação. Enquanto  
o trabalho, por meio de sua forma adequada a um fim, transfere o valor dos meios de produção ao produto e o  
conserva, cada momento de seu movimento cria valor adicional, valor novo” (Marx, 1983, p. 170).  
8 “As mesmas partes componentes do capital, que do ponto de vista do processo de trabalho se distinguem como  
fatores objetivos e fatores subjetivos, como meios de produção e força de trabalho, se distinguem, do ponto de  
vista do processo de valorização, como capital constante e capital variável” (Marx, 1983, p. 171).  
Libertas, Juiz de Fora, v. 24, n. 2, p. 691-708, jul./dez. 2024. ISSN 1980-8518  
Exploração e jornada de trabalho em Marx: mais-valia como noção de mais-tempo  
processo de produção, reproduzindo seu equivalente e produzindo um excedente, uma mais-  
valia que pode variar, ser maior ou menor.  
Mediante a atividade da força de trabalho, reproduz-se, portanto, não só seu  
próprio valor, mas reproduz-se também, valor excedente. Essa mais-valia  
forma o excedente do valor do produto sobre o valor dos constituintes  
consumidos do produto, isto é, dos meios de produção e da força de trabalho  
[...]. O excedente do valor total do produto sobre a soma dos valores de seus  
elementos constituintes é o excedente do capital valorizado sobre o valor do  
capital originalmente adiantado (Marx, 1983, p. 171).  
Mas essa formação do excedente depende muito mais do que a junção e a convergência  
dos elementos que compõe o capital em um processo de trabalho. Marx (1983) é taxativo e  
insiste no prolongamento desse processo de trabalho para além da reprodução do equivalente  
da força de trabalho que é utilizada como valor de uso pelo capitalista não por meio período,  
mas por uma jornada de trabalho inteira, como é reiteradamente apontado pelo autor. Caso não  
ocorresse dessa forma, a força de trabalho iria agregar apenas o seu valor de reprodução ao  
produto, não sendo formado, por tanto, o excedente. Tratamos, pois, de tempo. Tempo  
apropriado e conduzido pelo capitalista, tempo de trabalho efetivado e não pago, explorado. Na  
sociedade burguesa, o homem é reduzido a tempo: “o tempo é tudo, o homem não é nada –  
quando muito, é a carcaça do tempo” (Marx, 1985, p. 58, grifo nosso).  
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A transformação dos tempos da jornada de trabalho a partir da tecnologia: mais-  
valia absoluta e mais-valia relativa  
A especificidade do sistema sociometabólico do capital, descortinada por  
Marx, reside justamente em que a sociabilidade engendrada por esse sistema  
é estruturada e sustentada pela forma valor: o tempo de trabalho socialmente  
necessário enquanto parâmetro das trocas e, por isso, da própria sociabilidade,  
sendo as mudanças técnicas e organizacionais estimuladas e voltadas para a  
redução desse tempo, não pela busca de maior tempo livre ou da maior  
satisfação das necessidades humanas, mas tão somente enquanto mecanismo  
de aprofundamento da exploração de tempo de trabalho excedente, ou  
valorização do valor (Queiroz, 2016, p. 43).  
Vejamos o detalhamento sobre esse tempo, ou tempos, do processo de trabalho como  
processo de valorização. A jornada de trabalho compreende a grandeza absoluta do tempo de  
trabalho. Ela congrega dois momentos expressos no processo de trabalho: por um lado, tem-se  
a parte do processo de trabalho que se restringe à reprodução da força de trabalho, podendo ser  
maior ou menor segundo o valor dos meios de subsistência. Marx (1983, p. 176) denomina esse  
tempo de tempo de trabalho necessário, e o trabalho de trabalho necessário. No segundo  
período da jornada de trabalho é gerada a mais-valia, é dispêndio de energia que não cria valor  
Silvio Aparecido Redon; Eliane Christine Santos de Campos  
para o trabalhador; esse momento é chamado de trabalho excedente, e o trabalho, de mais-  
trabalho.  
