Considerações sobre a atualidade da teoria  
social de Marx no contexto da pós-modernidade  
Considerations on the relevance of Marx's social theory in the context of  
postmodernity  
Inez Rocha Zacarias*  
Elziane (Ziza D) Olina Dourado**  
Isaura Gomes de Carvalho Aquino***  
María Fernanda Escurra****  
Resumo: O presente artigo, resultado de  
reflexões suscitadas a partir da participação das  
autoras no grupo de estudos e pesquisas sobre O  
Capital, de Karl Marx, tece considerações  
teóricas e metodológicas com o objetivo de  
afirmar a atualidade do pensamento marxiano,  
com ênfase na natureza radical e historicidade  
da sua crítica. Tais considerações são  
recuperadas no contexto do debate da pós-  
modernidade e de suas implicações para a vida  
social e a ciência. É constituído, portanto, por  
pesquisa teórica e reflexões das autoras,  
apresentando elementos da teoria social de  
Marx que são centrais na abordagem realizada,  
com aproximações ao debate da pós-  
modernidade.  
Abstract: This article, the result of reflections  
raised from the authors' participation in the  
study and research group on the Capital, by Karl  
Marx, weaves theoretical and methodological  
considerations with the aim of affirming the  
relevance of Marxian thought, with an emphasis  
on the radical nature and historicity of his  
critique. Such considerations are recovered in  
the context of the postmodernity debate and its  
serious implications for social life and science.  
It is therefore made up of theoretical research  
and reflections by the authors, presenting  
elements of Marx's social theory that are central  
to the approach taken, with approaches to the  
debate on postmodernity.  
Palavras-chaves: Teoria social; Marx; Pós-  
Keywords:  
Social  
theory;  
Marx;  
modernidade.  
Postmodernity.  
*
Assistente social; mestre e doutora em Serviço Social (PPG em Serviço Social da PUCRS). Professora Adjunta  
do Departamento de Serviço Social da UFRGS. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2325-9034  
** Assistente social; mestre e doutora em Serviço Social (ESS/PPG/UFRJ). Professora Adjunta de Faculdade de  
Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FSS/UERJ), pesquisadora do Programa de Estudos  
do Trabalho e Reprodução Social (PETRES) e coordenadora do Laboratório de Imagem (LI); artista visual.  
***  
Assistente social (UFJF), mestrado em Serviço Social (UFRJ), doutorado (UERJ), pós-doutorado (UERJ).  
Professora Associado na Universidade Federal de Juiz de Fora. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3685-6199  
**** Assistente Social (Universidad Nacional de Rosario – Argentina), mestre em Serviço Social (UFRJ) e doutora  
em Serviço Social (UERJ). Professora Adjunta da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio  
DOI: 10.34019/1980-8518.2024.v24.44272  
Esta obra está licenciada sob os termos  
Recebido em: 22/04/2024  
Aprovado em:05/06/2024  
Considerações sobre a atualidade da teoria social de Marx no contexto da pós-modernidade  
Introdução  
A atualidade, riqueza e magnitude da teoria social de Marx na compreensão do tempo  
presente revelam a fertilidade e densidade de seu legado. Há em sua obra, para além de  
indicações e pistas, bases estruturantes de uma forma original de pensar. Suas formulações,  
em estreita colaboração intelectual e política com Friedrich Engels1, têm nas condições  
materiais de existência, no modo de produção capitalista, na luta de classes e na história a força  
que move a compreensão da sociedade desvendando suas redes de significado, gênese,  
dinâmica e materialidade concreta.  
A perspectiva teórica-metodológica desta tradição fundamenta-se em uma concepção  
ontológica e no método materialista histórico-dialético que permite decifrar os principais  
dilemas enfrentados hoje no debate da teoria social.  
A teoria social de Marx tem sido objeto de polêmicas e confrontos, particularmente em  
questões afeitas ao debate da pós-modernidade, trazendo inevitavelmente para o centro desse  
debate a perspectiva teórica-metodológica que a sustenta e sua recusa radical a qualquer tipo  
de condescendência com o capital. Nesta direção é que Marx e Engels orientaram seus  
esforços, enquanto intelectuais e militantes, em prol da subversão da ordem do capital e pela  
emancipação humana (Marx, 2009), que seriam fruto exclusivamente da ação revolucionária  
em luta direta com a classe capitalista, detentora dos meios de produção.  
91  
Longe de estabelecer uma narrativa unívoca empobrecida e simplista do real, como  
querem alguns ciosos arautos da pós-modernidade, esta teoria social traz, em sua forma de  
apreensão dos fenômenos, a complexidade de suas múltiplas determinações. Isso significa  
que, em termos de cognoscibilidade, a forma manifesta aparece como coisa destituída de  
historicidade, isolada em seus circuitos de produção e circulação, de onde os fenômenos não  
são dados a conhecer como de fato o são: como relações sociais e não relação entre coisas.  
