Luciana Gonçalves Pereira de Paula; Joseane Barbosa de Lima; Vanisse Bernardes Bedim
Revista Libertas, Juiz de Fora, v.20, n.1, p. 176-195, jan. / jun. 2020 ISSN 1980-8518
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constata-se, nos espaços sócio ocupacionais dos assistentes sociais, a ocorrência de requisições
equivocadas sendo apresentadas aos profissionais como suas atribuições.
Por isso, esse debate se faz tão relevante. Faz-se necessário que os assistentes sociais
tenham clareza das suas competências e atribuições para assumir, de maneira qualificada, aquilo
que lhes compete e recusar, de forma fundamentada, aquilo que não é de sua alçada.
No contexto atual de grave crise do capital, enfrentamos uma realidade de alargamento
do desemprego e do subemprego, em face de um modelo produtivo que exige cada vez mais
flexibilização, polivalência, desespecialização e desprofissionalização do trabalho. As
tendências postas, hoje, no mercado de trabalho, apontam para a eliminação dos conteúdos
concretos e específicos das formações disciplinares, buscando a diluição das particularidades
profissionais em um conjunto de atividades comuns, requisições as quais todos os profissionais
devem responder (GUERRA et al, 2016).
Essa tendência à diluição das especificidades profissionais se agrava na medida em
que os assistentes sociais passam assumir funções de gestão e formulação de políticas sociais,
programas, projetos, serviços, recursos e bens no âmbito das organizações públicas e privadas.
Muitas vezes, o próprio assistente social, ao ocupar cargos de planejamento e gestão, deixa de
se perceber enquanto profissional do Serviço Social, esquecendo-se de que essas ações estão
postas na Lei de Regulamentação como suas competências.
Segundo Guerra (2012) o espaço reservado ao Serviço Social enquanto um ramo de
especialização do trabalho coletivo é o de dar respostas, buscar soluções à pluralidade de
questões que lhes são colocadas, para o que necessita de fundamentos teórico-metodológicos,
conhecimentos e saberes interventivos, habilidades técnico profissionais, e de uma perspectiva
ética com clara orientação estratégica. Contudo, o padrão de política social vigente fragmenta,
segmenta e setoriza as necessidades e categorias sociais, apontando para uma intervenção
profissional imediata, pontual e focalizada. Ou ainda, nos termos da autora, "eminentemente
instrumental, exigindo pouca qualificação para responder às demandas imediatas,
condicionando o exercício profissional às características e dinâmica do cotidiano e se limitando
a ele" (GUERRA, 2012, p. 53)
Muitos são os desafios enfrentados pelos assistentes sociais que orientam sua atuação
profissional no sentido de superar a imediaticidade do cotidiano dado o modelo de política
social focalizada e de desmonte de direitos sociais de cunho universal, donde se destaca a
política de saúde. Aqui, os assistentes sociais vivenciam o desafio de formular estratégias - tanto