DOI 10.34019/1980-8518.2020.v20.30867
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Entrevista com Susana Cazzaniga
ENTREVISTADORAS:
Carina Berta Moljo
Faculdade de Serviço Social - UFJF
Katia Marro
Faculdade de Serviço Social - UFF\Rio das Ostras
Maria Lúcia Duriguetto
Faculdade de Serviço Social - UFJF
Entrevista realizada a Susana Cazzaniga (Professora da Universidade Nacional de Entre
Rios, Argentina). Atualmente, a Professora está aposentada mas continua ministrando Cursos
de Pós-Graduação em diversas Universidades da Argentina e da América do Sul. Entre suas
publicações podemos destacar: Intervención profesional: legitimidades en debate org (2006)
Ed Espacio, Buenos Aires, Argentina; Hilos y nudos. La formación, la intervención y lo político
en el Trabajo Social (2007) ed. Espacio, Buenos Aires, Argentina.; Derechos, políticas sociales
y problemáticas contemporáneas. Debates desde Trabajo Social org. (2014) Ed EDUNER,
Entre Rios, Argentina.
A entrevista foi realizada em agosto de 2019 no Programa de Pós-graduação em Serviço
Social da Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) pelas
docentes Carina Berta Moljo e Maria Lúcia Duriguetto (Professoras da Faculdade de Serviço
Social da UFJF) e Katia Marro (Professora do curso de Serviço Social da Universidade Federal
Fluminense Campus Universitário de Rio das Ostras). As docentes são, respectivamente,
membros dos subgrupos de pesquisa A Reconceituação na Argentina” e A relação do Serviço
Social com os movimentos e lutas sociais no Chile e na Argentina, no período de 1960-1980”,
que compõem o Projeto de Pesquisa “O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na
América Latina (Argentina, Brasil, Chile e Colômbia): determinantes históricos, interlocuções
internacionais e memória”, coordenado pelas Professoras Marilda Vilella Iamamoto
(Professora Visitante da Faculdade de Serviço Social da UFJF) e Claudia Mônica dos Santos
(Professora Convidada do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Serviço Social da
UFJF).
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Entrevista
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Na Argentina, a conturbada conjuntura que se delineia a partir dos anos 1960 ao golpe
civil-militar de 1976 é marcada por uma intensificação das lutas e do crescimento das
organizações das classes subalternas que vão impactar a configuração dos regimes políticos e,
por mediações acadêmicas e de militância política, os processos de tensionamento do Serviço
Social com seus aportes teórico-metodológicos e ético-políticos conservadores.
O crescimento das lutas de classe se relaciona não apenas com a “resistência Peronista”
(principal expressão política da classe trabalhadora, que cresce com a proscrição do Peronismo
desde o ano 1955), mas também com a radicalização de uma “nova” classe trabalhadora. Esta
dará vida a um novo e combatente movimento operário e sindical (com tendências classistas e
do Peronismo combativo), que protagonizará rebeliões populares de envergadura como o
Cordobazo e o Rosariazo, de 1969, que marcariam uma inédita aproximação das organizações
operárias com o movimento estudantil. Neste período, observa-se também a multiplicação de
uma miríade de organizações que vão encorpar a militância das classes subalternas sob os
influxos de uma nova esquerda que reivindica o guevarismo; o socialismo de libertação
nacional; o anti-imperialismo, etc. Dentre as principais organizações armadas devemos destacar
os Montoneros
1
, de filiação peronista, e PRT-ERP, de filiação marxista
2
. Especificamente no
interior do movimento Peronista e em função das relações contraditórias com o seu líder, Perón,
assiste-se a uma diversificação organizativa que atravessa a realidade partidária, o movimento
estudantil, os movimentos territoriais e os sindicais. A chamada “tendência revolucionaria do
movimento Peronista” compreendia desde os Montoneros ao conjunto de organizações como a
Juventude Universitária Peronista (JUP); a Juventude Trabalhadora Peronista (JTP); a União de
Estudantes Secundários (UES); a Agrupação Evita; o Movimento de Inquilinos Peronistas
(MIP), dentre outros.
A dinâmica desta configuração organizativa dos “de baixo” vai impactar profundamente
o Serviço Social argentino, cujo vínculo de seus segmentos profissionais, acadêmicos e
estudantis com as lutas sociais se estabelecerá pela via privilegiada da militância política e/ou
universitária, que trará mudanças significativas nos referenciais teórico-políticos, na formação
1
Outras organizações armadas, como as Forças Armadas Revolucionarias (FAR) e as Forças Armadas Peronistas
(FAP), confluirão com Montoneros em ’73.
2
O PRT (Partido Revolucionário dos Trabalhadores) será fundado em 1965, incorporando-se à IV Internacional.
Identificado com o processo revolucionário de Cuba, com influências indoamericanistas e antimperialistas,
incorpora um marxismo com uma perspectiva latino-americanista e uma forte herança guevarista. No seu processo
de desenvolvimento, observam-se mudanças prático-políticas (também em função das influencias maoístas,
trostskistas e leninistas), como a fundação, em 1970, do seu braço armado, o Exército Revolucionário do Povo
(ERP).