Assim como, para a noção do valor em geral, é essencial concebê-lo como  
mero coágulo de tempo de trabalho, como simples trabalho objetivado, é  
igualmente essencial para a noção de mais-valia concebê-lo como mero  
coágulo de tempo de trabalho excedente, como simples mais-trabalho  
objetivado (Marx, 1983, p. 176, grifo nosso).  
Em uma relação direta, se o capital variável é igual ao valor da força de trabalho que o  
capitalista compra e, se o valor dessa força de trabalho é determinado pelo tempo de trabalho  
necessário, como trabalho voltado para os meios de subsistência do trabalhador, a mais-valia é  
determinada pelo excedente da mesma jornada de trabalho. Mais-valia que diz sobre a riqueza  
de um dado país. A parte do produto em que ela está representada é o mais-produto; é objetivo  
da produção capitalista a produção de mais-valia, sendo, portanto, não a grandeza absoluta do  
produto, mas a sua grandeza relativa que mede o grau dessa riqueza. Isso compreendendo que  
o valor do produto em sua totalidade não é somente o valor criado no produto – para este último  
caso, o valor transferido do capital constante deve ser deduzido do seu valor total9. Dessa forma,  
a exploração do capital sobre a força de trabalho é a exploração da mais-valia, do trabalho  
que, sendo excedente, não é pago; portanto, a exploração é explicada pelo tempo relativo da  
jornada de trabalho, o do trabalho excedente, compreendido que está no tempo absoluto da  
jornada de trabalho. Com isso, temos que essa exploração de mais-valor é a exploração do  
tempo da vida do trabalhador, tempo que é consumido na produção de mercadorias e não pago,  
tempo de trabalho excedente que é, em si mesmo, a concentração exata da mais-valia, do mais-  
valor, do mais-tempo. É em decorrência da ampliação abusiva da jornada de trabalho, desse  
mais-valor como mais-tempo, até o limite possível, que “levanta-se a voz no trabalhador, que  
estava emudecida pelo bombar do processo de produção” (Marx, 1984, p. 189).  
700  
Mas até aqui dispomos atenção sobre o processo de trabalho sob o comando do capital  
de forma genérica, contemplando a produção da mais-valia absoluta, considerando que a parte  
do trabalho necessário é uma grandeza dada, constante, como quer Marx (1983). Essa forma de  
extração de mais-valia, “produzida pelo prolongamento da jornada de trabalho” (Marx, 1983,  
p.251), está condicionada à uma lei muito específica10, que “só vale para a forma da mais-valia  
9 O capital adiantado C adiantado no processo de produção, formado por c + v (capital constante + capital variável  
– força de trabalho), se transforma em C’= c + v + m (em que o capital valorizado C’ é formado por capital  
constante + capital variável + mais-valia”). Porém, o valor do capital constante apenas reaparece no produto: “O  
produto de valor realmente criado no processo distingue-se, portanto, do valor do produto obtido dele” (Marx,  
1983, p. 174).  
10 Marx (1983, p. 239-241) desenvolve três lei sobre a massa de mais-valia. Vamos nos limitar apenas à terceira,  
por tratar mais diretamente ao assunto por nós abordado. As outras leis, resumidamente, são: primeira, que “a  
massa de mais-valia produzida é igual à grandeza do capital variável adiantado multiplicado pela taxa de mais-  
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Exploração e jornada de trabalho em Marx: mais-valia como noção de mais-tempo  
que tratamos até agora” (Marx, 1983, p. 242, grifo nosso), alicerçada que está em um momento  
da produção capitalista em que não se coloca a alteração do componente constante do capital,  
já que fixo o valor da força de trabalho, se impondo da seguinte forma:  
Se o limite da jornada de trabalho é dado, assim como o limite de sua parte  
necessária, a massa de valor e de mais-valia que um capitalista individual  
produz depende, como é obvio, exclusivamente da massa de trabalho que põe  
em movimento. Esta, por sua parte, depende, sob os pressupostos dados, da  
massa de força de trabalho ou do número de trabalhadores que ele explora, e  
esse número por sua vez é determinado pela grandeza do capital variável por  
ele adiantado. Dados a taxa de mais-valia e o valor da força de trabalho, as  
massas de mais-valia produzidas estarão, assim, em razão direta às grandezas  
dos capitais variáveis adiantados (Marx, 1983, p. 241, grifo nosso).  
