DOI 10.34019/1980-8518.2022.v22.37324
Revista Libertas, Juiz de Fora, v. 22, n.1, p. 16-35, jan. / jun. 2022 ISSN 1980-8518
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Rede Ibero-Americana de Investigação em
Serviço Social: diálogos, cooperação e produção
de conhecimento
Ibero-American Network for Social Work Research: dialogues, cooperation
and production of knowledge
Yolanda Guerra*
Alcina Martins**
Virgínia Alves Carrara***
Resumo: O artigo apresenta e debate uma
concepção de internacionalização da pesquisa,
orientada pelos organismos internacionais, em
contraponto com a fecunda experiência de
interlocução internacional, gestada na Rede
Ibero-Americana de Investigação em Serviço
Social/Trabajo Social. Problematiza alguns
aspectos da atual produção de conhecimento
com ênfase no trinômio Investigar, Desenvolver
e Inovar (I+D+I) no contexto de
internacionalização da ciência a serviço do
capital e os desafios ao Serviço Social na
perspectiva crítica A metodologia utilizada foi a
pesquisa bibliográfico-documental, recorrendo-
se à produção sobre a temática. Utilizou-se
como fonte de dados secundários sobre o tema
da internacionalização da pesquisa e dados
coletados entre outubro e novembro de 2021 no
levantamento preliminar sobre a Rede Ibero-
Americana. Conclui-se pela necessária
constituição de redes e experiências de
intercâmbio internacional, que se contraponha à
lógica positivista subjacente à concepção de
ciência moderna, bem como à racionalidade
instrumental vigente nas propostas de
Abstract: The article presents and discusses a
conception of internationalization of research,
guided by international organizations, in
counterpoint with the fruitful experience of
international interlocution, developed in the
Ibero-American Network of Research in Social
Work. Problematizes some aspects of the
current production of knowledge with emphasis
on the trinomial Investigate, Develop and
Innovate (I+D+I) in the context of the
internationalization of science at the service of
capital and the challenges to Social Work from
a critical perspective. The methodology used
was a bibliographic-documentary research,
resorting to the production on the theme. It
utilized as secondary source data on the subject
of the internationalization of research and data
collected between October and November 2021
in the preliminary survey on the Ibero-
American Network. It concludes that it is
necessary to create networks and experiences of
international exchange, that opposes the
positivist logic underlying the conception of
modern science, as well as the instrumental
rationality prevailing in the proposals for
* Professora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil.
Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre os Fundamentos do Serviço Social na Contemporaneidade-
NEFSSC/UFRJ. Participa da Comissão Coordenadora da Rede Iberoamericana de Investigação em Serviço Social.
Bolsista do CNPq nível 1A.
** Professora Associada do Instituto Superior Miguel Torga (Coimbra, Portugal), na licenciatura e mestrado em
Serviço Social. Participa da Comissão Coordenadora da Rede Iberoamericana de Investigação em Serviço Social.
*** Professora do Departamento de Serviço Social DESSO - Instituto de Ciências Sociais Aplicadas ICSA
Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, Brasil. Coordenadora NEESFT/CNPq. Coordenação Geral da Rede
Iberoamericana de Investigação em Serviço Social.
Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social
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internacionalização e pesquisa em rede das
agências de fomento nacionais e internacionais.
Palavras-chaves: Internacionalização da
Ciência, Pesquisa em Rede, Rede Ibero-
Americana de Investigação em Serviço
Social/Trabajo Social.
internationalization and network research of
national and international funding agencies.
Keywords: Internationalization of Science,
Research Network, Ibero-American Social
Work Research Network.
Recebido em: 13/03/2022
Aprovado em: 16/05/2022
Introdução
Nos últimos tempos, no campo da investigação científica, tem ganhado destaque o
papel das redes de investigação para a produção de conhecimento, ao mesmo tempo em que se
verifica a ampliação e expansão de grupos de pesquisadores e o desenvolvimento de estratégias
de inserção internacional da ciência impulsionadas por agências de fomento à pós-graduação e
à pesquisa. Organismos multilaterais têm dado atenção às carreiras acadêmicas de investigação
diante do quadro de precarização das condições de vida e de trabalho de doutores e pós-doutores
nas diversas áreas do conhecimento, a exemplo do recente Documento de Políticas de Ciência,
Tecnologia e Indústria da OCDE, “Reduzindo a Precariedade das Carreiras de Pesquisa
Acadêmica” de maio de 2021
1
.
Tomando a história como bússola e substância do real nos perguntamos: qual a relação
entre esta novidade e o movimento da própria realidade social? O que ele nos indica em relação
à suposta “nova” política para a ciência e tecnologia? O que de realmente novo e como se
reproduz a velha lógica da captura do fundo púbico para a ciência e tecnologia a serviço do
capital?
O Serviço Social, em sua perspectiva crítica, possui debate teórico historicamente
acumulado sobre os fundamentos da profissão e da política social sob o capitalismo, na direção
de desmistificar as imbricadas e complexas relações entre as funções do Estado, as relações
1
Reducing the precarity of academic research careers. OECD Science, Technology and Industry Policy Papers,
No. 113, OECD Publishing, Paris, 2021. https://www.oecd.org/publications/reducing-the-precarity-of-academic-
research-careers-0f8bd468-en.htm. https://doi.org/10.1787/0f8bd468-en
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entre as classes sociais, as crises do capital e seus impactos, reverberando na educação superior,
na formação, no trabalho profissional e na produção de conhecimento.
Na tão propalada “economia do conhecimento”
2
, um determinado tipo de educação
ganha centralidade nas relações empresariais e produtivas. Conhecimento e educação, são
ambos capturados pelo mercado, são metamorfoseados em “capital humano” e transformados
no principal componente para o aceleramento do avanço técnico e científico, a fim de fornecer
novidades às forças produtivas, garantindo o padrão voltado para a acumulação/valorização do
capital. Hodiernamente, a inovação tornou-se imperativa nos discursos empresariais, nos
processos e produtos com o desenvolvimento de novas tecnologias, especialmente com ênfase
na tecnologia digital. Não faltam exemplos nos diversos e distintos âmbitos da produção,
consumo e serviços, da expansão do mundo digital no cotidiano da vida urbana e rural.