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e no trabalho profissional. Este processo expressará a particularidade do Movimento de
Reconceituação na Argentina, que se materializou, para além da sintonia de segmentos da
profissão com as lutas e organizações das classes subalternas, em riquíssimos processos
formativos (reformas curriculares e reorganização radical das políticas e práticas dos estágios).
Segundo Moljo (2005, p. 291) “a aproximação ou a confluência entre a militância e o
Serviço Social gerou um ‘novo perfil de profissional’, comprometido com a realidade social”.
Não obstante as inúmeras contradições deste período, este indubitável enriquecimento se
relaciona com a politização da profissão ao calor dos acontecimentos históricos; com a
descoberta da sua dimensão socioeducativa; com os questionamentos acerca da função social
da profissão na reprodução dos conflitos de classe; com a busca por uma maior qualificação e
uma formação profissional mais rigorosa e atenta às particularidades do país; e com a
interlocução com novas referências teórico-metodológicas.
O desfecho deste período histórico se desenvolve no contexto de avanço de uma
contrarrevolução preventiva no continente e dos projetos de articulação continental da contra-
insurgência (retratada no plano Condor) para frear a radicalização dos conflitos de classe pela
imposição de regimes ditatoriais e a implementação de políticas econômicas para “restaurar” o
capitalismo em crise. Trata-se do sanguinário golpe civil-militar de março de 1976, que instaura
uma ditadura civil-militar que perdurará até 1983. Articulando diversos setores das classes
dominantes e dos “aparatos privados” e “coercitivos” do Estado (Igreja, Judiciário, aparatos
repressivos), instalou-se o terrorismo de Estado que produziu o assassinato e a desaparição
física de uma geração de militantes sociais (em torno de 30 mil desaparecidos). A Argentina
seria, conjuntamente com o pioneiro Chile, expressão exemplar da implementação, no
continente, da política de ajustes econômicos e sociais segundo a cartilha do receituário
neoliberal.
É este contexto histórico dos conflitos de classe e da relação que com ele estabeleceu o
Estado que situa-se a particularidade do Movimento de Reconceituação do Serviço Social
argentino. É a memória ativa deste período que será descrita nesta entrevista. A Professora
Cazzaniga estudou Serviço Social na Escola de Serviço Social de Santa Fé e participou
ativamente da vida estudantil, acadêmica e política deste período, militando nas fileiras do
Peronismo. Com a instauração da ditadura civil-militar, passou a viver na clandestinidade,
retomando à vida pública somente pouco tempo antes do retorno do regime democrático, em
1983.
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A entrevista está em espanhol e se compõe de conteúdos selecionados pelas
entrevistadoras. Iniciamos sua exposição pela caracterização panorâmica da vida estudantil.
__________
Entrevistada: Recuerdo que en el setenta y tres tuvimos la elección del centro de
estudiantes; yo iba candidata a presidenta, salí presidenta del centro de estudiantes y mi
oponente era una compañera que ahora está desaparecida que era del ERP (Ejército
Revolucionario del Pueblo) […]. Entonces, en la escuela tenías un poco de izquierda, pero
mucho de esta concepción que era el Peronismo, el Peronismo Revolucionario de la mano de
la Teología de la Liberación (no había ahí muchas diferencias). Los “estágios” (prácticas pre
profesionales) se hacían en los barrios, y uno de ellos, de los más importantes era “Villa del
Parque”, donde el sacerdote era de los “curas obreros” de la Teología de la Liberación, del grupo
de los Sacerdotes por el Tercer Mundo, movimientos que adherían al Peronismo y en los que
muchos de sus miembros se vincularon rápidamente a “Montoneros”. Lo mismo pasaba en la
escuela, […], muchos nos incorporamos a esta organización, otras al ERP, pero había un grupo
que no tenía esta vinculación de militancia política, estudiantil, pero que acompañaban,
acompañaban en el tema de ir a las marchas, de ir a las asambleas y demás, eran épocas donde
la participación era masiva. Pero en la medida en que empezó la represión y demás, también
estos grupos se fueron quedando a un costado. Respecto a la escuela y sus docentes y graduados
cuando en el setenta y tres, sube Cámpora
3
y en varios lugares asumen peronistas, hay un
llamado a las colegas, que se insertan en la municipalidad, algunas ya venían y otras se insertan
[...] Ellas ingresan, presentan todo un plan de trabajo - porque también previo, o sea durante
toda la campaña se habían formado los equipos cnicos para discutir políticas para el nuevo
gobierno. […] El tema es que entonces están un tiempo, y rápidamente se las sanciona y se las
manda a actuar como guías de tránsito […]. Por estas posiciones que llevaban respecto de cómo
tenía que ser el trabajo en los barrios […] que fue poco lo que, digamos, se pudo hacer […].
Hubo ahí una apuesta a un gobierno que teóricamente era la transición para la liberación
nacional y social ¿no?. Entonces se planteaba la posibilidad, pero rápidamente queda claro que
eso es medio imposible, y ahí también rápidamente empiezan las discusiones acerca de si
corresponde o no corresponde estar trabajando en las instituciones. Los que se van de las
3
Refere-se ao governo peronista de Cámpora em 1973, que antecede o retorno ao poder do Perón que se encontrava
no exílio desde 1955 [Nota das entrevistadoras].
