El hombre no es solamente ser natural, sino ser natural humano; es decir, un
ser que es para sí mismo, por ende un ser genérico, que como tal debe
confirmar y actuar tanto em su ser como en su saber. En consecuencia, ni los
objetos humanos son objetos de la naturaleza, tal como se ofrecen de forma
inmediata, ni el sentido humano, como existe en forma inmediata, es objetivo,
sensorialidad humana, objetividad humana. Ni la naturaleza – objetivamente
– ni la naturaleza subjetivamente están inmediatamente disponibles en forma
adecuada para el ser humano. Y como todo lo natural debe originarse, el
hombre también tiene, por lo tanto, su acto de origen, la historia que para él,
sin embargo, es un acto de origen consciente y por ser un acto de origen con
consciencia se supera a sí mismo. La historia es la verdadera historia natural
del hombre (MARX, 2010, p. 199-200)
Ora, se “um ser não objetivo é um não ser” (MARX, 2010, p. 199) e se não resta, para
nós, qualquer dúvida de que a objetividade é, primordialmente, existência objetiva, mas que,
mesmo a existência objetiva, para o homem, é dada por sua relação com o objeto, sua
transformação de ser em-si a ser-para-nós, a relação do homem como mundo envolve o
reconhecimento de sua objetividade primária (do mundo) e, ato contínuo, a dação de forma
humana, como manifestação e expressão da transitividade do homem realmente existente. O
mundo, tomado como dado, realidade objetiva, é agora admitido como dado construído,
previamente posto. Essa espiral indivíduo-gênero confere não apenas ao mundo uma
insuperável forma humana, como revela aos homens seu vínculo inquebrável entre indivíduo e
gênero, natureza e sociedade, singularidade e história.
Bem lidas, as aquisições acima, que datam à primeira metade do século XIX, não
permitem mais a admissão de qualquer redução do ser a uma propriedade única e a
transcendência dessa propriedade como elemento sobredeterminante de todos os outros. De
resto, esse expediente não é nenhuma novidade entre nós. O marxismo vulgar foi pródigo em
estabelecer conexões a fortiori entre todos os aspectos da vida e a economia. Hoje, no lugar da
economia, o corpo, que, ainda que em sua inconteste objetividade, é, também, não podemos
esquecer, corpo social, corpo genérico. E como corpo social e genérico, é também consciência
social e genérica. Perder essa dimensão essencial do corpo é incorrer no risco de um
sensualismo canhestro, digno de fazer corar o mais vulgar materialismo do séc. XVIII.
Voltando ao velho filósofo burguês, na aventura da razão, da consciência ao espírito,
Hegel superou o subjetivismo de Kant para reencontrar, ainda que em meio à mistificação, a
relação entre indivíduo e gênero. Não há dúvidas que o fez de maneira “invertida”, especulativa;
mas, mesmo com o exército napoleônico às portas de Iena, Hegel conseguiu demonstrar, na
Fenomenologia do espírito (HEGEL, 2018), livro considerado por alguns como, “talvez, a obra
mais genial de toda a história da filosofia” (Kroner apud VAZ, 2011, p. 9), que as formas de
consciência individual não são formas puras, mas resultados da experiência no mundo. Do final