DOI 10.34019/1980-8518.2023.v23.41313  
Resenha  
JESUS, Júlio César Lopes de. O Serviço Social na  
previdência social brasileira: as ofensivas do capital e  
as resistências coletivas. São Paulo: Editora Dialética,  
2023.  
A luta dos assistentes sociais brasileiros  
pela democracia: resistências da classe ao  
capitalismo na previdência social  
The struggle of brazilian social workers for democracy:  
class resistances to capitalism in social security  
Arnaldo Fernandes Pinto Junior*  
Recebido em: 29/05/2023  
Aprovado em: 04/10/2023  
“Desigualdades sentidas e vividas por indivíduos sociais que se revoltam, resistem e lutam  
para construírem outros horizontes para a vida em sociedade, na contracorrente do poder,  
integrando-se às forças renovadoras da vida e, portanto, da história”.  
Marilda Iamamoto  
É com essa citação marcante e enaltecedora do papel histórico dos assistentes sociais na  
luta, resistência, construção, renovação e integração que o autor sergipano Júlio César Lopes  
de Jesus, graduado em Serviço Social e mestre em Sociologia pela Universidade Federal de  
* Mestre em Administração pela Faculdade Novos Horizontes. Graduado em processamento de dados, licenciado  
em Pedagogia e História. Pós-graduado em História. MBA em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas.  
Revista Libertas, Juiz de Fora, v. 23, n. 2, p. 627-630, jul./dez. 2023. ISSN 1980-8518  
Arnaldo Fernandes Pinto Junior  
Sergipe (UFS) e doutor em Política Social pela Universidade de Brasília, introduz o seu livro  
“O serviço social na previdência social brasileira: as ofensivas do capital e as resistências  
coletivas”. Publicação da editora Dialética, com primeira edição finalizada e lançada no verão  
de 2023, já traz na capa de Bianca Clerc uma alusão às investidas sofridas pelo Serviço Social  
brasileiro representadas pelas garras afiadas do capitalismo selvagem. Em suas 736 páginas o  
leitor é conduzido ao conhecimento e à compreensão histórica da resistência dos assistentes  
sociais e da sua estratégica luta coletiva para permanência e defesa de seu espaço conquistado  
na previdência social brasileira.  
Mesmo sendo baseado em sua tese de doutorado, que na maioria das vezes tem um  
resultado predominantemente teórico e estritamente acadêmico, o autor traz para o livro  
interessantes abordagens atualizadas pós-defesa. Com uma linguagem acessível a todos os  
níveis tem-se uma visão oportuna e peculiar de quem presenciou cada momento de resistência  
vivido no combate às ações neoliberalistas do Estado nas históricas lutas dos assistentes sociais  
pela democracia, acesso ao atendimento público de qualidade e manutenção da direção social  
de seu projeto profissional consolidado na previdência brasileira nos primórdios dos anos 1990.  
A obra aqui resenhada tem em seu capítulo I, “Determinações sócio históricas da  
previdência social e do serviço social no capitalismo central e dependente”, uma base conceitual  
e histórica sobre os principais pensamentos e práticas que culminaram no surgimento da  
previdência social como um sistema de proteção que, na opinião do autor, tem uma forte  
associação ao trabalho assalariado formalizado na grande parte dos países capitalistas. No  
contexto das economias latino americanas o autor enfatiza a dependência capitalista de seus  
países e no que tange ao Brasil, dá-se maior foco no período entre 1920 e 1940 onde observou-  
se um crescimento industrial sem precedentes e por consequência, um aumento no número de  
trabalhadores assalariados e urgência de se suprir as necessidades sociais emergentes que o  
autor defende como sendo a gênese da previdência social no Brasil. Além disso é de suma  
importância a análise crítica do autor sobre os fatos acontecidos no período durante e pós-  
ditatorial com destaque para a relevante atuação dos assistentes sociais brasileiros nesses  
períodos antidemocráticos tão obscuros.  
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“Os anos 1990 e a rota de colisão: O projeto neoliberal, o movimento de contrarreforma  
da previdência social e seus rebatimentos no serviço social” é o título do capítulo II que logo  
de início o autor nos leva a uma retrospectiva do período de 1990 a 2002, período que o autor  
define como o Brasil em tempo de contrarreforma. Relatos importantes como o crescimento do  
neoliberalismo no Estado e seus ataques e incidências autoritárias contra o projeto profissional  
defendido pela matriz previdenciária entre 1998 e 2002. Esse projeto é trazido pelo autor como  
Revista Libertas, Juiz de Fora, v. 23, n. 2, p. 627-630, jul./dez. 2023. ISSN 1980-8518  
A luta dos assistentes sociais brasileiros pela democracia: resistências da classe ao capitalismo na  
previdência social  
o marco balizador mais importante da resistência da classe frente às iniciativas antidemocráticas  
para a extinção da previdência. O autor relata com maestria a época de ampliação dos ataques  
e a sua inevitável entrada em rota de colisão com políticas de redução de direitos adquiridos  
por luta. Foram ações impostas pela força hierárquica do Estado com o aval de sucessivas  
gestões desastrosas na previdência social.  
