Entrevista com Esther Luíza de Souza Lemos
contribuído para a sustentação teórica e política nos processos de tomada de decisão da luta
neste âmbito.
Duas dimensões podem expressar com mais precisão as perspectivas presentes no
âmbito internacional: as propostas da agenda política das diferentes candidaturas para eleições
à presidência da FITS e os diferentes conteúdos teórico-metodológicos dos trabalhos
apresentados nos Congressos Mundiais. O que posso testemunhar é a luta das tendências
progressistas, democráticas e críticas da e na profissão no âmbito internacional, necessitando
persistente e permanente investimento no enfrentamento da grande onda neoconservadora.
Carina: Você já participou de gestões do CFESS e da ABEPSS e atualmente está na
coordenação de Relações Internacionais da ABEPSS, você poderia sinalizar os períodos chaves
para a articulação do Serviço Social na América Latina?
Esther: O divisor de águas da rearticulação internacional do Serviço Social numa
perspectiva crítica naAmérica Latina e Caribe foi sem dúvidas o Movimento de Reconceituação
(1965 – 1975), entre suas heranças, permitiu a consciência da necessidade de reversão da
direção ético-política das organizações existentes e criação de novas onde estas eram
inexistentes. É preciso considerar que este não foi um processo homogêneo, desdobrando-se
em cada realidade nacional em diferentes graus de institucionalidade, auto sustentação e
autonomia político-organizativa. A observação revela que o protagonismo das e dos assistentes
sociais em coletivos nacionais organizados, com crescente consciência político-participativa,
permitiu avançar em pautas comuns no âmbito das relações internacionais.
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A partir da década de 1990, destaco dois processos que tem sido fecundos no
fortalecimento político-organizativo numa perspectiva crítica: a criação do Comitê Mercosul
de Organizações Profissionais de Trabalho Social/Serviço Social em 1995 com a participação
da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai e, posteriormente, a decisão de sua ampliação
criando em 2013 o Comitê Latinoamericano e Caribenho de Organizações Profissionais de
Trabalho Social/Serviço Social – COLACATS inicialmente com 12 países. Atualmente, além
dos 5 países fundadores do Comitê Mercosul, o COLACATS é integrado pela Colômbia, Costa
Rica, Cuba, México, Nicarágua, Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai, El
Salvador, Granada e Panamá, agregando 17 países. Não é preciso estar filiado à FITS para
participar do COLACATS, porém um dos objetivos do COLACATS tem sido incidir política e
coletivamente nesta instância.
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A distinção, e ao mesmo tempo, a unidade entre trabalho e formação profissional tem
orientado a ação coletiva nos respectivos Comitês, propondo reuniões, ações e pronunciamentos
conjuntos com a Associação Latinoamericana e Caribenha de Ensino e Pesquisa em Serviço
Revista Libertas, Juiz de Fora, v.23, n.1, p. 252-257, jan./ jun. 2023. ISSN 1980-8518