Investigar, desenvolver e inovar (I+D+I) (
3
) se tornou a nova face da produção de
conhecimento, concepção que associa pesquisas e avanço tecnológico para o desenvolvimento
de uma sociedade tomada abstratamente, com centralidade nas tecnologias informativas, com
maior valorização nas ciências puras e em algumas áreas mais instrumentais das ciências
aplicadas, não raras vezes em detrimento das humanidades. As métricas proliferam e imperam.
De acordo com o Manifesto de Leiden
4
, comentado por HICKS et al., as universidades
tornaram-se obcecadas com a sua posição nos rankings mundiais (a exemplo do Ranking de
Xangai e da lista do Times Higher Education –THE), apesar dessas listas serem baseadas, no
nosso ponto de vista, em dados imprecisos e indicadores arbitrários)” (2015, p. 430, Trad.
Nossa).
É inegável a capacidade da técnica e da tecnologia de liberar homens e mulheres dos
desígnios da natureza. Contudo, não técnica ou tecnologia neutra, inocente” ou que não
contemple a contradição. Marx (1999), em sua obra O Capital, ao desvelar a produção de
2
Cunhado por Drucker (1969), refere-se “à aplicação do conhecimento de qualquer campo ou fonte, novo ou
velho, como estímulo ao desenvolvimento econômico. Contudo, a figura mais conhecida por chamar atenção para
o impacto do conhecimento nas economias das sociedades industriais avançadas é Daniel Bell” (GUILE, 2008,
p.613).
3
A sigla I+D+I (Investigação, Desenvolvimento, Inovação) corresponde à sigla P. D & I (Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação), ambas utilizadas neste artigo com o mesmo significado.
4
Durante a 19ª Conferência Internacional de Indicadores de Ciência e Tecnologia realizada em 2014 em Leiden
na Holanda, que concentrou nas ciências sociais e os indicadores sociais, com um eixo voltado para os
“Fundamentos téoricos para medir a pesquisa em ciências sociais e em ciência da informação”, Diana Hicks e Paul
Wouters (ambos docentes) formularam o Manifesto de Leiden. Este é fruto da preocupação do abuso das métricas
como valorizadora da qualidade da cientificidade, que se tornou uma “obcessão na universidades”. Várias
ferramentas neste processo foram desenvolvidas a fim de comparar a produtividade e o impacto da pesquisa
institucional, como por exemplo: Thomas A Reuters com a Web of Science; Scopus da Elsevier; Google Scholar,
que ao final são geradores das pontuações e do fator de impacto. Para Hicks e Wouters estes são muitas vezes
imprecisos e arbitrários. Disponível em http://sti2014.cwts.nl/Home.
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mercadorias, o processo de trabalho, a maquinaria e a indústria moderna, elucida o papel da
tecnologia na produção do trabalho morto, afirmando que, diante das exigências do modo e
produção capitalista, “a força humana é um instrumento muito imperfeito para produzir um
movimento uniforme e contínuo” (p.432). As modernas máquinas com suas sofisticadas
tecnologias digitais, aprofundam, subjugam e reduzem o trabalho vivo. Com o
desenvolvimento da
Indústria 4.0, com a automação digital, a oposição entre capital e trabalho
produz ainda mais reificação para as relações de produção, ao passo que estas
se tornam relações entre coisas
5
que adquirem vida própria na forma do robô
dotado de inteligência artificial (ARAÚJO, 2022, p. 24).
Na era digital, a imperfeição humana inoperante ao capital é substituída pelas
máquinas interligadas e conectadas eletronicamente em redes, “cérebros e mãos artificiais na
forma de trabalho morto” [...], “os robôs globalmente conectados envolvendo todas as etapas
(subjetivas e objetivas) da produção” (IDEM, p. 28).
Neste contexto de profundas alterações nas formas de produção das mercadorias, (a
internet das coisas - IoT
6
), comercialização (marketing digital e o e-commerce) e consumo (os
aplicativos como por exemplo iFood), a educação superior tratada como mercadoria pelo
capital, e que experimentava avanço na modalidade à distância, com a pandemia do Covid-
19 ganha novo impulso, sendo “ressignificada” e aceita acriticamente como decorrência
“natural” e imponderável diante da conjuntura pandêmica.
Contudo, cabe-nos objetar que a modalidade remota, na formação e no trabalho
profissional, não é propriamente uma novidade.
No que se refere à formação profissional, o chamado “Ensino à distância” vem
crescendo substancialmente, ampliando o contingente profissional e alterando sobremaneira as
características do perfil proposto pelo projeto de formação
7
. No tocante ao trabalho de
5
Entendemos, tal como em Marx (1985, p,71), que a coisificação das relações sociais é um processo que resulta
da conversão da força de trabalho em mercadorias, do que decorre a personificação das coisas e a coisificação das
pessoas: uma “relação social entre os próprios homens que para eles aqui assume a forma fantasmagórica de uma
relação entre coisas”. O que nos parece que Araujo (2022, p.24) está a dizer, e com isso estamos de acordo, é que
o aprofundamento dessa condição de coisificação, posta pela robótica e no que tem sido chamado de inteligência
artificial.
6
Sobre o tema conferir em Araújo, W. P. Marx e a indústria 4.0: trabalho, tecnologia e valor na era digital. R.
Katálysis, Florianópolis, v.25, n. 1, p. 22-32, jan./abr. 2022.
7
Lembramos que foi mediante a bandeira da suposta “democratização do ensino superior” que o EAD se afirma
no Brasil como parte do projeto de reforma gerencial da Educação iniciado em meados dos anos de 1990,
devidamente orquestrado pelos organismos internacionais: Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional,
Comissão Europeia para a Educação, tendo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) como marco
legal, no bojo da qual a educação passa a ser um serviço (ou um negócio) e as universidades passam a se constituir
em organizações sociais. Fazem parte deste projeto a expansão do acesso ao ensino superior na perspectiva de
garantir o interesses do setor privado, o empresariamento da educação e a certificação em larga escala, dentre
outras medidas.
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assistentes sociais, o exercício profissional realizado remotamente se apresentava antes da
pandemia do Covid-19, como mostram os documentos do CFESS
8
, como um processo
resultante da reestruturação produtiva que flexibiliza os contratos, o salário e incide sobre o
modus operandi do trabalho profissional. Tais mudanças, muitas vezes, são incorporadas sem
a devida percepção e crítica da lógica que subjaz a estes processos, sendo aceitas bem ao gosto
da razão instrumental. O conhecimento adquirido rapidamente, a formação aligeirada,
resultante da chamada por Harvey (1992) “condição pós-moderna” respondem à lógica cultural
da atual fase do capitalismo, a qual, segundo Jameson (1996), reforça a superficialidade e o
efêmero, desconsiderando os fundamentos e a historicidade dos fenômenos.
