e modos de funcionamento alheios ao nosso desenvolvimento social próprio. Esse
nacionalismo, posto desde José Bonifácio, ganha um contorno explícito no Visconde de
Uruguai e marcará maior parte da trajetória do pensamento conservador no Brasil. A favor desse
desenvolvimento na particularidade nacional, ponderava que
o estudo das nossas instituições tem-me convencido de que, felizmente, as
largas e liberaes bases em que assentão são excelentes. Quantas nações se
darião por muito felizes, possuindo a metade daquillo com que nos favoreceu
a mão amiga da Providencia. O desenvolvimento que temos dado áquellas
instituições, mais theorico do que práctico, he que tem sido defectivo, inçado
de lacunas, pouco accommodado mesmo, a certas circumstancias (algumas
temporarias) do paiz (VISCONDE DO URUGUAI, 1862, p. XV)
A ideia de Souza de formar um pensamento público convergente com a
institucionalidade parte do pressuposto de que, quando esclarecida, a opinião pública converge,
naturalmente, para o aprimoramento e reforma da institucionalidade. Subjaz aqui que o
esclarecimento a respeito da vida política e institucional nacional produz, como efeito racional,
uma convergência em torno do fortalecimento dessa institucionalidade e da própria vida social.
Estava convencido de que, no Brasil, “pela escassez de estudos e de conhecimentos
administrativos não está uma grande parte da nossa população em estado de formar uma opinião
conscienciosa sobre quaesquer reformas que sejão intentadas” (URUGUAI, 1982, p. XVIII).
Isso produziu em Souza a defesa de um federalismo centralizado, vez que nutria severas
reservas em relação ao exercício do poder político nas esferas municipais, consideradas eivadas
de “vicios e grandes vicios” em suas organizações, dotadas de ações e meios insuficientes e
“em demasia peadas pela estreita tutela em que vivem” (VISCONDE DO URUGUAI, 1982, p.
XXI).
Alberto Torres, que viveu entre 1865 e 1917, aproximou decisiva e explicitamente o
conservadorismo do nacionalismo. Para ele, a Nação serviria de amálgama a um país tão diverso
e territorialmente disperso; nela convergiriam tanto os ideais espirituais e morais quanto a vida
concreta do povo. A ideia de Nação, de Torres, como convergência política, institucional e
social em prol do crescimento e da autonomia nacionais, colocava em segundo plano um dos
problemas estruturantes da formação do capitalismo no Brasil: o modo violento – e não
resolvido – como se deu a relação entre as classes desde as nossas origens. Sua compreensão a
respeito do povo brasileiro, em O Problema nacional brasileiro, afirma a ideia de uma
democracia social vivenciada por um povo idílico,
Sensível, generoso, nobre, hospitaleiro, probo, trabalhador, o homem
genuinamente brasileiro, fiel ao nosso espírito e sentimento tradicional, que
não deturpou o caráter na confusão cosmopolita das grandes cidades, mostra,
logo à primeira vista, no sorriso aberto e na palavra mansa e serena, onde a
ociosidade a que foi habituado põe uns laivos de desânimo — a inteligência