A luta dos assistentes sociais brasileiros pela democracia: resistências da classe ao capitalismo na
previdência social
o marco balizador mais importante da resistência da classe frente às iniciativas antidemocráticas
para a extinção da previdência. O autor relata com maestria a época de ampliação dos ataques
e a sua inevitável entrada em rota de colisão com políticas de redução de direitos adquiridos
por luta. Foram ações impostas pela força hierárquica do Estado com o aval de sucessivas
gestões desastrosas na previdência social.
Em continuidade ao resgate histórico, o capítulo III traz uma análise crítica do que o
autor caracteriza como os “Avanços e retrocessos nos governos Petistas”. Apesar do relato de
reafirmação inicial do movimento de contrarreforma e conservadorismo na gestão do INSS, o
autor ressalta a retomada do debate acerca da recomposição e reorganização do serviço social
na previdência no período de 2003 a 2010, a reversão dos impactos da tentativa de extinção, o
processo de reorganização do Serviço Social na previdência, as investidas para um “golpe” e
do acirramento das posições conservadoras na gestão do INSS. O autor evidencia a importância
da implementação de vários grupos, comissões, movimentos, seminários e encontros regionais,
manuais técnicos e documentos como base tanto para a retomada da organização das lutas da
categoria pela via sindical, quanto para a reorganização nacional da categoria profissional frente
ao autoritarismo conservador da gestão do INSS e sua caça aos, na definição do autor,
“desalinhados”, heróis contrários às investidas de intervenção externas no Serviço Social.
Já no quarto e derradeiro capítulo o autor de maneira inovadora, relata outras várias
estratégias para extinção do INSS implementadas por vias internas e externas ao órgão e fecha
o período dessa sua tríade tendencial regressiva que iniciou nos anos 1990 com o Serviço Social
sendo reduzido à “atividade auxiliar”, passando pelos anos 2000 com a exoneração da então
chefe da Divisão de Serviço Social (DSS), e ganhando-se força e rapidez nas implementações,
com início do “Governo Temer e seus impactos para a previdência pública e o serviço social
na previdência”.
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Por fim, nas considerações finais o autor faz uma síntese de suas percepções sociais
atualizadas pós-defesa sobre os fatos históricos descritos e também das ações do governo
Bolsonaro que, como salienta o autor, “reeditou as mesmas práticas mais reacionárias já
registradas na história, propondo, mais uma vez, a extinção do Serviço Social na previdência”
e enaltece a rápida capacidade de mobilização e a trajetória histórica de lutas e resistências
coletivas do Serviço Social na previdência social brasileira.
Numa visão macro dos seus quatro capítulos observa-se a consolidação da recuperação,
documentação e publicidade dos fatos ocorridos em mais de sete décadas de atuação do serviço
social previdenciário junto ao Estado, às classes patronais e às iniciativas de defesa democrática
dos direitos dos trabalhadores. O livro extrapola os limites de um simples registro histórico e
Revista Libertas, Juiz de Fora, v. 23, n. 2, p. 627-630, jul./dez. 2023. ISSN 180-8518