Desenvolver estudos, pesquisas, eventos em redes de investigação, e especialmente
uma rede de investigação internacional, permite reafirmar a pesquisa como componente
transversal da formação profissional, de modo a desvelar a suposta “novidade” na história da
sociedade, submetendo o real e o pensado à reflexão crítica, a fim de não cairmos no mimetismo
das expressões fenomênicas, que toma a aparência como essência (KOSIK, 1986).
No contexto de crise do capital, com aprofundamento da política neoliberal e do
pensamento conservador e reacionário, a universidade, espaço privilegiado de produção de
conhecimento, de pesquisa e novas descobertas científicas, financiadas em grande medida pelo
Estado, tornou-se campo de interesse e disputa para o capital, e não sem razão os grupos e redes
de investigação vêm ganhando visibilidade.
Leite et al. (2014) informa que os estudos sobre redes e o trabalho em rede de
colaboração destacam-se no cenário científico mundial, com prestigiosas revistas internacionais
como a Nature, e Studies in Higher Education declarando em artigos publicados em 2012 e
2013, respectivamente, que a “pesquisa do hoje e do futuro se fará em redes” (p.293). Para as
autoras,
um grupo de pesquisa constitui uma rede de investigadores, uma rede que
pode alcançar contextos locais, regionais e internacionais [...]. Uma rede de
pesquisa e colaboração carrega os mesmos atributos definidores e acrescenta
a eles a intenção de produzir conhecimento (Leite, 2014, p. 293).
Não obstante à relevância da produção em redes de colaboração e o reconhecimento de
que a produção de conhecimento se faz de modo coletivo e solidário, a lógica que subjaz
hegemonicamente no mundo acadêmico é exatamente seu avesso. A chamada sociedade do
conhecimento tem potencializado a utilização da ciência a serviço dos interesses do capital e
8
Ver o Documento: Teletrabalho e Teleperícia: orientações para assistentes sociais no contexto da pandemia.
Documento disponível em https://www.cfess.org.br/arquivos/teletrabalho-telepericia2020CFESS.pdf. Acesso em
11 jan. 2022.
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espraiado a sua lógica instrumental, tornando a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação
(P.D&I) insumos ao processo produtivo.
Como se faz notar no Programa Horizonte 2020, maior programa da União Europeia
(UE), a centralidade na investigação e inovação é inegável. As principais metas e objetivos do
Horizonte Europa consistem em reforçar a ciência e a tecnologia, promover a competitividade
industrial e implementar os objetivos de desenvolvimento sustentável ao nível da UE. O novo
programa europeu de financiamento da investigação para 2021 a 2027 financiará o que
denominam “as transições digital e verde”, ajudando especificamente: a descarbonização da
indústria; a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis; e, a garantir que a recuperação face
à covid-19 priorize o clima (PARLAMENTO EUROPEU, 2021).
Cientistas e empresários portugueses apresentaram vários manifestos em 2021, como
Portugal 2030 uma sociedade ética, país sustentável, justo, baseado no conhecimento e
inovação” (COROADO, 2021), vindo a propor a formalização de um “Pacto de Regime para a
ciência e inovação (PRECI 2020-2030)” (CANÁRIO et al, 2021). Encontrando-se “a investigação
e a inovação (C&I), bem como as instituições que as promovem Institutos, Ensino Superior e
Empresas - no centro das nossas atividades”. Concebem que a C&I podem ser os
determinantes das melhores escolhas e estratégias para toda a sociedade”. Para que um sistema
de Investigação e Desenvolvimento seja competitivo, o nível de financiamento não poderá ser
inferior a 3% do PIB
9
. O mínimo necessário à criação de alicerces fortes em investigação, aos
quais se poderão acrescentar visões estratégicas e fundos estruturais de apoio ao
desenvolvimento regional, em áreas fundamentais como a descarbonização, a energia renovável
e eficiente, as novas tecnologias e a redução das desigualdades sociais e territoriais
10
.
Outra vertente da ciência e inovação são as condições da força de trabalho e as carreiras
acadêmicas de investigação que o Relatório da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) identifica pautarem-se pela precariedade (OCDE,
2021). Ou seja, quem trabalha em I+D+I (Investigação, Desenvolvimento, Inovação) não
dispõe de uma condição diferente de outras formas de trabalho, em si mesmas precárias, sob o
impacto do neoliberalismo, que alarga a lógica do capital a todas as relações sociais e a todas
as esferas da vida.
9
Os Estados-Membros da UE acordaram atingir este valor durante o Conselho de Barcelona de 2002, e a Estratégia
de Lisboa definiu como prazo o ano de 2010. No entanto, esta margem mínima nunca foi cumprida em Portugal:
em 2019 o investimento em I&D não chegou sequer a metade deste valor, existindo agora uma nova promessa de
alcançar os 3% da despesa do PIB em I&D em 2030, o que ainda assim implicará «duplicar a despesa pública e
multiplicar por três e meio a despesa privada» (cienciaportugal.org/preci_2020-2030/).
10
Cf. cienciaportugal.org/preci_2020-2030/.
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São, sobretudo, as mulheres e os mais jovens que são alvo desses impactos e também
dos efeitos negativos da pandemia. As organizações de pesquisa cancelaram ou adiaram o
recrutamento para postos de trabalho e cargos abertos. O Covid-19 limitou a mobilidade
internacional dos pesquisadores e os que se encontram em mobilidade temem pelo futuro
quando os seus vistos expirarem, sendo muito poucas as oportunidades de transição para outros
empregos. Em alguns países, a investigação acadêmica continua a ser o destino da maioria dos
doutorados (por exemplo, em Portugal, 83% trabalham no Ensino Superior), mas verifica-se
um deslocamento do emprego para o setor empresarial e, em menor medida, para a
administração pública e o setor privado sem fins lucrativos (OECD, 2021, p. 17).
