Teoria social de Marx, desigualdades sociais e Serviço Social
determinações gerais do ser social tornou possível a Marx lidar com o problema da negação do
homem na atividade estranhada. Indo à raiz do ser social – tanto ao complexo da individualidade
quanto ao “complexo de complexos da universalidade social” –, a crítica ontológica da
economia política, iniciada nos Manuscritos econômico-filosóficos, permitiu a Marx, por um
lado, demonstrar os problemas da produção capitalista – o estranhamento do homem em relação
ao objeto que produz, o estranhamento-de-si e da própria atividade, o estranhamento em relação
ao gênero autoproduzido, e o estranhamento em relação aos demais –; e, por outro, tornar
explícitas as categorias e determinações mais gerais do ser social”. Fernando Bizerra “oferece
uma síntese teórico-interpretativa, a partir de exegeses e análises econômicas de Karl Marx,
sobre a expropriação do mais-trabalho na sociedade capitalista”, “os elementos coligidos
permitem a compreensão de que a expropriação do mais-trabalho que nutre os capitalistas ao
longo dos últimos séculos ocorre em plena sintonia com a dinâmica sociorreprodutiva do
capital, sendo, pois, uma exigência inflexível deste”.
Na sequência, contamos com as elaborações de Aquino, Dourado, Escurra e Zacarias, e
de Santos, as quais enfatizam a crítica às elaborações “pós-modernas”. Isaura Aquino, Inez
Zacarias, Maria Fernanda Escurra e Ziza Dourado tecem considerações teóricas e
metodológicas com o objetivo de “afirmar a atualidade do pensamento marxiano, com ênfase
na natureza radical e historicidade da sua crítica. Tais considerações são recuperadas no
contexto do debate da pós-modernidade e de suas implicações para a vida social e a ciência”.
As autoras sintetizam: “a consciência pós-moderna é uma perspectiva, uma forma de
compreender a realidade, mas de forma alguma corresponde a essa realidade. Ao contrário, ela
desempenha o papel de mistificar essa realidade (...) as estruturas de exploração e domínio
burguesas continuam mais fortes do que nunca. Exatamente por tentar eliminar a ontologia dos
processos sociais, ignorando a historicidade dos fenômenos, o pensamento pós-moderno é tão
funcional a esse sistema”. Natália Perdomo Santos analisa “os fundamentos constitutivos do
neoliberalismo, que o configuram como uma estratégia de reprodução do capitalismo tardio (...)
Resulta desta etapa a reconfiguração das relações e dos seres sociais na sua totalidade, os quais
passam a expressar nos costumes o irracionalismo do capitalismo em decadência. Este é o
marco a partir do qual será tecida uma crítica ao pensamento mistificador formulado pelos
foucaultianos Dardot e Laval, exposta no livro 'A Nova Razão do Mundo'”.
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Com ênfase na análise sobre o Brasil, Diniz, Magalhães e Martins; e Rocha, apresentam
elementos importantes para a compreensão da questão social e para a “agenda” do Serviço
Social brasileiro. Tânia Maria Ramos de Godoi Diniz, Caroline Magalhães Lima e Raphael
Martins, “a partir de categorias marxianas e de intérpretes marxistas, realizam apontamentos
Libertas, Juiz de Fora, v. 24, n. 1, p. VIII-XIV, jan./jun. 2024. ISSN 1980-8518