da Alemanha; provisionamos todos os jornais liberais com a matéria necessária, para por este
meio torná-los nossos órgãos; inundamos o país com panfletos e logo dominamos a opinião
pública em todas as questões. Um relaxamento temporário da censura da imprensa acrescentou
muito à energia desse movimento, bastante novo para uma parte considerável do público
alemão. Artigos, publicados sob a autorização de um censor do governo, continham coisas que,
mesmo na França, teriam sido punidas como alta traição, e outras coisas que não poderiam ter
sido pronunciadas na Inglaterra, sem um julgamento por blasfêmia por consequência disso. O
movimento foi tão repentino, tão rápido, tão vigorosamente perseguido, que tanto o governo
quanto o público foram dragados com ele por algum tempo. Mas esse caráter violento da
agitação provou que ela não se baseava em um partido forte entre o público e que seu poder era
produzido pela surpresa e consternação apenas de seus oponentes. Os governos, recobrando os
sentidos, puseram fim a isso com uma opressão despótica da liberdade de expressão. Panfletos,
jornais, periódicos, trabalhos científicos foram suprimidos às dezenas, e o estado de agitação
do país logo acalmou. É certo que tal interferência tirânica não deterá o progresso da opinião
pública, nem apagará os princípios defendidos pelos agitadores; toda a perseguição foi inútil
para os poderes governantes; porque, se não tivessem reprimido o movimento, ele teria sido
contido pela apatia do público em geral, um público tão pouco preparado para mudanças
radicais como o de qualquer outro país; e, se nem mesmo assim fosse, a agitação republicana
teria sido abandonada pelos próprios agitadores, que agora, desenvolvendo cada vez mais as
consequências de sua filosofia, tornaram-se comunistas. Os príncipes e governantes da
Alemanha, no exato momento em que acreditavam ter derrubado para sempre o republicanismo,
viram o comunismo surgir das cinzas da agitação política; e essa nova doutrina parece-lhes
ainda mais perigosa e formidável do que aquela de cuja aparente destruição eles se regozijaram.
Já no outono de 1842, alguns membros do partido defendiam a insuficiência da mudança
política e declararam sua opinião de que uma revolução social baseada na propriedade comum
era o único estado da humanidade que concordava com seus princípios abstratos. Mas mesmo
os líderes do partido, como o Dr. Bruno Bauer, o Dr. Feuerbach e o Dr. Ruge, não estavam então
preparados para este passo decidido. O jornal político do partido, Rhenish Gazette, publicou
alguns jornais defendendo o comunismo, mas sem o efeito desejado. O comunismo, entretanto,
foi uma consequência tão necessária da filosofia neo-hegeliana, que nenhuma oposição
conseguiu contê-lo e, no decorrer deste ano, seus criadores tiveram a satisfação de ver um
republicano após o outro se juntar às suas fileiras. Além do Dr. Hess, um dos editores da agora
suprimida Rhenish Gazette e que foi, de fato, o primeiro comunista do partido, há agora muitos
outros; como Dr. Ruge, editor dos German Annals, o periódico científico dos Jovens