Distinguir a essência da aparência impõe, indubitavelmente, um percurso particular de  
reconstrução científica da realidade em que a categoria da totalidade é orientadora na  
compreensão das leis gerais, enquanto tendências, de constituição do processo global de  
produção capitalista e de como essas determinações mais abstratas se materializam na  
particularidade histórica, ou seja, quais as formas assumidas pelo capital e suas múltiplas  
determinações na realidade social.  
Para problematizar o debate da pós-modernidade entende-se oportuno, em um  
1
Colaborador intelectual ao desenvolvimento do trabalho de Marx e essencial à preservação de seu legado.  
Frederic Engels (1820-1895) cuidou pessoalmente dos manuscritos de Marx organizando e editando-os  
posteriormente à sua morte. Conferir Engels (2021) e Netto (2020, p. 131-139).  
Inez R. Zacarias; Elziane (Ziza D) O. Dourado; Isaura G. de Carvalho Aquino; María Fernanda Escurra  
primeiro momento, ressaltar que análises e estudos da vida social restringidos ao empírico  
imediato, limitados à compreensão do mundo reduzido ao dado tal como posto, manipulam  
fatos e fenômenos que procuram justificar. Desse modo, necessariamente, tais análises se  
legitimam perseguindo a eficácia no limitado horizonte desta forma de organização social que  
é hipostasiada. A dificuldade, o limite objetivo, é que uma ciência que reduz o mundo ao  
imediatamente dado tem de se legitimar perseguindo a eficácia no reduzido horizonte desse  
mundo, aspecto que possui implicações econômicas, sociais, culturais, éticas e políticas e  
que, necessariamente, reforçam e reproduzem esta forma de organização social e caracterizam  
o ceticismo do presente.  
Neste contexto, o presente artigo tece considerações teóricas e metodológicas com o  
objetivo de afirmar a atualidade do pensamento marxiano, no contexto do debate da pós-  
modernidade e de suas sérias implicações para a vida social e a ciência. Tais considerações  
são reflexões que resultaram da participação das autoras nos “Seminários de Estudos sobre O  
Capital”, desde o início de 2022, sob a coordenação da Prof.ª Dr.ª Marilda Villela Iamamoto2,  
contando com a participação de docentes e pesquisadores de diferentes universidades do país  
e do exterior. É importante registrar que o artigo representa uma primeira aproximação teórica  
que exigiu, considerando os limites objetivos postos em um texto desta natureza, priorizar  
alguns aspectos inicialmente considerados relevantes que, longe de esgotar as inúmeras  
reflexões suscitadas neste processo de estudo e pesquisa, abrem caminho para seu  
aprofundamento e continuidade. Em sua exposição, são apresentados, em um primeiro  
momento, elementos centrais à perspectiva teórico-metodológica da teoria social de Marx,  
para, em seguida, tecer aproximações ao debate da pós-modernidade.  
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Marx, crítica radical e verdade3  
É oportuno lembrar, a advertência realizada por Rosa Luxemburgo (2021, p. 19), que  
a principal obra de Marx, O Capital, assim como toda sua visão de mundo “não é nenhuma  
bíblia com verdades de última instância, acabadas e válidas para sempre, mas um manancial  
inesgotável de sugestões para levar adiante o trabalho intelectual, continuar pesquisando e  
lutando pela verdade”. A pensadora acrescenta que em todos os volumes dessa obra estão  
2
A proposta dos Seminários é apresentar a perspectiva teórico-metodológica de Marx sobre o processo de  
produção, circulação, assim como o processo global da produção capitalista com intuito de contribuir para a análise  
das transformações históricas do capital na sociedade contemporânea, suas implicações na órbita do trabalho e na  
análise dos fundamentos do Serviço Social, com ênfase no significado social da profissão e do trabalho do  
assistente social em uma perspectiva histórico-crítica.  
3 Para uma análise mais detalhada de alguns dos aspectos presentes neste item, ver: Escurra (2018).  
Libertas, Juiz de Fora, v. 24, n. 1, p. 90-103, jan./jun. 2024. ISSN 1980-8518  
Considerações sobre a atualidade da teoria social de Marx no contexto da pós-modernidade  
presentes as mesmas três condições principais: tudo o que sucede na sociedade capitalista não  
é efeito da arbitrariedade, mas resulta de leis que atuam de maneira regular, mesmo que os  
envolvidos não possuam nenhuma consciência disso; o contexto econômico não se firma em  
bases violentas que objetivam a pilhagem e o roubo; e, não existem atividades planejadas  
fundamentadas em uma razão social que atua sobre o todo.4  
Mandel (2001) chama a atenção que o pensamento dos dois fundadores do marxismo  
frequentemente foi censurado por seu “eurocentrismo”, na medida em que foi fortemente  
marcado pela história social e intelectual da Europa. Porém, o autor mostra que são censuras  
sem fundamento, tendo em vista que na medida em que o marxismo é resultado das  
contradições que surgiram na Europa devido ao amadurecimento da sociedade burguesa seria  
inviável o surgimento de tais contradições inicialmente na Ásia, na América ou na África,  
com incipiente desenvolvimento capitalista durante o século XIX.5  
Na crítica da economia política, Marx apresenta a minuciosa crítica realizada à  
economia vulgar que, limitada ao tratamento das relações aparentes de fenômenos relevantes,  
rumina na busca de uma explicação aceitável do material fornecido pela economia científica.  
