Lukács na tradição marxista, ainda não superada, faz deste autor imprescindível para a
compreensão e análise do real.
Para István Mészáros, o conceito-chave desses Manuscritos é o da alienação
(MÉSZÁROS, 2006: 18). O referido autor sintetiza a alienação em Marx, como exposta nos
Manuscritos, da seguinte maneira: “Assim, o conceito de alienação de Marx abrange as
manifestações de “estranhamento do homem da natureza e a si mesmo”, de um lado, e as
expressões desse processo na relação entre homem-humanidade e homem e homem, de outro”
(IBIDEM: 21, grifos do autor). No entanto, o autor parece não fazer distinção entre as categorias
alienação e estranhamento, concebendo-as como equivalentes, veremos adiante que Marx as
diferencia, apesar de ambas serem forjadas no ato do trabalho.
Nos Manuscritos, Marx inicia sua crítica à economia política vulgar, ao idealismo
hegeliano, delineia as características da alienação do trabalho e do estranhamento humano, bem
como afirma a necessidade de “uma ação comunista efetiva” de modo a possibilitar a subsunção
positiva da propriedade privada, condição essencial para a superação do trabalho estranhado.
Por estas razões, optamos por iniciar a análise destas duas categorias na teoria social marxiana
a partir dos referidos manuscritos. Conforme Ranieri (2000) apresenta, nos manuscritos, Marx
diferencia alienação de estranhamento. Em síntese:
(...) aparentemente a noção que Marx tem de alienação (ou exteriorização,
extrusão, Entäusserung) é distinta da de estranhamento (Entfremdung). A
primeira está carregada de um conteúdo voltado à noção de atividade,
objetivação, exteriorizações históricas do ser humano; a segunda, ao contrário,
compõe-se dos obstáculos sociais que impedem que a primeira se realize em
conformidade com as potencialidades do homem, entraves estes que fazem
com que, dadas as formas históricas de apropriação e organização do trabalho
por meio da propriedade privada, a alienação apareça como um elemento
concêntrico ao estranhamento (RANIERI, 2000: 1, grifos do autor).
Já no primeiro manuscrito “Trabalho estranhado e propriedade privada”, Marx inicia
sua reflexão sobre os processos de alienação e estranhamento partindo da ótica da economia
política vulgar, a qual reconhece o trabalho tão somente enquanto um fator de produção, por
seu viés utilitarista, ignorando o fato de que é pelo trabalho que o homem se humaniza. Marx
demonstra que tal perspectiva parte da premissa da propriedade privada. Aliás, esta está à
serviço daquela e não é capaz de explicar, portanto, sobre o “fundamento (Grund) da divisão
entre trabalho e capital, entre capital e terra” (Marx, 2004: 79). A partir da propriedade privada
o trabalhador, expropriado dos meios de produção, passa a operar enquanto mera mercadoria,
equipara-se a ela e sofre as consequências:
O trabalhador se torna tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto
mais a sua produção aumenta em poder e extensão. O trabalhador se torna uma