A massa de mais-valia produzida está diretamente e unicamente atrelada ao trabalho que  
é empregado na produção, ao número de trabalhadores que movimentam os meios de produção  
em um processo de trabalho11. Dessa forma, a produção de mais-valia absoluta é limitada pelo  
crescimento populacional ou, sob outro olhar, dada certa população, a produção da mais-valia  
está limitada pela extensão da jornada de trabalho, resultando dessa condição a luta do capital  
quando do surgimento do capitalismo para o aumento da jornada de trabalho. Isso nos direciona  
a retomar o primeiro modelo de acumulação descrito por Marx, regido pela lei da acumulação  
capitalista, em que a valorização do capital estava, de certa forma, comprometida por esse  
paradoxo: se em dado momento a produção da mais-valia se efetiva nesse cenário de  
dependência direta do aumento da força de trabalho empregada, visto que o prolongamento da  
jornada de trabalho possuiu limites, a alta demanda por trabalhadores faz com que os salários  
subam, comprometendo o grau da exploração exercida pelo capital. Segundo Marx (1984a), o  
capital passa por uma evolução: dentro do processo de produção, passa a comandar a força de  
trabalho ativa e, posteriormente, “evolui” para uma relação de coerção, obrigando o trabalhador  
a exercer mais trabalho para além do necessário para satisfazer suas necessidades. O capital  
701  
valia ou é determinada pela relação composta entre o número das forças de trabalho exploradas simultaneamente  
pelo mesmo capitalista e o grau de exploração da força de trabalho individual”, ou seja, massa de mais-valia é  
dada pela mais-valia individual fornecida por cada trabalhador multiplicada pelo total de trabalhadores  
empregados. Segunda que, entendendo que na produção da massa de mais-valia um fator pode ser compensado  
por outro, como o decréscimo do número de trabalhadores pelo prolongamento da jornada de trabalho, segue-se  
que: “O limite absoluto da jornada média de trabalho, que por natureza sempre é menor que 24 horas, forma um  
limite absoluto à compensação de capital variável diminuído por aumento da taxa de mais-valia ou de um número  
reduzido de trabalhadores explorados por um acréscimo do grau de exploração da força de trabalho”; dessa forma,  
o prolongamento da jornada de trabalho, expressa em horas, encontra um teto, um patamar em que não é possível  
ultrapassar para contrabalançar um número restrito de trabalhadores.  
11  
Diz Marx (1983, p. 242): “Se, por exemplo, o número de trabalhadores é de 1 milhão e a jornada de trabalho  
média de um trabalhador é de 10 horas, a jornada de trabalho social será de 10 milhões de horas. Dada a duração  
desta jornada de trabalho, a massa de mais-valia só pode ser aumentada por meio do aumento do número de  
trabalhadores, isto é, da população trabalhadora”.  
Silvio Aparecido Redon; Eliane Christine Santos de Campos  
supera, com a extração de mais-trabalho e exploração da força de trabalho, todos os sistemas  
de produção anteriores baseados em trabalho forçado diretamente. Contudo:  
De início, o capital submete o trabalho ao seu domínio nas condições técnicas  
em que o encontra historicamente. Não altera, portanto, imediatamente o  
modo de produção. A produção da mais-valia na forma observada até agora,  
mediante simples prolongamento do dia de trabalho, parecia, por isso,  
independente de qualquer mudança do próprio modo de produção (Marx,  
1983, p. 244).  
