elementos que a particularizam no bojo da formação sócio-histórica brasileira e, sobretudo, no
seio das contraditórias relações sociais que constituem as bases fundantes do Serviço Social.
Desse modo, contextualizar histórica, geográfica, social, cultural e economicamente o Nordeste
é elementar, uma vez que é esse processo que permite sintonizar os alicerces que demandam a
institucionalização e o desenvolvimento da profissão na Região.
Informações do IBGE (2020a) demonstram que a extensão territorial da Região
Nordeste é de 1.552.175,41 km², com 57.374.243,00 habitantes, distribuídos em nove estados
(Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e
Maranhão). Sobre sua distribuição geográfica e climática,
[...] a expressão Região Nordeste, ou, simplesmente Nordeste, possui,
atualmente, significados já muito cristalizados que evocam uma série de
imagens, tanto das suas características geográficas, quanto culturais, sociais e
econômicas. Entre as primeiras, podemos citar elementos da paisagem que
incluem desde o recorte litorâneo com suas praias e seus remanescentes
coqueirais, até a paisagem mais seca do agreste e, sobretudo, a do sertão, com
sua vegetação símbolo, formada pelas cactáceas e seus tipos humanos, entre
os quais sobressai o vaqueiro com sua vestimenta de couro e sua pele curtida
pelo sol (BERNARDES, 2007, p. 01).
A formação social do Nordeste está intimamente relacionada com a história colonial
brasileira – vale lembrar da importância da cultura popular para a Região, como maracatu,
bumba-meu-boi, frevo, literaturas de cordel, xilogravuras, dentre outras – sendo que
[...] as imagens sociais do Nordeste, inclusive veiculadas pelas grandes
emissoras de televisão, estão ligadas ao chamado coronelismo, ao
cangaceirismo e à persistência de formas arcaicas de relações sociais, situadas
no universo do pré-capitalismo. O Nordeste seria, assim, a região onde o
arcaísmo se confunde com o atraso nas relações sociais e nas formas do
exercício do poder. Seria, pois, uma região que conheceu um outro ritmo
histórico e, portanto, conservou formas e estruturas das relações sociais e da
dominação política que, em outras áreas, já teriam desaparecido, ou mesmo,
nunca teriam tido vigência (BERNARDES, 2007, p. 02).
No processo de colonização, a incorporação do império colonial português provocou
profundas mudanças em sua territorialidade, ao revelar a apropriação de um espaço cada vez
mais modificado, seja em termos culturais e religiosos, seja em termos políticos e econômicos.
Conforme evidencia Bernardes (2007), os objetivos dos colonizadores eram (1) o confronto e
a submissão da ordem social, territorial e cultural dos indígenas; e (2) a alteração da paisagem
com a introdução de espécies vegetais e animais inexistentes na Região, como o cultivo da
cana-de-açúcar