Neste sentido, a tão propalada sigla P.D&I contempla uma determinada concepção de
investigação - pesquisa científica aplicada, experimental e inovação tecnológica voltada a
atender os interesses do mercado. A direção dada pelos organismos internacionais parte de
concepções de educação, inovação, tecnologia, universidade, desenvolvimento, educação
superior, tecnologias digitais, pedagogia da competência, internacionalização, orientadas pelo
projeto/processo de Bolonha e a serviço da reprodução/valorização do capital.
A concepção de internacionalização dos organismos multilaterais
Estudiosas sobre o tema (MAUÉS, 2015; MOROSINI, 2006; 2011) vem demonstrando
que a preocupação com a internacionalização se fortalece no contexto do processo de Bolonha,
vez que seus objetivos e princípios se direcionam a promover as condições necessárias à troca,
ao intercâmbio, estimulando a mobilidade, uniformização do perfil, convergência das
competências e das aquisições da aprendizagem dos programas, bem como, na acreditação dos
cursos, dentre outras finalidades (Cf. MAUÉS, 2015).
Em artigo elaborado no âmbito da 37ª Reunião Nacional da Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), apresentado em outubro de 2015 em
Florianópolis, SC-BR, Maués relaciona o processo de internacionalização da educação ao
processo de mundialização/financeirização do capital desencadeado a partir de meados da
década de 1970. Sinaliza que desde 1995, a Organização Mundial do Comércio “estabelece e
passa a regular os serviços educacionais e a propriedade intelectual. É o momento que de fato
se começa a Era de mercantilização, do empresariamento e da internacionalização da educação”
(MAUÉS, 2015, p. 3).
A partir daí, segundo a autora, uma inflexão nas orientações para a educação, de
modo que esta passa a ser considerada uma commoditie entra no rol das mercadorias que
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devem ser valorizadas para que possam ser exportadas e que possam render maiores dividendos
nas bolsas de valores” (idem, ibdem).
Morosini (2006), por sua vez, ao estudar os modelos de Cooperação Internacional,
indica nitidamente a internacionalização da educação como uma das estratégias do capital que
vai convertendo-a em serviço dos mais rentáveis, na perspectiva de constituir uma “indústria
de serviços educacionais”. Na busca de realizar um balanço do estado da arte sobre
internacionalização universitária, a referida autora identifica que “a relação entre a
internacionalização da educação superior e globalização é reconhecida no pensamento
veiculado na América e na Europa” (p. 121). Os resultados desta pesquisa lhe permitiram
considerar que a
internacionalização da educação superior é um conceito complexo, com uma
diversidade de termos relacionados, apresentando diversas fases de
desenvolvimento. São citadas: a) dimensão internacional – presente no século
XX, que se caracteriza por ser uma fase incidental mais do que organizada; b)
educação internacional atividade organizada prevalente nos Estados Unidos,
entre a segunda guerra mundial e o término da guerra fria, preferentemente
por razões políticas e de segurança nacional; e c) internacionalização da
educação superior, posterior à guerra fria e com características de um processo
estratégico ligado à globalização e à regionalização das sociedades e seu
impacto na educação superior” (2006, p. 115).
Para os países da América Latina, o estímulo a essa estratégia parte da ação do Instituto
de Educação Superior da América Latina e Caribe (IESALC) da UNESCO
11
. Em sua pagina na
web, o ISEAALC indica como prioridade: “Apoyar la creación de pensamiento y la difusión de
tendencias en materia de internacionalización de la educación superior y movilidad acadêmica”.
Um dos mais expressivos programas de internacionalização da América Latina foi o
Programa Ciências Sem Fronteiras, coordenado pela CAPES e o CNPq, criado no Brasil em
2011, visando a “consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da
inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade
internacional”
12
e teve por meta utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover
intercâmbios destinados a discentes de graduação e pós-graduação. Em 2017 o Programa foi
reestruturado para destinar 5 mil bolsas para a pós-graduação. Também a cooperação
internacional também tem sido objetivo dos Planos Nacionais de Pós-graduação (PNPG), como
pode ser visto no PNPG 2011-2020, que não apenas estimula a realização de acordos e
convênios como atribui métricas (as quais indicamos a necessária crítica) e pontuações aos
11
https://www.iesalc.unesco.org/2020/11/19/acesso-dos-mais-pobres-ao-ensino-superior-e-desafio-a-ser-
enfrentado-na-america-latina-e-caribe/
12
http://cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/o-programa
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Programas de Pós-graduação que acatarem essa orientação. Contudo, é importante desvelar a
lógica que orienta essa estratégia, a partir da análise crítica dos seus fundamentos teóricos e sua
direção política, a qual está perfeitamente conectado às necessidades e interesses do mercado e
da acumulação do capital.
Diferente e até em oposição a esta lógica, o Serviço Social brasileiro, através de suas
entidades representativas, vem buscando fortalecer uma concepção de relações internacionais
envidando esforços na consolidação de uma política de pós-graduação que se nutre de três
princípios basilares: na unidade dialética entre formação e trabalho profissional, na articulação
intrínseca entre a dimensão investigativa e interventiva da profissão, na relação complementar
entre graduação e pós-graduação.
Nesta direção, a concepção de internacionalização da ABEPSS, expressa no Documento
“Contribuição da ABEPSS para o fortalecimento dos Programas de Pós-Graduação em Serviço
Social no Brasil”
13
é aquela que
envolve um conjunto de ações, como a realização de projetos de pesquisa com
universidades estrangeiras, a publicação de artigos e livros compartilhados e
como frutos de tais pesquisas, as inserções de nossos pesquisadores em grupos
de pesquisa e a afirmação de convênios.