O capital foi estruturando paulatinamente o seu próprio modo de produção, ajustando-o  
às suas necessidades de valorização. Até aqui, a parte da jornada de trabalho compreendida pelo  
trabalho necessário foi considerada como grandeza constante, “o que ela realmente é sob  
condições de produção dadas, em dado grau de desenvolvimento econômico da sociedade”  
(Marx, 1983, 249, grifo nosso). Mas com o desenvolvimento social da produtividade do  
trabalho, em patamares históricos até então inéditos, o capital ultrapassa em larga, e em potência  
crescente, a escala de produção da mais-valia, agora não mais dependente do acréscimo do  
número de trabalhadores e do aumento global da jornada de trabalho. Como nos ilumina  
Gorender (1983):  
Nos primórdios do regime capitalista, quando as inovações técnicas  
avançavam com lentidão, o aumento da quantidade de mais-valia por operário  
ocupado só era possível mediante criação de mais-valia absoluta, isto é,  
mediante prolongamento da jornada de trabalho ou intensificação das tarefas,  
de tal maneira que o tempo de sobretrabalho (criador de mais-valia)  
aumentasse, enquanto se conservava igual o tempo de trabalho necessário  
(criador do valor do salário). No entanto, a característica mais essencial do  
modo de produção capitalista não é a criação de mais-valia absoluta, porém  
de mais-valia relativa. Esta resulta do acúmulo de inovações técnicas, que  
elevam a produtividade social do trabalho e acabam por diminuir o valor dos  
bens de consumo nos quais se traduz o valor da força de trabalho, exigindo  
menor tempo de trabalho para a reprodução desta última. Por isso, sem que se  
alterem o tempo e a intensidade da jornada de trabalho, cuja grandeza  
permanece a mesma, altera-se a relação entre seus componentes: se diminui o  
tempo de trabalho necessário, deve crescer, em contrapartida, o tempo de  
sobretrabalho (Gorender, 1983, p. XLIV).  
702  
Em se tratando de uma compreensão da exploração capitalista, vamos salientar as  
consequências da revolução dos meios de trabalho sobre a classe trabalhadora, dos “efeitos  
imediatos da produção mecanizada sobre o trabalhador” (Marx, 1984, p. 22), o que nos faz  
entendermos ainda melhor a estrutura e os efeitos da lei geral da acumulação capitalista. Isso  
já havia sido destacado por Engels, embora não nos mesmos termos: “Numa ordem social  
organizada, tais aperfeiçoamentos seriam uma ótima coisa; porém, num regime que reina a  
guerra de todos contra todos, uns poucos indivíduos se apossam das vantagens que deles  
derivam e subtraem à maioria os seus meios de subsistência”. Na sociedade burguesa,  
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Exploração e jornada de trabalho em Marx: mais-valia como noção de mais-tempo  
“Qualquer aperfeiçoamento das máquinas põe alguns operários na rua e quanto mais importante  
é o progresso, maior é a parcela da classe jogada no desemprego [...], gerando miséria  
sofrimentos e crime” (Engels, 2010, p. 174). Pelas colocações de Marx (1984) no capítulo XIII,  
Maquinaria e Grande Indústria, reafirmamos a importância do tema nas análises do autor  
acerca dos impactos sociais destrutivos da mecanização da produção sob a ordem estabelecida.  
A ideia é imprimirmos a noção de que, tanto a produtividade do trabalho, como a exploração e  
a acumulação de capital atingiram patamares históricos que seriam insustentáveis sem tais  
revolucionamentos. A plena exploração, subjugação e miséria do trabalhador e a maquinaria  
estão imbricadas, quase como que se fossem um único elemento: a relação social de dominação  
e seu cavalo de Tróia. Como disse Marx (1980, p. 1007) em outro momento: “A burguesia erige  
a perpetuação da escravatura assalariada por meio da aplicação das máquinas em ‘apologia’  
destas”.  
