organismos multilaterais, em especial do Banco Mundial, de considerar a educação como um
fator determinante frente ao crescente processo de mundialização da pobreza.
Nesse sentido, o artigo perpassa por uma criteriosa análise da ampliação da educação
pública divorciada da qualidade do ensino, socialmente referendada, destacando a precarização
da escola em todos os quesitos: formação, desvalorização e até desprofissionalização dos
educadores; infraestrutura física; aprendizagens dissociadas de fundamentação científica; a
questão da privatização e mercantilização da educação presente em todos os níveis e
modalidades de ensino, entre outros fatores.
O trabalho se fundamenta em estudiosos da educação pública, destacando entre eles
Saviani (2000), que problematiza a base legal da política educacional, como a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), legislação maior da política educacional e que é
considerada minimalista e subfinanciada, deixando várias lacunas estrategicamente utilizadas
pela iniciativa privada, cuja intenção foi/é a de transformar a educação em um “negócio”
altamente lucrativo. A autora argumenta:
Entendemos que a abordagem da pobreza associada aos processos
educacionais ficará mais evidenciada tanto mais a escola pública se torne um
local para o qual os mais fragilizados econômica e socialmente acorrem. [...]
quanto mais necessidade de conformar a força de trabalho para a lógica
produtiva vigente, maior o destaque receberá a educação. A escola, portanto,
como uma instituição classista, de grande visibilidade social, palco de
conflitos de classe e espaço em que a chamada questão social, em suas
múltiplas faces, se manifesta, não atuara no combate à desigualdade, mas sim
na atenção a pobreza e conformação dos pobres (LESSA, 2013, p. 118).
Nesse contexto, a escola, assoberbada de tarefas e sem suporte suficiente, improvisa
respostas às diversas expressões da questão social e a seu principal papel reflexivo e
socializador do conhecimento produzido historicamente pela sociedade com potencial para
construção de uma consciência crítica da realidade social, acaba se sucumbindo a um precário
modelo de ensino, acabando por produzir analfabetos funcionais e pior ainda, sujeitos
praticamente a-críticos, portanto permeáveis à assimilação da ideologia dominante.
Essas e outras reflexões significativas são apresentadas pela autora num texto realmente
essencial para aqueles que se interessam em compreender a atual configuração da política de
educação, as requisições que têm sido postas para o Serviço Social, principalmente nas últimas
décadas, e os desafios para os profissionais que estão inseridos nessas unidades educacionais
ou articuladas a ela, dentre eles o assistente social. O texto provoca o repensar sobre o Serviço
Social no âmbito da política de educação e somente descrevendo o pensamento de Lessa (2013),
com o qual comungamos, é possível traduzir a profundidade que é tratada a temática
desenvolvida nessas páginas, ou seja: “é sobre este quadro contraditório, conflituoso, é sobre