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instituciones y los que dejan la profesión, son los que más están vinculados, quizás a la lucha
armada, los más radicalizados. Hay compañeros y colegas que siguen en la institución teniendo
posturas críticas, pero sosteniendo la necesidad de seguir ahí. O sea, uno puede hablar de
muchas compañeras que incluso permanecieron durante la dictadura, y no por eso se las puede
considerar que hayan sido “aliadas” de la dictadura; hicieron sus resistencias como pudieron
[…].
Trabajo Social de la provincia de Santa Fe tiene toda una producción muy importante
desde que se inaugura la escuela en el año 1943, y había alcanzado en los años sesenta, una
formación muy rigurosa, muy rigurosa. Por supuesto, funcionalista, positivizada, pero era una
formación rigurosa. Teníamos una materia que se llamaba estadística, […] en segundo año
teníamos una disciplina de investigación y hacíamos trabajo de investigación de campo, un
trabajo de relevamientos barriales […]. Esta escuela se plantea la necesidad de dar cuenta en su
currícula de los derechos del hombre […]. Ahí había una formación, una apuesta, una profesión,
que se pensaba como una profesión que podía hacer muchas cosas. Creo que eso también es
base para que en esa Reconceptualización, se pudieran dar determinadas discusiones. Yo
recuerdo que nosotros, una de las cosas que más solicitábamos era que haya más marxismo,
que se puedan discutir otras cosas; que la antropología, sea una antropología cultural; que no
teníamos filosofía, que queríamos filosofía. Muchas de nuestras formaciones las hacíamos en
la escuela de formación política, nuestra organización
4
tenía una escuela de formación, e íbamos
a clases los sábados en la mañana, y teníamos como un programa de estudio, que hoy podríamos
llamarlo de “Teoría Social”, donde ahí discutíamos Marx. Me acuerdo que yo ahí leía a
Marcuse, a Adorno, Mao. […] Esa formación la llevábamos, […] cuando debatíamos con los
profesores, debatíamos con ese bagaje teórico […]. Y nos posicionábamos, y siempre pensando
en que tipo de profesión queríamos. Era constante la discusión “¿el para qué de la profesión?,
entonces, la identificábamos como una profesión del sistema capitalista, que, de acuerdo al
mandato capitalista, era una “aspirina” que sólo daba respuestas coyunturales. Me acuerdo que
se usaba mucho el concepto de “aspirina” […]. Además teníamos el ejemplo de Chile y
teníamos también el ejemplo de Cuba; nosotros estábamos preocupados porque Cuba había
sacado Trabajo Social, pero teníamos a Chile ahí que, las trabajadoras sociales participaban
activamente de las políticas chilenas. Entonces, nosotros decíamos que, llegado el socialismo
nosotros íbamos a defender; teníamos una profesión […] íbamos a participar en la planificación
4
A professora Susana integrava a JUP (Juventude Peronista) e Montoneros [Nota das entrevistadoras].
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de las políticas sociales, íbamos a tener otro lugar, íbamos a acompañar; porque esta cuestión
lo íbamos a defender, que esa profesión era posible en el socialismo […]. Santa Fé en todo ese
momento, digamos, nunca perdió de vista la necesidad de la formación teórica […]. No es que
uno desestimaba la teoría […] lo que pasa es que terminaba siendo una cuestión basista, porque,
bueno también hay esto que vos decías, como una confusión entre militancia y profesión. Yo
en Santa Fé, yo digo que hay una confusión militancia-profesión.
Entrevistadoras: ¿Te puedo ir haciendo algunas preguntas?
Entrevistada: Si, por supuesto.
Entrevistadoras: Quería que vuelvas sobre algunas cosas. En relación a esta cuestión
profesión-militancia, me dio la sensación que en algunos casos había…. claro eso está
totalmente compenetrado y no es exclusivo del trabajo social. Estudiantes de Arquitectura se
iban a los barrios a vivir también, había abogados que lo hacían, entonces, eso tiene que ver
mucho más con la entrada de la profesión a la Universidad y la convivencia con la vida
universitaria, que una cosa que surgió de la cabeza de un movimiento estudiantil o de los
docentes ¿no? No es exclusivo del trabajo social. En algunos casos, me parece que hay una
relación de superposición, de mezcla; en otros de paralelismo, sobre todo para quien entraba
en la clandestinidad, entonces se ven muchas situaciones; sobre todo en las entrevistas, se ve
“no, yo iba a la institución y hacía eso”, “iba al barrio”; o sea, como que hay situaciones
diferentes.
Entrevistada: Si, ha pasado.
Entrevistadoras: Parecen situaciones bien diferentes y heterogéneas en relación a
como se daba la relación profesión-militancia, porque para nosotras “la militancia no es un
problema”, todo lo contrario, la reivindicamos; entonces, el tema es que la forma que eso
tomaba tiene la cara de los tiempos, de las épocas ¿no?