Segundo Marx (1984), a maquinaria dispensou a força para o processo de trabalho,  
ampliando o campo da força de trabalho explorável: trabalhadores sem força muscular ou com  
desenvolvimento ainda imaturo, mas com alta flexibilidade, caso das mulheres e crianças. A  
máquina, como forma de substituir e dispensar trabalho e trabalhadores, amplia o número de  
assalariados ao destituir o homem, no sentido do gênero mesmo, da sua atividade12, enquanto  
que os outros membros da família, sem distinção de sexo e idade, caem sob as garras do capital.  
O valor da força de trabalho masculina, que deveria cobrir o sustento do próprio trabalhador e  
de sua família, agora é dividido pelos seus familiares; a máquina desvaloriza a força de trabalho.  
Mesmo que a compra dessas forças de trabalho em conjunto representasse mais gasto do que a  
força individual do trabalhador, apesar de os salários dessa mão de obra serem “abomináveis,  
já que era formada em grande parte por mulheres e crianças” (Hobsbawm, 2018, p. 77), elas se  
constituem em mais jornadas de trabalho, gerando mais excedente. Os esforços são deslocados  
para a máquina e o trabalho do homem adulto é reduzido a mera vigilância, que pode  
perfeitamente ser executada por uma mulher ou criança, e pela metade do preço de um operário  
que são “cada vez mais afastados da indústria e não são novamente ocupados com o aumento  
da produção industrial” (Engels, 2010, p. 176). “Assim, a maquinaria desde o início amplia o  
material humano de exploração, o campo propriamente de exploração do capital, assim como  
ao mesmo tempo o grau de exploração” (Marx, 1984, p. 23, grifo nosso).  
703  
Quanto mais a atividade dos braços e esforços musculares vêm sendo  
12  
“O número de trabalhadores aumentou muito, porque se substituiu cada vez mais trabalho masculino por  
feminino e sobretudo trabalho adulto por infantil. Três garotas de 13 anos de idade, com salários de 6 a 8 xelins  
por semana, deslocaram um homem adulto com salários de 18 a 45 xelins” (Quincey, Th. De. The Logic f Polit.  
Econ. Londres, 1844. Nota à página 147 apud Marx, 1983, p. 4, p. 22, nota).  
Silvio Aparecido Redon; Eliane Christine Santos de Campos  
substituídos, mediante a introdução da máquina, da força hidráulica ou do  
vapor, tanto menos se necessita de homens, deslocados por mulheres e  
crianças quem além de serem mais hábeis que os homens, recebem salários  
menores (Engels, 2010, p. 179).  
É responsável também, a maquinaria, por uma alteração substancial da “mediação  
formal das relações do capital, o contrato entre trabalhador e capitalista” (Marx, 1984, p. 23).  
Agora o capital compra crianças ou semidependentes; o trabalhador, que antes vendia sua força  
de trabalho, agora negocia no mercado sua esposa e filhos. Estes, se definham frente ao poder  
do capital: os sujeitos que a máquina submete à exploração se arruínam fisicamente; a  
mortalidade infantil é alta13; se degradam moralmente e são devastados intelectualmente, já que  
as pessoas são transformadas apenas em apêndices de máquinas para a produção de mais-valia.  
Há uma rearticulação das relações sociais e de gênero que incide violentamente sobre a estrutura  
familiar do proletariado.  
É tendência desencadeada nesse processo inicial o impulso para o prolongamento da  
jornada de trabalho, “[...] além de qualquer limite natural” (Marx, 1984, p. 28), para o capitalista  
compensar o que Marx (1984, p. 290) designou como depreciação moral da máquina, quando  
outras iguais a ela são produzidas em menos tempo ou quando surge outra que a supere em  
potência; seu valor passa agora a ser determinado não pelo tempo de trabalho que foi objetivado  
em si, mas ao necessário à produção da máquina melhorada. Devido à ampliação do contingente  
populacional explorado e do descarte de trabalhadores, agora sedimentados no exército  
industrial de reserva, a classe trabalhadora é submetida irrestritamente aos ditames do capital.  