Em continuidade ao resgate histórico, o capítulo III traz uma análise crítica do que o  
autor caracteriza como os “Avanços e retrocessos nos governos Petistas”. Apesar do relato de  
reafirmação inicial do movimento de contrarreforma e conservadorismo na gestão do INSS, o  
autor ressalta a retomada do debate acerca da recomposição e reorganização do serviço social  
na previdência no período de 2003 a 2010, a reversão dos impactos da tentativa de extinção, o  
processo de reorganização do Serviço Social na previdência, as investidas para um “golpe” e  
do acirramento das posições conservadoras na gestão do INSS. O autor evidencia a importância  
da implementação de vários grupos, comissões, movimentos, seminários e encontros regionais,  
manuais técnicos e documentos como base tanto para a retomada da organização das lutas da  
categoria pela via sindical, quanto para a reorganização nacional da categoria profissional frente  
ao autoritarismo conservador da gestão do INSS e sua caça aos, na definição do autor,  
“desalinhados”, heróis contrários às investidas de intervenção externas no Serviço Social.  
Já no quarto e derradeiro capítulo o autor de maneira inovadora, relata outras várias  
estratégias para extinção do INSS implementadas por vias internas e externas ao órgão e fecha  
o período dessa sua tríade tendencial regressiva que iniciou nos anos 1990 com o Serviço Social  
sendo reduzido à “atividade auxiliar”, passando pelos anos 2000 com a exoneração da então  
chefe da Divisão de Serviço Social (DSS), e ganhando-se força e rapidez nas implementações,  
com início do “Governo Temer e seus impactos para a previdência pública e o serviço social  
na previdência”.  
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Por fim, nas considerações finais o autor faz uma síntese de suas percepções sociais  
atualizadas pós-defesa sobre os fatos históricos descritos e também das ações do governo  
Bolsonaro que, como salienta o autor, “reeditou as mesmas práticas mais reacionárias já  
registradas na história, propondo, mais uma vez, a extinção do Serviço Social na previdência”  
e enaltece a rápida capacidade de mobilização e a trajetória histórica de lutas e resistências  
coletivas do Serviço Social na previdência social brasileira.  
Numa visão macro dos seus quatro capítulos observa-se a consolidação da recuperação,  
documentação e publicidade dos fatos ocorridos em mais de sete décadas de atuação do serviço  
social previdenciário junto ao Estado, às classes patronais e às iniciativas de defesa democrática  
dos direitos dos trabalhadores. O livro extrapola os limites de um simples registro histórico e  
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Arnaldo Fernandes Pinto Junior  
pessoal, e se consolida como um arcabouço de informações relevantes que propõe conduzir o  
leitor à compreensão crítica da importância da permanência do serviço social na previdência  
brasileira e em contrapartida, das motivações tendenciosas nas ações do Estado para conseguir  
o controle, a submissão, o desmanche e a própria extinção da previdência social como política  
de seguridade nacional.  
A grande relevância da obra resenhada está no empenho do autor em executar os  
movimentos necessários para atrair a atenção dos leitores e pesquisadores interessados pelos  
desdobramentos dos fatos históricos elencados, suas características e suas diversidades. Esse  
trabalho é também um convite e um facilitador para o aprofundamento nos cenários  
investigativo, social e pedagógico.  
Ao final da leitura do livro é nítida a ampliação da visão histórico-social da atuação dos  
assistentes sociais brasileiros. Essa obra configura-se também como grande arcabouço  
contributivo para iniciativas de pesquisas históricas educacionais, dispostas a investigar os  
condicionantes e ambientes propícios para intervenção e mobilização das classes na luta pela  
democracia.  
Reforçando o apelo histórico do autor, salienta-se o momento marcante do lançamento  
desse livro no ano de 2023 quando se comemora os 100 anos da previdência social brasileira e  
o início da preparação para as festividades de comemoração dos 80 anos do Serviço Social na  
previdência, em 2024.  
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Concluindo, essa obra se destina aos graduados, graduandos e educadores de todas as  
áreas que se empenham em propagar os impactos positivos da luta de classes perante as forças  
do capitalismo e a compreender a importância do Serviço Social brasileiro na resistência às  
investidas capitalistas e na instigação das lutas em defesa de direitos essenciais e vitais para  
milhões de brasileiros.  
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Referências bibliográficas  
IAMAMOTO, M. V. A questão social no capitalismo. In: Temporalis, Ano 2, n. 3, p. 09-32.  
Brasília: ABEPSS, Grafiline, jan./jul. 2001.  
JESUS, J.C.L. O Serviço Social na previdência social brasileira: as ofensivas do capital e as  
resistências coletivas. São Paulo: Editora Dialética, 2023.  
Revista Libertas, Juiz de Fora, v. 23, n. 2, p. 627-630, jul./dez. 2023. ISSN 1980-8518