O aludido documento é assertivo quanto ao caráter da internacionalização que orienta
a profissão como área de conhecimento: o reconhecimento da importância de projetos de
cooperações e intercâmbios, na perspectiva de “potencializar estratégias para o aprofundamento
da internacionalização dos programas” e de reconhecer a internacionalização como “(...)
resultante da solidariedade entre programas e grupos de pesquisa de países distintos, cujo
objetivo é a produção de conhecimentos, bem como a ampliação e a qualificação do debate
acadêmico e da pesquisa”.(ABEPSS, s/d)
Inspirada nessa concepção e na direção da realização de intercâmbio crítico e produtivo
nasceu a fecunda experiência de interlocução internacional, cooperação acadêmica, intercâmbio
de pesquisadores, difusão cultural, de conhecimentos e valores, que tem sido gestada na Rede
Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social/Trabajo Social, uma iniciativa
internacional que congrega pesquisadores em Trabalho Social/Serviço Social que tem como
objeto a profissão no âmbito de seus fundamentos, da formação e do trabalho profissional. Na
perspectiva de preencher uma lacuna observada nos diversos fóruns da categoria, em relação
ao quão limitada é, ainda, a produção de conhecimento em níveis nacional e internacional que
permite captar na contextualidade contemporânea o permanente movimento da profissão,
13
https://www.abepss.org.br/arquivos/anexos/contribuicao-da-abepss-para-o-fortalecimento-dos-programas--de-
pos-revisto-201703241351072223440.pdf
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respondendo às contradições expressas nos interesses antagônicos das classes sociais que a
constituem, pesquisadoras/es de 10 países da América Latina e Ibéria que tem o Serviço Social
nas suas diversas dimensões (teórico-metodológica, ético-politica, formativa, investigativa,
técnico-operativa e político-representativa) como seu objetos de pesquisa, organizam-se, desde
2016, em torno da Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social/Red Ibero-
Americana de Investigación en Trabajo Social, a qual vem se constituindo em fértil terreno
para aprofundamento sistemático de cooperação internacional em Serviço Social.
A Rede Ibero-Americana de Pesquisa em Serviço Social: antecedentes e atualidade
A constituição da Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social / Red
Ibero-Americana de Investigación en Trabajo Social ocorreu no âmbito do Simposio S.11.7
Trabajo y Formación en Trabajo Social: avances y tensiones en el contexto de Iberoamérica,
apresentado durante o Congresso Internacional Consejo Europeo de Investigaciones
Sociales de América Latina [CEISAL] Tiempo post-hegemónicos: sociedad, cultura y política
en América Latina Instituto de Ibero América, Universidad de Salamanca, Espanha, que
decorreu entre 28 de junho e 1 de julho de 2016. Mas, se a aprovação da proposta de sua criação
se realizou após o encerramento do evento, a sua nese é fruto de um trabalho conjunto e
articulado de suas coordenadoras desde dezembro de 2013, através da participação no projeto
de investigação ligado ao Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade - CEPESE
Porto, e ao Instituto Superior Miguel Torga ISMT/Coimbra, ambos em Portugal; da
apresentação de comunicações no I Congreso Internacional de Facultades y Escuelas de
Trabajo Social, Murcia - Espanha, abril de 2014; no XIV Encontro Nacional de Pesquisadores
em Serviço Social ENPESS, organizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores em
Serviço Social - ABEPSS – Natal, Brasil – em dezembro de 2014 e na Conferência Ibérica de
Sociologia do Ensino Superior, Associação Portuguesa de Sociología APS, e a Asociación de
Sociología de la Educación, en Espanha, que teve lugar em Lisboa, Portugal, julho de 2015.
Em todas estas atividades, as coordenadoras do mencionado Simpósio 11.7. Trabajo y
Formación en Trabajo Social: avances y tensiones en el contexto de Iberoamérica estiveram
presentes com apresentação de trabalhos individuais e/ou coletivos.
Seguramente, a fundação da Red Ibero-Americana de Investigación en Trabajo
Social/Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social no âmbito do CEISAL 2016
14
14
Fruto deste Simpósio e no processo fundacional da Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social
oportunizado pelo Coordenador do Grupo de Investigação SEPISE e Diretor de Trabajo Social y Bienestar da
Editora da Universidade de Granada, Dr. Enrique Raya Lozano, foi publicado o primeiro livro organizado pela
Yolanda Guerra; Alcina Martins; Virgínia Alves Carrara
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em Salamanca (Espanha) expressou os interesses coletivos dos 26 participantes e investigadores
de oito países e várias regiões: Brasil (Rio de Janeiro, Alagoas, São Paulo, Rio Grande do Sul,
Minas Gerais), España (Málaga, Granada, Illes Balears), Puerto Rico (San Juan), Perú (Puno),
Uruguay (Montevideo), Portugal (Leiria, Coimbra, Porto), Costa Rica (San José) y Chile
(Temuco), que estiveram presentes em no Simposio S11.7 de Trabajo y Formación en Trabajo
Social: avances y tensiones en el contexto de Iberoamérica.
15
O processo de elaboração deste
Simpósio revelou a potencialidade de construção de relações internacionais entre
investigadores que, conscientes de seu objeto de intervenção profissional e estudo, - "as
múltiplas expressões da questão social
16
" -, e do ponto de vista socioprofissional, concebem o
Serviço Social a partir de sua natureza, como produto de necessidades sociais e históricas
decorrentes dos antagonismos das classes sociais e colocam no centro das suas análises a
preocupação em desvelar o significado social da profissão na sociedade capitalista, de modo
que partilham e afirmam “a garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais
democráticas existentes e suas expressões teóricas” (CFESS, 1993, p.18). Para seus
participantes, a defesa de valores humano-genéricos como a liberdade e emancipação fornecem
direção aos demais valores que devem nortear o ensino, a pesquisa, a produção do
conhecimento, a extensão e o trabalho profissional, como: os direitos humanos (econômicos,
sociais, políticos, civis, culturais, ambientais) o que requer apreender a historiografia dos
direitos humanos na dinâmica da sociedade de classes; afirmar a equidade e justiça social; a
democracia e a plena participação política, dentre outros. Com isso a direção social das
pesquisas da Rede expressa uma clara opção pela classe trabalhadora.
O diálogo na socialização, discussões e debates fraternos entre os pesquisadores que
se expressou durante os dias de realização do Simpósio, em Salamanca, revelou o fértil terreno
para aprofundamentos futuros e sistemáticos de cooperação Ibero-Americana em Serviço
Social/Trabajo Social.
Cabe notar que, a Rede de Investigação se constitui em espaço de natureza acadêmico-
Rede Trabajo y Formación en Trabajo Social: avances y tensiones en el contexto de Iberoamérica, com os
trabalhos apresentados no Simpósio. O livro inaugura uma nova linha de publicação “Trabajo Social y Bienestar
Social” da editora Universitária de Granada. O próximo livro produzido pela Editora Universidade Federal de
Ouro Preto-UFOP encontra-se no prelo, com previsão de lançamento ainda para primeiro semestre de 2022.