Entrevistada: Si, si, si, si, por supuesto, yo creo que en esta cuestión de los
estudiantes…. esto estaba, digamos, en todas las carreras. Nosotros decimos que la
Reconceptualización no es algo propio del Trabajo Social, sino que en ese momento la mayoría
de las disciplinas entran a repensarse en muchas cosas y tienen todas estas aristas de
politizaciones muy fuertes. Insisto con esto, quizás al principio del gobierno de Cámpora, está
esto de la posibilidad, la apuesta a que podemos hacer algo. Luego, me parece que se da este
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tema de “a dos aguas”, esto de hacer algo en la institución, y la militancia por otra parte. Y ahí
también se da dejar la profesión, dejar la profesión porque no se llega a nada con la profesión;
lo único que digamos, se sigue planteando. Pero, por ejemplo, en la tesis de Raquel Negro
5
(son
cuatro las que hacen esa tesis, de las cuales dos están desaparecidas), ellas hacen la tesis
rápidamente, rápidamente porque el tema era que se tenían que ir de Santa Fé, y entonces la
idea era llevarse el título por si tienen que trabajar en alguna parte, como una estrategia, no
porque hayan estado pensando en la profesión, sino más como una estrategia, incluso si se iban
del país. Pero pensando más en esta cuestión de la militancia […]. Entonces, estaban
clandestinas, clandestinas, ni siquiera podían estudiar. Pero en ese momento ya, yo creo que a
partir de mediados del setenta y cinco que empieza la represión muy fuerte, fundamentalmente
en la universidad, aunque el gobierno sea democrático. Frente a esa represión, digamos, ya no
se daban esas discusiones tan profundas acerca de la profesión, sino que ya eran cuestiones más
“como nos defendemos, como sobrevivimos” ¿no?
Entrevistadoras: Se acelera la coyuntura…
Entrevistada: Si, todo, todo, todo. El movimiento estudiantil Santafecino, la hegemonía
por supuesto, la tenía el Peronismo ¿no? En ese momento era la Juventud Universitaria
Peronista. Estaban los radicales nucleados en la Franja Morada, el PCR (Partido Comunista
Revolucionario), y bueno, el PC (Partido Comunista), y después había grupos un poco más
anarquistas o grupos más pequeños, más trostkistas. Eso en términos de agrupaciones
universitarias, agrupaciones de estudiantes universitarios. Según las carreras, había más en uno
que en otro ¿cierto?. […] Todo lo que era profesorado en ese momento, era hegemonía
peronista; arquitectura: hegemonía peronista; ciencias económicas estaban s mezcladitos,
pero había mucho también de la JUP.
Entrevistadoras: Todo era JUP, todo era tendencia revolucionaria del peronismo.
Entrevistada: […]. Nosotros, por ejemplo, éramos escuela terciaria no universitaria,
pero estábamos incorporados al movimiento estudiantil universitario e íbamos al comedor
estudiantil; que era el gran centro de difusiones. Entonces, ese punto me parece que es
interesante (esta es una relación que hago yo, podríamos hacer un grupo focal y discutir con las
5
Raquel Negro es una colega desaparecida que al momento de su captura estaba embarazada de mellizos. Los
niños nacieron en cautiverio, la niña recuperó su identidad en el 2012 y su hermano sigue desaparecido [Nota da
professora Susana Cazzaniga].
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compañeras de aquel momento): a mi me parece que a partir del setenta y seis, ya no hay
discusiones, o sea, lo que queda en la escuela queda con mucho terror, mucho susto ¿no?.
Entonces hay toda una cuestión de parálisis. Por ejemplo, hay un caso en el setenta y seis, un
caso emblemático de una compañera que estudio trabajo social, y la matan en un colectivo
cuando va a clases; y entones, iba con otras compañeras, y las compañeras llegan manchadas
de sangre a la escuela. Entonces, esto era una cosa intolerable, o sea, era muy, muy fuerte. Yo
decía, los que estábamos muy perseguidos, nos fuimos y el resto quedó, quedó como paralizado;
ahí tenemos que sobrevivir como podemos ¿no? […] A la escuela de Santa no la cierran,
pero la van vaciando, la van vaciando, la van vaciando; y fundamentalmente la van vaciando
de ese contenido teórico, por supuesto político, pero el contenido teórico no vuelve a ser lo
mismo que antes, en los años sesenta.
Entrevistadoras: Me llamó mucho la atención el tema de los planes de estudio, me
llamó mucho la atención la riqueza del proceso de construcción y el protagonismo
impresionante del movimiento estudiantil, que “ponía profesores”, “sacaba profesores”, pero
un protagonismo que democratizó mucho la universidad argentina. Queria preguntarte por las
influencias teóricas, porque otras de las grandes frases generalizadoras que para mi deja
mucho en la invisibilidad, es esto de que “no se leían las fuentes”, “es una apropiación
mecanicista”. Si, es posible, pero no es eso solamente, se leían las fuentes. El
“latinoamericanismo” me llamó mucho la atención, marcando por ejemplo, un debate con
Frantz Fanon, debates que hoy llamaríamos descoloniales. Todo esto está atravesado por la
llamada Nueva Izquierda y los debates que es una otra lectura del marxismo más humanista,
Guevara pensando en el hombre nuevo, etc.
Entrevistada: Nosotros en Santa Fé, justamente porque teníamos esta influencia de la
Teología de la Liberación […] lo que fue fuerte fue este tema del “latinoamericanismo” […].