Material esse para o uso da burguesia, se restringindo, desse modo, a “sistematizar as  
representações banais e egoístas dos agentes de produção burgueses como o melhor dos  
mundos, dando-lhes uma forma pedante e proclamando-as como verdades eternas.” (Marx,  
2015, p. 156).  
93  
A crítica radical desenvolvida por Marx demonstra que resultado da passagem à  
cientificidade, o caráter instrumental peculiar do conhecimento, não necessariamente resulta  
em uma ruptura. Neste particular, Medeiros (2013) lembra a diferenciação famosa realizada  
por Marx entre economistas vulgares e economistas clássicos e, analisando suas fragilidades,  
sublinha as críticas de Marx à economia vulgar que, em vez de partir da inspeção crítica das  
categorias utilizadas em teorias existentes ou na vida cotidiana, se afunda sucessivamente na  
procura de aplicar técnicas cada vez mais sofisticadas e sistematizar as categorias fornecidas  
na prática imediata. Assim, o pensamento vulgar, diante a infinita experiência humana, não  
4 Já no Prefácio da Primeira Edição de o livro I de O Capital, Marx explicita que “aqui só se trata de pessoas na  
medida em que elas constituem a personificação de categorias econômicas, as portadoras de determinadas relações  
e interesses de classes. Meu ponto de vista [...] pode menos do que qualquer outro responsabilizar o indivíduo por  
suas relações das quais ele continua a ser socialmente uma criatura, por mais que, subjetivamente, ele possa se  
colocar acima delas” (Marx, 2015, p. 80).  
5 “Mas se o capitalismo nasceu na Europa, ele tinha desde o início uma dimensão internacional, ou mesmo mundial,  
que o tornava dependente de tudo que se passava nos outros continentes. O impacto violento, desagregador,  
destruidor, desumano que o capitalismo exerceu sobre as sociedades pré-capitalistas da América, Ásia e África  
supera de longe seu impacto similar sobre a sociedade pré-capitalista da Europa ocidental, meridional, central e  
oriental. Marx e Engels eram sábios demasiadamente rigorosos e humanistas demasiadamente apaixonados para  
não perceberem, se indignarem e se revoltarem contra esses crimes abomináveis” (Mandel, 2001, p. 82-83).  
Inez R. Zacarias; Elziane (Ziza D) O. Dourado; Isaura G. de Carvalho Aquino; María Fernanda Escurra  
consegue escapar da contínua procura empiricista que impede a compreensão das estruturas  
que provocam os fenômenos, nem consegue esclarecer categorias em si mesmas enganosas.  
A economia vulgar, com efeito, não faz mais que interpretar, sistematizar e  
louvar doutrinariamente as concepções dos agentes presos dentro das relações  
burguesas de produção. Não nos deve surpreender, portanto, que ela,  
precisamente na forma de manifestação alienada das relações econômicas, nas  
quais essas aparecem, prima facie, como contradições totais e absurdas – e  
toda ciência seria supérflua se a forma de manifestação e a essência das coisas  
coincidissem imediatamente –, se sinta aqui perfeitamente à vontade e que  
essas relações lhe apareçam tanto mais naturais quanto mais escondida se  
encontrar nela a correlação interna, ao mesmo tempo em que são correntes  
para a concepção comum (Marx, 2021, p. 880).  
Escurra (2018) ressalta que a crítica de Marx (2015; 2021), no caso da economia  
política, demonstra que as falsas ideias possuem um papel necessário fundamentado nas  
estruturas sociais que elas representam. Para Marx, a economia burguesa apresenta categorias  
objetivas, pois se traduzem em formas de pensamento que, apesar de enganosas, possuem  
validade social ao representar a forma como as relações sociais se evidenciam aos sujeitos na  
produção.  
Trata-se de formas de pensamento socialmente válidas e, portanto, dotadas  
de objetividade para as relações de produção desse modo social de produção  
historicamente determinado, a produção de mercadorias. Por isso, todo o  
misticismo do mundo das mercadorias, toda a mágica e a assombração que  
anuviam os produtos do trabalho na base da produção de mercadorias  
desaparecem imediatamente, tão logo nos refugiemos em outras formas de  
produção (Marx, 2015, p. 151).  
