Marina Barbosa Pinto; Augusto Santiago Cerqueira
Revista Libertas, Juiz de Fora, v.20, n.1, p. 38-52, jan. / jun. 2020 ISSN 1980-8518
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do sistema de educação superior e de pesquisa, além da interferência do estado na economia. O
sistema de saúde e seguridade social fazem o enfrentamento na linha de frente, enquanto a
educação superior e institutos de pesquisa atuam com o desenvolvimento de estudos sobre as
melhores formas de tratamento, na busca por vacinas, na produção de equipamentos, no
desenvolvimento de estudos sobre a evolução da pandemia, dentre outros.
No Brasil, mesmo com o governo federal inerte ou até mesmo trabalhando para a
disseminação descontrolada da COVID-19, o SUS e o SUAS têm tido papel fundamental no
atendimento da população, mesmo em condições precárias e ao custo da vida de muitos
profissionais da saúde. Também destacam-se as ações das universidades públicas, institutos
federais, CEFETs e INCTs que têm atuado em diferentes frentes no combate à COVID-19,
como: na produção de ventiladores mecânicos de baixo custo, na produção de equipamentos de
proteção individual para os trabalhadores nas linhas de frente, na produção e distribuição de
álcool gel, na elaboração de análises e previsões sobre a evolução da pandemia em diferentes
centros urbanos, na realização de testes para diagnóstico de COVID-19, na realização de
estudos sobre o tratamento e para produção de vacinas, no desenvolvimento de ações de
solidariedade, assim como na participação em comitês técnicos de estados e municípios. Isto é,
instituições públicas que vêm cumprindo com sua função social mesmo quando não há uma
política pública em defesa da vida por parte do governo federal, mostrando mais uma vez a
importância da autonomia das instituições públicas e do trabalho dos servidores públicos.
Mesmo com essas ações de importantes setores do serviço público, a política irresponsável do
governo, impulsionada principalmente pelo capital financeiro, coloca em risco a vida de
milhões de brasileiros, promovendo um verdadeiro genocídio.
Por outro lado, seguindo a lógica do capital, a produção de testes, as pesquisas por novos
fármacos para o tratamento dos doentes e de vacinas têm sido lideradas pelas gigantes da
indústria farmacêutica e de biotecnologia, que visam em primeiro lugar a maximização de seus
lucros, financiadas em boa parte por recursos públicos. Na mesma linha, as grandes
corporações, orientadas pela maximização de lucros, estão avançando vorazmente sobre a
educação básica e superior, aproveitando o cenário propício para implementar soluções a
distância na busca da homogeneização dos conteúdos e de aumentar o controle sobre a
população acentuando o abismo social e precarizando ainda mais as condições de trabalho de
professores e professoras.
Como consequência da crise do capital e em plena pandemia, a concentração de renda