Todo lo que sea “tercer mundo”. Entonces Fanon viene por el lado del tercer mundo. Y todo
este tema de lo que significa la cultura popular, la educación popular […]. La escuela de Santa
estuvo cerrada, o sea, no dio clases durante un semestre completo, porque todos estábamos
abocados a la reorganización, la reformulación del plan de estudios. Nosotros habíamos hecho
comisiones, donde participábamos los estudiantes, docentes, los dirigentes, digamos, de la
escuela, y los graduados. […]. Y ese plan de estudio, que vos sabes que no se encuentra […]
pero era un plan de estudios de alto nivel académico donde si vos ves el contenido en
bibliografía, de ninguna manera podés estar pensando que era una formación practicista. Lo
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que pasa es que se puso en práctica y llegó el golpe, y se volvió al plan anterior. Todo lo que
nosotros discutíamos en las escuelas de formación, las lecturas que teníamos en la militancia la
llevamos, para pensar en una formación diferente de los trabajadores sociales ¿no? Entonces
había materias muy, muy interesantes y bueno en esto, los autores; y bueno; insisto, estoy
repetitiva quizás, pero el tema, por ejemplo, de leer a Fanon, de leer…
Entrevistadoras: ¿Gramsci leían?
Entrevistada: No, Gramsci no. Si “Escuela de Frankfurt”. Fundamentalmente Adorno
y Marcuse. Porque bueno, todo el tema del “hombre unidimensional”
Entrevistadoras: Háblanos de las prácticas pre-profesionales, de los “estagios”. Eso
aparece muy fuerte en la literatura; el protagonismo del movimiento estudiantil fue fuertísimo.
Una de las grandes rupturas es producto del vínculo directo de la profesión con las luchas y
los territorios donde los trabajadores y los segmentos subalternos están, y esto impactando en
la reformulación de las prácticas pre-profesionales. Aparece mucho el trabajo en las villas, en
los sindicatos… la efervescencia impresionante que existía de esos ámbitos ¿no? Los sindicatos
atravesados por la CGT (Central General del Trabajo), CGTA (Central General de los
Trabajadores Argentinos), en fin, un sindicalismo más clasista; toda esa enorme
transformación. Pero ese vínculo muy fuerte y aparecen también nuevas atribuciones para la
profesión, ¿no?. Competencias nuevas, las habilidades; esto de conducir asambleas, de mapear
los territorios. Uno de los textos hablaba de “medir el nivel de consciencia de clase”.
Independientemente de la terminología utilizada, esto de mapear los territorios, o sea, un grado
de conocimiento de las condiciones de vidas, de las representaciones sociales […].
Experiencias concretas de trabajo, o sea, toda una serie de atribuciones y competencias
profesionales, habilidades, formas de trabajar, que fueron aprendidas por ese contacto real con
las luchas. Y las prácticas pre-profesionales allí, la reformulación de las prácticas fueron
centrales.
Entrevistada: El tema de las prácticas […] incluso antes de la reforma del plan de
estudios fue una de las discusiones más grandes que teníamos […]. Cuando yo ingreso; si mal
no recuerdo, las practicas estaban organizadas por caso, grupo y comunidad. Y primer año era
reconocimiento de recursos; que en realidad yo siempre digo “hoy deberían nuestros estudiantes
tener el reconocimiento de recursos”, o sea, íbamos a lo que había de propuestas de las políticas
sociales, instituciones para responder a tales problemáticas. Eso era el primero año y después
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era caso, grupo y comunidad. Año setenta y dos […]. Entonces, el punto es que lo primero que
nosotros planteamos fue esto ¿no? “Nosotros queremos ir al barrio”, “nosotros queremos ir al
barrio”, “queremos ir al barrio”; fue todo una pelea muy fuerte ¿viste?, muy, muy fuerte con
nuestras supervisoras de primer año y de segundo año; nosotros queríamos otra cosa. Y yo
recuerdo, que fuimos al barrio; siempre me acuerdo fue tanto esto de “no queremos hacer caso”,
“queremos ir al barrio”, que una supervisora lo consiguió. Y la experiencia fue muy dramática
si se quiere, porque la gente nos echó, nos echó. Dijeron que no querían ser conejitos de
indias”.
Entrevistadoras: ¡Excelente!, el grado de politización de la población…
Entrevistada: Era impresionante. Entonces, imagínate nuevamente reflexión sobre el
trabajo social (risas) ¿Qué hacemos?” […]. También significó volver y discutir. Bueno, vamos
a seguir hasta que cambiemos el plan de estudios. […]. Fue toda la época en la que echamos
docentes. […]. Ya después en el setenta y cinco, cuando cambiamos el plan de estudios, no me
acuerdo como estaban organizadas las prácticas, honestamente […]. Hasta ese momento,
nosotros no teníamos práctica en sindicatos; no, teníamos contactos políticos con los que
llegábamos. Pero no teníamos práctica en los sindicatos. Yo por ejemplo, mi compañero era
sindicalista, por lo tanto, yo lo acompañaba al sindicato y trabajaba con las esposas de los
sindicalistas y ahí ponía en juego quizás, cosas que sabía del trabajo social.
Entrevistadoras: A través de la militancia.
