uma forte antipatia pela sociedade democrática ou mesmo socialista nascente, os quais exigem
dos homens uma participação ativa. Isso gera a visão de mundo segundo a qual para a
“civilização” – isto é, para a atitude pessimista de autossatisfação – esta sociedade, que lhe é
subjacente, será mais favorável do que a sociedade progressista que exige participação ativa no
trabalho da humanidade.
No entanto, este é apenas um ponto de acesso. O niilismo e a falta de perspectiva não
querem e não podem dar à ação humana uma medida concreta, uma orientação resoluta. A visão
de mundo que subtrai o comportamento individual das relações com a sociedade considera as
resoluções individuais como perfeitamente injustificáveis e busca relações por caminhos
errôneos, estradas falsas, onde não as encontra. A busca por relações “cósmicas” é,
naturalmente, a estufa onde floresce a credulidade e a superstição. É assim que se tornam moda
os novos destinos das novas superstições: o novo misticismo, a yoga, a astrologia. E aí, nessas
aspirações modernas em matéria de visão de mundo, a política imperialista está ativamente
implicada. E na propaganda do fascismo pode-se ver muito claramente. Isto é dirigido à
credulidade, enrijecido na espera do milagre, no desespero pronto para tudo. Se a reivindicação
da visão nacional-socialista do mundo conseguiu conquistar uma parte significativa da
intelectualidade, é apenas porque Nietzsche e Spengler, Heidegger, Jaspers e Klages
prepararam, na intelectualidade, o terreno para essa credulidade, sobre a qual essa ideologia,
não obstante sua mediocridade, poderia exercer irresistivelmente sua eficácia, onde a
passividade desesperada poderia se transformar em uma atividade fundada na credulidade, em
uma cega obediência a todas as ordens do Führer. Hitler foi derrubado, mas as tentativas do
imperialismo agressivo de reviver o fascismo estão hoje mais vivas do que nunca. E não é
surpreendente que não se tenha feito nada, pela burguesia, para liquidar ideologicamente essas
visões de mundo que precederam o fascismo, que o prepararam. Ao contrário, vemos que essas
visões de mundo estão se espalhando imperturbavelmente em escala mundial, que gozam de
pleno apoio, pode-se dizer, de todos os matizes da burguesia. O sucesso mundial do
existencialismo mostra que esse ponto de vista não produziu na sociedade burguesa qualquer
alteração essencial. E a política da “terceira via”, que os existencialistas seguiram, no início,
contra De Gaulle, mostra claramente que o papel social atribuído ao novo niilismo não se
diferencia essencialmente do antigo.
Essa situação, com razão, obriga-nos a travar a luta mais aberta contra essas visões de
mundo, mesmo que temporariamente elas não manifestem tendências abertamente reacionárias.
Em nossos dias, de fato, iniciou-se uma virada decisiva, mesmo no terreno da visão de mundo.
A política do imperialismo conduz cada vez mais a humanidade ao novo abismo da guerra