A máquina abre as possibilidades da plena dominação e exploração do capital.  
704  
Daí o notável fenômeno na história da indústria moderna de que a máquina  
joga por terra todos os limites morais e naturais da jornada de trabalho. Daí o  
paradoxo econômico de que o meio mais poderoso para encurtar a jornada de  
trabalho se torna o meio infalível de transformar todo o tempo de vida do  
trabalhador e de sua família em tempo de trabalho disponível para a  
valorização do capital (Marx, 1984, p. 32).  
Outro fenômeno desencadeado com a introdução e expansão da utilização da  
maquinaria, de “decisiva importância” (Marx, 1984, p. 33), é a intensificação do trabalho. Com  
a explosão da luta de classes no cenário social no combate à extensão desmedida da jornada de  
13 É estarrecedor o apontado por Marx (1984a, p. 25) sobre esse assunto: as altas taxas de mortalidade decorrem  
principalmente à “ocupação extradomiciliar das mães e ao descuido e mau trato das crianças aí decorrentes – entre  
outras coisas, alimentação inadequada, falta de alimentação, administração de opiatos etc. – além da alienação  
inatural [*natural, nas 3° e 4° edições. Na tradução da Boitempo, alienação está como estranhamento] das mães  
contra seus filhos, e consequentemente esfomeação e envenenamento propositais”. Um relatório oficial sobre  
investigação médica, em 1861, revela que, além da negligência e maus tratos devido à ausência da mãe, estas por  
outro lado perdem de forma assustadora as emoções em relação às suas crianças, não demonstrando incômodo por  
suas mortes ou até tomam medidas para provocá-las.  
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Exploração e jornada de trabalho em Marx: mais-valia como noção de mais-tempo  
trabalho provocada pelas máquinas, é instaurada uma jornada limitada de trabalho após cerca  
de cinquenta anos, quando o seu aumento caminhou junto à intensificação do trabalho. Após o  
Estado ser obrigado a legislar sobre a jornada de trabalho, impedindo a produção da mais-valia  
pelo simples prolongamento do tempo de trabalho, “o capital lançou-se com força total e plena  
consciência à produção de mais-valia relativa por meio do desenvolvimento acelerado do  
sistema de máquinas” (Marx, 1984, p. 33), alterando o caráter da mais-valia relativa. Se antes  
o trabalhador era capacitado a produzir mais no mesmo espaço de tempo, com mais dispêndio  
de trabalho, em que o mesmo tempo de trabalho agrega ao produto total o mesmo valor de  
antes, mas agora incorporado em mais valores de uso, gerando queda no valor da mercadoria  
individual, agora, com a jornada comprimida, junto a um novo impulso e redução dos gastos  
com as condições de produção, impõe-se, no mesmo intervalo de horas, uma condensação dos  
espaços temporais, uma tensão do trabalho que só pode ser atingida na jornada reduzida: “Essa  
compressão de uma maior massa de trabalho num dado período de tempo conta, agora, pelo  
que ela é: como maior quantidade de trabalho” (Marx, 1984, p. 33). Resumidamente, as  
consequências dessa evolução técnica está em que:  
Vimos como a maquinaria aumenta o material humano explorável pelo capital  
mediante a apropriação do trabalho de mulheres e crianças, vimos como ela  
confisca todo o tempo de vida do operário mediante ampliação desmedida da  
jornada de trabalho e como seu progresso, que permite fornecer um produto  
em enorme crescimento num tempo cada vez mais curto, serve finalmente de  
meio sistemático de liberar em cada momento mais trabalho ou de explorar a  
força de trabalho de modo cada vez mais intenso (Marx, 1984, p. 39-40).  