15
O mencionado Simpósio foi coordenado pelas professoras Dra. Alcina Martins (ISMT- Portugal), Dra. Yolanda
Guerra (UFRJ-Brasil) y Dra. Virgínia Carrara (UFOP-Brasil), Dra. Marinez Oliveira (UIB-España). Participam
hoje da Comissão Coordenadora da Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social as professoras Dra.
Fernando Caro Blanco (UIB-España), Dra. Alcina Martins (ISMT- Portugal), Dra. Yolanda Guerra (UFRJ- Brasil),
estando a Coordenação Geral a cargo da Dra. Virgínia Carrara (UFOP- Brasil).
16
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. de. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma
interpretação histórico-metodológica. São Paulo: Cortez; Lima: Celats, 1982.
Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social
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política com a perspectiva de promover a realização e divulgação de estudos avançados na área
de Serviço Social sobre seus fundamentos e a relação entre formação e trabalho profissional,
como dispõem suas diretrizes, construídas coletivamente em 2017, no âmbito do XIII
Congresso Estadual e do I Congresso Ibero-Americano de Serviço Social, realizado em Mérida
(Espanha). Elas expressam os princípios subjacentes e dão a perspectiva dos objetos de estudo
e das abordagens investigativas de seus/suas participantes. Dentre eles, podemos mencionar a
perspectiva crítica na análise de seus objetos e a relevância social dos seus objetivos; pluralismo
nas abordagens teórico-metodológicas; defesa dos princípios e práticas democráticas;
fortalecimento da pesquisa e produção de conhecimento na área; intercâmbio com outras áreas
das ciências sociais em nível Ibero-Americano; intercâmbio entre pesquisadores, docentes,
discentes e unidades de formação.
A Rede Ibero-Americana tem como perspectiva promover a articulação acadêmico-
política com os grupos de pesquisa que atuam nos temas mencionados e/ou que dela participam;
propor e implementar estratégias de articulação entre grupos e redes de pesquisa; promover a
investigação sobre os fundamentos, o trabalho e a formação profissional nas suas diversas
vertentes; construir coletivamente uma agenda de encontros e temas de pesquisa, estimulando
a realização de pesquisas integradas e produções conjuntas.
Suas linhas de pesquisa concentram-se nos Fundamentos do Serviço Social,
Trabalho/exercício profissional; Formação acadêmica e profissional
Desde o início dos trabalhos conjuntos, as reflexões privilegiadas pela Rede têm em
mente a história da sociedade e a teoria crítica, aquela capaz de questionar o real e o pensamento
social, de revelar, interpretar o movimento do real, sua estrutura e dinâmica, cultura e tendências
da profissão nos diferentes países que dela participam.
As tendências identificadas nas pesquisas, cujos enfoques serão apresentados a seguir,
indicam aproximações e particularidades no que se refere à crise estrutural do capital e as
respostas construídas frente a ela – a reestruturação produtiva com repercussões nos processos
de trabalho; os impactos da reestruturação produtiva nos espaços sócio-ocupacionais de
assistentes sociais e nas requisições institucionais; as mudanças operadas pelo Estado como
uma mediação à formação e ao trabalho profissional, com destaque à contrarreforma de
Bolonha. Essa conjuntura afeta o Serviço Social em todos os países, como profissão inserida
na divisão social e técnica do trabalho dado sua condição de assalariamento (IAMAMOTO &
CARVALHO, 1982), marcada pela precarização, desregulamentação e desespecialização
profissional.
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Levantamento sobre a Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social:
resultados preliminares
Com o objetivo de conhecer e socializar as investigações em curso e planificar futuros
projetos desenvolvidos pelos/as pesquisadores/as que compõem a Rede, procedeu-se a um
levantamento, utilizando um questionário semiestruturado composto por 19 perguntas,
elaborado em conjunto com representantes nacionais. A partir das respostas oferecidas pelas/os
pesquisadoras/es da Rede que participaram desta consulta temos uma primeira aproximação
que, apesar do seu caráter preliminar e provisório, nos permitiu coletar alguns dados
substantivos. Por se tratar do primeiro esforço desta natureza realizado por este coletivo, e
compreendendo a sua processualidade, o rico material nos indicou a necessidade de avançarmos
nesta iniciativa como uma importante e fundamental estratégia de construção e ajustes de rota
sobre o papel da Rede, seus objetivos, diretrizes e perspectivas.
Como dito, o questionário semiestruturado foi composto por dezenove questões,
organizadas em três partes a saber: I. Identificação; II. Participação em Investigação Integrada;
III. Perspectivas de Articulação. Foi desenvolvido no Software Google Form e enviados a
toda/os os quarenta e quatro membros que fazem parte da Rede. Do total enviado, obtivemos
trinta e quatro respostas, um percentual de 77,27%. Dentre os motivos para a não adesão
voluntária à participação do levantamento identificamos que alguns correios eletrônicos
retornaram por não encontrarem destinatário. Ademais, para aqueles endereços eletrônicos, a
princípio corretos, mas que não obtivemos resposta ao questionário, enviamos novamente o
convite.
Diante do contexto pandêmico, com o volume de trabalho online ao qual estamos
submetidas/os, as novas exigências em face da pandemia do COVID-19 e o consequente
estresse em que estamos vivendo, especialmente para as pesquisadoras mulheres, inferimos que
este pode ser também um determinante a dificultar algumas adesões.
Com a Identificação, a primeira parte do levantamento, objetivamos conhecer os/as
pesquisadores/as no que concerne à sua formação mais recente, a localidade (país e cidade) em
que trabalha e a instituição empregadora. No item Participação em Investigação Integrada
buscou-se, através das cinco questões, mapear o desenvolvimento de investigações integradas
entre os membros, as linhas de pesquisa da Rede a que os/as participantes se vinculam e como
tem sido, até o presente momento, a participação dos/as mesmos/as nas atividades em que a
Rede esteve presente, seja como organizadora de simpósio, de mesa coordenada, de seminários
ou com apresentação de trabalhos coletivo, dentre outras. A seção Perspectivas de Articulação
centrou-se em conhecer as pesquisas em desenvolvimento sem articulação entre as/os
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participantes da Rede, averiguando se a(s) mesma(s) se vinculam a alguma das três linhas de
investigação da Rede; se há algum tema que o/a investigador/a tenha interesse em desenvolver
pesquisas integradas com as/os membros da Rede; e a expectativa de sua participação na Rede.
