Editorial
Na sequência, o artigo “Associativismo migrante nas encruzilhadas da gestão das
políticas sociais”, de autoria de João Ricardo Lemes e de Líria Maria Bettiol Lanza, ambos da
UEL, “problematiza a relação entre o associativismo migrante e as tendências da gestão das
políticas sociais, no contexto de reorganização do Estado sob os ditames do neoliberalismo”.
Fundamentados em pesquisa bibliográfica e de campo junto a Associações de migrantes do
Paraná, analisam as contradições e os limites dessas organizações.
O artigo “Educação Popular no Brasil: uma sistematização de processos e experiências
desenvolvidas nos anos 1940 a 1964”, dos autores Juliano Zancanelo Rezende e Maria Lúcia
Duriguetto, ambos da UFJF, analisa as práticas e experiências de educação popular
desenvolvidas no Brasil pelos Comitês Populares Democráticos (1945-1947), Universidade do
Povo (1946-1957) e pelos Movimentos de Educação e Cultura Popular (1958-1964). Para os
autores, a criação de práticas de educação e cultura popular e sua conversão para perspectivas
pedagógicas vinculadas aos anseios das classes subalternas, nesta conjuntura histórica,
potencializam a construção da mobilização, organização e conscientização em torno da luta e
defesa de direitos e de um processo de democratização do país.
Os três últimos artigos do dossiê têm em comum a análise crítica do Governo
Bolsonaro. O artigo de Liana França Dourado Barradas (UFPE) e de Gabriel Magalhães Beltrão
(UFAL), “Condições para a emergência do neofascismo no Brasil: da crise política ao governo
Bolsonaro” discute o aprofundamento do neoliberalismo num contexto de crise do capital e o
avanço da extrema direita em muitos países, com traços diversos de fascistização. Evidenciam
uma afinidade eletiva entre o neoliberalismo e o neofascismo. Particularizam no Brasil a crise
política iniciada em 2013 e radicalizada em 2015, com a crise econômica que deflagrou o
processo de fascistização. Além disso, analisam questões políticas que contribuiram para a
eleição de Jair Bolsonaro.
XI
E
d
i
t
O artigo "Concepção de estado em Marx, degradação dos direitos do trabalho e o
governo Bolsonaro”, de Laryssa Gabriella Gonçalves dos Santos (GEPEM/SE), busca refletir
sobre a concepção de Estado em Marx e sobre a relação entre Estado e direitos trabalhistas.
Destaca no neoliberalismo e na reestruturação produtiva, a ampliação o processo de
precarização do trabalho que, no Brasil, se expressa através de algumas normativas elaboradas
no governo Bolsonaro para degradar ainda mais os direitos do trabalho.
o
r
i
a
l
Encerrando o dossiê, o artigo “Políticas de emprego e renda do governo Bolsonaro:
mãe hostil dos filhos do Brasil”, de Ednéia Alves de Oliveira e Monalisa Aparecida Santos,
ambas da UFJF, apresenta as principais medidas adotadas pelo governo Bolsonaro para geração
de emprego e renda, para minimizar as consequências da pandemia de covid-19 e do
Revista Libertas, Juiz de Fora, v. 23, n. 2, p. IX-XIII, jul./dez. 2023. ISSN 1980-8518