705  
Marx expressa todas as consequências da implementação da maquinaria em um  
processo de trabalho conduzido pelo capital, evidenciando como esse fato vinca a sociedade  
burguesa. Quando desse estágio do desenvolvimento do modo de produção capitalista, a  
produção da mais-valia se consolida não pela necessidade da extensão da grandeza absoluta da  
jornada de trabalho, mas sim pela modificação da proporção de cada um dos dois tempos  
contidos nesse tempo: o prolongamento do mais-trabalho agora se opera pela diminuição de  
tempo de trabalho necessário que é destinado à manutenção e reprodução da força de trabalho.  
“Isso, porém é impossível, sem aumentar a força produtiva do trabalho”, assegura Marx (1983,  
p. 250); aumento compreendido como “uma alteração no processo de trabalho, pela qual se  
reduz o tempo de trabalho socialmente necessário para produzir uma mercadoria, que um menor  
quantum de trabalho adquira, portanto, a força para produzir um maior quantum de valor de  
uso” (Marx, 1983, p. 250-251, grifo nosso). Ora, a mais-valia relativa, “[...] que decorre da  
redução do tempo de trabalho e da correspondente mudança de proporção entre os dois  
componentes da jornada de trabalho [...]” (Marx, 1983, p. 251) não pode acontecer sob as  
Silvio Aparecido Redon; Eliane Christine Santos de Campos  
mesmas condições produtivas dadas no surgimento do capitalismo; é inoperante um aumento  
requerido na produtividade social do trabalho sem uma revolução nos meios de produção.  
Podemos considerar que se antes a extração de trabalho excedente se baseava na extensão  
absoluta do mais-valor, do mais-tempo, agora ela se alicerça na compressão de mais-valor,  
desse mais-tempo, considerando a jornada de trabalho reduzida. Exige-se, pois, uma alteração  
geral dos elementos e das formas como se opera o processo de trabalho, uma alteração da  
composição do capital, uma alteração da sua base técnica – estamos aqui nos referindo ao  
segundo modelo da acumulação capitalista descrito por Marx.  
Enquanto pois na produção da mais-valia, na forma até aqui considerada [a  
absoluta], o modo de produção é suposto como dado, não basta de modo  
algum, para produzir mais-valia mediante a transformação do trabalho  
necessário em mais-trabalho, que o capital se apodere do processo de trabalho  
em sua forma historicamente herdada ou já existente, e apenas alongue sua  
duração. Tem de revolucionar as condições técnicas e sociais do processo de  
trabalho, portanto, o próprio modo de produção, a fim de aumentar a força  
produtiva do trabalho, mediante o aumento da força produtiva do trabalho  
reduzir o valor da força de trabalho, e assim encurtar parte da jornada de  
trabalho necessária para a reprodução desse valor (Marx, 1983, p. 251, grifo  
nosso).  
Em certo momento do desenvolvimento histórico do capitalismo ocorre um  
redimensionamento da exploração, mas possível somente com o progresso das forças  
produtivas. O que acontece é que o aumento das potências do trabalho social se reflete no  
barateamento das mercadorias, agora produzidas em menos tempo e contento, dessa forma,  
menos tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção. Com a queda do valor das  
mercadorias, diminui-se o tempo de trabalho necessário no qual o trabalhador trabalha para si  
próprio, para sua subsistência, pois se reduz o valor das mercadorias necessárias à sua  
reprodução, mas não só, reduzindo-se, também, o valor da força de trabalho, o que implica  
diretamente na ampliação do tempo de mais-trabalho, de trabalho não pago objetivado em  
mercadorias, em trabalho explorado. Esse é o objetivo do desenvolvimento da força produtiva  
do trabalho no âmbito da produção capitalista: reduzir o tempo de trabalho necessário e  
expandir o tempo do mais-trabalho. “Por isso, é impulso imanente e tendência constante do  
capital aumentar a força produtiva do trabalho para baratear a mercadoria e, mediante o  
barateamento da mercadoria, baratear o próprio trabalhador” (Marx, 1983, p. 254).  
