Inserido nesse movimento contraditório, os/as assistentes sociais se veem confrontados
pelo conjunto das transformações societárias e desafiados a compreender e intervir nas novas
manifestações da questão social, que denunciam a precarização do trabalho, das políticas e dos
serviços sociais, que atingem fundamentalmente os trabalhadores.
O/a assistente social, no contexto presente, é o profissional que tem atuado por
intermédio de políticas sociais, cada vez mais tímidas e com recursos reduzidos; apesar disso,
tem em sua profissão um projeto ético-político que vislumbra, enquanto horizonte, outra
sociedade, livre da exploração do trabalho, marcada por relações sociais verdadeiramente
humanas (JACINTO, 2017: 88).
O(A) assistente social, tendo diante de si este horizonte, também é um(a)
trabalhador(a), vivenciando a mesma necessidade de sobrevivência, tendo
também que lutar pelos próprios direitos, vivendo também as condições do
trabalho assalariado, estranhado, alienado, atuando através de políticas sociais
precarizadas, focalizadas, minimizadas. Como esperar desse(a) profissional
que seja o(a) organizador(a) das massas, persuasor(a) permanente, especialista
a serviço das classes dominadas? Pode-se dizer, portanto, que o primeiro
desafio é a própria conjuntura que vivenciamos, pois o projeto ético-político
do Serviço Social vai contra a corrente do ideário neoliberal que rege a
sociedade atual.
Desta forma, a ação profissional do/a assistente social tanto pode favorecer os interesses
e/ou as necessidades das classes subalternas, quanto pode legitimar o poder das classes
dominantes e, nesse sentido, aprofundar as desigualdades e as redes de subalternização.
Se de um lado, na sociedade capitalista, imperam valores e ações destrutivos dos
homens, de outro, estão presentes valores emancipatórios, sobretudo, anticapitalistas. Essa
mesma sociedade apresenta um campo minado de resistências e lutas travadas no cotidiano de
uma conjuntura desfavorável para os trabalhadores, os/as quais necessitam de maior
organização para terem força na arena política.
Jacinto (2017: 89), ao pensar no trabalho desenvolvido pelo(a) assistente social, afirma:
que cada vez mais é requisitado a atuar junto aos segmentos mais
empobrecidos da classe trabalhadora, para contribuir na necessária redução
das desigualdades socioeconômicas, por meio de viabilização de serviços,
benefícios, programas sociais, laudos, pareceres, avaliações sociais, a partir
de estratégias, ações e instrumentos. É a partir da legitimidade profissional
que o(a) assistente social, através da mesma ação de responder às requisições
institucionais, pode favorecer os interesses da classe trabalhadora. Trata-se de
reafirmar a condição de classe, que se expressa também na pobreza imposta à
classe trabalhadora, com a destituição do direito de usufruir da riqueza
socialmente produzida.
Nesse sentido, de acordo com a autora, o trabalho do/a assistente social pode caminhar
na direção de contribuir com a consciência de classe dos/as trabalhadores atendidos, buscando
meios para o enfrentamento das manifestações da questão social, de forma coletiva,