94  
Nesta perspectiva, com base em Duayer (2001), Escurra (2018) acrescenta que ao  
reconhecer que essas categorias são objetivas para este modo de produção social e submetê-  
las a uma crítica radical, Marx obtém um duplo resultado: por um lado, afirma a objetividade  
das ideias correntes sobre o mundo e, por outro, não equipara todas as ideias sobre o mundo,  
posto que as ideias objetivas podem perfeitamente ser falsas, superficiais e, consequentemente,  
objeto de crítica.  
A autora registra, inclusive, que é relevante reforçar que Marx teoricamente sempre  
considerou o falso enquanto socialmente necessário, na medida em que em suas obras,  
após a análise crítica minuciosa,ele nunca abandona formas de consciência científica,  
artística, religiosa etc. que contam com validade social, apesar de absurdas, falsas e/ou  
incoerentes (Duayer, 2001). De fato, considerada a sua validade social efetiva, a crítica não  
possui o poder de anular praticamente a teoria ou concepção criticada (Escurra, 2018).  
Escurra (2018) reforça que, como sublinhado por Duayer (2001), Marx desenvolvia  
críticas rigorosas às teorias burguesas que considerava falsas, em menor ou maior medida, e  
Libertas, Juiz de Fora, v. 24, n. 1, p. 90-103, jan./jun. 2024. ISSN 1980-8518  
Considerações sobre a atualidade da teoria social de Marx no contexto da pós-modernidade  
elaborava uma teoria alternativa. Porém, sempre considerava a eficácia social das teorias que  
submetia a crítica e compreendia que a sua validade não estava relacionada com a sua  
veracidade. Além disso, dado que do ponto de vista burguês as teorias ficam restritas ao mundo  
da aparência, elas apresentam soluções parciais e contradições não resolvidas. Com isto, em  
oposição às perspectivas conservadoras das teorias burguesas, Marx formula uma teoria  
crítica que, tendo em vista a superação do modo de produção capitalista, articula de forma  
explícita a vida e as relações reais e as diversas formas de consciência que resultam dessas  
relações (Escurra, 2018).  
A autora resgata, também, este aspecto tratado por Lukács (2012, p. 284) ao observar  
que o jovem Marx, em sua tese de doutorado, aborda um problema que terá grande importância  
em sua obra: “a função prático-social de determinadas formas de consciência,  
independentemente do fato de elas, no plano ontológico geral, serem falsas ou verdadeiras”.  
De acordo com Lukács, a autora escreve que Marx, em uma passagem dessa tese, apesar de  
não admitir a existência de qualquer Deus, reconhece que a prática religiosa tem por  
pressuposto a existência de Deus, que adquire uma objetividade social a partir da própria  
imaginação compartilhada socialmente. Em outros termos, Marx reconhece que a existência  
social de Deus, independentemente de sua existência no plano ontológico geral, é pressuposto  
da prática religiosa, desse modo, para ele, o critério último do ser ou não-ser social de um  
fenômeno é dado pela realidade social (Escurra, 2018).  
95  
Portanto, conforme Lukács (2012), Marx procura mostrar que certa ideia que influencia  
a prática humana, apesar de ser falsa, não deve ser desconsiderada como puro erro de  
entendimento do mundo, visto que possui efetividade social, plausibilidade empírica, causa  
um comportamento efetivo e tem uma forma real de existência (Escurra, 2018). Diante disso,  
Escurra (2018) afirma que existe, desse modo, uma relação de mútua dependência entre  
objetos e relações sociais e a forma como são compreendidos por parte dos indivíduos. Em  
sua análise crítica da economia política, Marx ilustra essa dependência recíproca destacando  
a validade social das categorias da economia burguesa.  
Ainda em relação a essa característica do pensamento marxiano, Escurra (2018)  
assinala que Heinrich (2008) alerta que fica patente ao observar que, na crítica da economia  
política, a análise de Marx pretende dissolver e pôr de manifesto o absurdo das ideias às quais  
as categorias da economia política devem sua aparente aceitação, das representações que se  
produzem espontaneamente e que são consideradas autoevidentes. Diante disso, a crítica  
compreende simultaneamente a crítica do conhecimento e a crítica das relações de produção  
capitalista. Em outras palavras, a crítica que Marx desenvolve em O Capital abrange não só  
Inez R. Zacarias; Elziane (Ziza D) O. Dourado; Isaura G. de Carvalho Aquino; María Fernanda Escurra  
uma crítica da ciência burguesa e da consciência burguesa, mas também uma crítica das  
relações sociais burguesas (Escurra, 2018).  