706  
Contudo, a forma com que se busca a mais-valia relativa gera implicações que aqui  
vamos apenas indicar pois entendemos que extrapola nossa intenção para esse trabalho. Tal e  
qual o valor da força de trabalho, também cai o valor de outras mercadorias quando o capitalista,  
por meio da aplicação de um novo método, intensifica a força produtiva do trabalho; em si, ela  
contém materializado menos tempo de trabalho. Por ser produzida fora dos padrões sociais  
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Exploração e jornada de trabalho em Marx: mais-valia como noção de mais-tempo  
médios, seu valor é mais baixo que o seu valor social, podendo ser vendida ligeiramente acima  
do que realmente ela vale, mas ainda assim mais em conta que o seu valor social – já que a  
produção aumentou, há a necessidade de maior espaço no mercado, possível com a contração  
do seu preço. A mais-valia relativa, portanto, além de se revelar na redução do valor da força  
de trabalho, também é gerada por essa vantagem mercadológica, mas apenas momentânea e  
individualmente. Essa mais-valia extra desaparece tão logo esse novo método de produção se  
generaliza entre os demais capitalistas, impelidos que são pela concorrência a inovarem sua  
produção. A partir disso, o que ocorre é a queda tendencial da taxa de lucro e a possibilidade de  
crises, afirmando que o método capitalista de aumento dos lucros se torna uma força disruptiva  
do modo de produção capitalista.  
Considerações finais  
É importante ressaltar que não se trata de eleger a expansão da capacidade produtiva do  
trabalho social por meio da aplicação de tecnologias como o fator que explica a realidade da  
classe trabalhadora, mas de entender seu uso capitalista para o aumento da produção e da  
acumulação. O que defendemos é que a tecnologia é capaz de aprofundar o capital enquanto  
relação social, exponenciando a exploração em proporções nunca experienciada. Trata-se de  
visão em que a exploração e a tecnologia se reforçam mutuamente: ao mesmo passo em que a  
segunda confere poder e domínio à acumulação de capital, este é revertido para aprimorar e  
ampliar as formas de exploração.  
707  
Essa convergência dos elementos está presente na teoria marxiana quando a analisamos  
sobre a perspectiva do controle do tempo. É a partir do desenvolvimento do processo de  
industrialização que a produção capitalista se desvencilha do aumento quantitativo da força de  
trabalho empregada para um aumento qualitativo dos meios de produção; é a partir desse  
momento que o capital toma para si o total domínio do processo produtivo e subjuga o conjunto  
da classe trabalhadora ao seu interesse. Essa transformação da base material da produção e a  
exploração, das quais se origina a lei populacional específica da sociedade burguesa moderna,  
estão imbricadas: se o progresso produtivo possibilita a exponenciação da exploração, esta  
permite a extração da mais-valia, cuja maior parte é revertida em capital para o investimento na  
produção, mas agora em escala ampliada.  
A partir da tecnologia, a exploração não apenas se torna mais extensa, abrangendo  
mulheres e crianças, mas também mais intensa ao comprimir o tempo da produção de  
mercadorias: produz-se mais em um mesmo tempo ou produz-se o mesmo em um tempo menor,  
fazendo com que a linha horária que expressa a jornada global de trabalho se modifique,  
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operando um deslocamento da marcação dos ponteiros desse relógio social, fazendo com que  
as horas de trabalho excedente se expandam, o que significa menos trabalho necessário e,  
inversamente, mais trabalho não pago, o que significa mais trabalho explorado sob a forma da  
mais-valia. Isso traz no seu verso a necessidade de menos trabalhadores para movimentar uma  
massa sempre crescente de meios de produção: temos o surgimento de um contingente de  
trabalhadores sobrantes às necessidades imediatas do capital, a superpopulação relativa.  
Essas colocações tratam-se apenas de uma releitura de Marx, justificativas que foram  
elencadas para considerar a tecnologia dominada pelo capital como um elemento essencial que  
interage numa totalidade para conformar a realidade da sociedade burguesa. A aproximação de  
seus movimento e dinamicidade, tornando evidente a sua contradição, é esclarecedora e digna  
de todos os esforços teóricos.  
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