Entrevistada: Si, si, si, si ¿viste? Hacíamos todo ese tipo de trabajo, pero no era que
hacíamos práctica en los sindicatos. Lo que no recuerdo, era si no lo habíamos incorporado al
plan de estudios. […] Las cuestiones de las prácticas, era fundamentalmente la cuestión barrial,
territorial, con los pobladores. Habíamos planteado en la reforma, me parece, trabajar, avanzar
sobre los sectores de las huertas que están al norte de Santa en Recreo, trabajar en la zona
de huertas; o sea, como el cordón periurbano de la ciudad que era…. no llegaba a ser urbano,
tampoco rural. Pero estábamos vinculados a todo lo que sea lo barrial y el movimiento “villero”.
[…]. Las ligas agrarias están muy relacionadas con el tema de los Sacerdotes del Tercer Mundo,
y ahí en el norte de la provincia de Santa Fe, esa zona donde había una institución llamada
Incupo, que era de esta institución de educación popular que llegó en aquella época […]. Era
una organización que hacía trabajos en terreno, hacía educación popular [..]. Las prácticas eran
fundamentalmente en los barrios. Y con esta cuestión de irnos a vivir a los barrios, eso también
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era bastante común.
Entrevistadoras: Susana, siguiendo con la universidad y las practicas pre-
profesionales. La universidad argentina, claro, es una universidad reformista, es una
universidad que pioneramente a principios del siglo veinte ya viene atravesada por procesos
de democratización importantes o críticas a la meritocracia. En los setenta esto se radicaliza
mucho; ayer hablábamos sobre la participación de los estudiantes en los concursos docentes.
A partir de la investigación, nos quedamos con la sensación, de que el movimiento estudiantil,
específicamente del Trabajo Social (pero no exclusivo de él) en los años setenta consiguió
radicalizar esta democratización de la universidad, criando o recreando una cultura política,
un tipo de relación entre profesioral, profesor-alumno, una forma del alumno pararse en
relación a su formación profesional, con protagonismo, con autonomía, que inclusive la
dictadura no consiguió desterrar. Entonces, hablanos de la riqueza de ese momento
democrático, de experimentar ese protagonismo en la formación, en la vida universitaria.
Entrevistada: Si, si, sí. Yo no sé si le daría el nombre de democrático, no porque no lo
fuera, sino porque me parece que no era el concepto nuestro en ese momento. […] Vos fíjate
que nosotros éramos una escuela, que no éramos universitaria. Sin embargo, nuestras posiciones
eran asimilables a todo lo que era la vida universitaria. Y justamente en ese sentido fue toda la
lucha que también tuvimos en esa época para el pase a la universidad.
Entrevistadoras: ¿Y pasan o no pasan? Ahora, ahora. Hace poco, fundan la facultad.
Entrevistada: Si, dos mil diez, hace nueve años […] Ahora, el tema es el siguiente, las
dos escuelas de la provincia, una en la ciudad de Santa Fe y otra en la de Rosario; según lo que
estoy rastreando de la historia allá al inicio, las dos escuelas empiezan la lucha por el pase a la
universidad, ya en los principios de los cincuenta. Hay cartas, porque además hay mucho
movimiento; por eso digo que hay cuestiones que son sedimentos, que van quedando, o sea, en
los sesenta, hay sedimentos de luchas muy fuertes que también explican esto, que no se puede
apagar totalmente. Te reprimen y demás, pero hay cosas que quedan como sedimentos […] En
el cincuenta y seis, creo, si no estoy equivocándome, el consejo superior de la Universidad
Nacional del Litoral, dice que se crea la escuela de Servicio Social en ese ámbito, pero nunca
se puso en vigencia por falta de presupuesto, o sea, hay una larga lucha. En el setenta y tres,
nosotros retomamos esa lucha; en Santa Fe y Rosario en Rosario, o sea, fue retomada, pero
teniendo en cuenta que había estas otras luchas atrás. Y nos movilizamos como movimiento
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estudiantil. Fueron de las reivindicaciones del movimiento estudiantil. […]. El pase a
universidad con mucha militancia, con mucha lucha al respecto; acompañados por el
movimiento estudiantil universitario, o sea, hicimos marchas acompañado con el movimiento
universitario. […]. O sea, por un lado el sedimento, y por el otro lado, el punto histórico; yo
creo que a nosotros nos atravesaba mucho el “mayo francés” ¿no?, o sea, “seamos realistas,
pidamos lo imposible”. Era eso ¿viste?, ¿por qué no podía ser?, no había un limite en ese
sentido, con todo lo bueno y lo malo que eso tiene ¿no?. Había una cuestión, una impugnación
a la autoridad, nosotros impugnábamos a la autoridad (según nuestra evaluación), que no
estaban en condiciones de darnos las cosas que nosotros queríamos; no porque no quisiéramos
que haya docentes; el problema era el tipo de formación. […]. Yo no sé si decirle democracia,
sino, de radicalización, o sea, de posturas políticas, y mucho protagonismo estudiantil. Nosotros
teníamos un gran protagonismo estudiantil, acompañados por algunos docentes. […]. Y
sabiendo que el movimiento estudiantil tenía que estar en alianza con el movimiento obrero
¿viste? Había reivindicaciones particulares del movimiento estudiantil, incluso acompañadas
muchas veces por el movimiento sindical; reivindicaciones particulares del movimiento
sindical acompañado por el movimiento estudiantil. Yo no si teníamos claro que era el trabajo
social articulándose, no sé… Habría que pensarlo un poco, pero como un movimiento que
aspirábamos y discutíamos que el trabajo social tenía que estar articulándose con esos
movimientos. Vos fíjate que, incluso los graduados; una de estas compañeras que yo decía
desapareció, ella participaba del círculo de graduados, y participada del círculo de asistentes
sociales de la organización que nosotros estamos estudiando ahora, y estamos investigando; y
yo me acuerdo que la veía, y se reunían en la escuela, y la veía la “Colo”
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y yo decía “Ay Colo,
que espíritu que tenés de estar con esas viejas reformistas, re conservetas y reaccionarias”, y
ella siempre me decía “Susana, es el Trabajo Social, hay que estar, hay que estar”.