Marx, “um analista crítico do mundo concreto” (Fontes, 2018, p. 1), revelou a lógica  
oculta inerente ao processo de valorização do capital e expôs sem qualquer tipo de disfarce o  
modo pelo qual se produz o mais-valor, trabalho não pago que é apropriado pelo capitalista e  
que sacramenta, nesse processo, a transformação do dinheiro em capital mecanismo central  
dessa forma histórica de organização econômica, política e social. É nessa dinâmica de criação  
de valor e mais-valor que faz sentido e requer a existência de um trabalhador, despossuído de  
qualquer condição a não ser aquela que é imprescindível ao capital e que unicamente possui:  
sua força de trabalho. Ela assume o caráter de mercadoria que entra no circuito de produção e  
reprodução social, e constitui a peculiaridade de ser a única que cria valor e mais-valor.6 “É  
exclusivamente do mecanismo da troca, ou seja, da lei do valor e do mais-valor que dela  
decorre, que Marx pouco a pouco extrai todos os fenômenos e relações da economia capitalista  
com uma lógica e uma clareza penetrantes.” (Luxemburgo, 2021, p. 24).  
Ao analisar como o dinheiro se transforma em capital e, especificamente, a compra e  
venda da força de trabalho, Marx (2015) também desmistificou as falácias reproduzidas pelos  
economistas clássicos ao reafirmarem os princípios iluministas como salvaguarda da  
naturalização do modo de produção capitalista. Segundo eles, o ser humano se mantinha  
“livre” em uma relação supostamente igual e fraterna.7 Portanto, revelou o cerne do que movia  
a teoria do valor até então em voga e evidenciou a lógica interna dos mecanismos de  
ocultamento e subtração do que efetivamente move as relações sociais concretas e sua  
dinâmica histórica.  
96  
Na crítica elaborada por Marx (2008) em relação à forma de agir dos economistas que  
compreendem as relações burguesas de produção como naturais e eternas é possível  
constatar, também, a historicidade do pensamento marxiano. Para eles, mostra Marx, as  
instituições da burguesia são leis naturais, independentes da influência do tempo, em oposição  
às do feudalismo consideradas artificiais. Nesta perspectiva, para os economistas as relações  
6 Cf.: Marx (2015, p. 241-251).  
7 Como demonstra Marx, “[a] esfera da circulação ou da troca de mercadorias, em cujos limites se move a compra  
e venda da força de trabalho, é, de fato, um verdadeiro Éden dos direitos inatos do homem. Ela é o reino exclusivo  
da liberdade, da igualdade, da propriedade e de Bentham. Liberdade, pois os compradores e vendedores de uma  
mercadoria, por exemplo, da força de trabalho, são movidos apenas por seu livre-arbítrio. Eles contratam como  
pessoas livres dotadas dos mesmos direitos. [...] Igualdade, pois eles se relacionam um com o outro apenas como  
possuidores de mercadorias e trocam equivalente por equivalente. Propriedade, pois cada um dispõe apenas o que  
é seu. Bentham, pois cada um olha para si mesmo. [...] E é justamente porque cada um se preocupa apenas consigo  
mesmo e nenhum se preocupa com o outro que todos, em consequência de uma harmonia preestabelecida das  
coisas ou sob os auspícios de uma providência todo-auspiciosa, realizam em conjunto a obra de sua vantagem  
mútua, da utilidade comum, do interesse geral” (Marx, 2015, p. 250-251).  
Libertas, Juiz de Fora, v. 24, n. 1, p. 90-103, jan./jun. 2024. ISSN 1980-8518  
Considerações sobre a atualidade da teoria social de Marx no contexto da pós-modernidade  
de produção burguesas são naturais, por conseguinte, eternas, independentes da influência do  
tempo: houve história, dado que houve instituições feudais, mas não háde mais.  
Sobre este aspecto, Postone (2005) também chama a atenção que a historicidade que  
caracteriza a teoria crítica de Marx demonstra a impossibilidade de uma crítica transhistórica  
e de validade absoluta, tal como pretendido pelas teorias de sua época. Se assim feito, a própria  
historicidade seria abolida, e o modo capitalista de produção seria considerado eterno.  
Apontamentos para o debate da pós-modernidade  
Segundo os pensadores pós-modernos, a partir de uma leitura limitada e reducionista,  
as transformações econômico-políticas e socioculturais contemporâneas são de tal monta  
“inovadoras” que a teoria social de Marx se torna “obsoleta” para a análise da sociedade. Para  
essa perspectiva, o marxismo teria uma raiz “exclusivamente” econômica ligada à lógica  
intrínseca do capital, ao antagonismo de classes e ao processo de exploração capitalista que já  
estariam superados no tempo presente. Exatamente por isso, é refutada pelos pós-modernos  
como se encerrasse em si mesma as impossibilidades de estabelecer mediações com a  
realidade social.  
A superação do capitalismo através da subversão de sua ordem e a realização da plena  
emancipação humana e sua defesa pelo marxismo provoca críticas do pensamento pós-  
moderno que lhe atribui características dogmáticas, racionalistas e deterministas em que o  
processo histórico é subordinado a um fim teleológico do progresso (Evangelista, 1992).  
Desse modo, desqualifica qualquer determinação que porventura situe a experiência histórica  
numa ótica de superação vinculada a um projeto revolucionário que recusa o status quo.  