Após o tratamento e análise preliminar dos dados, optou-se por apresentá-los aos representantes
nacionais visando ampliar e aprofundar a interpretação dos mesmos através das importantes
contribuições que aportaram ao processo de análise, que, como dito, a construção do
questionário foi resultado de elaboração conjunta com os mencionados representantes.
Seguramente, é no movimento que parte da empiria e avança na análise que será possível extrair
um conhecimento da Rede ainda mais fidedigno. Para isso, ressalta-se a importância de se
contar com um processo que requisitou, em todas as etapas do levantamento, a participação
dos/as pesquisadores/as da Rede. Neste processo, a requerida participação foi possível em todas
as etapas: no planejamento e elaboração dos formulários, durante a execução do levantamento,
no tratamento
17
e análise preliminar dos dados e na devolução dos resultados ao coletivo que
ocorreu no 2º Encontro Virtual da Rede, em novembro de 2021.
Da análise dos dados dos 34 questionários respondidos, observamos que a Rede é
composta majoritariamente por assistentes sociais pesquisadoras mulheres; que 88,2% das/dos
participantes têm doutoramento e 11,8% mestrado (Gráfico 1), contando com assistentes sociais
investigadoras/es da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Espanha, Porto Rico,
Portugal e Uruguai, que trabalham desde regiões centrais de seus respectivos países, como em
localidades interioranas. São estas: São Paulo e Osasco, Maceió, Mariana e Juiz de Fora; Rio
de Janeiro, Porto Alegre, Goiânia (Brasil), Tandil e La Plata (Argentina); San Juan e Humacao
(Porto Rico); Bogotá (Colômbia); Coimbra e Leiria (Portugal); Granada, laga e Palma de
Maiorca (Espanha); Montevidéu (Uruguai). A grande maioria trabalha na docência em
instituições públicas, mas encontramos também docentes empregadas em universidades de
natureza comunitária e privadas. Compõe o quadro de participantes assistentes sociais
trabalhadoras da área da assistência social em prefeituras.
Gráfico 1: Formação
17
Tem sido fundamental neste processo a participação da atual pesquisadora/secretária da Rede, a assistente social
e mestranda em Serviço Social pela UNIFESP, Andreza Caroline Ataídes e da discente de graduação em Serviço
Social da UFOP, Ana Luiza Rodrigues.
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Fonte: Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social, Nov.2021.
Como um dos objetivos da Rede proposto desde o primeiro momento de sua
organização foi fortalecer as interlocuções do Serviço Social na produção de conhecimento
crítico em âmbito internacional, especialmente latino-americano e ibérico, quando consultados
se desenvolvem pesquisas com membros da Rede, 47,1% (Gráfico 2), declararam que sim.
Gráfico 2: Participação em Pesquisa Integrada
Fonte: Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social, Nov.2021.
Ressaltamos que nenhuma dessas pesquisas em seu desenvolvimento é ou está sob a
coordenação da Rede. O que se objetivou com esta pergunta foi identificar o nível de
interlocução internacional entre os membros pela via das investigações desenvolvidas
conjuntamente e a qual (ais) linha (s) de investigação da Rede as mesmas se filiam. Das dez
investigações informadas, as relações internacionais são mantidas entre: Argentina, Brasil,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Portugal e Espanha (Gráfico 3). Dentre os respondentes nota-se
que a linha em que se encontram mais estudos em desenvolvimento, com 41,7%, é a formação
acadêmica-profissional; seguida dos fundamentos do Serviço Social com 33,3%, e,
posteriormente, trabalho profissional com 25,0%. Não obstante a esta separação,
posteriormente, no encontro em que os resultados foram apresentados ao coletivo, se fez notar
que algumas investigações em curso articulam trabalho e formação profissional, vistos como
indissociáveis.
Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social
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Gráfico 3: Linha de Investigação: Trabalho Profissional; Formação Profissional; Fundamentos do Serviço Social
Fonte: Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social, Nov.2021.
Outro aspecto abordado referiu-se à participação nas atividades em que a Rede busca
fomentar. Os resultados encontrados nos informam que a maior adesão ocorreu em apresentação
de trabalhos nos dois simpósios organizados pela Rede com 23 participações: Congresso
Internacional do Conselho Europeu de Pesquisas Sociais da América Latina (CEISAL), 2016;
56º Congreso Internacional de Americanistas, 2018, ambos em Salamanca na Espanha; em
mesas coordenadas em dois eventos internacionais: XXII Seminário Latinoamericano de
Trabajo Social, em Bogotá/Colômbia em 2018 e III Congreso Internacional de Trabajo Social
Temuco/Chile em 2019; e o Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social, em
Vitória/Brasil, em 2018.
Cabe indicar que a dinâmica da Rede sempre contemplou a realização de fóruns e
reuniões presenciais nos eventos em que esteve presente; ocasião e oportunidade de encontros
de planejamento e aprofundamento de construção de estratégias e diretrizes da Rede. O fórum
seguinte estava previsto para Rimini em Itália, em 2021, no âmbito do Simpósio Desafios para
el Trabajo Social en un contexto de hegemonía neoliberal. Una mirada desde el Trabajo Social
Crítico aprovado para a Conferência Mundial Conjunta Sobre Educação e Desenvolvimento
Social (SWESD 2020)
18
, o qual, em razão da pandemia do COVID-19, não chegou a realizar-
se. Desde então, sem condições de encontros presenciais, em julho de 2020, o colegiado
formado pelas representações nacionais passou a reuniu-se recorrendo às plataformas digitais.
Além disso, em 2021, foram organizados dois encontros virtuais com todas/os membros da
18
Joint World Conference on Social Work Education and Social Development (SWESD 2020), organizada pela
International Association of Schools of Social Work (IASSW) e International Council on Social Welfare (ICSW),
https://www.iassw-aiets.org/news/5703-cancellation-of-swesd2020-conference-to-be-held-in-rimini-italy/ .
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Rede.
