pelos princípios e postulações de fim determinados inapelavelmente pelo comunismo. Por
outro, pela realidade histórica em constante mudança. Ainda que se tenha falado repetidas vezes
sobre a grande ductilidade da tática comunista (ao menos no que diz respeito a como tal tática
deveria ser), não se pode esquecer, para uma compreensão adequada desta tese, que a falta de
rigidez da tática comunista é a consequência direta da rigidez dos princípios do comunismo.
Somente pelo fato de que os princípios imutáveis do comunismo são chamados a transformar a
realidade histórica em constante mudança de um modo vivo e proveitoso, podem esses
princípios conservar essa maleabilidade. Toda “Realpolitik”, toda ação desprovida de
princípios, torna-se rígida e esquemática; tanto mais rígida e esquemática quanto mais
obstinadamente é sublinhado seu caráter livre de princípios (por exemplo, a política imperialista
alemã). Pois, o permanente na mudança, o decisivo dentro da abundância, não pode ser
eliminado por nenhuma “Realpolitik”. Se essa função não é assumida por uma teoria que está
em condições de influir proveitosamente nos fatos, e tornar-se proveitosa graças a eles, devem
aparecer, no lugar dessa teoria, o costume, o esquema, a rotina, e a teoria é, então, incapaz de
adaptar-se às exigências do instante. Precisamente por essa ancoragem na teoria, nos princípios,
diferencia-se a tática comunista de toda tática baseada na “Realpolitik”, seja ela de orientação
burguesa ou socialdemocrata-pequeno-burguesa. Se, então, para o Partido Comunista, uma
questão se encontra determinada como questão tática, cabe perguntar: primeiro, de que
princípios teóricos depende a questão correspondente?; segundo, a que situação histórica pode-
se aplicar essa tática, de acordo com esta dependência?; terceiro, de que natureza deve ser a
tática, também de acordo com esta dependência?; quarto, como deve ser concebido o vínculo
da questão tática individual com as outras questões táticas individuais – novamente, de acordo
com a vinculação de tais questões táticas com as questões de princípio –?
2
A fim de determinar, com maior precisão, o parlamentarismo como questão tática do
comunismo, sempre há que se partir, por um lado, do princípio da luta de classes; por outro, da
análise concreta da situação atual, das relações materiais e ideológicas entre as classes em
confronto. Do que derivam duas perguntas decisivas. Primeiro, quando entra em consideração
o parlamentarismo como arma, enquanto meio tático do proletariado? Segundo, como esta arma
pode ser empregada em benefício da luta de classes do proletariado?
A luta de classes do proletariado nega, de acordo com sua essência, a sociedade
burguesa. Isso não significa, de nenhum modo, indiferentismo frente ao Estado, tão