Argumentam se tratar de uma explicação totalizante, insuficiente e incapaz de dar sentido e  
explicar o tempo presente. Nega as teorias que julga ser portadoras de verdades absolutas,  
porque inspiradas ou tradutoras da modernidade (Cassiano, 2018).  
97  
Nessa interpretação do marxismo, eivada de distorções e generalizações mais  
condizentes com a visão míope de quem as vê do que com seu conteúdo original, é apresentada  
uma perspectiva conformista cuja descrença na humanidade, incerteza e ceticismo diante da  
história torna-se o único veio possível de libertar o ser humano em seu aprisionamento e  
amarras a valores de uma sociedade supostamente já colapsada. Perde-se o horizonte de  
compreensão do processo histórico-social e da possibilidade de o sujeito intervir na história  
reiterando, assim, a lógica intrínseca do capital enquanto forma de produção e reprodução  
social.  
Este núcleo duro de análise resguarda o fundamento teórico-metodológico crítico que  
Inez R. Zacarias; Elziane (Ziza D) O. Dourado; Isaura G. de Carvalho Aquino; María Fernanda Escurra  
subjaz a recusa do fim da história, capaz de confrontar o subjetivismo aleatório, a irrazão, a  
efemeridade, volatilidade, imutabilidade e finitude, advogados por esse pensamento, em  
detrimento da razão crítica, histórica e dialética. A suposta crise da Modernidade, em  
desenvolvimento desde a queda do comunismo, ou socialismo real, na Europa Oriental e  
Central, trouxe desalento político e ideológico a franjas significativas de segmentos sociais  
que vislumbraram no imediatismo a satisfação das necessidades sociais como única  
alternativa ao sofrimento, exploração e alienação do trabalho na sociedade capitalista  
contemporânea. Instaura-se uma “crise política e teórica”, no entendimento de Evangelista  
(1992, p. 17):  
É crise política, porque acompanhada da ‘crise da teoria da revolução  
proletária’, na medida em que são postas em xeque as anteriores certezas  
teleológicas de um socialismo concebido como a realização de uma missão  
histórica, ditada como tarefa ‘ontológica’ a ser cumprida pelo proletariado, o  
‘sujeito revolucionário’. E, também, é crise teórica, com consequências na  
ampliação da crise política, porque a dinâmica da realidade social tornou-se  
impermeável a suas categorias explicativas. Atualmente, o marxismo seria  
apenas uma ‘fonte’ datada, com alcance já esgotado para ‘novas’ formulações  
e a produção de novos conhecimentos. Assim estaria aberto um período de  
‘transição para algo novo’ em termos de teoria social (Sader, 1986, p. 64)  
(Evangelista, 1992, p. 17).  
Nessa ótica, a razão não oferece mais subsídios para o conhecimento da realidade, dos  
processos e relações sociais porque, circunscrita à sua racionalidade técnica e instrumental,  
reduz os seres humanos a uma determinação material empobrecendo a sua singularidade e  
subjetividade.  
98  
Conforme já assinalado, para Marx e Engels (2007, p. 94), as relações materiais  
objetivas são constitutivas dos sentidos da história e da vida dos homens não partindo de visões  
simplistas ou mesmo ideações desvinculadas do “processo de vida real”. Portanto, parase  
chegar “aos homens de carne e osso” não se se parte “do que os homens dizem, imaginam ou  
representam, e tampouco dos homens pensados, imaginados e representados.”  
A partir do trabalho, a produção de valor e de mais-valor alicerçam o modo de  
produção capitalista e, dialeticamente, a despeito de controvérsias, indicam a revolução como  
possibilidade histórica de superação da ordem do capital, em face do antagonismo entre as  
classes sociais e de seus confrontos.  
O projeto político-social e crítico de Marx, constitutivo da Modernidade, apesar de não  
ser exclusivo (haja vista a existência de outras direções político-ideológicas de pensadores  
como Max Weber e Émile Durkheim que deram consistência ao projeto da Modernidade), está  
centrado na perspectiva da totalidade, sob o ponto de vista da classe trabalhadora, saturada de  
historicidade.  
Libertas, Juiz de Fora, v. 24, n. 1, p. 90-103, jan./jun. 2024. ISSN 1980-8518  
Considerações sobre a atualidade da teoria social de Marx no contexto da pós-modernidade  
A herança da Ilustração é, pois, heterogênea, manipuladora no sentido de  
possibilidades de mudanças e de transformações daí, expressa também capacidade  
emancipatória, autonômica, soberana, condensada de elementos e processos tensos e  
conflitantes. As relações sociais na sociedade burguesa podem, então, ser reconhecidas  
teórica, política e ideologicamente capazes de submeter à prova e não mais à intuição, ao  
misticismo ou, simplesmente, à fé. Esse conhecimento não é algo aleatório. É um sistema de  
relações articuladas e reais.  
