técnicos administrativos que insistem em manter de pé a perspectiva crítica no Brasil. Portanto,
apesar dos tempos sombrios que vivemos, no Brasil e no mundo, temos um legado para honrar
e muita história para construir. Em 2002, a Revista Libertas era lançada em formato impresso;
as mudanças produzidas no universo editorial, fizeram com que adotasse, em 2007, o formato
online (a partir de 2016, a revista passou a adotar exclusivamente o formato online). Adaptar-
se ao “mundo online”, ainda que sem dispor de estrutura e meios adequados, foi e continua
sendo um desafio, não só pelas exigências (cada vez maiores) de indexação, controle de
originalidade, fluxos editoriais, sistemas de edição etc. A Revista Libertas, a exemplo da
maioria das revistas universitárias no Brasil, mantém a oferta de acesso gratuito e universal aos
artigos científicos, traduções, entrevistas e outros materiais que publica; nada cobra de seus
autores para publicar, ainda que enfrente dificuldades, muitas das quais, de ordem elementar,
fruto das sucessivas políticas de restrição de orçamento para a produção e a publicização da
ciência no Brasil. Não se enganem aqueles que pensam que a produção (e a publicização da
produção) científica no nosso país se dá de forma suave; não. Antes, elas envolvem, na quase
totalidade das vezes, o empenho pessoal dos pesquisadores e cientistas em sua realização,
execução de tarefas para (muito) além do horário de trabalho, empenho de recursos financeiros
próprios (pessoais), colaboração voluntária de um sem-número de docentes, técnicos e
discentes, para que a ciência no Brasil continue caminhando, sob e contra os ataques daqueles
que apostam sempre suas fichas na ignorância, na censura e na pax romana. Muitas revistas
terminam por sucumbir nesse processo – como não lembrar o caso da Revista Estudos de
Literatura Brasileira Contemporânea, editada pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira
Contemporânea da Universidade de Brasília desde 1999 e com 62 números publicados,
qualificada em nível de excelência da CAPES (Qualis A1), que não teve as condições
necessárias para manter a publicação, encerrando suas atividades em maio deste ano? Outras
revistas terminaram por tomar outro caminho, na tentativa de remediar as dificuldades:
transferir parte dos custos da publicação ao autor. Ainda que essa possa parecer uma saída
racional no interior de uma sociedade onde tudo se dá pelo trânsito mercantil, restará sempre a
dúvida, nesses casos: afinal, quem poderá publicar? Como se resolverá o dilema entre um artigo
de elevada qualidade sem aporte de recursos financeiros e aquele mediano, com possibilidade
de arcar com sua própria publicação? De um modo geral, cabe a pergunta para o futuro do
sistema editorial: publicará mais quem pagar mais, ou publicará mais quem produzir melhor?
Alterações no Qualis, que serão realizada em breve, também suscitarão dúvidas e debates.
Em meio a toda turbulência, a Revista Libertas mantém-se preocupada com a qualidade
dos artigos que publica, a transparência nos processos de avaliação por pares e o acesso