Entrevistadoras: Estar “disputando”.
Entrevistada: Si, si, si, si, estaba ahí ¿viste? Entonces, me acuerdo muy bien. Nosotros
como movimiento estudiantil estábamos en otra línea, pero nuestras colegas graduadas estaban
ahí.
Entrevistadoras: Nosotras trabamos con la hipótesis de que son parte de la
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Se trata de Graciela Busaniche, colega desaparecida, también embarazada al momento de su desaparición. Su
hijo no ha sido encontrado aún [Nota da professora Susana Cazzaniga].
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Reconceptualización aquellos profesionales que protagonizaron esa transformación de la
profesión, y ese vinculo real con los trabajadores y los movimientos. No importa tanto si se
reconocía o llamaba como reconceptualizador, si sabía o no de la existencia de la articulación
latinoamericana. Para nosotras, si estuvo ahí, construyendo ese vínculo, repensando la
formación, reconceptualizando la profesión…
Entrevistada: Si, si, si, sí. […] Ese es un debate también, ¿Qué es lo que consideramos
reconceptualización?
Entrevistadoras: Si, hay ruptura, de que hay ruptura social.
Entrevistada: Yo creo que, que si nosotros leemos, empíricamente, lo que fue este
movimiento en la Argentina, uno podría decir que hay líneas claras planteadas, en relación a un
giro de ciento ochenta grados. Y líneas que se consideraron que estaban en la
Reconceptualización, que no tenían ese grado de radicalización. ¿Por qué?, porque el concepto,
la concepción de Reconceptualización de estos grupos, tenía que ver justamente con el
significado más etimológico de las palabras, “volver a conceptualizar”. No a revolver todo,
sino, a salir de ese lugar, de un lugar de una profesión pobre”, de una profesión caritativa, y
ponerla en un lugar de una profesión, con todas las palabras que corresponde a una profesión
según esa concepción. Para muchos, eso era reconceptualización ¿se entiende? O sea, entonces
te van a discutir que ellos estuvieron en la reconceptualización, entendida desde ese lugar. Y de
hecho, si vos tomás el material del ECRO, podés hacer la lectura de como se va desde estas
posiciones a las radicalizaciones.
Entrevistadoras: Pero inclusive, la modernización conservadora; yo no puedo decir
que es reconceptualizadora […]. La reconceptualización busca esa ruptura, empujó esta
cuestión de lo latinoamericano, esta ruptura. ¿Cuál es nuestra preocupación? Alargar tanto el
concepto de reconceptualización, que entonces deja de ser explicativo lo que fue la
reconceptualización. Entendemos que la vía de entrada era la militancia, muchas veces, vía
militancia religiosa, fuertemente con aquel debate del desarrollismo. Ahora, la realidad va
provocando, la propia dinámica del movimiento, de las luchas, va provocando una
radicalización, una ruptura. Entonces, lo que nosotras decimos sobre el concepto de
reconceptualización, es que está acotado en donde se provocó esa ruptura: el
latinoamericanismo, el vínculo con las luchas, por más que haya sido interpretado por distintos
lugares. ¿Dónde pondrías vos el límite de la Reconceptualización?
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Entrevistada: Yo lo pondría en los reaccionarios ¿no? Y ¿por qué digo esto? Porque
tener una perspectiva desarrollista, era toda una superación a las prácticas caritativas, una
ruptura. Digo, como uno lo vivió. […]. ¿Cuáles son los hitos?, que tomamos como siendo
expresión de la Reconceptualización: el cambio de plan de estudios de la UDELAR; el inicio
de la revista ECRO; el Encuentro de Porto Alegre, y empieza ahí el encuentro entre los países
del Cono Sur. Eso, para nosotros es el inicio. Y en ese inicio, vos tenés las diferentes posturas.
Ahora, ¿cómo al interior de ese movimiento, uno puede pensar en cuales tuvieron las mayores
rupturas? Eso es otra cosa.
Entrevistadoras: En realidad es una hipótesis, que estamos trabajando….