A teoria social crítica de Marx está sedimentada na lógica da Modernidade a partir do  
ponto de vista da classe trabalhadora com objetivo emancipatório, social e político, para  
atender à proposta Iluminista, ou programática da Modernidade de uma burguesia forte que  
rompe com tudo que trava culturalmente o quadro societário de uma burguesia não ameaçada.  
Pensar aspectos relacionados a pós-modernidade em sua relação com a teoria social crítica  
supõe sustentar a sua recusa radical a qualquer tipo de condescendência com o capital ea sua  
natureza civilizatória, se comparada com os modos de produção anteriores, apesar da sua  
essência predatória.  
Considerações finais  
A pós-modernidade, enquanto expressão ideológica da realidade contemporânea, que  
se assenta nas transformações econômicas, sociais e políticas advindas desde os anos de 1970,  
tem mostrado nestas últimas décadas a sua funcionalidade para ocultar as determinações  
derivadas desse modo social de produção. Fragmentar para mistificar a realidade tem se  
constituído em um instrumento eficaz para evitar a problematização da ordem do capital.  
Apesar das transformações constantes e cada vez mais intensas, o capitalismo  
contemporâneo, nas palavras de Netto (2010, p. 258) “continua sendo capitalismo”, ou seja, é  
um modo de produção material que permanece produzindo e reproduzindo relações sociais,  
condicionando a vida social na sua totalidade. Apesar das suas reconfigurações, a essência do  
modo de produção capitalista, a exploração do trabalho, se mantém como característica  
inerente à sua estrutura e dinâmica. Contudo, o capitalismo exige novos meios e instrumentos  
para a sua apropriação e os novos processos sociais por ele determinados devem ser objeto  
constante de análise crítica.  
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A economia de trabalho vivo, marca da acumulação flexível, permitida pelo advento  
de novas tecnologias que vêm substituindo a força de trabalho de milhares e a perspectiva,  
para os próximos anos, de milhões de trabalhadores , vem acarretando num processo de  
expulsão de uma massa de pessoas no mercado de trabalho. Consequência mais que vantajosa  
Inez R. Zacarias; Elziane (Ziza D) O. Dourado; Isaura G. de Carvalho Aquino; María Fernanda Escurra  
para o processo de acúmulo e reprodução do capital, pois o desemprego estrutural constitui-se  
em elemento fundamental para o rebaixamento dos salários e o acirramento da  
competitividade entre trabalhadores, “a ordem do capital é hoje, reconhecidamente, a ordem  
do desemprego e da insegurança no trabalho” (Netto, 2012, p. 2010). Por essa lógica, a  
revolução técnica e científica tornou-se a meta a ser alcançada pelo capital, pois, dessa forma,  
livrou a burguesia de se comprometer com as exigências da classe trabalhadora, já que essa  
agora se encontra cada vez mais dividida.  
Sob essa nova lógica, o trabalhador passa a ser inserido de uma outra forma, pois ele é  
base de toda essa sociabilidade. Dessa forma, torna-se imprescindível a sua colaboração  
“espontânea”, pois os mecanismos de coerção estão cada vez mais aprimorados. O capital  
impõe a sua lógica em todas as instâncias da vida social, nos padrões de consumo, nos  
rearranjos das relações sociais, nas escolas, na formação profissional, na reestruturação ou  
desestruturação do Estado. Ou seja, invade a totalidade da vida social através de ferramentas  
cada vez mais aperfeiçoadas com o intuito de conquistar a filiação de todos ao seu projeto,  
tornando-o cada vez mais universal e dominante.  
Conforme Lima (2022), a burguesia busca novas formas de adesão ao seu projeto e  
essa adesão não pode perpassar somente via a coerção, a própria classe trabalhadora deve ser  
agente atuante no fortalecimento dessa engrenagem. Dessa forma, essa anuência convém para  
a absorção dos valores burgueses, da sua ideologia. Netto (2012) afirma que a esfera cultural  
enquanto espaço estratégico para o triunfo do controle da consciência das classes subalternas,  
tem sido campo privilegiado dessas disputas. A sociabilidade tem se reproduzido por  
mecanismos que até bem pouco tempo atrás eram inexistentes: Whatsapp, Facebook,  
Instagram, Meet, Telegram, Twitter, são alguns exemplos de redes sociais8 que em poucos  
anos tornaram-se ferramentas de contato que vêm transformando e moldando novas formas de  
relações.  
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Por esse caminho, ainda conforme Netto (2012, p. 211), as relações sociais se  
reconstituem enquanto imagem e semelhança das mercadorias, “a cultura incorpora as  
características próprias da mercadoria no tardo-capitalismo: a sua obsolescência programada,  
a descartabilidade e o imediatismo reificado”. É o reino do consumo que se sobrepõe às  
relações humanas, nada mais do que relações entre coisas, como já dizia Marx (2015). Essas  
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“A dinâmica cultural do capitalismo contemporâneo, o tardo-capitalismo, é para-metrada por dois vetores, de  
natureza econômico-política e técnica: a translação da lógica do capital para todos os processos do espaço cultural  
(criação/produção, divulgação, fruição/consumo) e o desenvolvimento de formas culturais socializáveis pelos  
meios eletrônicos (a televisão, o vídeo, a multimídia)” (Netto, 2012, p. 212).  
