Laryssa Gabriella Gonçalves dos Santos
Governo Bolsonaro e leis trabalhistas para o desmonte dos direitos do trabalho
O mandato de Bolsonaro se apresentou como um governo que congregou um conjunto
de retrocessos nos direitos sociais, políticos e trabalhistas. Foi um governo pautado em políticas
ultraconservadoras, com sucessivos cortes na saúde, educação, assistência e previdência social.
Viveu-se no Brasil um período de crise econômica, sanitária, política e social, especialmente,
com a alta da inflação e o aumento exorbitante dos preços das mercadorias que levaram ao
empobrecimento de brasileiros e crescimento dos índices de miserabilidade10.
O governo Bolsonaro é marcado por uma direção política que atenta contra a
própria sobrevivência da classe trabalhadora. Sua escolha pela necropolítica
impõe um extermínio a todos/as aqueles/as que ameacem o grande capital,
como é o caso das ações orquestradas contra os povos indígenas, ribeirinhos
e quilombolas; contra a Amazônia e seu desmatamento criminoso; na
liberação de centenas de agrotóxicos; no pacote anticrime; na contrarreforma
da previdência social; na garantia de armamento aos grandes proprietários de
terra; nas reduções orçamentárias das políticas sociais; nos sucessivos cortes
nas universidades e na cultura, e, portanto, no descrédito com relação à ciência
e à cultura, como campos de elevação da consciência. Em nenhuma das
propostas existe algo que se volte à proteção da vida da população que vive
em condições de fome e miséria. Não há nada que promova e preserve a vida,
ao contrário, todas as ações de seu governo vão na direção de viabilizar a
morte, por meio, do enxugamento total do Estado brasileiro, transformando-o
por completo em um Estado de contenção social ou penal, que aplica uma
política punitiva potencialmente agressiva contra a classe trabalhadora, em
especial, contra negros/as; população LGBTQI+ e mulheres. (Castilho;
Lemos, 2021, p. 272).
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O país, derrocado pelo governo Bolsonaro, passou por um dos piores momentos da sua
história, e tal cenário piorou com a crise pandêmica da Covid-1911. A escolha do governo foi
por uma política de morte no cenário da pandemia.
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A burocratização, por exemplo, para acesso ao auxílio emergencial, em
tempos de Coronavírus, proposto pelo governo é um exemplo explícito de
como estes mecanismos institucionais acabam contribuindo para aumentar
cada vez mais os índices de desigualdade social no País por meio de uma
política de morte, arquitetada nos porões do Planalto. (Castilho; Lemos, 2021,
p. 271).
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Ademais, o aprofundamento das orientações de cunho neoliberal e o viés fascista de tal
administração provocaram problemas para os trabalhadores que sofreram com o desemprego e
10 “O saldo negativo desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência da República, há dois anos, é de 9,1 milhões
de pessoas a mais na pobreza e 5,4 milhões a mais na extrema pobreza. Ou seja, em seu governo 14,5 milhões de
brasileiros foram empurrados para classes econômicas mais baixas. Hoje o país tem 61,1 milhões de pobres e
extremamente pobres.” (Rocha, 2021, n.p.).
11 “A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que apresenta um quadro clínico que varia
de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves. De acordo com a Organização Mundial de Saúde
(OMS), a maioria dos pacientes com COVID-19 (cerca de 80%) podem ser assintomáticos e cerca de 20% dos
casos podem requerer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória e desses casos
aproximadamente 5% podem necessitar de suporte para o tratamento de insuficiência respiratória (suporte
ventilatório).” (Brasil, 2020, n.p).
Revista Libertas, Juiz de Fora, v. 23, n. 2, p. 477-498, jul./dez. 2023. ISSN 1980-8518