Outro item levantado referiu-se às investigações em curso que não possuem
articulação com pesquisadores da Rede, a linha de pesquisa a qual se vincula e o interesse dos/as
participantes em desenvolver pesquisa integrada. Nessa mesma direção buscou-se conhecer a
expectativa e projeções dos/as pesquisadores em relação à Rede no que se refere à realização
de investigações futuras e/ou articulação com investigações em curso. Das respostas obtidas
evidenciou-se o interesse em participar em diferentes modalidades, como:
a) Investigações com membros da Rede
Neste item as respostas expressam o interesse dos/as participantes em continuarem a
desenvolver investigações com outros membros da Rede. Alguns acentuam o interesse no
fortalecimento de vínculos entre assistentes sociais críticos e na construção de investigações
em conjunto ou estudos comparados. Enfatizaram, ainda, o interesse em produzir um processo
de conhecimento que supere os debates particulares em cada um dos países e identifique quais
os desafios mais gerais para a profissão na atual crise capitalista.
b\) Participação em encontros, simpósios e reuniões
Sublinham a importância da partilha de conhecimentos e experiências, assim como a
participação em reuniões conjuntas.
c) Incidência da Rede nos espaços institucionais
Deram ainda destaque ao processo de internacionalização, nomeadamente, através de
programas de pós-graduação, estadias de professores visitantes, investigações de pós-
doutoramento. Ressaltaram, também, a importância de projetos acadêmicos nos espaços
institucionais a que se encontram associadas/os para a identificação de experiências
profissionais vinculadas a construções ético-políticas contra-hegemônicas, procurando-se
torná-las visíveis e ampliá-las.
d) Publicações
Frisaram, igualmente, a relevância de publicações conjuntas e em coautoria.
Do que dessa primeira aproximação se pode depreender dos resultados preliminares
relativos à Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social que ousamos apresentar
é que a participação dos seus membros acalenta o interesse de que as investigações possam
Rede Ibero-Americana de Investigação em Serviço Social
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articular diferentes investigadores quer do país a que pertencem e de outros países,
desenvolvendo parcerias, relações de cooperação e internacionalização, na expetativa de
projetos conjuntos, investindo na publicação de artigos científicos em colaboração e a
vinculação do Serviço Social a processos e construções ético-políticos contra-hegemônicas.
O que entendemos ser importante observar nesse momento é que as expectativas das/os
participantes da Rede estão sintonizadas com a sua proposta, em especial, com as diretrizes e
valores que se constituem baluartes da mesma, o que evidencia êxito na perspectiva de
realização de uma construção coletiva.
Considerações Finais
A pesquisa histórico-crítica sobre o Serviço Social no âmbito de seus fundamentos, do
trabalho e da formação profissional, realizada pelos integrantes da Rede, vem impondo a
necessária adoção de uma perspectiva de análise sobre as relações sociais do mundo burguês,
as formas de sociabilidade, as diversas ideologias que disputam mentes e corações na
contemporaneidade, a partir da contextualidade histórica imposta pela crise do capital e de um
período de decadência ideológica da burguesia que a leva a produzir respostas profundamente
conservadoras. O neoliberalismo é, dentre elas, aquele que mais se alinha às necessidades
objetivas e subjetivas dessa quadra histórica. Do ponto de vista da economia, o projeto
neoliberal se expressa na racionalização e desregulamentação do trabalho, na privatização de
empresas, dos serviços públicos e de todos os setores da vida (saúde, previdência, saneamento
básico, recursos naturais como água, petróleo, minério, gás, etc), sob orientação do consenso
de Washington. Do ponto de vista ideológico, o neoliberalismo é a ideologia do capital em crise
que aposta na desmoralização do Estado, na desregulamentação e supressão dos direitos
conquistados e de tudo o que é público. No âmbito da ideologia neoliberal é preciso repassar
para os indivíduos e famílias as responsabilidades que são do Estado. Justifica-se, assim, os
cortes nos gastos públicos, a supressão de espaços de decisão democráticos, a execução de
políticas de extermínio e criminalização dos pobres, a fragilização e fragmentação dos sujeitos
coletivos e suas lutas.
Nesse cenário, a pesquisa engajada, original, autônoma e a produção de conhecimento
crítico e socialmente relevante são profundamente afetadas na sua natureza mesma, sofrem
profundos e irreversíveis golpes e ao final são deformadas, subordinadas que foram ao processo
de valorização do capital.
Por óbvio, não se questiona o papel da ciência e da tecnologia, da robótica,
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nanotecnologia, da cibernética, da automação, e tantos outros avanços resultantes do
desenvolvimento das forças produtivas e do afastamento das barreiras naturais que permitem
enorme avanço do ponto de vista social. Tampouco se questiona a necessidade de que esse
conhecimento seja produzido coletivamente, donde se reforça o caráter internacional da
produção do conhecimento socialmente produzido, sobretudo o que intenciona alimentar as
lutas sociais.
O que se questiona é o modelo de ciência que gera conhecimento pautado no trinômio
Investigar, Desenvolver e Inovar (I+D+I) cuja intencionalidade é de que seus resultados se
transformem em produtos e serviços para o mercado e a imposição de uma ideologia do
inovacionismo, que se alimenta do culto ao empreendedorismo, às patentes e aos direitos de
propriedade intelectual, tão ao gosto da retórica do capital humano. A esse modelo segue-se o
atual movimento de internacionalização da ciência criada no processo de financeirização do
capital e servil a ele.
Refuta-se, pois, a retórica da concepção cientificista de neutralidade do conhecimento,
evidenciando sua vinculação com as ideologias que permeiam todas e quaisquer análises
teóricas e escolhas metodológicas.
A proposta de organização de uma rede de investigação que tome como objeto o
Serviço Social na dimensão de seus fundamentos, formação e trabalho profissional visa
fortalecê-lo em âmbito internacional como área de produção de conhecimento, evidenciando
uma rica pluralidade de abordagens na pesquisa no âmbito Ibero-Americano e suas
particularidades nacionais e regionais,
As pesquisas da Rede evidenciam o lugar do Serviço Social na divisão social e técnica
do trabalho e sua vocação tanto para a pesquisa cientifica quanto na dimensão investigativa da
profissão, enfatizando a relação orgânica e a indissociável articulação entre as dimensões
interventiva e investigativa da profissão. Assim, a pesquisa em rede e/ou a constituição de redes
de pesquisa adquirem relevância com e para o amadurecimento de um pensamento crítico para
tornar o Serviço Social capaz de responder com qualidade, competência, compromisso,
coerência e criticidade aos desafios do nosso tempo histórico.
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