acadêmica e após passar por algumas alterações, o então ministro da Educação Wentrauib, um
ano após o lançamento oficial do programa, protocolou o projeto na Câmera Federal que passou
a tramitar em junho de 2020 como Projeto de Lei 3076/2020. O projeto, uma profunda proposta
de contrarreforma do ensino superior, traz todos os elementos indicados como necessários para
o processo de refuncionalização do Estado brasileiro defendido pelos organismos internacionais
para a área da educação, como já sinalizado neste artigo. O PL 3076/2020 tem por objetivo:
I - incentivar fontes privadas adicionais de financiamento para projetos e
programas de interesse de universidades e institutos federais; II - promover e
incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e
tecnológica e a inovação, observadas as políticas nacionais de ciência,
tecnologia e inovação, e as prioridades temáticas definidas pelo Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; III - fomentar a cultura
empreendedora em projetos e programas destinados ao ensino superior; IV -
estimular a internacionalização de universidades e institutos federais; e V -
aumentar as taxas de conclusão e os índices de empregabilidade dos egressos
de universidades e institutos federais. (BRASIL, 2020, p. 1)
Apesar de estar parado no Congresso Nacional, seus objetivos avançam pelo projeto de
Reforma Administrativa (PEC 32/2020), de forma ainda mais agravada, na medida em que além
dos princípios privatizantes e reestruturantes, prevê de forma explícita uma ingerência
conservadora nas áreas da educação e saúde, com a possibilidade de nomeação de militares da
ativa para atuação nessas áreas, segundo o parágrafo 4º do artigo 142. Ou seja, ao executivo
será facultado nomear cargos e funções de assessoramento e chefias que podem ser militares da
ativa e estes também podem assumir, na forma estabelecida pela PEC 32, cargos na saúde e no
magistério, inclusive para a designada substituição temporária.
As imbricações do que Löwy (2020) denomina de neofascismo do governo Bolsonaro,
que aparenta democracia, vai se espraiando pelos caminhos da legalidade, através de tentativa
de contrarreformas em diversas áreas. O mesmo acontece com os projetos que tramitam no
Congresso Nacional sobre a educação domiciliar, o chamado homeschooling. Uma demanda
antiga da bancada evangélica, que poderia ter perdido força após o período da pandemia e o
contato real com as dificuldades de uma educação domiciliar, voltam a tramitar. O Projeto de
Lei 3262/2019, que descriminaliza a educação domiciliar livrando os pais de sofrerem sansão
legal por não enviar os filhos à escola, foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e
de Cidadania da Câmara em 06 de junho de 2021, devendo ir a plenário. Além desse PL,
também tramita na Câmara o PL 2401/2019, de autoria do Poder Executivo, apensado ao PL
4179/2012, que busca regulamentar a educação domiciliar no Brasil, com normas e diretrizes.
Esse tema tem sido considerado prioritário pelo executivo, uma vez que dialoga com sua base
fundamentalista e ideológica. Como afirmou a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-