Programa de Desenvolvimento Institucional das universidades e institutos públicos que
contemple: i) concursos que assegurem a estabilidade, a dedicação exclusiva e a aposentadoria
integral de todos os servidores; a requalificação das instalações, da infraestrutura e a realização
dos investimentos interrompidos ou não efetivados; iii) a redefinição, em profundidade, da
metodologia de financiamento do custeio e do capital das universidades, assegurando
previsibilidade e o efetivo gozo da autonomia de gestão financeira e patrimonial, meios para
contrarrestar a depreciação das instalações e equipamentos, assim como para requalificar de
modo abrangente o patrimônio histórico, os hospitais universitários, laboratórios de uso
múltiplo e assim por diante. Desse modo, será possível retomar a expansão interrompida a partir
de 2015, reposicionando o lugar das universidades nas prioridades da nação.
É imperioso que o fortalecimento das universidades seja realizado contemplando seus
nexos com a educação básica, especialmente na formação de professores como intelectuais
organizadores da cultura, discutindo e apoiando reformas curriculares, ampliando a circulação
de docentes e estudantes da educação básica nos laboratórios e demais espaços universitários,
assim como nos seus programas de pós e de extensão.
A incipiente, mas importantíssima, mudança no perfil socioeconômico e racial dos
estudantes, possibilitado pela democratização do acesso, exige a ampliação consistente e
planificada de vagas públicas e gratuitas, assim como mudanças na forma de acesso buscando
conexão mais estreita com a educação básica pública. Entretanto, a democratização do acesso
exige robustas políticas de assistência estudantil que ultrapassem a ‘bolsificação’ da assistência
estudantil. De fato, moradias estudantis dignas, transporte, infraestrutura para estudo,
restaurantes universitários são condição obrigatórias para a democratização. Desse modo, o
atual decreto do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) deve dar lugar a uma
generosa lei com tal fim, assegurando recursos específicos.
Finalmente, a universidade somente poderá ter uma função construtiva com substanciais
mudanças nas políticas de fomento à Ciência e Tecnologia, valorizando a autonomia
universitária, o fortalecimento das instituições universitárias e cientificas, por meio de
orçamentos que contemplem a infraestrutura básica de pesquisa, e o estabelecimento de
diretrizes para o fomento científico que impeçam que a ciência, a arte e a cultura sejam
fagocitadas pelo inovacionismo. Com isso, aberturas epistemológicas poderão ganhar força, por
meio de diálogos interculturais e com os sujeitos que, coletivamente, buscam e praticam o bem-
viver dos povos. Todas essas frentes, embora específicas, são cruciais para a derrota da perigosa
aliança entre o neoliberalismo extremo abraçado pelos setores dominantes com o neofascismo
que busca moldar a autocracia burguesa no tempo presente. Com as lutas em defesa da educação