Entrevistada: El tema es… excepto que ustedes se hagan cargo de decir, que solo estos
intentos de mayor ruptura es reconceptualización, pero no nos hagan decir eso a los que vivimos
ese proceso…
Entrevistadoras: Por ahí me pregunto…. Como ese rupturismo es más fuerte en
Argentina, los límites de lo que llamamos Reconceptualización son más amplios. Por más que
yo tengo dificultades de reconocer el desarrollismo, como parte. Yo creo que es la ruptura con
el desarrollismo, porque inclusive si uno mira el desarrollismo y la OEA, por ejemplo, o las
políticas de contrainsurgencia…. o sea, eso no está dentro de la Reconceptualización; creo que
es la ruptura con eso.
Entrevistada: ¿Cuáles son las rupturas? Y entonces, uno puede decir: esto es una
ruptura que nos lleva a radicalizar, por ejemplo. La gran discusión que tenemos con Norberto
Alayon: si la lucha armada está dentro de la Reconceptualización o no. Yo le digo “la lucha
armada es la radicalización de la reconceptualización”, y el me dice que no. […] Yo creo que
el movimiento de la Reconceptualización se inicia con diversas perspectivas, y yo utilizo ese
término: se va radicalizando, pero como movimiento, en esa radicalización, aquellos que
estaban al principio, se fueron corriendo. […]. El movimiento va sufriendo sus propios
desgranes, pero no empieza con el latinoamericanismo. Empieza siendo, empieza diciendo
“algo hay que hacer para jerarquizar a la profesión”. ECRO es producto de los primeros, de los
estudiantes del instituto Bolívar, que es un instituto absolutamente desarrollista. Ellos empiezan
a escribir porque dicen “no puede ser que no haya material en castellano”, “tenemos que buscar
y hacer nuestros propios textos”, y ahí empiezan con los “mimeógrafos”, hacer los apuntes, y
eso termina siendo la revista. Pero, pensado en que había que tener material propio. Lo mismo
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Sela Sierra. Sela Sierra lo dice, en un encuentro, no sé si en Colombia: “hay que buscar y tener
textos propios para poder entender nuestras realidades”. Y todavía no están hablando de
Latinoamérica; se trabajaba mucho con el concepto de “iberoamericanismo” o
“panamericanismo”. […] Yo insisto, yo creo que de ese gran movimiento, hay una parte que
realmente hace más rupturas, y es la radicalización. […]. Por eso digo. El plan de estudio de
cuando yo ingresé a la escuela de Santa Fé, destila desarrollismo, destila funcionalismo ¿viste?
Pero hay ahí, hay apuestas a rupturas que no son solamente rupturas en términos teóricos, sino,
son rupturas en términos políticos. […]. Pero además es muy difícil encasillar, ¿viste? Al ser
movimiento, es muy, muy inestable las posiciones, incluso las posiciones teóricas van variando.
[…]. Entonces, “¿de dónde la importancia del instituto Bolívar”? Cuando empezó la pelea
fuerte con la derecha en trabajo social, ese era el único instituto que daba el título de Trabajo
Social. Cuando Norberto Alayon quiso ir a inscribirse a la asociación; que era manejada por
Marta Ezcurra y demás; de ninguna manera lo aceptaron, ¿me entendés? Y empieza todo un
avance en contra del instituto, que el instituto termina funcionando… no si alcanza diez años.
Entrevistadoras: Susana, entonces si te pregunto, ¿dónde pones el mite de la
reconceptualización?, vos decís, “en los reaccionarios”. O sea, que vos ponés un límite que es
político.
Entrevistada: Si, si, sí. Si, si, sí. Yo pongo un límite político ¿por qué?, porque cuando
yo digo “los reaccionarios”, están planteando un modo de entender a la profesión, en términos
también teóricos ¿no?
Entrevistadoras: Si, tiene consecuencias teóricas, si.
Entrevistada: ¡Claro!, claro porque ¿viste? Este tema de su vinculación con la UCI
(Union Catolica Internacional), la escuela de Bélgica, etc, hay todo una cuestión que tiene que
ver con la doctrina social de la iglesia, y todas estas cuestiones que son muy, muy confesionales
¿no? […]. Además esto habría que estudiarlo, como un atractivo en la historia de vida. Nosotros
analizando los documentos que encontramos ahí en el colegio, de Santa Fe, hay cartas de Marta
Ezcurra, solicitando que se incorporen a la UCI. O sea, evidentemente, ella hace todo un trabajo
de disciplinamiento y reclutamiento fuerte. Es un cuadro de la derecha argentina ¿viste?
Entrevistadoras: Cuando hay una parte de estas personas que legítimamente están
preocupadas por una profesión, eso no le quita el mérito. Pero tengo dificultades en decir que
eso está dentro del movimiento de Reconceptualización. Puedo decir lo que es un movimiento,
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que estarían dentro de una preocupación, de mejorar la profesión, de darle estatutos más
teóricos, de darle estatus científicos, etcétera.
Entrevistada: Nosotros también consideramos que no es sólo académico. Lo que pasa,
es que también es un mito que se construyó ahí, digamos, que es solamente académico; y
también creo que en eso juegan algunos intereses de desvalorizar la reconceptualización.
Entrevistadoras: Y los procesos reales que produjo, reforma del plan de estudio,
cambio de las prácticas pre-profesionales, inserción real en los territorios, vínculo con las
luchas; aunque fuera vía militancia.