Libertas, Juiz de Fora, v. 24, n. 1, p. 90-103, jan./jun. 2024. ISSN 1980-8518  
Considerações sobre a atualidade da teoria social de Marx no contexto da pós-modernidade  
coisas, ou seja, as mercadorias são nada mais, nada menos que objetos inanimados que  
passam a ganhar vida a tal ponto que determinam o modo como a humanidade se relaciona,  
através de uma reprodução social cada vez mais alienada. Todos são treinados a consumir  
cada vez mais um número de mercadorias cada vez maior, fazendo entrar em um círculo  
vicioso que reifica a realidade. Os sentimentos devem se traduzir nas mercadorias. Assim,  
tudo se torna efêmero e a realidade que se basta não ultrapassa a sua aparência, sobressaindo-  
se somente os fragmentos partículas, sem estabelecer as mediações necessárias para  
compreender a sua complexidade.  
Ainda que a consciência esteja cada vez mais disciplinada para privilegiar a dimensão  
imediata da vida social, tentativas para superação do sensível ainda que o sensível também  
deva ser objeto de compreensão e análise, pois não é parte ou etapa separada da essência  
mas a sua superação enquanto fragmento exige leituras que apreendem os múltiplos  
determinantes dos fenômenos. O grande desafio do tempo presente é afirmar a existência de  
uma totalidade.  
A década de 1970 marca a era em que as ideias da Modernidade e do próprio  
Iluminismo passam a ser questionadas intensamente. É o tempo marcado pela chamada pós-  
industrialização e a pós-modernidade, com o seu ápice na queda do muro de Berlim. É o fim  
da história, como alguns proclamam. Não há mais classe operária clássica e, portanto, luta de  
classes. Segundo a perspectiva pós-moderna, qualquer metanarrativa que se empenha em  
entrelaçar fatos e mediá-los com a estrutura são leituras totalitárias. Vive-se o império da  
micropolítica, do identitarismo e da substituição da ciência pelas narrativas. A ciência é  
desmerecida e o método científico é apenas uma estratégia usada por instituições de ensino  
que também são totalitárias por desmerecer o saber popular. Agora tudo é mero jogo de  
linguagem e “as verdades” tornam-se relativas a depender do discurso daqueles mais  
habilidosos. Basta ter o poder da oratória. Nada mais precisa passar pelo crivo científico ou  
qualquer experimentação, vale somente o lugar da fala dos partícipes desse jogo. É a era da  
pós-verdade.  
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A consciência pós-moderna é uma perspectiva, uma forma de compreender a  
realidade, mas de forma alguma corresponde a essa realidade. Ao contrário, ela desempenha  
opapel de mistificar essa realidade. Mas não há um mundo novo. O capitalismo continua sendo  
capitalismo. Obviamente, não há uma paralisia do tempo, pois muitos processos se  
ressignificaram. Contudo, as estruturas de exploração e domínio burguesas continuam mais  
fortes do que nunca. Exatamente por tentar eliminar a ontologia dos processos sociais,  
ignorando a historicidade dos fenômenos, que o pensamento pós-moderno é tão funcional a  
Inez R. Zacarias; Elziane (Ziza D) O. Dourado; Isaura G. de Carvalho Aquino; María Fernanda Escurra  
esse sistema.  
Observa-se o triunfo do indivíduo em detrimento da sociedade e isso transcorre via  
uma política de desqualificação total da esfera pública. Essa ideologia por ora dominante  
provoca transformações na arena política, promovendo mudanças implacáveis nas economias,  
nas instâncias socioculturais, nas relações entre a sociedade civil e o Estado. Enquanto há uma  
realidade que não se revela essencialmente, a dinâmica dos “de cima” encobre uma verdadeira  
anarquia de mercados que submete nações e seus povos aos seus interesses, se locupletando  
dos fundos e instituições públicas. Dessa forma, deixa as classes subalternas sob condições de  
vida que remetem ao início do capitalismo, onde reinava total ausência de regulações sociais.  
Também o Estado burguês, mantendo o seu caráter de classe, experimenta um considerável  
redimensionamento. A mudança mais imediata é a diminuição da sua açãoreguladora,  
especialmente o encolhimento de suas “funções legitimadoras” (Netto, 2012, p. 2013).  
Finalmente, cabe enfatizar, como inicialmente explicitado, que o presente artigo teve  
como objetivo tecer algumas considerações teóricas e metodológicas, com a finalidade de  
tratar a atualidade do pensamento marxiano, no contexto do debate da pós-modernidade e de  
suas sérias implicações para a vida social e a ciência. De acordo com as questões pautadas  
nestas considerações finais, abre-se um leque para novas reflexões.  
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